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RESULTADOS DO ÍNDICE DE ELLISON E GLAESER PARA O NORDESTE

O índice desenvolvido por Ellison e Glaeser (1994) em sua abordagem propõe uma interpretação dos resultados a partir do modelo de alvo de dardos no qual se pode verificar se uma indústria estaria com excesso de concentração em uma determinada região dado o advento das escolhas locacionais aleatórias. Portanto, na inexistência de economias de aglomeração a probabilidade de uma determinada indústria se localizar em uma região corresponderia à participação desta região no emprego total da indústria.

Por isso, mediante a condição anterior, o valor esperado de ( ) se igualaria ao valor resultante do índice de Hirschman-Herfindahl (IHH), como demonstrado na equação 4. Consequentemente, o índice de Ellison e Glaeser (IEG) seria zero ou nulo, implicando na inexistência de economias de aglomeração. Desta forma, pode-se testar a hipótese de forma

informal de que os setores da indústria de transformação estariam mais concentrados do que seria esperado aleatoriamente, ou seja, estaria se verificando a validade da hipótese nula de que G = IHH10.

Quando a igualdade anterior não é observada, segundo o teste informal proposto, seria um indicativo de que os setores da indústria de transformação apresentam um excesso de concentração além daquele que se esperaria por escolhas locacionais aleatórias. Segundo Ellison e Glaeser (1994, p. 17), existe a possibilidade de que os resultados apresentados demonstrem que as indústrias estejam mais uniformemente distribuídas do que se esperaria por escolhas locacionais aleatórias, indicando que a necessidade das empresas em se localizar perto do consumidor final não é por si só determinante para escolhas locacionais.

A validade da hipótese nula pode ser testada através do cálculo do G, Var (G)11 e do valor esperado de E(G). Este último componente é obtido pelo seguinte cálculo: E(G) = (1- Σixi²)IHH; enquanto o valor resultante de G pode ser mensurado como demonstra a equação 3.

Na tabela 4 abaixo são dispostos os resultados para o teste informal do nível de concentração industrial para os setores da indústria de transformação no Nordeste:

Tabela 4 - Valores esperados, observados e o desvio padrão do índice de concentração bruta para o Nordeste

Período G médio E(G) médio

Diferença entre G médio observado e esperado

Desvio-Padrão médio de G 2005 0.0785315 0.046608414 0.031923056 0.010722676 2010 0.0795176 0.075114253 0.004403319 0.013407085 Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da RAIS.

Os resultados para o teste indicam que no ano de 2005 os setores da indústria de transformação do Nordeste estariam concentrados além do que poderia se esperar por decisões locacionais aleatórias, pois a diferença entre o valor observado e esperado de G é muito superior ao seu desvio-padrão, rejeitando-se assim a hipótese nula. Portanto, os setores da indústria de transformação seriam em média mais concentrados, com 95% de confiança em 2005.

No entanto, os resultados do teste informal para os setores da indústria de transformação do Nordeste em 2010, indicam que tais segmentos são em média mais uniformemente distribuídos na região do que poderia se esperar por escolhas locacionais

10 Ressalta-se que G é o índice de concentração bruta. 11 Segue-se o cálculo da variância:

∑ { ∑ ∑ ∑ ∑ ∑

∑ ∑ }. Ressalta-se que as somatórias sem subscrito diz respeito as somatórias em i, e a somatória em j é referente a parcela de mercado de cada empresa.

aleatórias. Os valores observados e esperados de G são muito próximos, e insignificantes estatisticamente ao nível de 95% de confiança, acarretando na aceitação da hipótese nula de que não existe excesso de concentração dos estabelecimentos industriais.

Em uma análise mais formal de que o valor observado de G seria equivalente ao valor resultante do índice de Hirschman-Herfindahl (IHH) ou valor esperado de G, verificou-se ou não a existência de excesso de concentração industrial via escolhas locacionais aleatórias, pela seguinte equação:

As tabelas 5 e 6 mostram os resultados do teste de aleatoriedade da localização para os anos de 2005 e 2010, onde foi testada a hipótese individual de que e , como também a mesma hipótese de forma conjunta, ambas para os níveis de significância de 5% e 1%. Os resultados obtidos foram os mesmos para os dois níveis de significância, e demonstraram que a hipótese de equivalência de G = IHH pode ser rejeita tanto separadamente quanto conjuntamente, indicando um possível excesso de concentração industrial ou uma distribuição mais uniforme dos setores da indústria de transformação da região, além daquele que se esperaria por escolhas aleatórias para os dois anos.

Note-se que diferentemente do teste informal descrito mais acima, este último realiza um análise dos coeficientes da regressão e de sua significância estatística, com intuito de verificar uma possível equivalência resultante entre o Índice de Concentração Bruta (ICB) e o índice de Hirschman-Herfindahl (IHH), enquanto o primeiro teste só observa os valores brutos de ambos os índices e sua significância.

Tabela 5 - Teste de aleatoriedade da localização (2005) Variável Coeficiente Desvio-Padrão t Constante 0,028755 0,0171157 0,108

H 1,025229 0,2540238 0,001

R² = 0,4368

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da RAIS.

Tabela 6 - Teste de aleatoriedade da localização (2010) Variável Coeficiente Desvio-Padrão t Constante 0,0569453 0,1151165 0,005

H 0,2889623 0,0180768 0,02

R² = 0,2308

A seguinte tabela exibe os valores médios dos índices calculados para a indústria de transformação na região Nordeste, referente aos anos de 2005 e 2010, sendo estes, respectivamente, o Índice de Concentração Bruta (ICB) e Índice de Hirschman-Herfindahl (IHH) que compõe o Índice de Ellison e Glaeser (IEG). O índice de concentração bruta mensura a concentração geográfica bruta do emprego do setor i em uma determinada região ou localidade, e informa a dispersão do emprego do setor i em relação ao valor esperado. Por conseguinte, o índice de Hirschman-Herfindahl informa o número e a participação de mercado de cada empresa do setor i.

Tabela 7 - Valores médios do Índice de Ellison e Glaeser e dos seus componentes para a indústria de transformação

Índices 2005 2010

ICB 0.07853147 0.079517572

IHH 0.048551583 0.078115078

IEG 0.031643583 -0.033913996

Fonte: Elaboração própria a partir de dados da RAIS.

Desta forma, os resultados obtidos do Índice de Concentração Bruta (ICB) para o período demonstram um leve acréscimo do nível geográfico da concentração bruta do emprego na indústria de transformação entre o período citado. Evidenciando que a localização da população engajada na atividade econômica industrial não passou por grandes deslocamentos dentro da região.

Perante o índice de Hirschman-Herfindahl (IHH), observa-se também que o emprego nesta atividade produtiva na região Nordeste se concentrou em maiores plantas, apesar do aumento relevante do número de empresas atuantes, com um acréscimo de aproximadamente um terço do total. Assim, o índice de Hirschman-Herfindahl (IHH) mostrou uma variação bruta em torno de (0.029) e uma variação percentual de aproximadamente 62,5%, corroborando a argumentação de um forte incremento de grandes empresas na região no período.

Quanto aos resultados médios apresentados para o índice de Ellison e Glaeser (IEG), verificou-se uma expressiva desconcentração da atividade industrial para o período, corroborando com os resultados dispostos na tabela 4, 5 e 6, e contrariando de certa forma os resultados apresentados do índice de concentração bruta na tabela 7, que é limitado por não considerar o número e tamanho de empresas12. Destaca-se que Saboia (2004) já apontava que

12 É possível que problemas relativos à declaração dos dados por parte das empresas possam ter afetado o

a região Nordeste apresentava indícios de uma tendência a redução do nível de concentração industrial, mesmo que em patamares inferiores à média nacional.

Deste modo, em 2005 a indústria de transformação nordestina expunha um nível de concentração industrial além daquele que era de se esperar por escolhas locacionais aleatórias atingindo aproximadamente o patamar de (0.0316), apresentando assim, um nível substancial de concentração média das plantas industriais. Segundo a avaliação proposta por Ellison e Glaeser (1997) dos resultados do índice, este resultado se encontra em uma escala média de concentração, sendo assim, expressivo, mas estando mais próxima de um baixo nível de concentração do que um alto nível de concentração industrial13.

Entretanto, o resultado negativo do índice de Ellison e Glaeser (IEG) referente ao ano de 2010, que ficou em torno de (-0.0339), dispondo de uma relevante variação percentual de um pouco mais de 200%, informa que durante este período parte substancial das novas e/ou velhas plantas industriais existentes na região tendeu a se instalar em novas áreas de desenvolvimento. Resende e Wyllie (2005) colocam que valores positivos do índice de Ellison e Glaeser demonstram que os estabelecimentos ainda podem estar situados em localidades relativamente próximas, enquanto os valores negativos expressam uma nítida separação espacial.

Este fato pode ter sido principalmente ocasionado pela instalação ou migração de grandes empresas em favor de novas áreas de desenvolvimento, que por sua vez, podem ter deslocado substancialmente a massa salarial industrial, sendo esta argumentação corroborada com os resultados do índice de Hirschman-Herfindahl (IHH). Ressalta-se que neste período a variação deste último índice foi de cerca de 60%, direcionando-se em favor de uma estrutura de mercado composta por maiores plantas industriais.

Corroborando com esta argumentação Silva e Silveira Neto (2009) observaram que os estados do Nordeste em seu estudo sobre padrões de concentração industrial obtiveram um aumento de novos polos de crescimento do emprego na indústria entre 1994 e 2004, onde tal tendência pode ter se estendido para os próximos anos que incluem esta análise. Por conseguinte, Campolina, Rezende e Paixão (2012) identificaram expressivas melhoras na composição industrial da região nordestina, com variações percentuais positivas na quantidade de clusters existentes em cerca de 580% entre 1994 e 2009.

Por isso, não só houve uma redução do grau de concentração industrial, mas de fato uma expressiva desconcentração da indústria de transformação que pode se tornar uma

13 Para Ellison e Glaeser (1997) valores acima de 0,05 deste índice indicariam uma alta concentração da

tendência caso este resultado persista durante os próximos anos. Deste modo, seguindo a argumentação de Souza (1993), verifica-se que em 2005 o processo de desenvolvimento da região Nordeste ainda não teria proporcionado uma desconcentração da indústria de transformação devido à inexistência de canais que favorecessem a difusão de informações, tecnologia e de fatores de produção entre as microrregiões. Como também a expansão da renda ainda não teria sido suficiente para que ocorresse um nítido processo de desconcentração industrial. Tais pressupostos implicariam em uma redução do nível de concentração em favor de localidades circunvizinhas, como bem colocado por Resende e Wyllie (2005).

Portanto, em 2010, entende-se que a economia nordestina já dispunha das condições necessárias para usufruir de uma nítida desconcentração espacial das plantas industriais, o que foi confirmado pelo resultado negativo médio do índice de Ellison e Glaeser (IEG). Tais condições podem ser entendidas como melhoras na infraestrutura da região como explicam Rosário e Santos (2011) e uma melhor descentralização da renda como indica Domingues e Ruiz (2008).

Saboia, Kubrusly e Barros (2008) e Azzoni e Sobrinho (2014) apontam resultados significantes obtidos para região Nordeste, indicando também como uma das causas desta melhora dos índices de concentração utilizados a maturação de políticas regionais de desenvolvimento que favoreceram a atração de investimentos. Todavia, este resultado deve ser visto tão somente sobre a perspectiva da análise comparativa do período observado, o que não implica dizer que a região Nordeste possui uma composição industrial bem distribuída, mas indica que houve uma tendência de desconcentração desta atividade econômica de forma agregada durante o período analisado, e que esta tendência pode ou não ser observada no decorrer do tempo.

Tabela 8 - Resultados do índice de Ellison e Glaeser por setor da atividade da indústria de transformação para o Nordeste

2005 2010

SIT ICB IHH IEG ICB IHH IEG

15 0.0191265 0.0103985 0.0088197 0.0210983 0.0090742 0.0121343 16 0.1623248 0.1561527 0.0073143 0.1176448 0.2419031 -0.1639082 17 0.0364088 0.0502857 -0.0146117 0.0308108 0.0361873 -0.0055784 18 0.0980983 0.0149671 0.0843944 0.0955599 0.0410966 0.0567975 19 0.054138 0.0791639 -0.0271774 0.0673122 0.0788809 -0.0125594 20 0.0375802 0.0042541 0.0334685 0.0169011 0.003369 0.0135779 21 0.03421 0.0282304 0.0061534 0.0306366 0.0257077 0.0050589 22 0.0261613 0.0061091 0.0201754 0.0213388 0.004512 0.0169031 23 0.1068774 0.1244872 -0.0201137 0.1160852 0.6191516 -1.3209099 24 0.0651594 0.0106942 0.055054 0.0320599 0.0254421 0.0067906 25 0.0373896 0.0046021 0.0329391 0.0319215 0.00587 0.0262053 26 0.017273 0.0021928 0.0151134 0.0164861 0.001805 0.0147077 27 0.046561 0.0469231 -0.0003799 0.0449408 0.0671137 -0.0237681 28 0.0332477 0.0127723 0.0207403 0.0191697 0.0114674 0.0077916 29 0.059865 0.0199875 0.0406908 0.0323763 0.0127854 0.0198446 30 0.2580603 0.0585418 0.2119249 0.1945376 0.0551097 0.1475599 31 0.0941873 0.0567291 0.0397109 0.088669 0.0351049 0.0555129 32 0.1189851 0.1357483 -0.0193962 0.2494202 0.0978947 0.1679687 33 0.0715322 0.0614611 0.0107306 0.0560102 0.0170786 0.039608 34 0.3023427 0.1264035 0.2013964 0.2169991 0.1010004 0.1290308 35 0.0871781 0.0793737 0.0084773 0.3025599 0.2921167 0.0147527 36 0.0166849 0.0048698 0.0118729 0.0127724 0.0036211 0.0091846 37 0.0228322 0.0223384 0.000505 0.0135939 0.0103547 0.0032731 Média 0.0785315 0.0485516 0.0316436 0.0795176 0.0781151 -0.033914

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da RAIS.

A tabela 8 acima mostra que em 2005, apenas cinco das vinte e três divisões da indústria de transformação do Nordeste apresentaram resultados condizentes com uma desconcentração espacial das plantas industriais. Estas cinco divisões incorporam 182.012 mil empregos que refletem aproximadamente um quarto, ou mais especificamente 23,81% dos empregos da indústria de transformação para a região neste ano. Contabilizando também o número de firmas formais dentre os segmentos que se desconcentraram se observa um número de 2.278 mil empresas atuantes, correspondendo a aproximadamente 8,15% do total na região.

Os setores que apresentaram uma nítida desconcentração espacial foram: fabricação de produtos têxteis (17) que agrega 989 firmas formais; preparação de couros e fabricação de

artefatos de couro, artigos de viagem e calçados (19) que incorpora o número de 789 empresas; fabricação de coque, refino de petróleo, elaboração de combustíveis nucleares e produção de álcool (23) que apresentou um número 46 unidades; metalurgia básica (27) que possui um contingente de 386 firmas formalmente atuantes e fabricação de material eletrônico e de aparelhos e equipamentos de comunicações (32) que dispõe de apenas de 68 unidades.

Por conseguinte, o maior nível de desconcentração observado entre estes setores corresponde à preparação de couros e fabricação de artefatos de couro, artigos de viagem e calçados (19) com um valor aproximado de (-0.027), sendo que este setor possui um número de pessoas ocupadas superior aos demais quatro setores que apresentaram desconcentração das plantas industriais, equivalendo a aproximadamente 50% do emprego e 43% do número de empresas formalmente atuantes dentre estes setores.

Desta forma, esta divisão demonstra sua importância para o processo de desconcentração industrial no Nordeste devido ao seu contingente de trabalhadores e empresas, e pelo forte impacto imprimido em favor da redistribuição locacional de suas plantas que perante o valor do índice de Hirschman-Herfindahl (IHH) tende a ser representativo de maiores estabelecimentos industriais. Ressalta-se que este segmento da indústria de transformação congrega aqueles setores que são classificados como de baixo nível tecnológico.

Verifica-se também que os setores da indústria que apresentaram desconcentração estão inseridos em sua maioria entre os níveis baixa e média intensidade tecnológica segundo a classificação da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), tendo como exceção o setor de fabricação de material eletrônico e de aparelhos e equipamentos de comunicações (32) que corresponde ao patamar de alto nível tecnológico perante esta classificação.

No concernente ao grau de concentração das indústrias proposto por Ellison e Glaeser (1997) que corresponderia à valores que acima de 0,05 indicariam uma alta concentração da atividade industrial, e valores inferiores a 0,02 representariam uma baixa concentração da atividade industrial, observou-se que a maioria dos demais setores, aqueles que não se desconcentraram, exibiram baixos e médios níveis de concentração industrial.

Apenas os setores de fabricação de máquinas para escritório e equipamentos de informática (30); fabricação de produtos químicos (24); confecção de artigos do vestuário e acessórios (18); e o segmento de fabricação e montagem de veículos automotores, reboques e carrocerias (34) obtiveram um resultado que corresponde a um elevado grau de concentração industrial, acima de 0,05.

Dentre os setores citados no parágrafo anterior, o setor mais concentrado foi o de fabricação de máquinas para escritório e equipamentos de informática (30) com um resultado aproximado de (0.211). Quando observado o resultado do índice de Hirschman-Herfindahl (IHH) deste segmento da indústria de transformação pode se entender que se trata um setor composto de pequenas e médias empresas. Por fim, oito divisões possuíam um baixo nível de concentração industrial e seis setores apresentaram um patamar médio de concentração industrial em 2005, segundo a escala de classificação proposta por Ellison e Glaeser (1997).

Em 2010 também foi registrado que apenas cinco das vinte e três divisões da indústria de transformação apresentaram desconcentração espacial da produção, sendo que os mesmo setores que apresentavam desconcentração espacial mantiveram esta tendência, com exceção do setor de fabricação de material eletrônico e de aparelhos e equipamentos de comunicações (32), que passou a ser concentrado com um elevado grau de concentração produtiva em 2010. Em contrapartida, o setor industrial que passou a desconcentrar sua produção foi o de fabricação de produtos do fumo (16), que inicialmente apresentava um baixo nível de concentração industrial em 2005, e posteriormente em 2010 tomou uma tendência em favor da desconcentração de suas unidades. Verificou-se também que só setores de baixa e média intensidade tecnológica desconcentraram sua produção, o que corrobora a importância destes segmentos em um possível processo de desconcentração industrial em um primeiro momento.

Pacheco (1999) defende que a maior desconcentração espacial da atividade industrial no país corresponde aos setores intensivos em trabalho e de menor valor agregado. Silva e Silveira Neto (2009) mostram que no âmbito nacional entre 1994 e 2004 houve um recuo de cerca de 6,75% da concentração industrial para os segmentos intensivos em trabalho, e de aproximadamente 8,66% em relação os setores intensivos em recursos naturais. Portanto, constata-se esta mesma tendência de desconcentração ou redução do nível de concentração das empresas na região Nordeste entre os anos de 2005 e 2010.

Esta tendência de desconcentração para setores intensivos em mão-de-obra e de menor valor agregado segue a trajetória de crescimento padrão discorrida (PERROUX, 1977; RICHARDSON, 1975; MYDAL, 1968), onde a desagregação da atividade econômica é primeiramente em favor destes setores, para posteriormente atingir aqueles que apresentam maior grau de intensidade tecnológica.

Segundo Campolina, Rezende e Paixão (2012) a região Nordeste teria sérias dificuldades para atrair empresas que detêm um maior patamar tecnológico, o que pode reforçar a argumentação anterior, já que estas unidades de maior intensidade tecnológica procurariam se agrupar em determinadas localidades quando migram ou instalam novas

unidades nesta região.

No referente à distribuição do emprego, em 2010 estes cinco setores que se desconcentraram detinham 219.749 mil empregos que refletiam aproximadamente um quinto ou 21,39% dos empregos da indústria de transformação para a região Nordeste. O número de estabelecimentos industriais formais que os setores que se desconcentraram possuíam corresponde a 2.868 mil unidades, o que em termos percentuais equivaleria a cerca de 8, 05% do total para a região.

Comparando os resultados dispostos para todo o período, verificou-se que apesar da variação positiva do número de pessoas formalmente empregadas em torno de 21% para o grupo de setores que se desconcentraram entre 2005 e 2010, ocorreu uma redução de aproximadamente 2,42% na proporção deste grupo de divisões em relação ao emprego total da indústria de transformação.

Ressalta-se que nesta análise apenas um setor da indústria de transformação não se manteve em 2010 no grupo dos setores que se desconcentraram, comparativamente ao ano de 2005. Este fato não poderia causar expressivas distorções em termos comparativos enquanto os resultados apresentados devido à escala de produção dos setores da indústria de transformação envolvidos na composição dos grupos que se desconcentraram durante o período ser semelhantes.

Consecutivamente, quando se observa o comportamento dos grupos de setores que se desconcentraram no período em relação ao número de estabelecimentos industriais formais, encontra-se a mesma tendência disposta acima. Ou seja, ocorreu um acréscimo bruto no número de empresas atuantes em torno de 590 unidades, dispondo de uma taxa de crescimento de aproximadamente 26% entre 2005 e 2010. Apesar disto, sucedeu uma leve redução na proporção do número de estabelecimentos industriais dos setores que se desconcentraram em relação ao total da indústria de transformação.

Sendo que esta redução foi em torno de 0,10%, o que conjuntamente com os dados que foram apresentados nos últimos parágrafos corrobora a argumentação inicial mediante o índice de Hirschman-Herfindahl (IHH) de que o processo de desconcentração industrial na região Nordeste teve forte presença de grandes empresas, seja por migração ou instalação de novas unidades.

Observe-se que ocorreu um aumento considerável no número empregos e empresas, mas com perdas na participação total em relação à indústria de transformação no período, o que significaria um crescimento menor em termos de estabelecimentos industriais e empregos do grupo de setores que se desconcentraram em relação os demais. Consequentemente, o forte

impacto proporcionado por estes setores em relação ao processo de desconcentração industrial teria sido ocasionado pelo maior tamanho das plantas industriais, mediante os resultados do índice de Hirschman-Herfindahl (IHH).

Por conseguinte, dentre estes setores que se desconcentraram a fabricação de produtos têxteis (17) com o número de 58.845 mil funcionários e a preparação de couros e fabricação de artefatos de couro, artigos de viagem e calçados (19) com um contingente empregatício de 134.764 mil trabalhadores são os mais representativos em número de pessoas empregadas em 2010. Pacheco (1999) observou que no contexto nacional os setores de calçados, têxtil e alimentos e bebidas apresentavam uma tendência de desconcentração espacial, o que também

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