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5. RESULTADOS

5.2. RESULTADOS DA AMOSTRA COMPLETA

5.2.6. Resultados do Estudo Qualitativo

Esta seção apresenta os resultados obtidos na análise qualitativa desta dissertação viabilizada em visitas à área operacional e entrevistas com executivos responsáveis pela operação. O objetivo desta análise foi verificar o funcionamento dos terminais eficientes e ineficientes, comparar as ações realizadas pelos terminais e quais as decisões tomadas pelos executivos para melhorar a eficiência. Como já citado anteriormente, foram visitados quatro terminais de contêineres brasileiros: Tecon Rio Grande, Santos Brasil, Teconvi e Sepetiba Tecon.

Nas visitas aos terminais identificou-se que algumas variáveis possuem dependência de outras. A primeira situação refere-se ao número de guindastes e equipamentos de pátio utilizados: para cada guindaste usado na operação de um navio faz-se necessário (a quantidade varia para cada terminal) um número mínimo de equipamentos de pátio. Caso este número mínimo de equipamentos não seja respeitado, o guindaste não operará na velocidade máxima possível, gerando tempo ocioso e ineficiência operacional.

Outra relação entre variáveis é a dos equipamentos de pátio com a área do terminal. O tamanho do pátio e a maneira como os contêineres estão armazenados são muito importantes para a eficiência operacional. Todos os terminais visitados utilizam softwares de última geração, utilizados também nos maiores terminais do mundo. Estes softwares são responsáveis pelo planejamento e organização do pátio e eles visam diminuir ao máximo o número de movimentos com os contêineres e a distância a ser percorrida por estes ao serem retirados (contêineres de importação) ou carregados (contêineres de exportação) nos navios. Desta forma, quanto melhor organizados no pátio os contêineres estiverem, mais rápido serão feitas as movimentações e, assim, os equipamentos de pátio estarão liberados para carregarem outro contêiner. Vale salientar que o terminal Teconvi possui um problema de espaço bastante significativo, pois, como o pátio para armazenagem é pequeno, o terminal só recebe a carga para ser exportada poucos dias antes do navio chegar, contrariamente ao que acontece nos outros terminais, que começam a armazenar os contêineres até 15 dias antes da previsão de chegada do navio. Este problema do Teconvi tornou-se bastante evidente no dia da nossa visita: devido a um forte temporal, o canal de acesso estava fechado e, depois de dois dias de espera, alguns navios cancelaram suas escalas. Como o pátio do terminal já estava lotado de

contêineres para estes navios, não havia espaço para receber os contêineres dos novos navios que iriam chegar.

A maior dependência considerada pelos executivos foi sem dúvida o número de funcionários, pois em todos os terminais de contêineres do Mercosul é necessário um funcionário para operar os guindastes e os equipamentos de pátio. Cabe ressaltar que existem portos na Europa e Ásia que já estão utilizando equipamentos que dispensam pessoas na sua operação.

Procurou-se saber também, que ações administrativas e operacionais são estabelecidas para otimizar as variáveis do modelo e melhorar a eficiência dos inputs. Com relação ao berço, para melhorar a eficiência, segundo os executivos, é necessário um controle das escalas dos navios. Para isto, é importante o contato diário com os armadores para saber-se a posição em que os navios se encontram e o horário previsto para atracação no terminal. No caso de Sepetiba, que foi o terminal visitado com menor movimentação, existe maior flexibilidade de berço para atracação. Já no caso do Tecon Rio Grande e Teconvi, essa flexibilidade inexiste pois, como estes dois terminais possuem grande movimentação e apenas dois berços, a programação precisa ser respeitada para tentar evitar atrasos e prejuízos à operação.

Para melhorar a eficiência dos guindastes faz-se necessário treinar o operador para que ele realize as operações de maneira mais eficiente. Outro fator que influencia a eficiência dos guindastes é o tipo de navio que será operado. Conforme o porte do navio, deve-se selecionar o tipo de guindaste que a ele melhor se encaixe e que possua mais espaço para que a operação seja realizada eficientemente. No caso de navios grandes, o executivo do terminal Santos Brasil salientou que, para operar o navio mais rapidamente, pode-se utilizar um maior número de guindastes.

A eficiência do pátio pode ser melhorada, segundo os executivos, através do planejamento e controle dos contêineres. Nos quatro terminais visitados, como já salientado anteriormente, este planejamento é realizado com o auxilio de um software que distribui os contêineres no pátio de maneira a facilitar sua movimentação. Os executivos destacaram que quanto maior o pátio de armazenagem, menor será a pilha de contêineres e, assim, menor o número de movimentações a serem realizadas.

Nos quatro terminais visitados, os executivos declararam que os funcionários estão em constante treinamento, acreditando que a realização de cursos e treinamentos são importantes para manter os funcionários atualizados. No caso do Tecon Rio Grande, quando são

adquiridos novos equipamentos, normalmente importados de outros países, os funcionários viajam até as empresas para receberem os treinamentos adequados. Foi salientado que os operadores de guindastes foram treinados na Argentina e na Alemanha, e os operadores de um determinado tipo de equipamento de pátio foram treinados na Suécia.

Como salientado anteriormente, os equipamentos de pátio possuem uma grande dependência com o número de guindastes utilizados e com o planejamento do pátio. Desta forma, os executivos dos terminais buscam através do controle de localização dos contêineres uma forma de diminuir a distância a ser percorrida pelas máquinas, visando diminuir custos e melhorar a eficiência das operações.

Com relação aos outputs, os executivos dos terminais visitados foram questionados sobre como obter melhores resultados na movimentação de TEUs e de contêineres por hora por navio, sem aumentar os inputs. Nos quatro terminais, os executivos salientaram que a área comercial é a principal responsável pelo aumento na movimentação nos terminais. Isto se deve às ações comerciais realizadas, que buscam contratos de curto ou longo prazo com os terminais. Deve-se também levar em consideração a proximidade de alguns deles. Segundo os executivos, pode-se afirmar que os terminais do Uruguai, Argentina, Rio Grande do Sul e Santa Catarina competem entre si para serem escalados por determinadas Linhas. Visando diminuir o tempo da viagem e, conseqüentemente, ter um custo menor, os armadores muitas vezes escalam somente um terminal em cada região, normalmente aquele que oferece melhores vantagens operacionais e preço pelos serviços. Desta forma, a área comercial dos terminais está em contato constante com os armadores oferecendo propostas ou revendo contratos para adquirir novas escalas e, dessa forma, aumentar suas movimentações de contêineres.

Para melhorar a movimentação por hora por navio, os executivos informaram que, além dos equipamentos existentes nos terminais como guindastes, equipamentos de pátio e caminhões, o tipo do navio que está operando possui grande influência na eficiência das operações. Segundo os executivos, quanto maior o navio, mais rapidamente ele realiza as operações pois, com um maior espaço para operação, este tipo de navio possibilita utilizar maior número de guindastes. Na operação com navios menores, é possível utilizar somente um guindaste e, algumas vezes, até um guindaste menor tem que ser usado, o que, conseqüentemente, influência a eficiência operacional. Cabe salientar que, além do calado, os armadores também selecionam o tipo do navio que vai operar em uma determinada linha, levando em consideração o número de contêineres que serão movimentados nos terminais,

pois de nada adianta disponibilizar um navio grande para uma linha que não tem muita movimentação.

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