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Profundidade x Temperatura Máxima

6 MODELAGEM 1D DE SOTERRAMENTO E FLUXO TÉRMICO DA FORMAÇÃO PENDÊNCIA, BACIA POTIGUAR, BRASIL

6.4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A modelagem geoquímica de rochas geradoras é uma ferramenta bastante utilizada na avaliação de uma bacia sedimentar em escala regional durante o processo de modelagem estão inseridas informações dos elementos geológico na exploração (armadilha, trapa, selo, etc) associados com informações do tempo de hidrocarboneto, geração, migração etc. As interpretações associadas aos dados geoquímicos (COT, pirólise e petrografia orgânica) permitem a descrição da matéria orgânica e identificação da rocha geradora da Formação Pendência. Na modelagem de fluxo térmico para a rocha geradora o propósito é compreender os processo de maturação do petróleo em um sistema petrolífero da área através dos modelos 1D ou 2D. Os modelos 2D geram resultados de uma possível distribuição do hidrocarboneto com a a utilização de software específicos permitem a geração, simulação e exibição de modelos geoquímicos.

6.4.1 Modelos de Soterramento 1D

No processo da modelagem da bacia Potiguar foram selecionados 04 (quatro) poços – 1-BR-1, 1-CAC-1, 1-CRB-1 e 1-GMR-5, conforme o aporte dos dados geológicos, onde foram utilizados os perfis compostos e a carta estratigráfica da bacia Potiguar para a interpretação dos eventos geológicos e composição da tabela de dados. Essas informações compuseram o banco de dados utilizado na biblioteca litológica criada no software Petromod da Schlumberger, onde foram simulados modelos em 1D da história de soterramento da bacia, visando representar o processo deposicional ocorrido ao longo do tempo, em escala regional.

A carta estratigráfica utilizada para representar os eventos geocronológicos e geológicos foi de Pessoa Neto et al. (2003), e os dados referentes a erosão, litologia, estimativa da proporção litológica foram extraídas da literatura relacionada com a modelagem de sistemas petrolíferos da bacia Potiguar. Os dados do perfil composto foram fornecidos pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustível – ANP.

O valor da paleobatimetria e erosão foram utilizados conforme trabalhos publicados na área de modelagem de sistemas petrolíferos e que se encontram na bibliografia desta Dissertação. A Figura 38 representa a modelagem de soterramento 1D para os poços 1-BR- 01 e 1-CAC-01, onde pode-se observar a sequência das Formações, do topo para base, são: Jandaíra, Açú, Alagamar e Pendência (de idade do Barremiano e Neocomiano).

Figura 38 - Modelos de soterramento 1D dos poços 1-BR-01 e 1-CAC-1

Elaboração: o autor.

Na Figura 39 a modelagem de soterramento 1D do poço 1-CRB-01 destaca-se Formação Pendência, de idade, respectivamente, Barremiano, e Neocomiano e Barremiano. No poço 1-GMR-05 ocorre a sequência das Formações Timbáu, Jandaíra, Açú e Alagamar, com o predomínio das rochas carbonáticas. Dessa maneira, através do modelo de soterramento 1D nota-se a complexidade da bacia Potiguar, principalmente para o poço 1- GMR-05, onde a Formação Alagamar apresenta uma grande ocorrência e distribuição na escala de bacia.

Figura 39 - Modelos de soterramento 1D dos poços 1-CBR-01 e 1-GMR-5

Elaboração: o autor.

A Figura 40 representa o gráfico de subsidência dos poços 1-BR-01 e 1-CAC-1, correspondente ao evento tectônico relacionado à fase de estiramento crustal da bacia Potiguar. Ao ser fornecido calor ao longo do tempo e o efeito de carga configuram processos que influenciam na maturação da rocha geradora. A curva de subsidência total, em verde, representa o efeito carga, ou seja, a ação do peso das camadas associado as forças tectônicas, calculada a partir da calibração feita com base no banco de dados geológico. A curva de subsidência tectônica, em vermelho, é uma estimativa feita sem considerar o efeito de carga, onde é analisada a abertura tectônica ao longo do tempo geológico. A curva de subsidência (pontilhada) é calculada através dos parâmetros β/δ, estiramento crustal e propagação térmica, inseridos no Petromod e estimados com base nas curvas anteriores, são uma média atribuída aos valores das curvas anteriores.

Figura 40 - Gráfico de subsidência dos poços 1-BR-01 e 1-CAC-1

Elaboração: o autor.

A Figura 41 apresenta o gráfico de subsidência dos poços 1-CRB-01 e 1-GMR-05 a curva modelada é decorrente da interpolação dos dados geológicos a partir da construção do banco de dados geológico com base no perfil composto para todas as Formações.

Figura 41 - Gráfico de subsidência dos poços 1-CRB-01 e 1-GMR-05

6.4.2 Modelos de Fluxo Térmico 1D

Nos modelos de fluxo térmico o parâmetro que ajuda na restrição das medidas de maturidade térmica é reflectância da vitrinita. Esses modelos retratam a história de calor que ocorre na bacia Potiguar, e consiste numa etapa posterior a história de soterramento.

Os gráficos geoquímicos exibem o comportamento da rocha geradora em poço, ou seja, para cada poço foi construído um gráfico representativo (i.e. profundidade x temperatura máxima). Com base nos dados geoquímicos, foram selecionados os poços mais representativos, e na medida em que havia o aumento da temperatura com a profundidade, notava-se que ocorria maturidade em alguns deles, sendo então selecionados os de números 1-BR-01, 1-CAC-01 e 1-CRB-01. No poço 1-GMR-05 não há ocorrência da rocha geradora, porém a modelagem de fluxo térmico 1D pode ser utilizada em função de tratamentos análogos utilizados para o conjunto de poços.

A Figura 42 representa a calibração para os dados de vitrinita para o modelo de fluxo térmico 1D. Observa-se que devido à ausência de dados de vitrinina para os poços 1-BR-01 e 1-CAC-1, não foi possível fazer a calibração.

Figura 42 - Gráficos de calibração de temperatura dos poços 1-BR-01 e 1-CAC-1

Elaboração: o autor.

Na Figura 43 representa o gráfico de temperatura e calibração da reflectância da vitrinita, conforme os parâmetros do Petromod (SWEENEY e BURNHAM, 1990) para o poço 1-CRB-01. No gráfico de temperatura observa-se que o valor medido é 80ºC numa profundidade de 1800m. No gráfico de calibração de Sweeney e Burnham (1990), do

software Petromod, temos o valor de 0,41% para a reflectância da vitrinita numa

profundidade de 1000m, coincidindo com o valor medido em laboratório. Porém, a partir dessa profundidade, não se observa mais essa calibração. Isso se deve, provavelmente, a processos erosivos cujas taxas de erosão não foram informadas, associadas à ausência de

um conjunto de medidas adequada de temperatura do poço 1-CRB-01. Porém, na profundidade 1800m onde a temperatura medida no poço é 80ºC a vitrinita medida corresponderia a um valor aproximado de 0,60% para a reflectância da vitrinita.

Os valores de Tmáx da pirólise para as amostras desse poço mostram valores de 440ºC já ao redor de 1000 metros, o que indicaria o topo da zona matura a essa profundidade. Porém, o valor medido de RO de 0,60% é constatado a 1800 metros. Provavelmente, isso se deve a grande amplitude considerada para os valores de reflectância da vitrinita medida.

Figura 43 - Gráficos de calibração de temperatura do poço 1-CRB-01

Elaboração: o autor.

A medida de fluxo de calor é bastante utilizada em modelagem de bacias sedimentares petrolíferas. Entretanto, devido às dificuldades em calcular a estimativa do fluxo de calor para um tempo geológico, em decorrência da ausência de dados significativos que auxiliem na estimativa desse valor, os valores nesse trabalho acadêmico foram feitos com base no padrão de calibração do Petromod que utiliza-se do banco de dados elaborado por Wygrala (1989), que calculou uma média global de temperatura ao nível do mar e são utilizados como base para a geração dos modelos 1D de fluxo térmico.

A Figura 45 tem os modelos de fluxo térmico 1D no poço 1-BR-01 com a janela de geração para a Formação Pendência (Barremiano) no Cretáceo Superior, com uma profundidade de 1800m e idade entre 133,9 Ma e 133,4Ma. E o poço 1-CAC-1 com a janela de geração para a Formação Pendência (Barremiano) no Cretáceo Superior em 1400m e com idades entre 125,7Ma e 125,5Ma.

Figura 44 - Modelo de calibração da média de temperatura global ao nível do mar

Fonte: Wygrala (1999).

Figura 45 - Modelos 1D de fluxo térmico dos poços 1-BR-01 e 1-CAC-1

Na Figura 46 os modelos de fluxo térmico 1D do poço 1-CBR-01 tem a janela de geração da Formação Pendência (Barremiano) no Cretáceo Superior, com uma profundidade de 1800m e idade entre 133,7Ma e 133,4Ma. O poço 1-GMR-5 não há janela de geração, pois a Formação Pendência não ocorre nesse poço.

Figura 46 - Modelos 1D de fluxo térmico dos poços 1-CBR-01 e 1-GMR-5

6.5 CONCLUSÃO

Neste artigo, os modelos 1D da história de soterramento e fluxo térmico para a bacia Potiguar apresenta uma abordagem didático-científica para a criação de um cenário geológico representativo dos processos de soterramento e maturação da rocha geradora. Dos dados dos 09 (nove) poços, fornecidos pela ANP, apenas 04 (quatro) possuíam informações geoquímicas. A partir da seleção desses poços foram realizadas interpretações dos parâmetros geológicos e geoquímicos, e iniciou-se o processo de modelagem 1D da Formação Pendência para o poço 1-CRB-01 com a utilização do software Petromod.

Com base na curva de calibração de Sweeney e Burnham (1990), utilizada na modelagem do Petromod, observou-se que o ajuste dos dados de reflectância de vitrinita ocorreu apenas para a profundidade de 1000m, com o valor de 0,41% de RO. Provavelmente, isso se deve aos processos erosivos associados à bacia sedimentar, ao tempo da análise da reflectância da vitrinita ser muito antigo e insuficiência de dados de temperatura do poço que dificultaram a calibração.

Através dos modelos de soterramento 1D de cada poço foi possível identificar a complexidade da bacia Potiguar através da deposição das camadas da Formação Jandaíra, Açú, Alagamar e Pendência (Neocomiano e Barremiano). No poço 1-GMR-05 ocorre a Formação Jandaíra, Açú e Timbáu, conferindo dessa forma, a esse poço, além da complexidade o predomínio das rochas carbonáticas. O poço 1-GMR-05 não há ocorrência da rocha geradora, por isso não foi registrada a janela de geração.

Nos modelos de fluxo térmico 1D a Formação Pendência atinge 80°C no Cretáceo Superior Médio na maioria dos poços numa profundidade de aproximadamente 1800m.

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