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A amostra do estudo foi de 184 puérperas, com perfil sociodemográfico composto predominantemente por mulheres jovens (média de idade 26,87 anos), pardas e que trabalham fora.

Tabela 1 – Análises descritivas das variáveis quantitativas referente às 184 puérperas que participaram da pesquisa. Para cada uma das variáveis são apresentadas informações sobre o tamanho amostral utilizado no cálculo (n), o valor mínimo (Mín), máximo (Máx), média, desvio-padrão (DP) e coeficiente de variação (CV). A renda familiar representa o número de salários mínimos recebidos pelo núcleo familiar.

Parâmetros descritivos

Variável n Min. Máx. Média DP CV

(%)

Idade 184 13,00 45,00 26,87 6,61 24,61

Quilos ganhos 176 -16,00 34,00 11,62 5,73 49,29 Renda familiar 130 0,70 8,00 2,20 1,36 61,75 Satisfação com pré-natal 179 0,00 10,00 8,23 2,13 25,83 Dúvidas esclarecidas no pré-natal 175 0,00 10,00 8,42 2,04 24,15 QESP expectativa 180 24,00 65,00 48,65 8,94 18,39 QESP satisfação 177 22,00 66,00 47,54 9,78 20,57 QESP total 176 47,00 131,00 96,10 17,13 17,83

EPDS 141 0,00 26,00 5,28 6,07 114,82

Do total de puérperas que participaram da pesquisa, 16 não informaram a quantidade de quilos que ganharam durante a gestação, uma puérpera preencheu o questionário de forma inadequada e sete puérperas informaram não saber quantos quilos ganharam durante a gestação. Apenas uma puérpera perdeu 16 quilos durante a gestação. Essa puérpera foi incluída no cálculo dos parâmetros mínimo, média, desvio-padrão e coeficiente de variação (Tabela 1). Sem a inclusão dessa puérpera, os parâmetros foram: mínimo (2), média (11,79), desvio-padrão (5,30) e coeficiente de variação (44,98).

Do total de puérperas que participaram da pesquisa, 49 não informaram a

renda familiar, duas puérperas preencheram o questionário de forma inadequada,

duas puérperas informaram não saber a renda familiar e uma informou ser beneficiária do programa bolsa família.

Apenas uma das 184 puérperas afirmou não ter realizado o pré-natal. Em relação às demais, quatro não responderam sobre o nível de satisfação em relação ao pré-natal e cinco não informaram se tiveram suas dúvidas esclarecidas durante o pré-natal. Ainda em relação ao esclarecimento de dúvidas durante o pré-natal, duas

23 puérperas afirmaram que não tiveram suas dúvidas esclarecidas, enquanto uma afirmou que sim, teve suas dúvidas esclarecidas. As demais realizaram uma avaliação quantitativa em relação a essas duas questões, pontuando um valor de 0 a 10. Esses valores foram traduzidos para uma forma qualitativa, sendo insatisfeita/não esclarecidas (0 a 4), parcialmente satisfeita/esclarecidas (5 a 7) e satisfeita/esclarecidas (8 a10). Portanto, ao avaliar o nível de satisfação das puérperas em relação ao pré-natal, observou-se que a maioria das puérperas informou ter ficado satisfeita (72,07%; n = 129), 22,91% (n = 41) informaram que ficaram parcialmente satisfeitas e 5,03% (n = 9) informaram que ficaram insatisfeitas. E em relação ao esclarecimento de dúvidas durante a gestação, 75,43% (n = 132) das puérperas relataram que as dúvidas foram esclarecidas, 21,14% (n = 37) informaram que as dúvidas foram parcialmente esclarecidas e para 3,43% (n = 6) as dúvidas não foram esclarecidas.

Em relação ao QESP, três participantes o responderam de maneira inadequada, uma puérpera não respondeu adequadamente ao QESP expectativa e quatro não preencheram o QESP satisfação. Portanto, considerando apenas as puérperas que responderam aos dois questionários QESP (expectativa e satisfação), foi possível calcular o QESP total para 176 puérperas. A pontuação média do QESP expectativa foi de 48,65 pontos, do QESP satisfação de 47,54 e do QESP total de 96,10. Por fim, em relação ao questionário EPDS, 43 puérperas não responderam o questionário específico. A pontuação mínima atingida neste questionário foi de 0 e a máxima de 26 pontos.

Ainda em relação à caracterização da amostra, observa-se que das 177 puérperas que declararam informação de cor/raça, 63,84% (n = 113) se declararam pardas, 19,77% (n = 35) se declararam brancas, 15,25% (n = 27) se declararam negras e 1,13% (n = 2) se declararam amarelas.

Em relação à escolaridade, apenas duas puérperas não informaram o nível de formação. Considerando apenas as que responderam, a maioria possui ensino médio completo (46,15%; n = 84), seguida de ensino superior completo (13,19%; n = 24), ensino superior incompleto (12,09%; n = 22), ensino fundamental incompleto (11,54%; n = 21), ensino médio incompleto (8,79%; n = 16), ensino fundamental completo (7,14%; n = 13) e pós-graduação (1,10%; n = 21).

24 Um total de 177 puérperas apresentaram informações sobre a ocupação, sendo que a maioria declarou trabalhar fora (50,85%; n = 90), seguido das que declararam serem donas de casa (24,29%, n = 43), das que estão desempregadas (16,38%; n = 29), são estudantes (7,91%; n = 14) ou aposentada (0,56%; n = 1).

Questionadas se já tiveram depressão anteriormente, 16,30% das puérperas (n = 30) responderam que sim. As demais (83,70%; n = 154) responderam que não. Quando questionadas se houve casos de depressão na família, 39,34% (n = 72) das puérperas responderam que sim e 60,66% (n = 111) responderam que não.

Com relação aos hábitos das puérperas, apenas duas puérperas não responderam sobre hábitos de sono. Das puérperas que responderam, 80,77% (n = 147) afirmaram que dormem bem, 16,68% (n = 34) afirmaram não dormir bem e uma puérpera afirmou dormir parcialmente bem (0,55%). Quatro puérperas não responderam sobre a prática de exercícios. Das que responderam, 73,33% (n = 132) afirmaram não praticar exercícios e 26,67% (n = 48) afirmaram praticar algum exercício. Três puérperas não informaram se possuem o hábito de fumar. Das que responderam, a maioria afirmou não fumar (95,58%; n = 173), por outro lado, 4,42% (n = 8) afirmaram ser fumantes. Apenas uma puérpera não respondeu sobre o consumo de álcool. Das respondentes, 85,79% (n = 157) afirmaram não ingerir bebidas alcóolicas, 13,66% (n = 25) afirmaram ingerir bebidas alcóolicas e 0,55% (n = 1) informou ingerir eventualmente.

Nove puérperas não responderam se sofreram abuso (físico, sexual ou verbal). Das que responderam, 20,57% (n = 36) afirmaram terem sofrido abuso e as demais (79,43%; n = 139) informaram não terem sofrido.

Em relação às demais variáveis relacionadas à gestação, parto e pós-parto, observou-se que segundo 65,22% (n = 120) das puérperas, a gestação foi planejada, para 34,78% (n = 64) a gestação não foi planejada. Duas puérperas não responderam à questão sobre se a gestação foi desejada. Considerando apenas as respondentes, observou-se que para 81,32% (n = 148) das puérperas, a gestação foi desejada, consequentemente, para 18,68% (n = 34) das puérperas a gestação não foi desejada. A maioria das puérperas (91,3%; n = 168) informou não ter pensado em interromper a gestação, enquanto essa possibilidade foi considerada por 8,7% (n = 16) das puérperas. O tipo de parto mais frequente foi o normal, que ocorreu em 53,01% (n = 97) das puérperas. A cesárea de emergência foi o segundo

25 tipo de parto mais comum (30,60%; n = 56), seguido da cesárea eletiva (16,39%; n = 30). Dez puérperas não responderam se a gestação em questão era do primeiro filho. Considerando apenas as respondentes, 53,45% (n = 93) informaram que era a gestação do primeiro filho e 46,55% (n = 81) das puérperas já tinham filhos. Cinco puérperas não responderam à questão sobre se foram informadas acerca de blues e depressão pós-parto. Das que responderam, a maioria (75,98%; n = 136) afirmou não ter sido informada e 24,02% (n = 43) afirmaram terem sido informadas. Duas puérperas não informaram se receberam ajuda do companheiro durante a gestação. Das que responderam à questão, 89,56% (n = 163) afirmaram ter recebido apoio do companheiro e 10,44% (n = 19) afirmaram não ter recebido. Quando questionadas sobre o apoio familiar durante a gestação, uma puérpera não respondeu à questão e outra informou ser sozinha. A maior parte (96,70%; n = 176) das que responderam a questão informaram que receberam apoio familiar, uma (0,55%) informou ter recebido apoio parcial e cinco (2,75%) afirmaram não ter recebido apoio da família. A maioria das puérperas informou que não houve complicações no parto (83,15%; n = 153), em seu ponto de vista, enquanto complicações foram reportadas por 16,85% (n = 31) das puérperas. Considerando o momento após o parto, 72,28% (n = 133) das puérperas informaram que o bebê mamou ao nascer, o que não ocorreu para 27,72% (n = 51) das puérperas. Ainda em relação à amamentação, 79,89 (n = 147) das puérperas não reportaram problemas com a amamentação. Por outro lado, 20,11% (n = 37) das puérperas reportaram problemas com a amamentação. A maioria das puérperas informou que não houve complicações com o bebê (83,15%; n = 153). Por outro lado, complicações foram reportadas por 16,85% (n = 31) das puérperas.

Observa-se nas tabelas 2 e 3 que o grupo de puérperas < 35 anos foi o mais representativo da amostra (88,04%; n= 162) e são aquelas que possuem pontuação do QESP expectativa e satisfação mais altas, assim como encontrado no estudo de Marques (2014).

Tabela 2 – Tabela de contingência entre a expectativa em relação à gestação e a idade. QESP - expectativa

Idade Baixa Moderada Alta

< 35 anos 12 79 67

26 Tabela 3 – Tabela de contingência entre a satisfação em relação à gestação e a idade.

QESP - satisfação

Idade Baixa Moderada Alta

< 35 anos 15 76 64

>= 35 anos 4 9 9

A partir da categorização da variável EPDS, foi calculada a prevalência de depressão pós-parto. Observou-se que 21,28% (n = 30) das puérperas apresentaram EPDS >=10. As demais, ou seja, 78,72% (n = 111) apresentaram valores inferiores a 10. O percentual de prevalência encontrado neste estudo está de acordo com a literatura que demonstra que o Brasil está acima da média internacional, mas com prevalência semelhante à variação dos países com situação socioeconômica símil.

Ao comparar a pontuação na escala de depressão pós-parto das puérperas que pensaram em interromper a gestação com as que não consideraram essa alternativa, observou-se que as puérperas que consideraram interromper a gestação apresentaram um valor mais alto (11,00 ± 8,56; média ± DP) na escala de depressão pós-parto em relação às puérperas que não pensaram em interromper (4,75 ± 5,53; média ± DP; Mann-Whitney; W = 413,5; P = 0,007; Fig. 7).

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Figura 1 – Comparação dos valores da escala de depressão pós-parto (EPDS) das puérperas em relação a terem considerado ou não a possibilidade de interromper a gestação.

As mulheres que desejaram a gestação, incluindo as que não planejaram, tiveram menor risco de considerar a interrupção da gestação (p= <0,001), conforme representado na tabela 4.

Tabela 4 – Tabela de contingência entre se a gestação foi desejada e se a puérpera considerou interromper a gestação. A dependência entre as variáveis foi analisada com um qui-quadrado de independência com correção de Yates.

Gestação desejada Considerou interromper a

gestação Sim Não χ2 GL P

Sim 7 9

13,70 1 < 0,001

Não 141 25

Não houve relação estatisticamente significativa entre história prévia com o risco de considerar interromper a gestação. Outras variáveis que não possuem relação com o risco de pensar na interrupção gestacional foram a renda, história familiar de depressão e estar no puerpério do parto do primeiro filho. Essas correlações demonstram que a história prévia pessoal de depressão e considerar interromper a gestação são fatores de risco independente para o desenvolvimento de depressão pós-parto.

28 Tabela 5 – Tabela de contingência entre se a puérpera teve depressão anteriormente e se ela considerou interromper a gestação. A dependência entre as variáveis foi analisada com um qui-quadrado de independência com correção de Yates.

História pessoal de depressão Considerou interromper

a gestação Sim Não χ2 GL P

Sim 5 11

1,79 1 0,180

Não 25 143

Tabela 6 – Tabela de contingência entre renda e se a puérpera considerou interromper a gestação. A dependência entre as variáveis foi analisada com um qui-quadrado de independência com correção de Yates. Renda Considerou interromper a gestação <= 2 salários mínimos > 2 salários mínimos χ2 GL P Sim 7 6 0,09 1 0,769 Não 53 64

Tabela 7 – Tabela de contingência entre se algum familiar da puérpera teve depressão e se ela considerou interromper a gestação. A dependência entre as variáveis foi analisada com um qui-quadrado de independência com correção de Yates.

Depressão na família Considerou interromper a

gestação Sim Não χ2 GL P

Sim 10 6

2,94 1 0,086

Não 62 105

Tabela 8 – Tabela de contingência entre se a puérpera teve ajuda do companheiro e se ela considerou interromper a gestação. A dependência entre as variáveis foi analisada com um qui-quadrado de independência com correção de Yates.

Primeiro filho Considerou interromper a

gestação Sim Não χ2 GL P

Sim 6 9

0,68 1 0,411

Não 87 72

Observa-se também que a gestação foi planejada pela maioria das mulheres do estudo (65,22%) e que esta variável não possui significância estatística com as pontuações mais altas do QESP expectativa nem QESP satisfação (p= 0,203 e p= 0,102, respectivamente), conforme evidenciado nas tabelas 9 e 10.

Tabela 9 – Tabela de contingência entre se a gestação foi planejada e a expectativa em relação à gestação.

QESP - expectativa

Gestação planejada Baixa Moderada Alta χ2 GL P

Sim 6 25 31

3,18 2 0,203

29 Tabela 10 – Tabela de contingência entre se a gestação foi planejada e a satisfação em relação à gestação.

QESP - satisfação

Gestação planejada Baixa Moderada Alta χ2 GL P

Sim 4 25 31

4,55 2 0,102

Não 15 60 42

Não foi observada uma correlação significativa (Correlação linear de Spearman; rs = -0,03; GL = 134; P = 0,703) entre a avaliação total da gestação (QESP - total) e a escala de depressão pós-parto de Edimburgo (EPDS).

Figura 2 – Correlação entre a avaliação total em relação a gestação (QESP – total) e a escala de depressão pós-parto (EPDS).

Ao comparar a escala de depressão pós-parto das puérperas que tiveram depressão anteriormente com as que não tiveram, observou-se que as puérperas que tiveram caso de depressão anteriormente apresentaram um valor mais alto (10,43 ± 7,89; média ± DP) na escala de depressão pós-parto em relação às puérperas que não tiveram depressão anteriormente (4,27 ± 5,11; média ± DP; Mann-Whitney; W = 665; P < 0,001; Fig. 4). Este dado está em consonância com a

30 literatura que aponta que história de doenças psiquiátricas, como a depressão, são fatores de risco importantes para o desenvolvimento de DPP (ARRAIS et al., 2018).

Figura 3 – Comparação dos valores da escala de depressão pós-parto (EPDS) das puérperas em relação a ocorrência de depressão anteriormente.

Para a amostra investigada, o fato do bebê mamar ou não ao nascer não está associado a maiores valores na escala de depressão pós-parto (Mann-Whitney; W = 2293; P = 0,402; Fig. 5). As mães dos bebês que mamaram ao nascer registraram 4,92 ± 5,74 (média ± DP) pontos na escala de depressão pós-parto, enquanto as mães cujos bebês não mamaram registraram 6,11 ± 6,75 (média ± DP). Na literatura avaliada, não há estudos que afirmem alguma relação entre o fato do bebê mamar ao nascer, mas a associação entre a depressão pós-parto e a interrupção do aleitamento (SILVA et al., 2017).

31 Figura 5 – Comparação dos valores da escala de depressão pós-parto (EPDS) das puérperas em

relação ao comportamento do bebê ao nascer (se mamou ou não).

Similarmente, não foi observada diferença significativa nos valores da escala de depressão pós-parto das mães que reportaram dificuldade para amamentar (4,75 ± 4,94; média ± DP) em relação àquelas que não reportaram nenhum problema (5,44 ± 6,38; média ± DP; Mann-Whitney; W = 1713; P = 0,736; Fig. 6). A literatura aponta que a continuidade da amamentação é um fator protetor do desenvolvimento de depressão pós-parto e que o fato de não amamentar até 8 semanas após o parto é fator de risco. A dificuldade em amamentar por si não determina a continuidade ou interrupção do aleitamento (ARRAIS et al., 2018).

32 Figura 6 – Comparação dos valores da escala de depressão pós-parto (EPDS) das puérperas em

relação a dificuldade para amamentar.

Alternativamente, foi ajustado um modelo linear generalizado para avaliar os efeitos de um conjunto de variáveis explicativas na escala de depressão pós-parto registrada pelas puérperas. Observou-se que as puérperas que tiveram depressão anteriormente e as que consideraram interromper a gestação apresentaram uma chance maior de apresentar depressão pós-parto (Tabela 24).

Tabela 11 – Modelo linear generalizado da família Poisson para investigar os efeitos de variáveis explicativas na escala de depressão pós-parto de Edimburgo (EPDS).

Variável explicativa Β SE Z P

Problema para amamentar (sim) -0,07 0,09 -0,77 0,442 Bebê mamou ao nascer (sim) -0,05 0,08 -0,60 0,548 Teve depressão anteriormente (sim) 0,78 0,08 9,11 < 0,001

Tipo de parto (Cesária eletiva) -0,00 0,11 -0,02 0,977 Pensou em interromper a gestação (sim) 0,65 0,10 6,50 < 0,001

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