Na Tabela 1 são apresentados os valores médios do teor de água das sementes dos
lotes nos diferentes ambientes, em cada período de armazenamento avaliado. As sementes
foram armazenadas com teor de água inicial de 14,13 e 14,07%, para os lotes 1 e 2,
respectivamente.
Em cada período de armazenamento, não foram verificadas diferenças significativas
do grau de umidade das sementes devido a combinação de lotes e ambientes.
Tabela 1. Teor de água (%) de dois lotes de sementes de milho, variedade BR 106,
armazenados em três ambientes.
Ambiente
Dias de armazenamento
0
90
180
Lote 1
Lote 2
Lote 1
Lote 2
Lote 1
Lote 2
12±2°C/60±5%UR
14,13aA
14,07aA
13,67aA
13,48aA
13,45aA
13,28aA
Não controlado
14,13aA
14,07aA
13,20aA
13,16aA
13,06aA
13,00aA
30±2°C/70±5%UR
14,13aA
14,07aA
13,23aA
13,10aA
13,01aA
12,90aA
270
360
450
Lote 1
Lote 2
Lote 1
Lote 2
Lote 1
Lote 2
12±2°C/60±5%UR
13,23aA
13,20aA
13,08aA
13,23aA
13,20aA
13,08aA
Não controlado
13,07aA
13,01aA
12,89aA
13,07aA
13,01aA
12,89aA
30±2°C/70±5%UR
12,39aA
12,09aA
12,28aA
12,39aA
12,09aA
12,28aA
Médias seguidas por uma mesma letra minúscula na coluna, dentro de um mesmo lote e
período de armazenamento, e por uma mesma letra maiúscula na linha, dentro de um mesmo
ambiente e período de armazenamento, não diferem entre si pelo teste de Tukey, ao nível de
5% de probabilidade.
Observa-se que as sementes apresentaram grau de umidade relativamente uniforme e
adequado para a realização dos testes, com variações dentro dos limites toleráveis, de 2 a 3
pontos percentuais (MARCOS FILHO, 2005). Este fato tem importância porque maiores
22
variações entre os teores de água das sementes podem interferir nos resultados dos testes
aplicados, pois sementes mais úmidas, dentro de certos limites, podem apresentar maior
velocidade de germinação e estabelecimento inicial de plântulas.
Ao longo armazenamento, ocorreu redução do grau de umidade em todas as sementes,
independemente da combinação do lote e ambiente de armazenamento (Figura 2). De modo
geral, as sementes armazenadas em temperaturas mais elevadas apresentaram reduções
maiores e mais rápidas do teor de água, com variações em torno de 1% nas sementes
armazenadas em câmara fria, de 1,4% naquelas mantidas em ambiente não controlado e de
2% nas armazenadas em temperatura de 30°C.
A1-L1
r
2=0,9908
--- A1-L2
r
2=0,9640
A2-L1
r
2=0,9853
--- A2-L2
r
2=0,9749
A3-L1
r
2=0,9921
--- A3-L2
r
2=0,9608
Figura 2. Teor de água de sementes de milho, variedade BR 106, em função dos dias de
armazenamento para as respectivas combinações de lotes e ambientes. A1:
12±2°C/60±5%UR; A2: Não controlado; A3: 30±2°C/70±5%UR; L1: lote 1 e L2:
lote 2. (**) significativo a 1%, (*) significativo a 5% pelo teste “t”.
11,5
12,0
12,5
13,0
13,5
14,0
14,5
0
90
180
270
360
450
T
eor
d
e águ
a (
%
)
Dias de armazenamento
2 * * *.
0,00000421.
00452166
,
0
1034
,
14
ˆ
x
x
y=
−
+
2 * * *.
0,000004523
.
00409309
,
0
9053
,
13
ˆ
x
x
y=
−
+
x
x
yˆ
=14,1201−0,125033
**.
1/2+0,00337859
**.
x
x
yˆ
=13,9591−0,0925364
**.
1/2+0,00216179
*.
x
x
yˆ
=14,1206−0,132211
**.
1/2+0,00365889
**.
x
x
yˆ
=13,9543−0,119963
**.
1/2+0,00353571
*.
23
As sementes apresentaram tendência em manter seu grau de umidade após certo
período de armazenamento; isso ocorre porque as sementes são higroscópicas e, assim, podem
absorver ou ceder água ao ambiente até atingir o ponto de equilíbrio higroscópico (PEH),
onde há igualdade de tensões entre a umidade da semente e a umidade relativa do ar.
De acordo com Baudet (2003), a temperatura de armazenamento influencia no tempo
que a semente leva para atingir o equilíbrio higroscópico e, em sementes de milho mantidas a
uma mesma umidade relativa do ar, este ponto é atingido duas vezes mais rápido à
temperatura de 30°C que a 10°C.
Neste trabalho, as sementes atingiram a umidade de equilíbrio em torno 12% aos 270
dias, quando armazenadas a 30±2°C/70±5%UR, e em torno de 13% aos 360 dias quando
armazenadas a 12±2°C/60±5%UR ou em ambiente não controlado, porém, nestas últimas,
observa-se ainda uma pequena variação do grau de umidade até o final do período avaliado,
que pode ser atribuída à flutuação da umidade relativa do ar, uma vez que esta não foi
constante.
A redução do teor de umidade das sementes na câmara fria pode ser explicada pela
menor umidade relativa deste ambiente, uma vez que estas foram armazenadas em
embalagem permeável, houve troca de umidade com o meio.
Os valores da umidade de equilíbrio das sementes, observados neste trabalho, estão
abaixo dos valores observados por Chung e Pfost (1967), que estabeleceram uma tabela da
umidade de equilíbrio de sementes de milho em relação à temperatura e umidade relativa do
ar do ambiente de armazenamento. Segundo os autores, a uma umidade relativa do ar de 60%
a umidade de equilíbrio seria de 13,83% e em umidade relativa do ar de 70% o equilíbrio
higroscópico das sementes seria atingido com valores de 14,43% a 20°C e de 13,63% a 30°C.
Lacerda Filho et al. (2007) observaram que milho armazenado em ambiente que
possibilita a manutenção da umidade de equilíbrio das sementes, manteve sua qualidade por
períodos mais prolongados, sem significativas perdas ou ganhos de umidade. Os autores
também ressaltaram que, a utilização de baixas temperaturas de armazenamento reduz a
deterioração das sementes, por proporcionarem condições desfavoráveis ao desenvolvimento
de insetos e significativa queda na infestação por fungos.
Na Tabela 2 são apresentados os valores médios das características iniciais dos dois
lotes de sementes: germinação e vigor, determinado pela primeira contagem da germinação,
envelhecimento acelerado, emergência em leito de areia e pela condutividade elétrica.
24
Tabela 2. Caracterização inicial de dois lotes de sementes de milho, variedade BR 106, quanto a germinação (GER), primeira contagem
da germinação (PCG), envelhecimento acelerado (EA), emergência em areia (EMG) e condutividade elétrica (CE).
Vigor
GER
PCG
EA
EMG
CE
(%)
(%)
(%)
(%)
(µS. cm
-1.g
-1)
Ambiente
Lote 1
Lote 2
Lote 1
Lote 2
Lote 1
Lote 2
Lote 1
Lote 2
Lote 1
Lote 2
12±2°C/60±5%UR 99,00aA
97,00aA
97,50aA
94,00aA
96,00aA
93,00aA
95,00aA
95,50aA
10,28aA
11,87aA
Não controlado
99,00aA
97,00aA
97,50aA
94,00aA
96,00aA
93,00aA
95,00aA
95,50aA
10,28aA
11,87aA
30±2°C/70±5%UR 99,00aA
97,00aA
97,50aA
94,00aA
96,00aA
93,00aA
95,00aA
95,50aA
10,28aA
11,87aA
Médias seguidas por uma mesma letra, minúscula na coluna e maiúscula na linha, para uma mesma característica, não diferem entre si pelo teste
de Tukey, a 5% de probabilidade.
25
Verificou-se que os dois lotes de sementes apresentavam elevado potencial fisiológico
inicial, com germinação de 99 e 97% para os lotes 1 e 2, respectivamente.
Não foi observado efeito imediato na qualidade fisiológica das sementes entre os lotes
devido ao estresse provocado no lote 2, quando este foi mantido por 48 horas em ambiente
úmido a 41°C, anterior ao seu armazenamento.
Os danos provocados nas sementes devido a algum tipo de injúria ou estresse podem
causar efeito imediato ou latente. Os efeitos imediatos podem ser detectados logo após o dano
causado, porém os efeitos latentes são manifestados somente após certo tempo. No
armazenamento de sementes, os efeitos latentes demonstram a velocidade da taxa de
deterioração das mesmas, determinando sua viabilidade e seu potencial de armazenamento.
Estes são influenciados, principalmente, pela qualidade inicial das sementes e pelas condições
de armazenamento (BAUDET, 2003).
De acordo com os resultados deste trabalho, valores de condutividade elétrica de 10,28
e 11,87 µS.cm
-1.g
-1podem ser associados a alto vigor das sementes de milho, variedade BR
106, comprovados pelo teste de germinação e demais testes de vigor realizados no período
que antecedeu o armazenamento das sementes. A condutividade elétrica baseia-se no
princípio de que, com o processo de deterioração, ocorre a lixiviação de constituintes
celulares das sementes embebidas em água, devido a perda da integridade dos sistemas de
membranas celulares que ocorre em função da desidratação das sementes, e é mais elevada no
início da embebição, declinando a medida que ocorre a reorganização dos sistemas de
membranas durante o processo de reidratação. Assim, baixos valores de condutividade
indicam alto vigor das sementes (VIEIRA e KRYZANOWSKI, 1999).
Os resultados médios do teste de germinação de cada lote nos diferentes ambientes,
em cada período de armazenamento, são apresentados na Tabela 3.
Observou-se efeito significativo de lotes apenas aos 360 e 450 dias para as sementes
mantidas a 30±2°C/70±5%UR, e aos 450 dias para aquelas em ambiente não controlado. A
redução mais acentuada da germinação do lote 2, a partir destes períodos, pode ser atribuída
ao efeito latente provocado pelo estresse ao qual foi submetido antes do armazenamento e
agravado pela maior temperatura do ambiente.
A germinação foi afetada pelo ambiente de armazenamento a partir dos 90 dias para
ambos os lotes, com maiores decréscimos para as sementes armazenadas por maior período e
em maior temperatura. Em todos os períodos avaliados, o ambiente de câmara fria mostrou-se
26
superior na manutenção da germinação, diferenciando-se dos demais. A partir dos 270 dias, o
ambiente não controlado mostrou-se superior ao ambiente 3 e inferior ao ambiente 1.
Tabela 3. Germinação (%) de dois lotes de sementes de milho, variedade BR 106,
armazenados em três ambientes.
Ambiente
Dias de armazenamento
0
90
180
Lote 1
Lote 2
Lote 1
Lote 2
Lote 1
Lote 2
12±2°C/60±5%UR
99,00aA
97,00aA
98,00aA
96,00aA
96,50aA
94,50aA
Não controlado
99,00aA
97,00aA
96,50abA 93,50abA 94,00aA
91,50aA
30±2°C/70±5%UR
99,00aA
97,00aA
93,00bA
90,50bA
86,00bA
85,50bA
270
360
450
Lote 1
Lote 2
Lote 1
Lote 2
Lote 1
Lote 2
12±2°C/60±5%UR
96,50aA
93,00aA
92,00aA
89,50aA
91,00aA
88,50aA
Não controlado
90,00bA
89,00aA
87,00bA
86,00aA
86,00bA
80,00bB
30±2°C/70±5%UR
79,00cA
77,30bA
74,50cA
69,00bB
68,50cA
51,00cB
Médias seguidas por uma mesma letra minúscula na coluna, dentro de um mesmo lote e
período de armazenamento, e médias seguidas por uma mesma letra maiúscula na linha,
dentro um de mesmo ambiente e período de armazenamento, não diferem entre si pelo teste
de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.
O ambiente a baixa temperatura foi eficiente na manutenção da germinação acima do
padrão mínimo exigido para comercialização de sementes certificadas de milho (GER ≥85%)
(IMA, 2012), armazenadas por 450 dias, apresentando após este período, potencial
germinativo de 91,0 e 88,5% para os lotes 1 e 2, respectivamente. Nessas condições a
conservação das sementes é favorecida, pois a baixa temperatura reduz a atividade de enzimas
envolvidas no processo de respiração que é considerada como um dos principais processos
responsáveis pela perda da viabilidade das sementes (HARRINGTON, 1972).
O potencial germinativo, após 450 dias, no ambiente não controlado foi de 86,0 e
80,0%, e no ambiente 3 de 68,5 e 51,0%, para lotes 1 e 2, respectivamente.
27
Outro fator a ser considerado é a validade do teste de germinação. Para sementes de
milho o teste de germinação é válido por 12 meses, e a reanálise por 8 meses (IMA, 2012).
Assim, mesmo que as sementes apresentem alto potencial germinativo no início do
armazenamento, se estas forem armazenadas em condições desfavoráveis à manutenção da
qualidade fisiológica, podem ser comercializadas abaixo do padrão. Em consequência disso,
podem ocorrer falhas no estabelecimento do estande, reduzindo a produtividade.
A germinação decresceu linearmente ao longo do armazenamento, com decréscimo
bastante acentuado nas sementes mantidas no ambiente a 30±2°C/70±5%UR (Figura 3).
A1-L1
r
2=0,9067
---
A1-L2
r
2=0,9647
A2-L1
r
2=0,9826
---
A2-L2
r
2=0,9754
A3-L1
r
2=0,9963
---
A3-L2
r
2=0,9464
Figura 3. Germinação de sementes de milho, variedade BR 106, em função dos dias de
armazenamento para as respectivas combinações de lotes e ambientes. A1:
12±2°C/60±5%UR; A2: Não controlado; A3: 30±2°C/70±5%UR; L1: lote 1 e L2:
lote 2. (**) significativo a 1% pelo teste “t”.
Considerando-se o padrão comercial de germinação mínima das sementes, os
resultados deste trabalho demonstram que as sementes do lote 1 poderiam ser armazenadas
por 450 dias em câmara fria ou em ambiente não controlado, ou por 180 dias em ambiente a
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
90,0
100,0
0
90
180
270
360
450
G
er
m
in
aç
ão
(%
)
Dias de armazenamento
x
yˆ
=99,643−0,018431
**.
x
yˆ
=97,619−0,020320
**.
x
yˆ
=99,048−0,031381
**.
x
yˆ
=97,357−0,034944
**.
x
yˆ
=98,6985−0,0683254
**.
x
yˆ
=99,796−0,0961700
**.
28
30±2°C/70±5%UR. O lote 2 poderia ser armazenado por até 450 dias a 12±2°C/60±5%UR,
por 360 dias em ambiente não controlado, ou por até 180 dias a 30±2°C/70±5%UR. Após
estes períodos ocorre a perda do padrão germinativo das sementes.
Portanto, a longevidade das sementes de milho é influenciada pelas condições de
armazenamento e pela qualidade inicial das sementes. Embora os testes realizados no início
do armazenamento não tenham demonstrado nenhuma diferença significativa na qualidade
fisiológica das sementes dos dois lotes, o estresse causado no lote 2 parece ter causado um
efeito latente, levando a maiores decréscimos no potencial germinativo destas sementes,
evidenciando maior velocidade na taxa de deterioração das mesmas.
Este trabalho evidencia a influencia da temperatura sobre o potencial de
armazenamento das sementes de milho. Portanto, devem ser considerados no momento do
armazenamento, o histórico da semente, sua qualidade fisiológica inicial, o período que as
sementes ficarão armazenadas e as condições do ambiente, especialmente da temperatura do
ar, evitando-se assim o descarte dos lotes e/ou a comercialização de sementes abaixo do
padrão comercial exigido.
O aumento da temperatura de armazenamento levou ao aumento do número de
plântulas anormais com o aumento do período de envelhecimento das sementes (dados não
apresentados), demonstrando que estas deixaram de apresentar condições para o
desenvolvimento adequado. Do mesmo modo, foi observado um grande número de sementes
mortas entre aquelas armazenadas em temperatura elevada, a partir dos 360 dias.
Os resultados deste trabalho estão de acordo com os encontrados por Carvalho et al.
(2010), quando armazenaram sementes de milho em câmara fria e verificaram germinação de
96% após cinco meses de armazenamento. No entanto, diferem dos resultados do mesmo
autor, quando as sementes foram armazenadas em condição ambiente em Gurupi – TO
(temperatura média 25,5°C) e apresentaram germinação de 2% após o período citado.
Timoteo (2010) também observou manutenção de alto potencial germinativo em
sementes de milho armazenadas por 15 meses em câmara fria e seca (10°C e 30%UR), e
redução progressiva da germinação das sementes mantidas em ambiente não controlado (14 a
31°C e 72 a 83%UR) e em ambiente controlado (20°C e 70%UR).
O teste de germinação é o procedimento oficial para avaliação da capacidade das
sementes produzirem plântulas normais em condições ideais, porém nem sempre revela
diferenças no desempenho entre lotes de sementes durante o armazenamento ou a campo
(CARVALHO e NAKAGAWA, 2000). Assim, a complementação das informações para
29
análise da qualidade fisiológica das sementes é realizada pelos testes de vigor, que
possibilitam a seleção dos melhores lotes para a comercialização (MARCOS FILHO, 2005).
O vigor das sementes compreende um conjunto de características que determinam o
potencial para a emergência e o rápido desenvolvimento de plântulas normais, sob ampla
diversidade de condições ambientais (ISTA, 1992).
O vigor, avaliado pela primeira contagem da germinação (Tabela 4), apontou efeito de
lote apenas aos 180 dias para as sementes do ambiente 3, aos 270 dias para as do ambiente
não controlado, e aos 360 dias para as do ambiente 1, com menor vigor observado sempre no
lote 2. Porém, estes efeitos não foram verificados nos períodos seguintes e, assim, são pouco
conclusivos.
Tabela 4. Vigor (%), pela primeira contagem da germinação, de dois lotes de sementes
de milho, variedade BR 106, armazenados em três ambientes.
Ambiente
Dias de armazenamento
0
90
180
Lote 1
Lote 2
Lote 1
Lote 2
Lote 1
Lote 2
12±2°C/60±5%UR
97,50aA
94,00aA
95,50aA
91,50aA
92,00aA
91,00aA
Não controlado
97,50aA
94,00aA 90,50abA 91,00aA 87,50abA 86,50aA
30±2°C/70±5%UR
97,50aA
94,00aA
86,00bA
81,50bA
83,75bA
72,50bB
270
360
450
Lote 1
Lote 2
Lote 1
Lote 2
Lote 1
Lote 2
12±2°C/60±5%UR
92,00aA
89,50aA
90,50aA
84,00aB
86,00aA
84,50aA
Não controlado
84,50bA
79,50bB
81,50bA
78,00bA
77,00bA
75,00bA
30±2°C/70±5%UR
73,50cA
70,00cA
61,00cA
60,00cA
39,50cA
44,00cA
Médias seguidas por uma mesma letra minúscula na coluna, dentro de um mesmo lote e
período de armazenamento, e médias seguidas por uma mesma letra maiúscula na linha,
dentro de um mesmo ambiente e período de armazenamento, não diferem entre si pelo teste
de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.
30
Avaliando o efeito do ambiente de armazenamento, o ambiente de câmara fria foi o
melhor na manutenção do vigor das sementes em todos os períodos avaliados, apresentando
aos 450 dias de armazenamento, 86,0 e 84,5% de vigor para os lotes 1 e 2, respectivamente.
De modo geral, as sementes armazenadas em ambiente não controlado apresentaram
vigor intermediário, menor que as armazenadas no ambiente 1 e maior que as do ambiente 3,
observado aos 270, 360 e 450 dias de armazenamento. E ao final do experimento, ainda foram
obtidos valores satisfatórios por este teste (77,0 e 75,0%, para lotes 1 e 2, respectivamente),
considerando que é realizado pela contagem de plântulas normais no quarto dia do teste de
germinação.
Verificou-se o efeito do ambiente 3 sobre a redução do vigor das sementes avaliadas
aos 90 dias e nos períodos subsequentes, para ambos os lotes. O vigor das sementes deste
ambiente foi drasticamente reduzido em todos os períodos avaliados, chegando, aos 450 dias,
com somente 39,5 e 44,0% de vigor, enquanto as sementes armazenadas nos outros dois
ambientes apresentavam ainda vigor de 75,0 a 86,0% (Tabela 4).
Como pode ser observado na Figura 4, o vigor das sementes, avaliado pelo teste de
primeira contagem da germinação, foi reduzido linear e progressivamente ao longo do
armazenamento em todos os tratamentos, com decréscimos mais acentuados no ambiente com
maior temperatura, seguindo a mesma tendência do teste de germinação.
Ressalta-se que os resultados deste teste foram obtidos em condições controladas e
otimizadas de temperatura e umidade, e a drástica queda no vigor, principalmente das
sementes armazenadas a 30±2°C/70±5%UR, reflete a dificuldade em se obter rápida
germinação e o estabelecimento de estande uniforme, uma vez que as condições reais às quais
as sementes serão submetidas na semeadura a campo, geralmente, não são as ideais.
Em trabalho realizado por Peres (2010), avaliando diversos testes de vigor em
sementes de milho, o autor considerou o teste de primeira contagem da germinação como
altamente sensível para a diferenciação de classes de vigor das sementes. Por ser um teste que
trata da contagem de plântulas normais obtidas em teste de germinação, ele é visto como parte
de um procedimento padronizado com alto potencial para determinação do vigor das sementes
(NAKAGAWA, 1999).
Os resultados do envelhecimento acelerado indicam efeito significativo de lote apenas
nos períodos de 90, 360 e 450 dias de armazenamento nas sementes armazenadas nos
ambientes 2 e 3 (Tabela 5).
31
A1-L1
r
2=0,8944
---
A1-L2
r
2=0,9049
A2-L1
r
2=0,9728
---
A2-L2
r
2=0,9435
A3-L1
r
2=0,9378
---
A3-L2
r
2=0,9582
Figura 4. Primeira contagem da germinação (PCG) de sementes de milho, variedade BR 106,
em função dos dias de armazenamento para as respectivas combinações de lotes e
ambientes. A1: 12±2°C/60±5%UR; A2: Não controlado; A3: 30±2°C/70±5%UR;
L1: lote 1 e L2: lote 2. (**) significativo a 1% pelo teste “t”.
No período de 90 dias, não foi verificado efeito do ambiente sobre o vigor das
sementes. Aos 180 dias, as sementes do lote 2 a 30±2°C/70±5%UR apresentaram redução
significativa do vigor, diferindo do ambiente 1, mas não diferente do ambiente não
controlado. Aos 270 dias, as sementes do ambiente 3 apresentaram valores baixos de vigor,
próximos de 50%, enquanto que as mantidas em ambiente não controlado e em câmara fria
apresentaram ainda alto vigor, com valores próximos a 86 e 92%, para ambos ambientes,
respectivamente.
O teste de envelhecimento acelerado avalia o vigor das sementes pela porcentagem de
plântulas normais observadas no teste de germinação, após as mesmas terem sido submetidas
a estresse em condições de temperatura e umidade relativa do ar elevadas, por determinado
período. Está baseado no fato de que sementes de menor vigor deterioram-se mais
35
45
55
65
75
85
95
105
0
90
180
270
360
450
P
C
G
(
%
)
Dias de armazenamento
x
yˆ
=97,8095−0,00261905
**.
x
yˆ
=94,1905−0,0226984
**.
x
yˆ
=96,2619−0,0452381
**.
x
yˆ
=93,6905−0,0415873
**.
x
yˆ
=100,369−0,119603
**.
x
yˆ
=92,9286−0,0996825
**.
32
rapidamente do que as vigorosas, refletindo em redução da germinação após o
envelhecimento acelerado (MARCOS FILHO, 2005).
Tabela 5. Vigor (%), pelo teste de envelhecimento acelerado, de dois lotes de sementes de
milho, variedade BR 106, armazenados em três ambientes.
Ambiente
Dias de armazenamento
0
90
180
Lote 1
Lote 2
Lote 1
Lote 2
Lote 1
Lote 2
12±2°C/60±5%UR
96,00aA
93,00aA
91,00aA
91,00aA
91,50aA
93,50aA
Não controlado
96,00aA
93,00aA
91,00aA
86,00aB
87,50aA
88,50abA
30±2°C/70±5%UR
96,00aA
93,00aA
88,50aA
88,50aA
86,50aA
84,50bA
270
360
450
Lote 1
Lote 2
Lote 1
Lote 2
Lote 1
Lote 2
12±2°C/60±5%UR
92,50aA
92,00aA
88,50aA
89,00aA
83,00aA
84,00aA
Não controlado
86,00bA
87,00aA
86,50aA
82,00bB
72,50bB
80,50aA
30±2°C/70±5%UR
51,50cA
50,00bA
39,00cB
45,50cA
27,50cA
23,00cB
Médias seguidas por uma mesma letra minúscula na coluna, dentro de um mesmo lote e
período de armazenamento, e médias seguidas por uma mesma letra maiúscula na linha,
dentro de um mesmo ambiente e período de armazenamento, não diferem entre si pelo teste
de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.
Efeitos similares foram observados também nos períodos de 360 e 450 dias, indicando
o ambiente 3 como prejudicial à manutenção do vigor das sementes por períodos prolongados
de armazenamento. Semelhante ao verificado pelo teste de primeira contagem da germinação,
o ambiente de câmara fria mostrou-se mais eficiente na manutenção do vigor das sementes de
milho, e o ambiente não controlado ficou em posição intermediária, no entanto este dois
ambientes proporcionaram, ao fim do maior período observado, valores acima de 72% de
vigor.
Na Figura 5 observa-se o comportamento do vigor, pelo envelhecimento acelerado,
das sementes armazenadas nos diferentes ambientes ao longo do armazenamento. Verifica-se
33
pequena redução no vigor das sementes armazenadas tanto em câmara fria como em ambiente
de condições não controladas. Porém, as sementes armazenadas em condições de
30±2°C/70±5%UR, apresentaram uma redução muito acentuada do vigor, especialmente a
partir dos 180 dias de armazenamento, com valores muito baixos aos 450 dias, indicando o
estado avançado da deterioração das sementes neste ambiente.
A1-L1
r
2=0,8153
---
A1-L2
r
2=0,8949
A2-L1
r
2=0,8325
---
A2-L2
r
2=0,9189
A3-L1
r
2=0,9430
---
A3-L2
r
2=0,9478
Figura 5. Envelhecimento acelerado (EA) de sementes de milho, variedade BR 106, em
função dos dias de armazenamento para as respectivas combinações de lotes e
ambientes. A1: 12±2°C/60±5%UR; A2: Não controlado; A3: 30±2°C/70±5%UR;
L1: lote 1 e L2: lote 2. (**) significativo a 1%, (*) significativo a 5%, (***)
significativo a 10% pelo teste “t”.
Estes resultados estão de acordo com os relatados por Timoteo (2010) que observou
pequenas reduções no vigor de sementes de milho com alto potencial fisiológico inicial
armazenadas, por 15 meses, em câmara fria (10°C e 30%UR) e em ambiente não controlado
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0
90
180
270
360
450
E
A
(
%
)
Dias de armazenamento
2 * * *.
0,00005802
.
0224984
,
0
3048
,
94
ˆ
x
x
y=
−
−
2 * * * *.
0,0000815697
.
0200397
,
0
9643
,
91
ˆ
x
x
y=
+
−
x
yˆ
=94,3571−0,0415873
**.
x
yˆ
=93,2857−0,0246032
**.
2 * * * *.
0,0001476
.
105984
,
0
7140
,
98
ˆ
x
x
y=
−
−
2 * * * *.
0,00294534
.
071769
,
0
2854
,
95
ˆ
x
x
y=
−
−
34
(14 a 31°C e 72 a 83%UR). A autora também observou drástica redução do vigor nas
sementes armazenadas a 20°C e 70%UR, após 3 meses.
No documento
Qualidade fisiológica e atividade enzimática de sementes de milho armazenadas
(páginas 31-57)