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Através das quatro técnicas de análise da velocidade descritas no capítulo anterior, foi possível chegar em uma velocidade preliminar do dado sísmico. A figura 5.1 apresenta os campos de velocidades analisadas, permitindo visualizar o comportamento destas através da propagação da onda sísmica.

Figura 5.1: Painel gerado dos campos de velocidade analisados na seção sísmica, permitindo observar o comportamento das velocidades determinadas através da análise preliminar. O eixo X é representado pelas CDPs e o eixo Y pelo tempo de propagação (em ms).

Fonte: Própria.

Esta figura apresenta, como já dito, os campos das velocidades interpretadas, permitindo uma avaliação do comportamento da velocidade com a profundidade (Revorêdo e Nascimento da Silva, 2016). Nesta figura foi possível observar aumentos gradativos da velocidade em relação ao tempo de propagação, chegando a atingir altas velocidades após cerca de 2500 ms nas bordas da seção e cerca de 2300 ms na região central.

É necessário todo um cuidado para se obter as velocidades de propagação da onda, visto que pequenas variações em seu valor são suficientes para levar o geofísico de processamento ao erro. Por isto, após a avaliação das velocidades interpretadas na última técnica, foi realizado também um empilhamento do dado utilizando esta velocidade preliminar com o objetivo de observar como a seção sísmica se comportou com estes valores. A imagem da seção empilhada pode ser vista na figura 5.2, que já permite a observação de eventos.

Figura 5.2: Seção empilhada utilizando a velocidade preliminar interpretada.

Fonte: Própria.

Com o objetivo de demonstrar como pequenas variações na velocidade podem atrapalhar a interpretação do dado sísmico, foram realizadas alterações em seu valor. As figuras 5.3 e 5.4 apresentam as seções empilhadas do dado com velocidades alteradas em 20% para mais e para menos, respectivamente. Nestas figuras, ao compará-las com a figura 5.2, é possível observar primeiramente como o sinal de forma geral reduz em amplitude. Nota-se também as alterações que os eventos sofrem ao se utilizar velocidades erradas, podendo eles ser deslocados (setas brancas), removidos completamente/parcialmente (setas laranjas) ou até mesmo aparecer um refletor que não existe (seta amarela). Isto demonstra, portanto, a importância de uma análise de velocidade criteriosa ao se trabalhar um dado sísmico de reflexão.

Figura 5.3: Seção empilhada do dado utilizando uma velocidade 20% maior, com alguns exemplos de alteração do sinal (comparar com a figura 5.2).

Fonte: Própria.

Figura 5.4: Seção empilhada do dado utilizando uma velocidade 20% menor, com alguns exemplos de alteração do sinal (comparar com a figura 5.2).

Fonte: Própria.

Com a velocidade interpretada, iniciou-se o tratamento de amplitude. Este tratamento, porém, não apresentou resultado satisfatório. Isto porque, mesmo ocorrendo uma melhora nas

amplitudes dos sinais mais profundos, a perda de sinal nas áreas mais próximas à superfície foi consideravelmente maior, como pode ser comparado nas figuras 5.5 (dado da família de tiro 141) e 5.6 (também com a família de tiro 141, porém com a correção de divergência esférica aplicada). Esta perda considerável levou a interpretação de que ou o dado já possuía um tratamento de amplitude aplicado ou o efeito de atenuação foi muito pequeno, o que justificaria esta diferença negativa entre perda e ganho de amplitude do sinal. Desta forma, esta etapa não fez parte do fluxo de processamento.

Figura 5.5: Dado da família de tiro 141 sem nenhum tratamento aplicado.

Fonte: Própria.

Figura 5.6: Dado da família de tiro 141 com o tratamento de amplitude aplicado. Comparando com a figura 5.6 é possível observar que a perda de sinal foi consideravelmente maior do que o ganho, onde o primeiro refletor, por exemplo, foi praticamente removido do dado.

Fonte: Própria.

Seguindo o fluxo de processamento, foi realizada uma análise espectral a fim de se observar as faixas de frequências dominantes no dado e realizar a delimitação das janelas de frequências descritas no capítulo anterior, necessárias para deconvolução do traço sísmico. Após realizado isto, o dado pôde ser empilhado novamente utilizando a velocidade preliminar (figura 5.7).

Figura 5.7: Seção empilhada pós-deconvolução. Comparando um corte com zoom desta seção (retângulo vermelho) com um corte da mesma região da seção sem deconvolução aplicada (retângulo preto), é possível observar a leve melhora na resolução temporal através do pequeno estreitamento do traço sísmico.

Fonte: Própria.

Nesta figura 5.7 é possível observar que o estreitamento temporal dos traços sísmicos ocorreu de forma leve, resultando em uma pequena melhora na observação dos eventos. Ainda com a finalidade de observar os problemas que uma velocidade erroneamente interpretada pode causar, foi realizado um empilhamento utilizando a mesma velocidade editada em 20% para mais. Sua seção pode ser vista na figura 5.8 a seguir.

Figura 5.8: (a) Seção empilhada pós deconvolução com velocidade aumentada em 20%. Dentre várias discordâncias com a seção empilhada da figura 5.7, é possível frisar a região selecionada que apresenta em (b) os deslocamentos dos refletores resultantes de uma má interpretação da velocidade. Isto fica evidente ao se comparar com (c), que mostra a mesma região selecionada, porém do dado empilhado com a velocidade correta.

Fonte: Própria

Como já observado no capítulo anterior, o dado sintético de Marmousi não possui eventos múltiplos. A nova análise de velocidade foi então interpretada com o dado pós-deconvolução. A figura 5.9 apresenta os novos campos de velocidades interpretados.

Figura 5.9: Painel dos campos de velocidades interpretados após a realização dos tratamentos anteriores no dado. O eixo X é representado pelas CDPs e o eixo Y pelo tempo de propagação (em ms).

Fonte: Própria.

Neste novo painel é possível notar uma pequena variação nos campos apresentados para a velocidade analisada preliminarmente (comparar com a figura 5.1). A maior diferença se encontra nas regiões mais profundas, que agora aponta valores de velocidades mais altos a partir dos tempos de propagação próximos a 2400 ms nas bordas e a 2200 ms na região central da seção. Uma diferença com cerca de 100 ms quando comparado com o painel das velocidades preliminares.

Com os processos de correções de NMO/DMO e muting aplicados utilizando esta nova velocidade, juntamente com um filtro passa-banda para remover parte dos ruídos ainda existentes, o novo empilhamento do dado pode ser observado na figura 5.10. A migração desta seção, juntamente com todos os procedimentos que buscam uma melhora no dado, pode ser observada na figura 5.11.

Figura 5.10: Seção empilhada após as correções NMO/DMO e muting, aplicada utilizando a segunda velocidade interpretada.

Fonte: Própria.

Figura 5.11: Seção migrada do dado.

Fonte: Própria.

Uma análise desta seção migrada permite observar algumas feições geológicas, explicitadas na figura 5.12. As linhas amarelas buscam evidenciar algumas camadas mergulhantes e/ou falhas.

A linha azul destaca o corte sofrido por um refletor, que é continuado em uma posição deslocada, revelando a presença de uma falha.

Figura 5.12: Seção migrada interpretada, onde as linhas amarelas contornam algumas camadas mergulhantes/falhas e a linha azul marca a descontinuidade de um refletor que é deslocado, caracterizando a presença de uma falha.

Fonte: Própria.

A migração do dado é altamente dependente de uma análise correta da velocidade. Isto fica evidente ao realizar este processo novamente com a velocidade aumentada em 20% (figura 5.13). Nesta figura fica claro como uma má analise da velocidade resulta em uma seção que facilmente seria interpretada incorretamente. A área destacada da figura apresenta um evidente deslocamento dos refletores quando comparada com a da figura 5.11, demonstrando a importância de uma análise criteriosa. Uma velocidade incorreta sempre resultará em um erro no dado final, independentemente da eficiência nos outros tratamentos.

Figura 5.13: (a) Seção migrada com velocidade aumentada em 20%. Dentre várias discordâncias com a seção migrada da figura 5.11, é possível frisar a região selecionada que apresenta em (b) os deslocamentos dos refletores resultantes de uma má interpretação da velocidade. Isto fica evidente ao se comparar com (c), que mostra a mesma região selecionada, porém do dado migrado com a velocidade correta.

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