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4.3.1 Rendimento das cascas e do extrato hidroalcoólico

O rendimento de cascas, depois que as jabuticabas foram despolpadas, foi de 36% de cascas, considerando tanto a retirada da polpa, como das sementes.

Em relação a quantidade inicial, o extrato hidroalcoólico obtido primariamente do resíduo da casca da jabuticaba, teve rendimento de 6%, fato que se deve ao processo que levou à diminuição de volume do extrato a fim de obter a concentração ideal de compostos fenólicos para a quantidade previamente determinada de 15 g.

4.3.2 Ensaios pilotos

4.3.2.1 Ensaio Piloto 1 - Elaboração da calda

Para a elaboração da calda, a adstringência das cascas foi um fator que precisou ser contornado. O suco de limão foi usado para neutralizar tal característica, já que refletia diretamente nas demais etapas de produção, pois o sabor de jabuticaba tornava-se secundário em relação à forte adstringência. Além do limão, o açúcar foi um ingrediente importante para se chegar ao sabor agradável da calda da casca de jabuticaba.

O açúcar foi uma variável que teve suas proporções testadas em etapas ainda preliminares ao ensaio apresentado de elaboração da calda, já que junto com a casca, proporciona o sabor característico. Mais tarde foi percebido que a adição de pectina poderia aumentar o rendimento da calda ao torná-la mais consistente sem haver elevada perda de água durante o cozimento.

O limite entre a consistência e o rendimento desejável foi obtido ao reconstituir com 44,2 g 100 g-1 de água uma geleia preparada com o extrato aquoso da casca de jabuticaba com 44 g 100 g-1 de sólidos solúveis. Esta proporção de sólidos solúveis após o resfriamento resultou em uma consistência acima do que era esperado para a calda. Com isso, a calda final, com consistência apropriada, apresentou rendimento de 83% e 40,5 g 100 g-1 de sólidos solúveis, considerando a quantidade inicial utilizada de extrato aquoso.

4.3.2.2 Ensaio Piloto 2 - Definição das proporções dos ingredientes usados no preparo da base láctea

Das formulações usadas para avaliar a gelificação do leite com pectina e amido para produção da sobremesa láctea, o Teste 4 foi o que apresentou melhor consistência, pois manteve a estrutura/formato ao desenformar, não sofreu desintegração com a introdução da colher, demonstrou suavidade ao deglutir e liberação de água reduzida durante o armazenamento refrigerado de até 21 dias, além de uma aparência mais próxima das sobremesas lácteas comerciais. Dessa forma, para a elaboração da quinta e sexta formulação, as proporções de ingredientes foram semelhantes, ajustando-se à incorporação da calda e açúcar. A formulação Teste 5, em que foram adicionados os dois ingredientes (calda e açúcar), resultou em um sabor marcante e característico da jabuticaba aliado ao dulçor característico de uma sobremesa, em comparação ao Teste 6, adicionada somente de calda.

4.3.2.3 Ensaio Piloto 3 - Adição de ácido cítrico à base láctea

A adição do ácido cítrico ao produto visou aumentar a estabilidade da cor da sobremesa, característica que foi alcançada com no referido ensaio. No entanto, houve uma preocupação no sentido de que o pH resultante poderia ser prejudicial às bactérias probióticas adicionadas. A Tabela 4.6 mostra a influência do ácido cítrico na viabilidade de L. rhamnosus.

Tabela 4.6 – Ensaio piloto 3. Viabilidade de Lactobacillus rhamnosus frente à adição de ácido cítrico ao produto.

Sobremesa láctea pH Lactobacillus rhamnosus (UFC/g)

Com ácido cítrico 3,65 8,9 × 106

Sem ácido cítrico 5,96 1,77 × 107

Fonte: dados da pesquisa

Em decorrência da redução de 0,3 ciclo log da viabilidade do probiótico na sobremesa com ácido cítrico, foi considerado a utilização de um ácido orgânico nas formulações que pudesse ser mais tolerado pelos micro-organismos probióticos. Por esse motivo, as formulações dos ensaios seguintes foram produzidas com ácido

lático, uma vez que este é o principal ácido orgânico produzido pelas bactérias do gênero Lactobacillus (AXELSSON, 2004).

4.3.2.4 Ensaio Piloto 4 - Adição de ácido lático e diferentes pectinas

O ácido cítrico, testado no ensaio anterior, é produto do metabolismo de de carboidratos, como a lactose, entre vários outros. No entanto, a via de metabolismo do ácido cítrico não está presente em todas as espécies de Lactobacillus (AXELSSON, 2004) e, portanto, as chances desses micro-organismos não tolerarem a presença desse ácido no produto são maiores. Apesar de esse ácido haver conservado a cor da sobremesa láctea, houve uma tendência de redução da viabilidade de L. rhamnosus na sua presença. Dessa forma, a utilização de ácido lático poderia torna o ambiente mais natural e propício para as espécies de Lactobacillus, já que é o principal produto resultante do metabolismo das culturas láticas (AXELSSON, 2004; KOMATSU; BURUTI; SAAD; 2008).

Para este ensaio foi utilizado o ácido lático em volume (mL) que apresentasse quantidade do ácido (g) correspondente à usada para o ácido cítrico no ensaio anterior, o que resultou na necessidade de modificar as quantidades de ingredientes adicionados e ofereceu uma oportunidade de testar outro tipo de pectina. No Ensaio Piloto 4, a Formulação 1 que utilizou a pectina YF789 apresentou pH igual a 3,4, coloração fracamente rosada e consistência moderada. A Formulação 2, com pectina YF310, apresentou pH igual a 4,7, coloração mais escura quando comparada à Formulação 1 (que se deve a maior quantidade de extrato adicionado), consistência moderada com presença de alguns grumos, com o sabor mais doce e característico de jabuticaba. O rendimento médio da base láctea para este ensaio foi 72,58%.

Em testes adicionais, foram testados diferentes volumes de ácido lático a fim de que se encontrasse a proporção de ácido necessária para alcançar uma faixa de pH do meio (preferencialmente entre 3,9 e 4,0) que pudesse, simultaneamente, garantir a sobrevivência e multiplicação das culturas de Lactobacillus adicionadas e propiciar maior estabilidade da cor (dados não mostrados).

4.3.2.5 Ensaio Piloto 5 - Adição de corante carmim de cochonilha

Os ensaios pilotos realizados com ácido lático mostraram que a cor característica de jabuticaba era obtida na sobremesa láctea ao final da produção,

mas tendia a uma coloração mais escura, não característica, ao longo do armazenamento, mesmo com a redução do pH. Neste ensaio, portanto, a adição do corante natural carmim de cochonilha foi a alternativa encontrada para realçar a cor e aparência do produto ao torná-lo mais róseo e atrativo durante todo o armazenamento das sobremesas.

4.3.2.6 Rendimento de preparação da base da sobremesa láctea

O rendimento final de base láctea referente aos três lotes produzidos para cada tratamento em relação às quantidades de ingredientes utilizadas no preparo é apresentado na Tabela 4.7. As perdas ocorreram principalmente em função do aquecimento da base láctea e adesão à superfície do recipiente.

Tabela 4.7 – Rendimento da base láctea nos tratamentos T1, T2 e T3.

Tratamento Rendimento (%)

T1 - Lactobacillus rhamnosus1 68,5

T2 - Lactobacillus mucosae2 48,5

T3 - Lactobacillus plantarum3 61,7

1

Lactobacillus rhamnosus LR32 (DuPont). 2 Lactobacillus mucosae CNPC 007 (EMBRAPA). 3

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