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Superfamília Majoidea Samouelle, 1819 Família Epialtidae MacLeay, 1838 Subfamília Pisinae Dana, 1851

Rochinia A. Milne-Edwards, 1875

Amathia Roux, 1828: 8 [espécie-tipo por monotipia: A. rissoana Roux,

1828. Não Amathia Lamouroux, 1812, criado para uma espécie de Bryozoa].

Amathia — H. Milne Edwards, 1834: 285. Pisa (Amathia) de Haan, 1839: 78, 84, 85.

Scyramathia A. Milne-Edwards, 1880-1881: 356 [espécie-tipo por

designação subsequente: S. carpenteri (Thompson, 1873)].

Scyramathia — Alcock, 1895: 165; 201; Stebbing, 1910: 289; A.

Milne-Edwards & Bouvier, 1923: 379; Barnard, 1950: 49.

Anamathia Smith, 1885: 493 [espécie-tipo por designação original: A. rissoana Roux, 1828].

Anamathia — Miers, 1886: 25; Alcock, 1895: 165.

Rochinia A. Milne-Edwards, 1875: 86 [espécie-tipo por monotipia: R. gracilipes A. Milne-Edwards, 1875].

Rochinia — Alcock, 1895: 165; Rathbun, 1925: 204; Sakai, 1938: 278;

Garth, 1958: 282; Sakai, 1965: 80; Zariquiey-Álvarez, 1968: 463; Serène, 1973: 54; Yaldwyn & Dawson, 1976: 91; Ingle, 1980:140; Williams, 1984: 322; Griffin & Tranter, 1986: 361; Melville, 1987: 25; Tavares, 1991: 161; Takeda, 2001: 240; Viana et al., 2002: 11; Casadío, 2005: 158; Martin & Haney, 2005: 497;

Takeda & Komatsu, 2005: 278; Ng & Richer de Forges, 2007: 61; Richer de Forges & Poore, 2008: 64; Takeda, 2009:172; Mc Lay, 2009: 30.

Espécies inclusas

Atlântico ocidental.- Rochinia confusa Tavares, 1991; Rochinia crassa

(A. Milne-Edwards, 1879); Rochinia gracilipes A. Milne-Edwards, 1875;

Rochinia hystrix (Stimpson, 1871); Rochinia tanneri (Smith, 1883); Rochinia umbonata (Stimpson, 1871).

Pacífico leste.- Rochinia cornuta (Rathbun, 1898); Rochinia occidentalis

(Faxon, 1893); Rochinia vesicularis (Rathbun, 1907).

Atlântico oriental e Mediterrâneo.- Rochinia carpenteri (Thompson,

1873); Rochinia hertwigi (Doflein, 1904); Rochinia rissoana (Roux, 1828).

Indo-Oeste-Pacífico.- Rochinia ahyongi McLay, 2009; Rochinia annae

Richer de Forges & Poore, 2008; Rochinia beauchampi (Alcock & Anderson, 1894); Rochinia brevirostris (Doflein, 1904); Rochinia crosnieri Griffin & Tranter, 1986; Rochinia daiyuae Takeda & Komatsu, 2005; Rochinia debilis Rathbun, 1932; Rochinia decipiata Williams & Eldredge, 1994; Rochinia fultoni (Grant, 1905); Rochinia galathea Griffin & Tranter, 1986; Rochinia globulifera (Wood-Mason & Alcock, 1891); Rochinia griffini Davie & Short, 1989; Rochinia kotakae Takeda, 2001; Rochinia makassar Griffin & Tranter, 1986; Rochinia

moluccensis Griffin & Tranter, 1986; Rochinia mosaica (Whitelegge, 1900); Rochinia natalensis Kensley, 1977; Rochinia paulayi Ng & Richer de Forges,

2007; Rochinia planirostris Takeda, 2009; Rochinia pulchra (Miers, 1886);

Rochinia riversandersoni (Alcock, 1895); Rochinia sibogae Griffin & Tranter,

Lohavanijaya, 1973; Rochinia suluensis Griffin & Tranter, 1986; Rochinia

tomentosa Griffin & Tranter, 1986.

Espécie fóssil.- Rochinia boschii Casadío, 2005, do Mioceno da

Argentina (Casadío, 2005).

Histórico taxonômico do gênero Rochinia A. Milne-Edwards, 1875.-

O gênero Rochinia A. Milne-Edwards, 1875, juntamente com sua espécie-tipo

R. gracilipes A. Milne-Edwards, 1875, originária do oceano Atlântico sul -

ocidental, foram estabelecidos em uma nota de rodapé (A. Milne-Edwards, 1875: 86) a partir de comentários extremamente vagos: “Il en est de même d’un

autre Oxyrhynque que j’ai déjà designé dans la collection du Muséum sous le nom de Rochinia gracilipes, et qui provient du Cap Corrientes. D’autres exemplaires de la même espèce ont été dragues à 30 brasses de profondeur par l’expédition du Hassler, par 43º 22’ de latitude sud et 60º 35’ de longitude ouest (Greenwich), près de l’embouchure du Rio Negro [Argentina], et à 44 brasses par 67º 42’ de latitude sud et 56º 20’ de longitude ouest, par conséquent près de la Terre de Feu. J’ai fait représenter cette espèce dans les planches qui acompagnent ce travail (Voy., PL. XVIII, fig. 1).”

Quando da criação de Rochinia por A. Milne-Edwards (1875), algumas espécies atlânticas ou mediterrâneas atualmente inclusas em Rochinia já haviam sido criadas, seja no gênero Amathia Roux, 1828 (A. rissoana Roux, 1828; A. carpenteri Thompson, 1873 e A. modesta Stimpson, 1871), seja no gênero Scyra Dana, 1852 (S. umbonata Stimpson, 1871). Mesmo após o estabelecimento de Rochinia o gênero Amathia continuou a receber novas espécies (A. agassizii Smith, 1882; A. crassa A. Milne-Edwards, 1879; A.

tanneri Smith, 1883) enquanto que Rochinia continuava monotípico, certamente

em função de sua definição extremamente vaga.

A. Milne-Edwards (1880) notou que Amathia carpenteri era muito similar a Scyra umbonata e que esta, por sua vez, era muito diferente de Scyra

acutifrons Dana, 1852, espécie-tipo do gênero, e das demais espécies de Scyra. A. Milne-Edwards (1880) decidiu então criar o gênero Scyramathia para

abrigar Amathia carpenteri e Scyra umbonata. Pouco depois, Smith (1884) substituiu o nome Amathia Roux, 1828, pré-ocupado por Amathia Lamouroux, 1812 (Bryozoa), por Anamathia Smith, 1884. De fato, Scyra umbonata foi colocada em Scyra com alguma dúvida, uma vez que rostro, antena e terceiro par de maxilípedes diferiam sobremaneira da espécie tipo do gênero, Scyra

acutifrons Dana, 1852. Stimpson (1871), entretanto, considerou que as

semelhanças quanto a todos os demais caracteres eram muito grandes e o parco conhecimento, na ocasião, sobre Scyra umbonata não permitiria, segundo ele, separá-la como espécie-tipo de um gênero distinto. A opinião expressa por Stimpson (1871) viria se constituir, mais tarde, em argumento para a sinonímia entre Scyramathia A. Milne-Edwards, 1880 e Rochinia A. Milne-Edwards, 1875.

Scyramathia e Anamathia continuaram a receber novas espécies,

enquanto que Rochinia permanecia monotípico: S. cornuta Rathbun, 1907; S.

hertwigi Doflein, 1904; S. vesicularis Rathbun, 1907; A. occidentalis Faxon,

1893. Entretanto, com o aumento do número de espécies, a delimitação entre os gêneros Scyramathia e Anamathia tornava-se cada vez mais confusa. Sars (1885), por exemplo, opinou que Anamathia agassizii seria congenérica com

distante de A. agassizii, não sendo sequer congênere desta, e sim proximamente associada à Scyramathia umbonata.

Smith (1885), em sua discussão do gênero Anamathia, adotou a mesma visão de Sars (1885), incluindo A. agassizii e S. carpenteri, além de todas as outras espécies americanas, em Anamathia e questionou a validade do gênero

Scyramathia. Smith (1885) mencionou, ainda, que A. Milne-Edwards (1880), ao

propor o gênero Scyramathia, não forneceu caracteres que permitissem distingui-lo de Anamathia.

Miers (1886) sugeriu que Rochinia gracilipes pudesse, na verdade, pertencer ao gênero Notolopas Stimpson, 1871. Esta hipótese, aceita por Moreira (1906), foi abandonada pelos autores subsequentes (Rathbun,1925; Garth, 1958; Griffin & Tranter, 1986; Tavares, 1991).

Alcock (1895), no seu estudo da fauna carcinológica da Índia, transferiu espécies de Pugettia (P. globulifera Wood-Mason,1891 e P. velutina Miers, 1886) e de Anamathia (A. pulchra Miers, 1886 e A. beauchampi Alcock & Anderson, 1894) para o gênero Scyramathia. Levantou a hipótese de

Scyramathia ser, na realidade, um subgênero ou mesmo um sinônimo mais

recente de Rochinia. Ressaltou, ainda, a semelhança superficial entre

Scyramathia e Anamathia e a proximidade de Scyramathia com Hyastenus e Pugettia. Ele também considerou Oxypleurodon Miers, 1886, como sinônimo de Sphenocarcinus A. Milne-Edwards, 1878. Mais tarde, ambos viriam a ser

inclusos na sinonímia de Rochinia.

Faxon (1895) afirmou que as espécies anteriormente atribuídas a

Anamathia por Smith (1885), ao serem comparadas umas com as outras,

espinulação do artículo basal antenal e da carapaça. Também considerou

Anamathia agassizii (Smith, 1882) sinônimo de Anamathia crassa (A.

Milne-Edwards, 1879).

A. Milne-Edwards & Bouvier (1900) diferenciaram Anamathia (Roux, 1828) de Scyramathia A. Milne-Edwards, 1880, quanto à região orbital, destacando a ausência do espinho supra-orbital em Anamathia. Também distinguiram Scyramathia de Rochinia A. Milne-Edwards, 1875, quanto às antenas e o comprimento relativo do quelípodo. Ressaltaram que a carapaça de S. umbonata assemelha-se muito à carapaça típica de Scyramathia, entretanto com os pereópodos mais curtos, e que, em Scyramathia (Anamathia) occidentalis Faxon, 1893, as placas achatadas encontram-se transformadas em tubérculos baixos, substituindo os espinhos correspondentes de Anamathia.

Doflein (1904) descreveu a nova espécie Scyramathia hertwigi salientando sua similaridade com S. carpenteri, sendo ambas do Atlântico oriental.

Stebbing (1910) comentou sobre as semelhanças entre Rochinia e indivíduos jovens de Scyramathia. A. Milne-Edwards & Bouvier (1923) afirmaram que Anamathia e Scyramathia são sinônimos. Assim, Rathbun (1925), no seu célebre estudo dos caranguejos-aranha das Américas, sinonimizou os gêneros Scyramathia A. Milne-Edwards, 1880 e Anamathia Roux, 1828 à Rochinia A. Milne-Edwards, 1875.

Todavia, discordando de Rathbun (1925), Bouvier (1940) manteve a validade de Anamathia, porém aceitando a sinonímia entre Scyramathia e

tanto que este foi incluso em Rochinia por Rathbun (1925), apesar de não apresentar o espinho supra-orbital, sempre presente em Rochinia. Barnard (1950), por sua vez, voltou a tratar Scyramathia como um nome válido.

Garth (1958), ao estudar as espécies de Rochinia do Pacífico americano, aceitou a sinonímia entre Rochinia, Anamathia e Scyramathia, mas comentou que este arranjo poderia resultar na artificialidade de Rochinia, devido à ausência de uniformidade entre o primeiro par de pleópodos do macho. As espécies-tipo de Rochinia (R. gracilipes), Anamathia (R. rissoana) e

Scyramathia (R. carpenteri) apresentam pleópodo pisiforme, enquanto que em R. vesicularis este é “scyriforme”. Garth (1958) sugeriu examinar espécies de Rochinia de outros oceanos, para determinar quais deveriam ser unidas a R. vesicularis em um gênero independente. Garth (1958) destacou as diferenças

entre Rochinia e Sphenocarcinus, baseando-se também em caracteres da carapaça e região orbital.

A necessidade de uma definição mais sólida para Rochinia e

Sphenocarcinus, levando-se em consideração Oxypleurodon, foi sublinhada

por Guinot & Richer de Forges (1986).

Sakai (1986) estabeleceu o gênero Goniopugettia Sakai, 1986, em um trabalho publicado originalmente em japonês e por isso negligenciado por outros pesquisadores. Duas espécies de Rochinia foram transferidas para

Goniopugettia, R. brevirostris Doflein, 1904 e R. sagamiensis Gordon, 1931

(Takeda & Komatsu, 2005). A validade de Goniopugettia foi aceita por Ng et al. (2001; 2008).

Griffin & Tranter (1986), no seu célebre estudo da fauna carcinológica do Indo-Oeste-Pacífico, fizeram uma revisão do gênero, modificando sua definição

no intuito de incluir diversas espécies com a superfície dorsal da carapaça recoberta por placas achatadas. Cientes do valor limitado das definições propostas por Rathbun (1925) e Garth (1958), mas sem verdadeiramente concluir a questão, Griffin & Tranter (1986) preferiram incluir o gênero

Sphenocarcinus na sinonímia de Rochinia e instituíram como novas as

seguintes espécies: Rochinia carinata, Rochinia crosnieri, Rochinia makassar,

Rochinia moluccensis, Rochinia suluensis e Rochinia tomentosa. Também

transferiram espécies de Hyastenus (H. brevirostris Doflein, 1904), Pugettia (P.

globulifera Wood-Mason, 1891 e P. mosaica Whitelegge, 1900) e Oxypleurodon

(O. stimpsoni Miers, 1886, espécie-tipo do gênero) para Rochinia.

A inclusão de Sphenocarcinus A. Milne-Edwards, 1875 e Oxypleurodon Miers, 1886 na sinonímia de Rochinia foi aceita pelos autores subsequentes até que Tavares (1991) restabeleceu Sphenocarcinus, redefinindo-o como um gênero estritamente anfi-americano, restrito às espécies com espinhos rostrais separados e quelípodos mais curtos do que P2; ressuscitou Oxypleurodon, retirando-o da sinonímia de Sphenocarcinus, para incorporar seis espécies indo-pacíficas de Sphenocarcinus, com placas na carapaça, quelípodos tão longos quanto P2 e usualmente com rostro bífido com hiato em forma de “V”; estabeleceu o novo gênero Nasutocarcinus Tavares, 1991, para um grupo de quatro espécies de Rochinia do Oceano Índico com placas distintas na carapaça, espinhos rostrais completamente fusionados formando um rostro único e patas ambulatórias relativamente longas. Tavares (1991) manteve em

Rochinia as espécies com par de espinhos rostrais bem separados e

afastados, carapaça apresentando tubérculos, espinhos ou placas achatadas (ou uma combinação desses três caracteres) e quelípodos mais curtos do que

P2. Adicionalmente, Tavares (1991) descreveu uma nova espécie proveniente da costa sudeste do Brasil, R. confusa Tavares 1991, em alusão à confusão taxonômica encontrada em Rochinia. A despeito destes avanços, Tavares salientou que a definição de Rochinia permanecia insatisfatória, uma vez que o gênero continuava a incluir espécies morfologicamente muito díspares, devendo ser verificada a atribuição de certas espécies a este gênero.

Richer de Forges (1992), em sua discussão do status taxonômico de

Sphenocarcinus, abordou sua heterogeneidade e a dificuldade de separá-lo de Rochinia, devido à diferença com Rochinia ser pobremente definida. Webber &

Richer de Forges (1995) concordaram com Tavares (1991) quanto à necessidade de redistribuição das espécies não americanas de

Sphenocarcinus e da sua subdivisão em Nasutocarcinus; contudo, discordaram

que os comprimentos relativos do quelípodo e de P2 constituíssem um caráter genérico confiável, por poderem variar entre indivíduos da mesma espécie devido a diferenças de sexo e tamanho. Desta forma, alocaram todas as espécies de Rochinia com placas achatadas e não espinuladas na carapaça e rostros bífidos claramente divergentes do Indo-Oeste-Pacífico e a nova espécie australiana O. wanganella em Oxypleurodon, mesmo esta apresentando os quelípodos mais curtos do que P2, característica típica de Rochinia. Embora Richer de Forges (1995) não tenha listado todas as espécies que reconheceu em Oxypleurodon, sua definição é simples o suficiente para ser usada para inserir em Oxypleurodon as espécies com placas na carapaça inclusas em

Rochinia por Griffin & Tranter (1986).

D’Acoz (1999), no seu inventário dos crustáceos mediterrâneos, corroborando Clark (1986), transferiu A. rissoana, espécie-tipo de Anamathia

(Smith, 1884), para Rochinia. Não obstante, sem apresentar argumentos, Ng et

al. (2008) continuam a considerar o gênero Anamathia como válido.

Ng & Richer de Forges (2007), em sua discussão do gênero Rochinia e a relação deste com Oxypleurodon e Sphenocarcinus, observaram que a composição de Rochinia continuava muito insatisfatória.

No seu Systema Brachyurorum, Ng et al. (2008) notaram que, devido à grande diversidade da fauna do Indo-Oeste-Pacífico, os caracteres usados para separar as famílias frequentemente parecem vagos e subjetivos, sendo indefinida dentro de Majoidea a linha que separa os diversos gêneros, parecendo lógica a necessidade de separar gêneros obviamente relacionados como Pugettia e Rochinia.

Richer de Forges & Ng (2009) transferiram Sphenocarcinus nodosus Rathbun, 1916 (alocado anteriormente em Oxypleurodon e Rochinia) para o novo gênero Laubierinia Richer de Forges & Ng, 2009, designando R. carinata Griffin & Tranter, 1986 como sua espécie-tipo. Afirmaram ser Laubierinia muito próxima de Rochinia, entretanto com a carapaça arredondada (piriforme em

Rochinia); tubérculos proeminentes apenas nas regiões hepática e branquial

(espinhos, em Rochinia) e rostro consistindo de dois espinhos curtos e achatados (usualmente longos e delgados em Rochinia). Também criaram os gêneros Guinotinia e Garthinia. Rochinia difere de Garthinia por apresentar carapaça piriforme (triangular em Garthinia); espinhos hepáticos e branquiais sempre proeminentes e muito conspícuos (ausentes em Garthinia); lobo supra-orbital terminando em um dente direcionado para frente (ausente em Garthinia) e quelípodo maior do que P2 (menor do que P2 em Garthinia). Rochinia assemelha-se superficialmente a Guinotinia, principalmente quanto ao formato

piriforme da carapaça, mas divergindo por em Guinotinia a superfície dorsal da carapaça estar recoberta apenas por placas (usualmente espinhos em

Rochinia); espinhos rostrais longos, delgados e cilíndricos em Rochinia (curtos

e achatados em Garthinia); própodos e dátilos de P3 a P5 normais (modificados em pseudoquelas em Garthinia) e quelípodo maior do que P2 (menor do que P2 em Guinotinia). Assim, Richer de Forges & Ng (2009) voltaram a atribuir importância ao comprimento relativo entre P1 e P2, como proposto por Tavares (1991).

Observações.- Desde sua criação, a definição de Rochinia permanece

insatisfatória, não havendo critérios claros, comuns a todas as espécies atualmente admitidas em Rochinia. A imprecisa definição de Rochinia, desde sua descrição original, somada à ausência de consenso entre os autores posteriores quanto aos caracteres que delimitam o gênero, levou a diversas controvérsias quanto ao posicionamento taxonômico das espécies a ele atribuídas.

Grande parte das discrepâncias morfológicas em Rochinia deve-se ao fato da espécie-tipo, R. gracilipes, ser mal caracterizada morfologicamente, além de muito diferente das espécies atribuídas posteriormente ao gênero.

As delimitações baseadas na ornamentação da carapaça são tipicamente vagas (Rathbun, 1925; Garth, 1958; Yaldwyn & Dawson, 1976; Williams, 1984; Griffin & Tranter, 1986; Tavares, 1991; Moriyasu et al., 2001; Casadío, 2005). Em muitos grupos o primeiro par de gonópodos masculinos fornece caracteres valiosos para a identificação de espécies que, de outra forma, são morfologicamente similares (Garth, 1958). Entretanto, Tavares

(1991) observou que em Rochinia s. l. os gonópodos são muito simples e pouco ornamentados, não apresentando, portanto, grande relevância taxonômica.

Rochinia confusa Tavares, 1991 (Figuras 7a-b; 16a; 18a; 19a; 20a)

Rochinia confusa Tavares, 1991, p.162, figs. 1 a-c; 5 a; pl. 1a-d.

Rochinia confusa — Melo, 1996: 267, fig. 1; 1998: 14; Silva et al., 2001:

15; Viana et al., 2002: 12; Serejo et al., 2007: 141; Coelho et al., 2008: 17; Feres et al., 2008: 103.

Material tipo.- TAAF MD55/Brasil 1987, est. 64, 23°46'S-42°09'W, C B

105, 2.vi.1987, 592-610m: fêmea holótipo, Museu Nacional do Rio de Janeiro (MNRJ 1581) [não examinada].

Material examinado.- Brasil, Projeto PADCT, est. 6623, 24º13’30’’S,

43º10’60’’W, G. A. S. Melo det. : 1 macho (MZUSP 15275).

Localidade tipo.- 23°46' S, 42°09' W, entre 592 e 610 m.

Descrição.- Carapaça piriforme, mais longa do que larga, fortemente

convexa lateralmente, carena mediana distinta entre segundo e quarto espinhos da linha mediana da carapaça, indistinta entre rostro e primeiro espinho e entre primeiro e segundo espinhos. Maior largura da carapaça na altura dos espinhos mesobranquiais anteriores, margem póstero-lateral

convexa distalmente, côncava proximalmente. Margens ântero-laterais convergindo anteriormente. Regiões mesogástrica, branquiais e cardíaca marcadamente intumescidas. Superfície dorsal da carapaça com pubescência curta e densa, mais cerdosa (cerdas densas em forma de gancho) nas regiões gástrica e branquiais; regiões da carapaça fracamente delimitadas. Fossetas gástricas pequenas, próximas entre si. Sulcos cervical e hepático moderadamente definidos. Sulcos cárdio-intestinais acentuados, margeados por saliências laterais, longitudinais. Sobre a linha longitudinal mediana da carapaça, série de quatro pequenos tubérculos unidos por carena estreita, assim dispostos: 1 mesogástrico, 1 metagástrico, 1 cardíaco e 1 intestinal. Tubérculos mesogástrico e metagástrico centrais não interligados por carena. Tubérculo mesogástrico central inconspícuo; tubérculos mesogástricos laterais pequenos, fortes, maiores do que o mesogástrico central, alinhados longitudinalmente. Tubérculo metagástrico central pequeno, forte. Tubérculo cardíaco central pequeno, largo, achatado, maior do que os demais, direcionado anteriormente; tubérculos cardíacos laterais pequenos e fortes, arredondados, alinhados longitudinalmente, semelhantes, marcadamente menores do que os centrais. Sobre margem posterior da carapaça, tubérculo intestinal central pequeno, forte, agudo, direcionado posteriormente. Espinhos hepáticos pequenos, fortes, agudos, direcionados para cima, fusionados ao dente pós-orbital, formando placa contínua na margem ântero-lateral da carapaça.

Espinhos supra-orbitais fortes, agudos. Dentes pós-orbitais pouco acentuados, com superfície externa muito achatada, afastado do pedúnculo ocular, não encobrindo a órbita.

Região pterigostomial com crista de três pequenos tubérculos salientes, contínuos. Margens pterigostomial, ântero-lateral, pós-lateral e região branquiostegal não espinuladas.

Tubérculos protobranquiais longitudinalmente alinhados, achatados, alargados, similares ao cardíaco central. Espinhos mesobranquiais anteriores fortes, agudos, similares, mais longos do que o hepático, direcionados para fora e para cima. Tubérculos mesobranquiais posteriores pequenos, arredondados.

Rostro proeminente, aproximadamente 1/3 do comprimento da carapaça; ultrapassando largura do hiato interorbital; pubescente na superfície dorsal, cerdas delgadas, curvas na ponta, espaçadas, abundantes; profundamente bifurcado desde a base, dividido em dois espinhos robustos, maiores do que o pedúnculo antenal, cônicos, agudos, fracamente divergentes.

Olhos retráteis. Pedúnculos curtos, fortemente recurvados dorsalmente, projetando-se sobre as córneas. Córneas pequenas, fortemente pigmentadas, semi-esféricas. Pequeno tubérculo na margem orbital inferior.

Segmento basal antenal ligeiramente côncavo na superfície ventral, achatado e alargado; ângulo da margem ântero-lateral terminando em pequeno espinho forte e agudo. Segmentos antenais 2 + 3 formam parte da cavidade orbital, incompletamente fusionados. Flagelo antenal longo, ultrapassando o comprimento do rostro, artículos cilíndricos. Septo interantenular sem espinho. Antênula não alcançando mais da metade do comprimento do rostro. Tubérculo para-antenal pequeno, forte.

Exopodito do Mxp3 alcançando próximo ao ângulo ântero-lateral do mero do endopodito; dentículo subdistal na margem mesial do mero. Palpo longo, cerdoso, dátilo dirigido para baixo, ultrapassando a articulação ísquio-meral. Mero subquadrado, ângulo posteromesial alcançando o ísquio, margem mesial do mero recortada para receber o palpo. Ísquio duas vezes, aproximadamente, o comprimento do mero.

Quelípodos homoquelos, delgados, alongados, aproximadamente duas vezes o comprimento da carapaça (rostro incluso). Mero subcilíndrico, superfícies lisas, sem espinhos, exceto espinho dorso-distal curto, forte e agudo. Carpo curto, superfície dorsal convexa, lisa. Própodo comprimido lateralmente, liso, ligeiramente mais longo do que o mero (dedo fixo incluso). Dedos similares, homodontes, longos, robustos; aproximadamente do mesmo tamanho entre si, encontrando-se na extremidade, formando hiato proximal pouco pronunciado quando fechados. Dentes do dedo fixo se encaixam perfeitamente nos espaços dos dentes do dátilo. Dátilo com molar subproximal, ausente no dedo fixo. Dátilo com aproximadamente 1/3 do comprimento do própodo.

Pereópodos 2-5 similares, longos, delgados, cilíndricos, maiores do que os quelípodos; superfícies cerdosas. P3 a P5 decrescendo em tamanho posteriormente. P3 maior do que P1, mais curto do que P2. Superfícies do mero, carpo, própodo e dátilo sem nenhuma ornamentação saliente. Mero com tubérculo dorso-distal pouco agudo. Dátilo pontiagudo, delgado, recurvado, com poucas cerdas, longo, com mais da metade do comprimento do própodo. Dátilo de P4 alcançando comprimento dos dátilos de P3 e de P5.

Esterno pubescente. Esternitos torácicos IV, V, VI e VII carenados transversalmente, carenas fortes, situadas próximas à margem posterior dos esternitos. Esternito torácico IV dividido em dois planos, carena transversal formando “V” invertido mesialmente, limitando anteriormente a cavidade esterno-abdominal. Esternito VIII não carenado, com extremidade apenas parcialmente recoberta pelo terceiro segmento abdominal. Episternitos IV e VIII estreitos.

Abdomen de seis segmentos e telso, pubescente, estreitando-se no sexto segmento abdominal. Telso mais estreito do que sexto segmento abdominal. Segmentos 1 e 2 sem espinhos medianos. Segmentos 2 e 3 moderadamente expandidos lateralmente. Segmentos 3-6 com calosidade mediana em vez de espinho. Segmento 3 com calosidade lateral, submarginal, de cada lado da calosidade mediana. Cavidade esterno-abdominal profundamente escavada. Margens laterais subparalelas, convergindo abruptamente anteriormente.

Primeiro par de gonópodos ultrapassando nitidamente a sutura esternal 4/5. G1 delgado, reto, pisiforme: ápice obtuso, sem projeções lobadas; quilha comprimida e espinulada no lado oposto à abertura subterminal. G2 delgado, reto, muito curto, aproximadamente 1/3 do comprimento de G1, duas vezes mais longo do que o pênis. Ápice não operculado. Pênis situado junto ao côndilo articular da coxa de P5.

Distribuição.- Atlântico ocidental: Brasil (Amapá, Maranhão, Pernambuco, Bahia, Espírito Santo e Rio de Janeiro), entre 186 e 740 metros (figuras 4 e 5).

Observações.- Rochinia confusa apresenta muitas semelhanças com a

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