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3.1. Início e duração da colheita e ciclo da cultura

Nas plantas da ‘Torreon’ observou-se efeito significativo do número de frutos por planta (NFP) e da posição do fruto na planta (PFP) sobre o número de dias para o início da colheita e ciclo da cultura; foi obtido efeito significativo do NFP, da PFP e da interação NFP x PFP sobre a duração da

colheita (Tabela 1). Plantas conduzidas com apenas um fruto e quando este foi fixado entre o 5o e o 8o nó apresentaram menor precocidade (número de dias para iniciar a colheita) e menor ciclo de produção, quando comparadas a plantas com dois frutos e quando estes frutos foram fixados entre o 15o e o 18o nó (Figura 2). O tratamento com a fixação de apenas um fruto entre o 5o e o 8o nó proporcionou maior duração de colheita, tanto em relação aos frutos fixados entre o 15o e 18o nó quanto em relação às plantas conduzidas com dois frutos (Figura 2).

Tabela 1 – Resumo da análise de variância do número de dias para o início da colheita (ICOL), duração da colheita (DCOL) e ciclo da cultura (CC) de melão Cantaloupe ‘Torreon’

Quadrados Médios Fontes de Variação GL ICOL DCOL CC No de frutos (NFP) 1 12,8000* 5,0000* 11,2500** Posição na planta (PFP) 1 649,8000** 20,0000** 401,2500** NFP x PFP 1 1,8000ns 5,0000* 1,2500ns Resíduo 12 1,3833 0,5417 0,5000 CV (%) - 1,08 8,18 0,60

* F significativo a 5%; ** F significativo a 1%; e ns F não-significativo a 5% de probabilidade.

Para a ‘Coronado’ foi observado efeito significativo do NFP, da PFP e da interação NFP x PFP sobre o início da colheita e ciclo da cultura, e apenas do NFP sobre a duração da colheita em plantas do meloeiro (Tabela 2). Nessa cultivar, tanto plantas com um quanto com dois frutos apresentaram menor número de dias para início e término da colheita na fixação do fruto na posição entre o 5o e o 8o nó, resultando em redução do ciclo cultural de 11 e 8 dias em plantas com um e dois frutos, respectivamente (Figura 2). Por outro lado, nas plantas com dois frutos fixados entre o 15o e o 18o nó observou-se menor número de dias para o início e término da colheita, comparadas a plantas com apenas um fruto. Quanto à duração da colheita da ‘Coronado’, obteve-se maior número de dias quando esta apresentava apenas um fruto por planta, enquanto a PFP não alterou a sua duração (Figura 2).

Nas plantas da ‘Torreon’, a colheita do primeiro fruto e o ciclo da cultura foram antecipados quando houve menor competição por assimilados

‘Torreon’ ‘Coronado’

* Efeito do NFP e da PFP; as médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si. * Na interação NFP x PFP, as médias seguidas pela mesma letra minúscula comparam o

NFP dentro da PFP e pela mesma letra maiúscula a comparam PFP dentro do NFP, pelo teste Tukey, a 5% de probabilidade.

Figura 2 – Valores médios do número de dias para início da colheita, duração da colheita e ciclo da cultura da ‘Torreon’ e ‘Coronado’, em função do número (NFP) e da posição de frutos na planta (PFP).

Tabela 2 – Resumo da análise de variância do número de dias para o início da colheita (ICOL), duração da colheita (DCOL) e ciclo da cultura (CC) de melão Cantaloupe ‘Coronado’

Quadrados Médios Fontes de Variação GL ICOL DCOL CC N0 de frutos (NFP) 1 6,0500* 11,2500** 31,2500** Posição na planta (PFP) 1 470,4500** 1,2500ns 451,2500** NFP x PFP 1 11,2500** 1,2500ns 11,2500** Resíduo 12 1,2083 0,5000 0,6667 CV (%) - 1,01 8,08 0,70

(um fruto por planta) e quando o fruto fixou-se mais cedo (no 5o e no 8o nó). No caso de apenas um fruto por planta, os fotoassimilados em excesso são realocados para o crescimento vegetativo, elevando a área foliar por fruto (El Keblawy & Lowett Doust, 1996 a), e na emissão de novas flores (Valantin Morinson et al., 2006). Desta forma, a maior taxa de crescimento do fruto obtida nestas condições reduziu o estádio reprodutivo da planta, antecipando o início da colheita e o ciclo cultural. No tomateiro, Logendra et al. (2001 a) não observaram diferença significativa na antese da primeira flor com o aumento do NFP, fato este que poderia alterar o ciclo da cultura.

Tanto na ‘Torreon’ quanto na ‘Coronado’, os frutos que foram fixados entre o 5o e o 8o nó apresentaram menor número de dias para iniciar a colheita e o término de seu ciclo cultural, em função de as emissões das ramificações laterais, de onde saem as flores hermafroditas para posterior fixação dos frutos na planta, ocorrerem primeiro, em relação às ramificações, que saíram entre o 15o e o 18o nó. Esse intervalo de dias, na emissão dos ramos laterais nas diferentes posições na planta, pode ser influenciado pelas condições climáticas, como radiação e temperatura, que alteram a distribuição de assimilados e a taxa de crescimento das plantas e proporcionam diferenças em seu ciclo cultural. De acordo com Seabra Júnior et al. (2003), frutos fixados em posições próximo à base da planta podem comprometer o seu desenvolvimento vegetativo, devido à maior competição pelos fotoassimilados e nutrientes entre os frutos e a parte vegetativa, principalmente se a planta apresentar baixa área foliar no momento em que os frutos são fixados, pois podem ocorrer alterações no início da colheita e no ciclo da cultura.

Foi observado que a fixação de frutos entre o 15o e o 18o nó na ‘Coronado’ proporcionou maior tempo para iniciar a colheita e o término do ciclo da cultura em plantas com apenas um fruto, comparadas a plantas com dois frutos. Desta forma, a maior área foliar disponível por fruto aumentou a sua permanência na planta, conforme observado na duração da colheita, aumentando, portanto, o ciclo da cultura. Este fato foi contrário ao obtido para a ‘Torreon’, em que plantas com apenas um fruto apresentou menor tempo para iniciar a colheita e o término de seu ciclo cultural. Para Martins et

al. (1998), a diferença entre cultivares quanto ao início e a distribuição da colheita pode estar associada a características genéticas.

Em plantas da ‘Torreon’ que fixaram apenas um fruto entre o 5o e o 8o nó, comparadas a plantas com dois frutos, e na ‘Coronado’, quando conduzida com apenas um fruto, independentemente da PFP, observou-se maior duração na colheita, o que pode ser benéfico aos frutos. O fruto do meloeiro representa o principal dreno na planta e depende dos carboidratos translocados das folhas, uma vez que não têm reservas de amido, que poderiam incrementar o teor de açúcar pela degradação do amido após a colheita (Hubard et al., 1990). Com isso, a maior permanência do fruto na planta pode contribuir para a elevação do TSS no fruto, desde que a planta apresente área foliar isenta de ataques de pragas e doenças.

De acordo com Martins et al. (1998), do ponto de vista comercial, ou seja, valor de mercado, a questão da precocidade está vinculada à oferta/demanda do produto, à sua relação com o rendimento e a qualidade e aos custos com o sistema de condução de plantas. Estes aspectos são determinantes na escolha da cultivar e do manejo a ser adotado quanto ao NFP e a PFP. A condução da planta com frutos fixados entre o 5o e o 8o nó proporcionou redução no ciclo cultural das cultivares. Deve-se ponderar se a antecipação da colheita está associada à maior produção, à qualidade de frutos e à época de preço mais alto, uma vez que o sistema de condução de plantas influencia o rendimento da cultura. Além disso, a redução do ciclo cultural contribui para diminuição de gastos com mão-de-obra e insumos.

3.2. Determinação da massa seca das plantas e partição de assimilados

Na ‘Torreon’, foi observado efeito significativo do NFP, da PFP e da interação NFP x PFP sobre a massa seca de folhas, frutos e total (Tabela 3). Nesta cultivar, a condução da planta com apenas um fruto fixado entre o 15o e o 18o nó, comparativamente ao fruto fixado entre o 5o e o 8o nó, proporcionou maior massa seca da folha e menor massa seca do fruto, porém não influenciou a massa seca total da planta (Figura 3). Com dois frutos por planta, não foram observadas mudanças na massa seca da folha em função da PFP, no entanto os frutos provenientes do 5o e do 8o nó

Tabela 3 – Resumo da análise de variância para a massa seca de folhas (MSF), caule (MSC), frutos (MSFR) e totais (MSTO) de melão Cantaloupe ‘Torreon’ Quadrados Médios Fontes de ariação GL MSF MSC MSFR MSTO No de frutos (NFP) 1 85,3258** 13,3661** 1331,8752** 557,0401* Posição na planta (PFP) 1 156,1846** 8,4630* 1743,0312** 693,9598* NFP x PFP 1 57,4944* 2,5418ns 257,9774* 636,9818* Resíduo 12 7,5839 1,2992 53,0666 98,3462 CV (%) - 10,13 9,71 7,17 7,06

*F significativo a 5%; ** F significativo a 1%; e ns F não-significativo a 5% de probabilidade.

apresentaram maior massa seca de frutos, o que contribuiu para elevação da massa seca total da planta, quando comparados aos frutos do 15o e ao 18o nó (Figura 3). Por outro lado, plantas com apenas um fruto fixado entre o 15o e o 18o nó e entre o 5o e o 8o nó apresentaram, respectivamente, maior massa seca da folha e menor massa seca do fruto, comparadas a plantas com dois frutos. Já para massa seca do caule, o maior valor foi obtido quando as plantas foram conduzidas com apenas um fruto e quando este foi fixado na posição entre o 15o e o 18o nó (Figura 3).

Na ‘Coronado’ foi observado efeito significativo apenas do NFP e da PFP sobre massa seca de folhas, caule, frutos e total (Tabela 4). As plantas conduzidas com apenas um fruto apresentaram maior massa seca de folhas e caule e menor massa seca de frutos e total, comparadas a plantas com dois frutos (Figura 3). Por outro lado, valores mais elevados de massa seca de folhas, caule e total foram observados com os frutos fixados entre o 15o e o 18o nó, no entanto, para massa seca de frutos, maiores valores foram registrados quando o fruto foi fixado entre o 5o e 8o nó (Figura 3).

O maior valor de massa seca de folhas e caule em plantas da ‘Torreon’ que fixaram apenas um fruto e na posição de fixação entre o 15o e o 18o nó foi devido à menor competição por assimilados entre órgãos vegetativo e reprodutivo, em razão da diminuição do número de drenos na planta e do atraso da fixação dos frutos em posições mais elevadas na planta. Este fato possibilita maior crescimento da planta e acúmulo de massa

‘Torreon’ ‘Coronado’

* Efeito do NFP e da PFP; as médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si. * Na interação NFP x PFP, as médias seguidas pela mesma letra minúscula comparam o

NFP dentro do PFP e pela mesma letra maiúscula comparam a PFP dentro do NFP, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.

Figura 3 – Valores médios para a massa seca das folhas, caule, frutos e total da ‘Torreon’ e ‘Coronado’, em função do número (NFP) e da posição de frutos na planta (PFP).

Tabela 4 – Resumo da análise de variância para massa seca de folhas (MSF), caule (MSC), frutos (MSFR) e totais (MSTO) de melão Cantaloupe ‘Coronado’. Viçosa-MG, UFV, 2006

Quadrados Médios Fontes de Variação GL MSF MSC MSFR MSTO N0 de frutos (NFP) 1 133,4894* 154,2901** 2360,7472** 605,7702** Posição na planta (PFP) 1 1232,2930** 98,6124** 407,6142* 617,2716** NFP x PFP 1 7,1880ns 1,0904ns 11,1154ns 49,8332ns Resíduo 12 20,0851 8,7487 68,9192 38,1822 CV (%) - 16,25 21,47 7,98 4,25

*F significativo a 5%; ** F significativo a 1%; e ns F não-significativo a 5% de probabilidade.

seca na parte vegetativa da planta. Long et al. (2004) constataram que a elevação na massa seca da folha do meloeiro foi obtida com a redução do NFP, o que pode indicar que a maior disponibilidade de área foliar por fruto permitiu que o crescimento do fruto atingisse ponto máximo de acordo com seu potencial genético e que os assimilados restantes estariam sendo acumulados nas folhas e no caule. No estádio final de crescimento, os frutos constituem o principal dreno, e a planta reduz substancialmente a translocação de assimilados para outros órgãos, como folhas, caule e flores, principalmente quando se eleva o NFP (El Keblawy & Lowett Doust, 1996a). De acordo com Valantin et al. (1999), no meloeiro existe uma razão na massa seca de 2:1 entre folhas e caule no direcionamento de assimilados. No cultivo do meloeiro, Purqueiro et al. (2003) observaram que o NFP influenciou a massa seca das folhas, com tendência de redução à medida que o NFP foi maior, o que pode ser explicado pela força do dreno, pois os frutos são drenos prioritários.

A condução da ‘Torreon’ com apenas um fruto por planta, fixado entre o 5o e o 8o nó, quando comparada à fixação entre o 15o e o 18o nó, proporcionou maior massa seca do fruto, devido às menores massas secas de folhas e caule observada nessas condições, o que favoreceu a alocação de assimilados para os frutos. Porém, a maior alocação de massa seca em plantas conduzidas com dois frutos fixados entre o 5o e o 8o nó se deu em função da maior alocação de massa seca nesses frutos, em comparação ao fruto individualmente. Isto significa que a força do dreno foi diferente entre os

tratamentos. A massa seca de frutos por planta, em frutos fixados entre o 15o e o 18o nó, não diferiu com um ou dois frutos por planta, provavelmente em função de a condução da planta com apenas um fruto ter proporcionado aumento significativo no tamanho do fruto, comparada a plantas com dois frutos que apresentam menor tamanho, tornando o acúmulo de massa semelhante entre plantas com um e dois frutos nessa posição.

Na cultura do pepino foi obtido maior particionamento de massa seca para os frutos quando aumentou o NFP e, conseqüentemente, houve redução na massa seca vegetativa da planta (Marcelis, 1991). No tomateiro, Heuwelink et al. (1995) observaram que o aumento do número de frutos por cacho elevou a fração de massa seca alocada para os frutos. No meloeiro, Valantin et al. (1998) obtiveram incremento considerável na biomassa total dos frutos, quando a frutificação não foi limitada. Em virtude da formação mais precoce dos frutos fixados entre o 5o e o 8o nó, quando as plantas ainda apresentavam sua área foliar definitiva, houve maior competição entre órgãos da planta e, por serem os drenos muito fortes, estes “puxaram” mais assimilados, alterando a partição de massa seca na planta. Segundo Seabra Junior et al. (2003), frutos fixados próximo à base da planta comprometem o desenvolvimento vegetativo, principalmente se a ela apresentar pequena área foliar no momento em que os frutos forem fixados. Assim, em frutos fixados na parte superior da planta entre o 15o e o 18o nó, obteve-se menor massa seca nos frutos em razão do maior crescimento vegetativo, com maior alocação de massa nas folhas e no caule.

Na condução da planta com apenas um fruto, a biomassa total da ‘Torreon’ foi semelhante entre as PFP, no entanto, quando a planta fixou dois frutos, comparada a plantas com apenas um fruto entre o 5o e 8o nó, observou-se maior biomassa total, o que foi devido, principalmente, à maior alocação de massa seca para os frutos. Em melões do grupo Cantalupensis, a carga de frutos é o principal determinante na distribuição de assimilados entre os órgãos vegetativos e reprodutivos (Valantin et al., 1999). O fruto do meloeiro constitui um órgão dominante a partir de 51 dias após o transplante (28 dias antes da colheita) e, de acordo com Long et al. (2004) e Fagan et al. (2006), representa, respectivamente, 51 e 66% da massa seca total da planta na colheita. Neste trabalho, esta proporção foi em média de 70,7 e

71,6% para ‘Torreon’ e ‘Coronado’. Variações na partição de assimilados são devido à forma de condução da planta, alterando a relação fonte:dreno, bem como das condições climáticas, como temperatura e radiação (Marcelis, 1992). A planta tende a aumentar a taxa fotossintética para compensar a menor disponibilidade de área foliar por fruto, conforme verificado por Marcelis (1991) em pepino, quando observou que a redução da relação fonte:dreno, pelo aumento do NFP de 1 até 7, elevou a fotossíntese líquida, sendo translocados mais assimilados, registrando-se maior acúmulo de massa seca para as plantas e os frutos.

O maior acúmulo de massa seca nas folhas e no caule de plantas da ‘Coronado’, conduzidas com um fruto, foi, provavelmente, devido à menor competição por assimilados entre órgãos da planta, o que favoreceu o acúmulo de massa seca na parte vegetativa da planta. No meloeiro, Long et al. (2004) obtiveram resultado semelhante. Os autores constataram elevação na massa seca da folha com a redução do NFP. A maior quantidade da massa seca de folhas e caule em plantas com apenas um fruto era esperada, em relação a plantas com dois frutos, conseqüentemente menores massa seca de frutos e totais foram registradas nesse grupo de plantas. No entanto, em plantas conduzidas com dois frutos, obteve-se maior alocação de massa seca para os frutos, o que alterou a partição de assimilados na planta, reduzindo o acúmulo de massa seca em folhas e caule. Resultados semelhantes foram obtidos por Marcelis (1991), na cultura do pepino. Porém, a maior massa seca total em plantas com dois frutos foi obtida em função da maior alocação de assimilados para os frutos, que constituem o principal dreno na planta do meloeiro. Para Marcelis (1996), a força do dreno (habilidade competitiva para atraírem assimilados) não é somente correlacionada com o número de drenos, mas também com o peso individual dos drenos.

Na ‘Coronado`, a maior massa seca das folhas e do caule em plantas que fixaram os frutos entre o 15o e o 18o nó foi devido à ausência de competição entre órgãos vegetativo e reprodutivo na fase inicial de crescimento da planta, uma vez que os frutos foram fixados mais tardiamente, possibilitando maior crescimento vegetativo, e, desta forma, ocorreu acúmulo de massa seca na parte vegetativa da planta. Esse

aumento na proporção da massa seca de folhas e caule reduziu, conseqüentemente, a proporção da massa seca de frutos. Por outro lado, quando os frutos foram fixados na planta entre o 5o e o 8o nó, observou-se acirramento na competição entre fonte e dreno, pelo fato de os drenos serem muito fortes e puxarem mais assimilados em direção aos frutos, elevando a proporção de massa seca alocada para os frutos.

Long et al. (2004) observaram em meloeiro que o atraso no processo de polinização e o posterior pegamento do fruto elevaram a massa seca da parte vegetativa da planta. Em pepino, Marcelis (1992) constatou que a alta taxa de crescimento de frutos foi acompanhada por baixa taxa de crescimento da parte vegetativa e vice-versa. Desta forma, sempre que os drenos forem favorecidos pelo número ou pelo peso na planta, é esperada menor alocação de assimilados para o crescimento vegetativo.

3.3. Número de folhas por planta

Nas plantas da ‘Torreon’ foi observado efeito significativo somente do NFP e da interação NFP x PFP sobre o número de folhas por planta (Tabela 5). Foi obtido maior número de folhas em plantas com um e dois frutos, quando os frutos foram fixados entre o 15o e o 18o nó e o 5o e o 8o nó, respectivamente (Figura 4). Por outro lado, nas plantas com dois frutos obteve-se maior número de folhas, independentemente da PFP (Figura 4).

Foi observado efeito significativo apenas da PFP sobre o número de folhas por planta da ‘Coronado’ (Tabela 6). Frutos fixados entre o 5o e 8o nó, comparados aos do 15o ao 18o nó, proporcionaram plantas com maior número de folhas (Figura 4).

O maior número de folhas em plantas da ‘Torreon’ com apenas um fruto, quando fixado entre o 15o e o 18o nó, comparado aos frutos advindos do 5o e do 8o nó, foi devido ao retardamento do início da frutificação, o que proporcionou à planta investir os assimilados para o crescimento vegetativo. Segundo El Keblawy & Lowett Doust (1996a), em melões ‘Cantaloupe’ essas reservas podem ser realocadas para produção de novas folhas e flores. Porém, a condução da planta com dois frutos, comparada a plantas com apenas um fruto, independentemente da PFP, resultou em maior número de

folhas por planta, provavelmente devido ao menor comprimento dos internódios. Em pepino, Nomura & Cardoso (2000) observaram que o aumento da competição entre órgãos vegetativo e reprodutivo incrementou o número de nós na planta, ou seja, os entrenós eram mais curtos e menos vigorosos. Valantin et al. (1999) observaram aumento do número de folhas do meloeiro com a condução de apenas um fruto por planta, quando comparada a plantas de fixação livre. No presente trabalho, foram conduzidos no máximo dois frutos por planta, o que permite menor competição entre os diferentes órgãos da planta em relação a plantas com fixação livres de frutos. No tomateiro, Heuwelink et al. (1995) observaram que o número de folhas no final do experimento não foi alterado com o aumento do número de frutos por cacho de um até sete. Todavia, o tomateiro apresenta ritmo plastocrômico bem definido de duas a três folhas entre cada cacho, fato que não acontece com o meloeiro.

A produção de folhas na ‘Coronado’ não foi alterada com o aumento do NFP. Isto pode ter ocorrido pelo fato de a força do dreno não ter proporcionado maior estresse à planta, quando conduzida com dois frutos, ou seja, os fotoassimilados produzidos pelas folhas (fonte) durante a fotossíntese suportaram a demanda do dreno por assimilados. Em pepino, Marcelis et al. (1991) constataram que as plantas conduzidas com até sete frutos elevaram a taxa de fotossíntese líquida da folha em relação a plantas com um fruto. Portanto, neste trabalho, as folhas de plantas com dois frutos podem ter elevado a taxa de fotossíntese líquida, para compensar a demanda do dreno por assimilados, sem que houvesse a necessidade de produção de mais folhas. Resultado contraditório foi obtido por Valantin et al. (1999) em meloeiro, conforme citado anteriormente. Por outro lado, em tomateiro, Logendra et al. (2001 b) não obtiveram diferenças no número de ramificações laterais que poderia elevar o número de folhas na planta, quando da condução de um a três cachos por planta do tomateiro.

Na ‘Coronado’ foi verificado aumento do número de folhas na planta, quando a fixação dos frutos ocorreu entre o 5o e o 8o nó. Neste caso, os

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