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Os consumos de MS (kg dia-1), MO, PB e EE não foram influenciados (P>0,05) pela inclusão de fubá na ensilagem do coproduto de maracujá e sua respectiva proporção na dieta (Tabela 3). Contudo, o consumo de EE (kg dia-1) diferiu em função da proporção de silagem de coproduto do maracujá na dieta (P<0,05).

45 Tabela 3. Consumo de matéria seca (MS) e nutrientes digestíveis totais (NDT), matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra insolúvel em detergente neutro (FDN) e carboidratos não fibrosos (CNF) da dieta de ovinos alimentados com silagem de coproduto do maracujá com diferentes níveis de fubá

Item

Inclusão de Fubá (IF) % Dieta (D) Valor – P

CV (%) 0 10 20 10 30 IF %Dieta IF x D Consumo (kg dia-1) MS 1,098 1,033 1,045 1,057 1,060 0,4171 0,9391 0,9580 9,42 MO 1,008 0,952 0,965 0,969 0,981 0,4832 0,7547 0,9360 9,45 PB 0,112 0,103 0,102 0,105 0,105 0,1365 0,9842 0,9801 9,43 EE 0,049 0,045 0,043 0,042b 0,049a 0,0731 0,0021 0,7890 9,50 FDN 0,737a 0,641b 0,613b 0,690 0,638 0,0050 0,0650 0,5560 9,42 CNF 0,109a 0,162b 0,206c 0,131b 0,187a <0,0001 <0,0001 0,0003 10,67 NDT 0,820 0,778 0,806 0,793 0,812 0,0981 0,1090 0,5391 10,22 Consumo (g kg-1 PV0,75) MS 73,94 72,72 73,09 73,25 73,30 0,5812 0,4411 0,9622 9,49 MO 67,88 67,02 67,50 67,15 67,84 0,4911 0,7892 0,9481 9,51 FDN 49,63a 45,13b 42,88b 47,82 44,12 0,0047 0,0684 0,5811 9,49 NDT 55,25 54,74 56,39 54,92 56,15 0,0921 0,1012 0,4213 9,87 Médias na mesma linha, seguidas por letras minúsculas diferentes, diferem entre si, segundo o teste de Tukey α = 0,05.

O consumo de MS (kg dia-1 e g kg-1 PV0,75), MO, PB e NDT é afetado pelo tipo de coproduto e sua forma de utilização conforme observado por Azevêdo et al. (2011b). Neste estudo, objetivou-se avaliar o valor energético da silagem do coproduto de maracujá, assim o consumo dos animais foi fixado em 3% do peso corporal, de forma a minimizar o seu efeito sobre a digestibilidade dos nutrientes da dieta e consequentemente sobre seu valor energético, desta forma, alterações em relação ao consumo de MS não eram esperadas.

O uso exclusivo de coprodutos de frutas em dietas de ovinos varia de acordo com a forma do processamento e armazenagem, além de características nutricionais, fatores esses que podem influenciar o consumo. Isso implica em uma variação no consumo de MS (1,5 a 3,5% do peso corporal), sendo essa variação explicada pela seletividade da dieta pelos animais, o que pode interferir no consumo dos demais nutrientes e no valor energético da dieta (LOUSADA JUNIOR et al., 2005).

Ressalta-se que, de modo geral, os níveis de consumo de MS e PB observados neste experimento foram elevados, se comparados àqueles verificados em ovinos alimentados com silagem de capim-elefantecom diferentes níveis inclusão do coproduto de maracujá (0, 20, 40

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e 60%), os quais apresentaram um consumo médio de 0,703 e 0,085 kg dia-1 de MS e PB, respectivamente (REISet al., 2000).

Os consumos de PB expressos em kg dia-1 estão de acordo com Cruz et al. (2011), que observaram consumo de 0,135 a 0,190 kg dia-1 PB, de acordo com o nível de inclusão do coproduto de maracujá na dieta. Segundo estes autores, a inclusão de 10% de casca de maracujá, promove um bom funcionamento ruminal, pois o nível mínimo de 7,00% de proteína bruta dietética é atingido, minimizando impactos e efeitos negativos relacionados a degradação ruminal de carboidratos fibrosos em condições de baixa disponibilidade de nitrogênio no rúmen. Neste estudo, os níveis de 10 e 30% de silagens de coproduto de maracujá, independentemente do nível de inclusão de fubá, supriram as exigências nutricionais de PB dos ovinos, atendendo assim exigências de mantença e até mesmo de ganho de peso, pois segundo o NRC (1985), o consumo mínimo de PB necessário, para que ovinos de 20 a 30 kg tenham desempenho de 150 g dia-1 é de 105 g de PB dia-1.

Observou-se que o nível de 30% das silagens de coproduto do maracujá nas dietas experimentais, proporcionou maior consumo de EE em relação a nível de 10%, consumo esse explicado pelos maiores teores de EE da silagem do coproduto de maracujá em relação ao feno. Observou-se que as silagens do coproduto de maracujá apresentam concentração de EE de 7,98, 7,53 e 6,17% na MS, com níveis de inclusão de fubá de 0, 10 e 20% respectivamente, sendo a semente o componente deste coproduto que mais contribuiu em relação as concentrações de EE, pois, de acordo com Togashi et al. (2007), as mesmas apresentam concentrações de 24,5% de EE na MS, sendo que essa composição pode variar de 10% até 28,7% EE na MS (MALACRIDA & JORGE, et al., 2012). De acordo com o NRC (2001), o total de EE na dieta não deve ultrapassar 6 a 8% na MS, pois pode interferir na fermentação ruminal, na digestibilidade da fibra e na taxa depassagem.

O consumo de FDN (kg dia-1), não foiinfluenciado (P>0,05) pelo proporção de silagem do coproduto de maracujá na dieta (Tabela 3). Contudo, a dieta contendo silagem do coproduto de maracujá com 0% de inclusão de fubá, proporcionou maior consumo de FDN quando comparado com as demais silagens (10 e 20% de inclusão de fubá).

O maior consumo de FDN observado em animais alimentados com silagem de coproduto do maracujá com 0% de inclusão de fubá, expressos em g kg-1PV0,75 e kg dia-1, em relação àqueles que consumiram silagem do maracujá com 10 e 20% fubá pode ser devido ao

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maior teor de FDN desta (Tabela 2), uma vez que não houve diferença em relação ao CMS (P>0,05).

Este resultado permite inferir que a silagem do coproduto de maracujá com nível de inclusão de 0% de fubá, independentemente do proporção na dieta, apresenta características de um alimento volumoso de boa qualidade, corroborando com os resultados encontrados por Lousada Junior et al. (2005). Ressaltando que esse coproduto na forma de silagem pode ser aproveitado na dieta de ovinos, tornando-se importante fator de redução nos custos e alternativa alimentar (LOUSADA JÚNIOR et al., 2006), podendo contribuir também em relação a fatores ambientais principalmente no que se refere ao impacto causado pelo descarte inadequado de coprodutos pelas indústrias.

A inclusão de fubá, nos níveis de 0, 10 e 20% na silagem de coproduto do maracujá não influenciou (P<0,05) a digestibilidade da MS, MO, PB, FDN e CNF, independentemente das proporções de silagens nas dietas experimentais (Tabela 4). Os valores de digestibilidade da MS, MO e CNF estão acima dos valores encontrados na literatura. Lousada Junior et al. (2005), em trabalho com ovinos, observaram digestibilidade de 60 e 58,2% para MS e MO respectivamente. Contudo, Azevêdo et al. (2011b) em trabalho com novilhas, utilizando coproduto de maracujá fresco encontrou valor de digestibilidade de CNF de 56,49%. Porém no presente estudo esse valor foi bem superior.

Para os valores de digestibilidade de PB encontrados no presente trabalho, os mesmos estão de acordo com Neiva et al. (2007) e Azevêdo et al. (2011b), que avaliando a silagem de coproduto do maracujá para bovinos, verificaram um valor de 65,7 e 65,45% de digestibilidade para PB, respectivamente. Outro fator importante a ser considerado na digestibilidade da silagem do coproduto de maracujá mais elevada, quando comparada com outros coprodutos de frutas, é em relação ao seu baixo teor de compostos nitrogenados insolúveis em detergente ácido (NIDA) que é de 7,70 (% da PB) segundo Azevêdo et al. (2011a). De acordo com Van Soest (1994), os teores de NIDA dos alimentos interferem diretamente na digestibilidade da fração de PB.

48 Tabela 4. Coeficientes de digestibilidade aparente em % da Matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), Fibra insolúvel em detergente neutro (FDN) e carboidratos não fibrosos (CNF) e nutrientes digestíveis totais (NDT) em ovinos alimentados com dietas contendo silagem de coproduto do maracujá com diferentes níveis de fubá.

Item (%)

Inclusão de Fubá (IF) % Dieta (D) Valor – P CV

(%) 0 10 20 10 30 IF Dieta IF x D MS 70,12 71,05 71,85 71,65 72,33 0,1747 0,5676 0,3061 2,62 MO 73,68 74,02 73,97 74,12 74,91 0,1155 0,7499 0,3248 2,89 PB 66,64 64,66 66,71 65,60 66,41 0,4705 0,5969 0,5029 5,54 EE 87,99 88,10 88,44 88,51b 89,35a 0,4506 0,0028 0,0023 1,04 FDN 70,57 71,45 72,05 72,52 71,47 0,2391 0,0554 0,1889 5,88 CNF 82,23 84,12 86,51 84,33 86,77 0,0985 0,6887 0,8899 13,55 NDT 74,39 75,21 76,66 74,72 76,12 0,0631 0,0718 0,3320 2,28

Médias na mesma linha, seguidas por letras minúsculas diferentes, diferem entre si, segundo o teste de Tukey α = 0,05.

Sobre o aspecto nutricional o aumento na proporção de energia na dieta leva à uma melhor eficiência em sua digestibilidade. No entanto, quando grande quantidade de energia é adicionada à dieta de ruminantes, devido à adição de concentrado, ocorre aumento na taxa de passagem da digesta pelo rúmen, acarretando menor tempo de colonização da população microbiana e diminuição da digestibilidade da fibra em decorrência do aumento nas proporções dos carboidratos prontamente disponíveis e fermentáveis (ØRSKOV, 2000; MERTENS, 2001). Os valores de digestibilidade observados no presente trabalho indicam que a silagem de coproduto do maracujá tem potencial de uso na dieta de ovinos sem influenciar negativamente a digestibilidade da FDN (Tabela 4).

Houve interação (P<0,05) entre a inclusão de fubá nas silagens de coproduto de maracujá e a proporção de silagem nas dietas em relação ao consumo de CNF (Tabela 3) e a digestibilidade do EE (Tabela 4), as quais foram desdobradas (Tabela 5). Na dieta contendo 30% das silagens do coproduto de maracujá, os animais alimentados com a silagem com 20% de inclusão de fubá de milho consumiram mais CNF em relação a aqueles que receberam as demais dietas, mesmo comportamento foi observado para os animais que receberam as dietas contendo 10% de silagem do coproduto de maracujá, com exceção que não houve diferença para os animais que consumiram dietas com 0 e 10% de inclusão de fubá de milho. Este maior consumo de CNF na dieta com silagem contendo 20% de fubá é devido a maior proporção desse nutriente nessa dieta, com uma concentração de 57,60% de CNF na MS (Tabela 1).

49 Tabela 5. Consumo de carboidratos não fibrosos (CCNF) e digestibilidade do extrato etéreo (DEE) da dieta de ovinos alimentados com silagem de coproduto de maracujá com diferentes níveis de fubá.

Item Dieta % Inclusão de fubá na silagem do coproduto de maracujá (% MN)

0 10 20

Kg dia-1

CCNF 10 0,109bA 0,131abB 0,154aB

30 0,110cA 0,194bA 0,260aA

(%)

DEE 10 88,65aB 89,21aA 90,66aA

30 91,29aA 91,08aA 90,43aA

Médias na mesma linha ou coluna seguidas por letras minúsculas ou maiúsculas diferentes, respectivamente, diferem entre si, segundo o teste de F α = 0,05.

Nas dietas formuladas a base de silagem do coproduto de maracujá contendo 0% de inclusão de fubá de milho, o nível de 10% de silagem de coproduto do maracujá na dieta reduziu a digestibilidade do EE (P<0,05) em relação ao nível de 30%. Esta observação pode ser devido à grande precisão experimental observada para esta variável, a qual apresentou um coeficiente de variação de 1,04% (Tabela 4). Em relação aos níveis de inclusão de fubá na silagem do coproduto de maracujá nas dietas (10 e 30%), não houve diferença na digestibilidade do EE (P>0,05).

O valor energético das dietas não foi afetado pela proporção de silagem do coproduto de maracujá na dieta ou pelo nível inclusão de fubá de milho nas silagens do coproduto de maracujá (P>0,05; Tabela 6). Os valores de NDT encontrados no presente trabalho para a silagem do coproduto de maracujá, independentemente do nível de inclusão de fubá milho, estão dentro dos reportados na literatura.

Azevêdo et al. (2011b), determinaram um valor de 75,3% de NDT para o coproduto de maracujá in natura. Trabalhando com coproduto de maracujá em dietas de ovinos, Lousada Junior et al. (2005), encontraram valor de 78,9% NDT, valor esse semelhante ao encontrado por Neiva et al. (2007) de 79,1% de NDT em silagem do coproduto de maracujá, os quais, também se encontram dentro do intervalo de confiança, determinado para o conteúdo de NDT das silagens do coproduto de maracujá avaliadas neste estudo (Tabela 6).

50 Tabela 6. Valor energético das silagens do coproduto de maracujá com diferentes níveis de fubá e proporções do feno de capim pé-de-galinha.

Item NDT % DP LI LS N

Feno de capim pé-de-galinha 72,01 3,51 70,10 74,35 12

Silagem coproduto maracujá 0% fubá 75,06 5,28 72,89 79,56 4

Silagem coproduto maracujá 10% fubá 75,53 6,61 72,52 78,15 4

Silagem coproduto maracujá 20% fubá 74,52 5,34 71,88 80,08 4

NDT = Nutrientes digestíveis totais em %, DP = desvio padrão, LI = limite inferior e LS = limite superior. N = número de observações. *Calculado de acordo com o método proposto por Coelho da Silva & Leão (1979).

Possíveis variações em relação ao consumo, digestibilidade e valor energético das dietas a base de silagens feitas com coprodutos de maracujá, podem estar associados à variação na composição do coproduto e na dificuldade de homogeneização dos mesmos com os demais constituintes da dieta, podendo assim, permitir a seleção da dieta consumida pelos animais. Discorrendo sobre esse aspecto em relação a outros coprodutos de frutas com potencial de utilização na alimentação de ruminantes, vários autores também apresentam a mesma problemática relacionada com o coproduto de maracujá (BERTIPAGLIA et al. 2000; LOUSADA JUNIOR et al., 2005; NEIVA et al., 2007; AZEVÊDO et al., 2011a).

A densidade energética das rações também tem grande influência sobre o desempenho dos animais, pois, o animal consome alimento para satisfazer o seu requerimento de energia (VAN SOEST, 1965). A maximização do uso de alimentos concentrados, devido à necessidade de se elevar o teor de energia das dietas, acarreta, geralmente, aumento nos custos de produção e maior possibilidade de ocorrências de distúrbios fisiológicos nos animais, entretanto permite rações com maior concentração de nutrientes, que podem ser recomendadas para animais com alto potencial para ganho de peso (ALVES et al., 2003). Sobre esse aspecto a utilização do coproduto de maracujá na forma de silagem é uma alternativa de alimento energético a ser adotado em dieta de ruminantes, devido a seu elevado teor de NDT, reduzindo custo de produção em relação a formulação de dietas com ingredientes tradicionais.

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