• Nenhum resultado encontrado

As médias das temperaturas observadas no termômetro de máxima e mínima foram, respectivamente, de 26,8 ± 3,46 e 16,7 ± 2,86° C. Considerando que a zona de termoneutralidade para porcas em lactação, segundo Black et

al. (1993) e De Bragança et al. (1998), está caracterizada por temperaturas

entre 16 e 22°C, é provável que, baseado na variação de temperatura ocorrida durante o período experimental, as porcas foram submetidas a períodos de estresse por calor.

Os valores observados para as médias de consumo de ração e de lisina digestível, no período experimental, estão apresentados na Tabela 2.

Tabela 2 – Média diária de consumo de ração e de lisina digestível das fêmeas suínas submetidas aos tratamentos durante o período de lactação

Média de consumo Tratamento

Ração (kg/dia) Lisina (g/dia)

1 5,59 53,1 2 5,71 54,2 3 5,73 54,4 4 5,80 55,1 5 5,67 53,9 6 5,61 53,3 Média 5,69 54,0 CV (%) 6,73 6,73

Não houve efeito (P > 0,05) dos tratamentos sobre a média de consumo de ração, que foi de 5,69 kg/dia, o que está coerente com o fato de se ter fixado a quantidade de ração oferecida diariamente aos animais. Embora a quantidade de ração oferecida às porcas tenha sido a mesma nos diferentes tratamentos, os animais não alcançaram o consumo total pré-determinado de 6,0 kg/dia de ração.

O estresse devido ao parto, na primeira semana, e do calor, no qual as porcas foram submetidas durante determinados períodos do experimento, além da utilização de porcas primíparas, que normalmente possuem um baixo consumo de ração, possivelmente foram os fatores que contribuíram para que o consumo diário de 6,0 kg de ração não fosse atingido.

O consumo de lisina digestível também não variou (P > 0,05) entre os tratamentos, o que é justificado pelo fato das rações serem isolisínicas e o consumo total de ração, pelas porcas, também não ter variado.

Touchette et al. (1998) estimaram a necessidade de lisina digestível da matriz suína para um bom crescimento de leitegada em 27 g/dia, enquanto a necessidade diária para minimizar a mobilização de proteína corporal seria de 46,5 g/dia. Segundo Tokach et al. (1992) a exigência de lisina para minimizar a perda de massa muscular durante a lactação e melhorar o desempenho reprodutivo subseqüente é mais alta que a exigência para produção de leite e desenvolvimento da leitegada.

Considerando os relatos desses autores, pode-se inferir que o consumo de 53,1g/dia de lisina, obtido no tratamento 1, foi suficiente para otimizar o crescimento da leitegada e evitar uma excessiva mobilização protéica.

Os resultados de desempenho das porcas durante o período de lactação estão apresentados na Tabela 3.

Não se observou efeito (P > 0,05) dos tratamentos sobre a perda de peso das porcas que correspondeu, em média, a 4,35 kg. Em razão direta desse resultado, também não se observou efeito (P > 0,05) dos tratamentos sobre a variação de peso corporal que teve, em média, uma redução de 1,80%.

De forma semelhante, Jones e Stahty (1999a) e Clowes et al. (2003), avaliando, respectivamente, níveis de aminoácidos e proteína para porcas durante a lactação, não constataram efeito dos tratamentos sobre a variação de peso dos animais com o aumento dos níveis de aminoácidos e da proteína.

Por outro lado, Richert et al. (1997), Dourmad et al. (1998) e Jones e Stahty (1999a) constataram maior perda de peso das porcas ao final da lactação, quando estas consumiram rações com baixos níveis de aminoácidos. De acordo com os autores, o baixo consumo de proteína e aminoácidos durante a lactação aumenta a mobilização de proteína corporal.

Não houve efeito (P > 0,05) dos tratamentos sobre a variação de espessura de toucinho (ET P2) das porcas. Este resultado está consistente

com o fato de não ter havido efeito (P > 0,05) dos tratamentos sobre a variação de gordura corporal.

Tabela 3 – Número, peso e variação de peso, espessura e variação da espessura de toucinho, proteína e variação de proteína corporal, gordura e variação de gordura corporal, período de lactação, intervalo demama-estro e estimativa da produção de leite das porcas durante o período de lactação

Tratamentos Variáveis T1 T2 T3 T4 T5 T6 CV (%) Número de porcas 20 20 20 20 20 20 Peso da porca: Pós-parto (kg) 243,55 241,89 239,56 243,11 242,33 242,56 16,04 A desmama (kg) 239,78 235,78 236,28 237,72 239,67 237,67 16,03 Perda de peso (kg) 3,77 6,11 3,28 5,39 2,66 4,89 135,05 Variação de peso (%) -1,55 -2,53 -1,37 -2,22 -1,10 -2,02 147,55

Espessura de toucinho (ET P2):

Pós-parto (mm) 14,36 15,33 16,58 13,79 14,42 14,43 18,9

A desmama (mm) 13,71 14,50 15,64 13,01 13,93 13,54 19,38

Variação da espessura de toucinho (mm) -0,65 -0,83 -0,94 -0,78 -0,49 -0,89 180,50

Proteína corporal (kg) 1:

Pós-parto 45,42 40,29 39,57 40,86 40,57 40,61 16,20

A desmama 44,84 39,31 39,15 40,00 40,17 39,88 16,18

Variação de proteína corporal (%) -1,26 -2,43 -1,05 -2,09 -0,98 -1,81 196,48

Gordura corporal (kg) 2:

Pós-parto 52,29 53,39 54,78 51,34 52,12 52,18 18,63

A desmama 50,52 50,86 52,68 49,04 50,83 49,82 18,74

Variação de gordura corporal (%) -3,38 -4,73 -3,83 -4,48 -2,48 -4,53 141,82

Período de lactação (dias) 18,67 18,67 18,39 18,61 18,22 17,89 19,0

Intervalo desmama – estro (dias) 4,56 4,56 4,56 5,00 4,50 3,81 4,63

Produção de leite (kg/porca/dia) 3 10,60 10,41 10,42 10,61 10,79 10,19 10,99

1

Conteúdo de proteína corporal (kg) considerando peso e ET P2 da porca pós-parto e à desmama = -2,3 + (0,19 × peso corporal, kg) – (0,22 x ET P2, mm).

Fonte: Whittemore e Yang (1989), citados por Clowes et al. (2003). 2 Conteúdo de gordura corporal (kg) considerando peso e ET P2 da porca pós-parto e à desmama = -20,4 + (0,21 X peso corporal, kg) + (1,5 x ET P2, mm). Fonte: Whittemore e Yang (1989), citados por Clowes et al. (2003).

3

Produção de leite (g/dia) = 7 + [2,5 x ganho de peso médio do leitão (g)] + [80,2 x peso inicial do leitão (kg)] x número de leitões. Fonte: Noblet e Etienne (1998).

Resultados semelhantes foram observados por Richert et al. (1997), Dourmad et al. (1998), Touchette et al. (1998) e Cota et al. (2003), que avaliando níveis de aminoácidos para porcas em lactação, também não verificaram variação na ET dos animais na lactação. Por outro lado, Clowes et

al. (2003) verificaram aumento na mobilização de gordura corporal com a

redução dos níveis de proteína na ração.

Assim, os dados obtidos diferem da afirmação de Jones e Staly (1999b) de que a variação na espessura de toucinho não é uma característica sensível para avaliar a condição corporal da porca.

Não houve alteração (P > 0,05) no número de dias para retorno ao estro das porcas após o desmame. Considerando o relato de Clowes et al. (2003) de que porcas em lactação podem perder de nove a 12% da massa protéica corporal sem que haja comprometimento de seu desempenho reprodutivo, o baixo valor médio de 4,50 dias para o retorno ao estro das porcas após o desmame está coerente com as reduzidas mobilizações de proteína (1,60%) e gordura (3,91%) constadas nos animais dos diferentes tratamentos.

De forma semelhante, Thaker e Bilkei (2005) avaliando a implicação da perda de peso corporal sobre o desempenho reprodutivo de porcas em lactação, constataram que, quando a redução de peso foi menor do que 10%, esta não teve influência sobre o retorno ao estro. O resultado obtido está coerente com os dados de King e Dunkin (1986) que, estudando o efeito da nutrição sobre o desempenho reprodutivo, observaram que perdas de peso superior a 10% durante a lactação reduz a produção de leite e compromete o desempenho reprodutivo subseqüente.

De acordo com King (1987), a perda de massa protéica corporal é mais importante no intervalo desmame-cio do que a perda de gordura corporal. Segundo Clowes et al. (2003) a mobilização de proteína corporal durante a lactação reduz a quantidade de folículos viáveis no ovário ao desmame e, consequentemente, reduzindo o número de leitões no parto subseqüente. Segundo estes mesmos autores, a queda na viabilidade dos folículos pode ser causada pela menor concentração do IGF-1 no liquido folicular.

Não foi observado efeito (P > 0,05) dos tratamentos sobre a produção de leite calculada (10,5 kg/dia) das porcas. Os resultados observados estão consistentes com os padrões de ganho de peso dos leitões e da leitegada

verificados entre os tratamentos neste estudo, uma vez que, o crescimento da leitegada está altamente correlacionado com o nitrogênio fornecido pelo leite (KIM et al., 2001). De acordo com Johnston et al. (1993), a primeira fonte de aminoácidos para a síntese de proteína do leite é o suprimento fornecido pela dieta, mas, se este suprimento for insuficiente, a porca utiliza suas reservas orgânicas de proteína para fornecer aminoácidos necessários para a produção de leite. Assim, com base nos resultados obtidos, pode-se inferir que as relações propostas por Rostagno et al. (2005), foram suficientes para atender as exigências de porcas para ótima produção de leite e mínima mobilização corporal.

Os resultados de ganho de peso dos leitões e da leitegada durante o período de lactação estão apresentados na Tabela 4.

Tabela 4 – Desempenho da leitegada equalizada, durante a lactação, de acordo com os tratamentos

Tratamentos Variáveis T1 T2 T3 T4 T5 T6 CV (%) Lactação, dias 18,67 18,39 18,61 18,22 17,89 19,0 7,98 Leitões equalizados 10,4 11,17 11,11 11,33 11,11 11,00 9,22 Leitões desmamados 9,50 10,50 9,77 10,56 9,83 10,17 10,59 Peso dos leitões (kg):

A equalização 1,55 1,59 1,60 1,66 1,60 1,69 19,38 Ao desmame 5,24 5,22 5,34 5,41 5,17 5,53 16,57 Ganho de peso (kg) 3,69 3,63 3,74 3,75 3,57 3,84

Ganho de peso (g/dia) 198 197 201 206 200 202 17,01 Peso da leitegada (kg):

Ao nascer 14,75 16,84 15,72 17,46 15,80 17,28 23,28 Ao desmame 49,94 55,33 52,06 57,33 50,67 56,39 20,39 Ganho de peso 35,19 38,49 36,33 39,87 34,86 39,10 23,16

Como se utilizou o critério de equalização do tamanho da leitegada (número de leitões) após o parto, não se observou variação (P>0,05) nesta variável entre os tratamentos estudados. A padronização da leitegada, feita neste estudo, pode ser justificada pelo fato de que o número de leitões na leitegada tem influência sobre a produção de leite e, consequentemente, a exigência nutricional da porca (KIM et al., 1999).

O peso a desmama e o ganho de peso dos leitões e da leitegada, também não foram influenciados (P > 0,05) pelos tratamentos.

O ganho de peso médio dos leitões durante a lactação (201 g/d) foi superior ao de 188 g/d encontrado por Cota et al. (2003) e próximo ao valor médio de 197 g/dia obtido por Dourmad et al. (1998). De acordo com Jones e Stahly (1999a), a restrição de aminoácidos durante a lactação aumenta a mobilização de proteína corporal e reduz a produção de leite. Desta forma, considerando que o leite é, normalmente, a única fonte de nutrientes disponível para o leitão durante a lactação, a sua redução tem reflexos diretos sobre o ganho de peso dos leitões e da leitegada. Portanto, no presente estudo não se verificou (P > 0,05) efeito dos tratamentos sobre o ganho de peso dos leitões e da leitegada, uma vez que não houve redução na produção de leite.

Sabendo-se que os aminoácidos sulfurados, treonina, triptofano e valina podem interferir negativamente na produção de leite quando limitantes na ração (TOUCHETTE et al., 1998) e o fato de que produção de leite ter sido mantida em todos os tratamentos sem que ocorresse variação significativa na mobilização de proteína e gordura corporal das porcas, possibilita inferir que as relações dos aminoácidos metionina + cistina, treonina, triptofano e valina com a lisina na base digestível propostas, na proteína ideal, por Rostagno et al. (2005) para porcas em lactação estão adequadas, uma vez que o consumo de lisina digestível não variou entre os tratamentos.

4. Conclusão

As relações, na base digestível, dos aminoácidos metionina + cistina (54%), treonina (64%), triptofano (19%) e valina (78%) digestíveis com a lisina, atendem as exigências de porcas em lactação para melhores desempenhos produtivo e reprodutivo.

Referências bibliográficas

ABREU, M. L. T.; DONZELE, J. L.; MOITA, A. M. S. Nutrição para matrizes suínas de alta performance. In: CONGRESSO LATINO AMERICANO DE SUINOCULTURA, 2., 2005. Anais... Foz do Iguaçu-PR, 2005. p. 129-139.

BLACK , J. L.; MULLAN, B. P.; LORSCHY, M. L.; GILES, L. R. Lactation in the sow during heat stress. Livestock Production Science, v. 35, p. 153-170, 1993.

CLOWES, E. J.; AHERNE, F. X.; FOXCROFT, G. R.; BARACOS, V. E. Selective protein loss in lactation sows is associated with reduced litter growth and ovarian function. Journal Animal Science, v. 81, p. 753-764, 2003.

COTA, T. S.; DONZELE, J. L.; OLIVEIRA, R. F. M.; LOPES, D. C.; ORLANDO, V. A. D.; GENEROSO, R. A. R. Níveis de lisina em ração de lactação para fêmeas suínas primíparas. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 32, p. 115-122, 2003.

DE BRAGANÇA, M. M.; MOUNIER, M.; PRUNIER, A. Does feed restriction mimic the effects of increased ambient temperature in lactating sows? Journal

of Animal Science, v. 76, p. 2017-2024, 1998.

DOURMAD, J. Y.; ETIENNE, M.; NOBLET, J. Effect of protein and lysine supply on performance, nitrogen balance, and body composition changes of sows during lactation. Journal of Animal Science, v. 76, p. 542-550, 1998.

JOHNSTON, L. J.; PETTIGREW, J. E.; RUST, J. W. Response of maternal-line sows to dietary protein concentration during lactation. Journal of Animal

Science, v. 71, p. 2152-2156, 1993.

JONES, D. B.; STAHLY, T. S. Impact of amino acid nutrition during lactation on body nutrient mobilization and milk nutrient output in primiparous sows. Journal

of Animal Science, v. 77, p. 1513-1522, 1999a.

JONES, D. B.; STAHLY, T. S. Impact of amino acid nutrition during lactation on luteinizing hormone secretion and return to estrus in primiparous sows. Journal

of Animal Science, v. 77, p. 1523-1531, 1999b.

KANIS, E. Effect of food intake capacity on genotype by feeding regimen interactions in growing pigs. Animal Production, v. 50, p. 343-351, 1990.

KIM, S. W.; BAKER, D. H.; EASTER, R. A. Dynamic ideal protein and limiting amino acids for lactating sows: Impact of amino acid mobilization. Journal of

Animal Science, v. 79, p. 2356-2366, 2001.

KIM, S. W.; OSAKA, L.; HURLEY, W. L. et al. Mammary gland growth as influenced by litter size in lactating sows: impaction lysine requirement. Journal

of Animal Science, v. 77, p. 3316-3321, 1999.

KING, R. H. Nutritional anoetrous in young sows. Pig News Information, v. 8, p. 15-22,1987.

KING, R.H.; DUNKIN, A.C. The effect of nutrition on the reproductive performance of first-litter sows. Animal Production, v. 43, p. 319-325, 1986. MULLAN, B. P.; WILLIANS, I. H. The chemical composition of sows during their first lactation. Animal Production, v. 51, p. 375-387, 1990.

NOBLET, J.; ETIENNE, M.; DOURMAD, J. Y. Energetic efficiency of milk production. In: VERSTEGEN, M. W. A.; MOUGHAN, P. J.; SCHRAMA, J. W. (Ed.) The lactating sow. Wageningen: Wageningen Press, 1998. p. 113-130. RICHERT, B. T.; GOODBAND, R. D.; TOKACH, M. D.; NELSSEN, J. L. Increasing valine, isoleucine, and total branched-chain amino acids for lactation sows. Journal Animal Science, v. 75, p. 2117-2128, 1997.

ROSTAGNO, H. S.; ALBINO, L. F. T.; DONZELE, J. L.; GOMES, P. C.; OLIVEIRA, R. F. M.; LOPES, D. C.; FERREIRA, A. S. Composição de

alimentos e exigências nutricionais de aves e suínos: Tabelas Brasileiras.

Viçosa, MG: UFV, 2005. 186 p.

THAKER, M. Y. C.; BILKEI, G. Lactation weight loss influences subsequent reproductive performance of sows. Animal Reproduction Science, v. 88, p. 309-318, 2005.

TOKACH, M. D.; PETTIGREW, J. E.; DIAL, G. G. et al. Characterization of luteinizing hormone secretion in the primiparous sows: relationship to blood metabolites and return-to-estrus. Journal of Animal Science, v. 70, p. 2195, 1992.

TOUCHETTE, K. J.; ALLEE, G. L.; NEWCOMB, M. D.; BOYD, R. D. The lysine requirement of lactating primiparous sows. Journal of Animal Science, v. 76, p. 1091-1097, 1998.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA-UFV. SAEG. (Sistemas de Análises Estatísticas e Genéticas). Viçosa, MG (Versão 8.0), 2000.

WHITTEMORE, C. T.; YANG, H. Physical and chemical composition of the body of breeding sows with differing body subcutaneous fat depth at parturition, differing nutrition during lactation and differing litter size. Animal Production, v. 48, p. 203-202, 1989.

YANG, H.; PETTIGREW, J. E.; JOHNSTON, L. J.; SHURSON, G. C; WHEATON, J. E.; WHITE, M. E; KOKETSU, Y.; SOVER, A. F.; RATHMACHER, J. A. Effect of dietary lysine intake during lactation on blood metabolites, hormones, and reproductive performance in primiparous sows.

Avaliação de rações de alta densidade nutricional para porcas em lactação no verão

Resumo: Foram utilizadas 80 fêmeas pluríparas, em lactação, do mesmo

padrão genético, distribuídas em delineamento experimental de blocos ao acaso composto por quatro tratamentos, 20 repetições, sendo cada matriz considerada uma unidade experimental para avaliar rações de alta densidade nutricional, com ou sem suplementação de aminoácidos sintéticos, ajustadas com base na energia líquida, para porcas em lactação, considerando os desempenhos produtivos e reprodutivos. Na formação dos blocos, levou-se em consideração o peso e a ordem de parto das matrizes. Os tratamentos foram assim constituídos: Tratamento 1, ração com 18,39% de proteína bruta (PB), 3.344 kcal de energia metabolizável (EM), 0,85% de lisina digestível e energia líquida 2.519 kcal/kg; Tratamento 2, ração com 15, 23% de PB, 3.293 kcal de EM, 0,85% de lisina digestível e energia líquida 2.519 kcal/kg suplementados com aminoácidos sintéticos; Tratamento 3, ração com 19,63% de PB, 3.480 kcal de EM, 0,95% de lisina digestível e energia liquida 2.636 kcal/kg (5 e 6%, de lisina digestível e energia metabolizável, respectivamente, acima dos valores recomendados por Rostagno et al. (2005); Tratamento 4, ração com 16,59% de PB, 3.440 kcal de EM, 0,95% de lisina digestível e energia liquida de 2.636 kcal/kg suplementada com aminoácidos sintéticos até o limite da relação do triptofano digestível com lisina digestível de 18%. As rações experimentais foram formuladas a base de milho, farelo de soja, farelo de trigo, suplementadas com minerais, vitaminas e aminoácidos. Não houve efeito dos tratamentos sobre o consumo de ração médio diário das porcas. Observou-se aumento significativo no consumo de lisina digestível entre os tratamentos. Como o consumo de ração não variou significativamente entre os tratamentos, o aumento do consumo de lisina digestível ocorreu em razão direta de sua concentração nas rações. Os tratamentos não influenciaram o peso, a perda e a variação de peso, o intervalo desmama-estro e a estimativa da produção de leite das porcas durante o período de lactação. Conclui-se que rações de alta densidade nutricional (lisina e energia) para porcas em lactação é eficiente em reduzir a mobilização de reservas corporais em porcas, não afetando o desempenho produtivo e reprodutivo.

An evaluation of high nutritional density rations for lactation sows on summer

Abstract: A total of 80 pluriparous sows from the same genetic standard,

during lactation were distributed in a completely randomized block design with four treatments, 20 repetitions being each matrix considered as an experimental unit to evaluate high nutritional density rations, with or without synthetic amino acids supplementation, adjusted on the liquid energy, for lactation sows, considering the productive and reproductive performance. The weight and the order of birth of the matrixes have been taken in to consideration for the blocks gathering. The treatments were constituted as follows: Treatment 1: ration with 18.39% of crude protein (CB), 3,344 kcal of metabolically energy (EM), 0.85% of digestible lysine and liquid energy of 2,519 kcal/kg. Treatment 2: ration with 15.23% of CB, 3,293 kcal of EM, 0.85% of digestible lysine and liquid energy of 2,519 kcal/kg supplemented with synthetic amino acids. Treatment 3: ration with 19.63% of CB, 3,480 kcal of EM, 0.95% of digestible lysine and liquid energy of 2,636 kcal/kg (5 and 6% of digestible lysine and metabolically energy, respectively, over the values recommended by Rostagno et al. (2005)). Treatment 4: ration with 16.59% of CB, 3,440 kcal of EM, 0.95% of digestible lysine and liquid energy of 2,636 kcal/kg supplemented with synthetic amino acids on the edge of the digestible tryptophan relation with digestible lysine of 18%. The experimental rations were formulated with corn, soybean meal and wheat bran, supplemented with minerals, vitamins and amino acids. The treatments had no effect on the daily mean ration consumption of the sows. A significant increase on the digestible lysine consumption between the treatments has been observed. As the ration consumption did not vary significantly between the treatments, the digestible lysine consumption increased directly with the rations concentration. The treatments had no influence on the weight, neither on the weight loss and variation, neither on the weaning-to-estrus interval and neither on the milk production of the sows during the lactation period. The conclusion is that the rations with high nutritional density (lysine and energy) for sows during lactation are efficient to reduce the corporal reserves mobilization in sows, having no influence on the productive and reproductive performance of them.

1. Introdução

Atualmente, as matrizes suínas são mais precoces, produzem mais leite, possuem maior peso corporal, tem menor capacidade de consumo e são mais exigentes nutricionalmente. Entretanto, essas características obtidas pelo melhoramento genético predispõem as porcas a freqüentes estados de catabolismo durante a lactação, resultando na mobilização de tecidos devido à alta demanda de nutrientes, principalmente, para a produção de leite (MULLAN e WILLIAMS, 1990). Assim, um programa nutricional para porcas durante o período de lactação tem como objetivos assegurar um bom desempenho da leitegada e preservar a condição corporal da porca.

Vários estudos têm demonstrado que o baixo consumo de lisina ou energia durante a lactação podem resultar em redução do desempenho da leitegada e falhas reprodutivas subseqüentes. O efeito do inadequado nível de nutrientes na ração ou o baixo consumo sobre a performance reprodutiva é mais pronunciado em primíparas do que em porcas multíparas, uma vez que, estes animais ainda se encontram em fase de crescimento (EISSEN et al., 2003).

Já está bem estabelecido que o consumo das porcas durante a lactação é insuficiente para satisfazer as exigências para produção de leite. Além disso, diversos fatores ambientais podem reduzir o consumo de ração (GOURDINE et

al., 2006).

Em regiões tropicais a temperatura pode ser o principal fator ambiental envolvido na redução do consumo (QUINIOU e NOBLE, 1999). Essa redução ocorre frequentemente quando a temperatura ambiental excede a zona de termoneutralidade, no qual pode variar entre 15 e 20°C (BLACK et al., 1993). Sendo assim, as porcas no verão quase sempre se encontram estressadas pelo calor, havendo, portanto redução no consumo voluntário de ração. Segundo Renaudeau et al. (2001) esse ajuste no consumo ocorre como tentativa do organismo reduzir a produção de calor proveniente do metabolismo.

Assim, o consumo adequado de nutrientes durante a lactação é fundamental para a síntese do leite e manutenção do potencial reprodutivo subseqüente das porcas (SPENCER et al., 2003). Por outro lado, o consumo

inadequado de nutrientes pode resultar na mobilização de nutrientes de diferentes tecidos corporais, aumentando o intervalo desmame cio e, consequentemente, os dias não produtivos das porcas.

Torna-se importante então o estudo das exigências nutricionais das porcas durante a lactação, uma vez que, a excessiva mobilização das reservas corporais reduz a produção de leite e a fertilidade subseqüente da porca. Assim, este trabalho foi conduzido com o objetivo de avaliar rações de alta densidade nutricional, com ou sem suplementação de aminoácidos sintéticos, ajustadas com base na energia líquida, para porcas em lactação no período quente do ano, considerando os desempenhos produtivos e reprodutivos.

2. Material e Métodos

O experimento foi conduzido entre os meses de dezembro e fevereiro de 2005 na granja de suínos da Fazenda Vargem Alegre, situada no município de Jequeri – MG.

Foram utilizadas 80 fêmeas pluríparas, em lactação, do mesmo padrão genético, distribuídas em delineamento experimental de blocos ao acaso com quatro tratamentos, 20 repetições, sendo cada matriz considerada uma

Documentos relacionados