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Análise histórica

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Números de artigos através dos anos

Foram identificados 77 artigos em que os autores analisam as relações entre determinismo e behaviorismo radical. A primeira publicação detectada sobre o tema ocorreu em 1972 e a última em 2003 (ver anexo II para lista dos artigos).

A Figura 1 apresenta o número acumulado de artigos no período de 1972 a 2003. Durante este período, houve um crescimento do número de artigos publicados sobre o tema. Entre 1988 até 2001 houve um crescimento bastante acelerado das publicações sobre o tema. Durante este período foram publicados 62 dos 77 artigos coletados.

Figura 1. Número acumulado de artigos com respostas verbais de relacionar determinismo e behaviorismo radical por ano

0 6 12 18 24 30 36 42 48 54 60 66 72 78 19721973197419751976197719781979198019811982198319841985198619871988198919901991199219931994199519961997199819992000200120022003 Anos N ú m e ro acum u la do de textos About Behaviorism Selection by Consequences Recent Issues Upon Further Reflection

Em 1971 foi publicado o livro Beyond Freedom and Dignity. O início das publicações localizadas sobre o tema (1972) pode ter sido influenciada pelo livro. Depois de 1974 pode-se observar um aumento de publicações nos anos seguintes sobre

o tema que estagnaram entre 1979 e 1982. A partir de 1982, houve uma aceleração na curva, provavelmente influenciada pela publicação do artigo Selection by

Consequences, em 1981. A partir de 1988 até 2001 observa-se um grande aumento nas

publicações sobre o tema que pode estar relacionada com as publicações de Upon

Further Reflection em 1987 e Recent Issues em 1989. Vale relembrar que embora Upon Further Reflection e Recent Issues não constem como uma das obras mais referenciadas

de Skinner (ver Quadro 41), sua catalogação na lista de obras referenciadas foi feita através dos seus artigos separadamente. Apenas referências que não continham página nem capítulo permaneceram com os títulos dos livros.

A Figura 2 representa o número de artigos com respostas verbais de relacionar determinismo e behaviorismo radical por ano de publicação. A partir desta figura é possível observar a quantidade de textos publicados em cada ano. O ano em que ocorreu o maior número de publicações sobre o tema desta pesquisa foi 1993, com 12 publicações, seguido de 2001, com oito publicações. 1992, 1997 e 1998 tiveram seis publicações cada um.

Figura 2. Número de artigos com resposta verbal de relacionar behaviorismo radical e determinismo por ano de publicação

0 2 4 6 8 10 12 19721973197419751976197719781979198019811982198319841985198619871988198919901991199219931994199519961997199819992000200120022003 Anos N ú m e ro de ar tigos 37

Fontes de Publicação

Ter conhecimento sobre as fontes de publicações de um determinado tema (qualquer tema) pode revelar onde se concentram publicações sobre o mesmo, facilitando pesquisas futuras, e pode revelar quais leitores têm acesso à literatura em questão.

A Figura 3 indica o número de artigos com respostas verbais de relacionar determinismo e behaviorismo radical por fonte de publicação. Como é possível observar, há uma diversidade de fontes de publicação. The Behavior Analyst e Behavior

and Philosophy8 foram os periódicos que apresentaram maior número de publicações, 22 e 12 artigos, respectivamente. O livro Sobre Comportamento e Cognição apresentou sete artigos, seguido dos periódicos: The Psychological Record, com seis artigos,

American Psychologist e Psicologia: Teoria e Pesquisa, com cinco artigos cada.

Importante notar que, apesar da diversidade de fontes - 22 diferentes fontes de publicação - dois terços dos artigos coletados (57 artigos) foram publicados nas seis fontes mencionadas acima. Ainda vale ressaltar que as três primeiras fontes (The

Behavior Analyst, Behavior and Philosophy e Sobre Comportamento e Cognição), nas

quais foram publicados 41 dos 77 artigos, são fontes que publicam principalmente artigos de analistas do comportamento. Este dado parece indicar que a discussão do presente trabalho se concentra para um público de analistas do comportamento.

Apesar de a maioria dos textos ter sido publicada em fontes específicas de análise do comportamento, foram identificadas oito fontes específicas de psicologia que publicaram sobre o tema. Este dado mostra que esta discussão também se apresenta para um público de psicólogos em geral, não necessariamente analistas do comportamento. Há ainda um número pequeno de fontes de outras áreas, o que permite supor que,

embora de maneira tímida, a discussão sobe determinismo e behaviorismo radical atinge públicos de fora da psicologia, como filosofia e educação.

Figura 3. Número de artigos com respostas verbais de relacionar behaviorismo radical e determinismo por fontes de publicação

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 Fontes N ú m e ro de ar tigos Legenda da Figura 3 8

Até 1989 este periódico se chamava Behaviorism. Todos artigos publicados no Behaviorism foram contabilizados como pertencentes ao Behavior and Philosophy.

Ao perceber altas taxas de publicações em alguns anos específicos e poucos periódicos responsáveis por grande parte das publicações, resolveu-se verificar se estes dados poderiam estar, de alguma forma, correlacionados.

Dos 12 artigos publicados em 1993 (ver Figura 2), 9 foram publicados no The

Behavior Analyst (TBA), 6 no n. 1 e três no n. 2.

O número 1 do TBA de 1993 contém vários artigos diferentes. Cinco dos seis artigos publicados são reflexões sobre mecanicismo e contextualismo no behaviorismo radical, baseadas no texto Behavior Analysis and Mechanism: One Is Not the Other, de Edward K. Morris, artigo também publicado neste número. No n. 2 do TBA de 1993 aparece outro texto - Mechanism and Contextualism in Behavior Analysis: Just Some

Observations - de Edward K. Morris sobre mecanicismo e contextualismo, comentando

sobre as observações feitas pelos outros autores sobre seu texto inicial no número anterior. Os outros dois textos deste número também focam o debate entre contextualismo e mecanicismo no behaviorismo radical. Sendo assim, todos os nove artigos publicados no TBA, no ano de 1993, discutiram o tema do contextualismo x mecanicismo.

Dos seis artigos publicados em 1998 (ver Figura 2), cinco foram publicados no TBA na mesma edição (n.1). Quatro dos seis artigos publicados neste número são discussões sobre o artigo Why Skinner Is Difficult, escrito por Roy A. Moxley, também publicado nesta edição. A discussão dos textos gira em torno da afirmação feita por Moxley de que Skinner passou gradualmente de uma Psicologia S→R para a noção de que o comportamento é selecionado pelas conseqüências e que isso demonstra que Skinner abandonou o determinismo e favoreceu a variação randômica como base fundacional para a sua ciência. O sexto texto também é de autoria de Roy A. Moxley, no qual ele foca as considerações feitas pelos outros autores sobre seu primeiro artigo.

Autoria

Saber que autores publicam sobre um tema pode ser informação valiosa. Ela permite avaliar a quantidade de pesquisadores interessados em determinado tema, sendo um indicador indireto da importância do tema em questão para a comunidade científica a que o autor pertence. Também permite saber quais autores são pesquisadores ‘ativos’ da área, publicando com certa regularidade, e quais pesquisadores publicaram apenas um artigo. Além disso, certos tipos de respostas verbais sobre um tema podem ser emitidos por um grupo específico de autores, permitindo uma identificação de possíveis características da comunidade verbal. Por exemplo, Roy A. Moxley é autor da maioria dos textos que ao mesmo tempo apresentam respostas verbais de negar o determinismo e afastar o behaviorismo radical de noções causais mecanicistas (Moxley, 1996a, 1996b, 1997, 1998a, 1998b, 19999). W. Teed Rockwell também compartilha da opinião de Roy A. Moxley (Rockwell, 19949). Essa informação revela que apenas estes dois autores emitem respostas verbais nas quais as duas relações acima são identificadas. Além disso, dos 20 artigos que apresentam definições de determinismo como mecanicismo (ver tópico - definições de determinismo), 6 foram encontradas em artigos de Roy A. Moxley. Este autor também é o que mais realiza análises históricas sobre o tema.

Nos 77 artigos deste trabalho, 70 diferentes autores foram identificados, revelando uma grande diversidade de autores. Os autores que mais publicaram, dentre os textos analisados, foram: Roy. A Moxley, com 10 artigos; Edward K. Morris, com quatro artigos e Maria Amália P. A. Andery, com três artigos. Os demais autores tiveram duas ou menos publicações. Abaixo, no Quadro 10, é apresentada uma relação dos autores que tiveram duas ou mais publicações dentre os textos analisados (ver anexo V para lista completa dos autores com apenas uma publicação).

Quadro 10: Autores que tiveram dois ou mais artigos com resposta verbal de relacionar behaviorismo radical e determinismo localizados.

Autores Número de artigos

Roy A. Moxley 10

Edward K. Morris 4

Maria Amália P. A. Andery 3 Emilio Ribes-Iñesta 2

Jackson Marr 2

Jay Moore 2

Jon D. Ringen 2

Josele Abreu Rodrigues 2 Marcus Bentes de C. Neto 2 Maria Tereza de A. Silva 2

Mecca Chiesa 2

Nilza Micheletto 2

Tereza Maria A. P. Sério 2

Análise Histórica

Como já foi ressaltado na introdução, ao se analisar a posição de um autor sobre determinado tema é importante distinguir possíveis transformações no seu pensamento. Identificar diferentes momentos da obra de um autor é identificar, no tempo, mudanças em diferentes características do seu pensamento, possibilitando, inclusive, identificar diferentes variáveis controladoras do comportamento verbal do autor. Em outras

9

Referências completas dos textos e sua localização no banco de dados no anexo II. 42

palavras, através de análises históricas, é possível entender o desenvolvimento da posição de um autor sobre determinado tema, bem como identificar as características principais do seu pensamento (Micheletto 1997; Moxley 1998).

Dos 77 textos selecionados, 11 identificaram mudanças no trabalho de Skinner ao realizarem suas análises, como pode ser observado na Figura 4. É possível ainda observar que o número de análises históricas é bastante pequeno em relação ao número total de textos que analisam o tema deste trabalho. Eles representam cerca de 14% do total dos textos.

Este dado pode ser tomado como indicativo de que poucos autores explicitam em suas análises possíveis mudanças nas várias características que constituem o behaviorismo radical ao traçar relações com o determinismo. Em suma, poucos trabalhos apresentaram respostas verbais de relacionar determinismo e behaviorismo radical a partir da identificação de diferentes características e de suas possíveis mudanças no desenvolvimento do behaviorismo radical.

Figura 4. Número de artigos que apresentam respostas verbais de relacionar determinismo e behaviorismo radical a partir de análises históricas e não históricas.

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Análises não históricas Análises históricas

Definições de determinismo

As diversas concepções de determinismo encontradas nos textos analisados podem estar relacionadas às diferentes, e muitas vezes divergentes, relações estabelecidas entre determinismo e behaviorismo radical.

Não foram identificadas respostas verbais de definir determinismo em todos os artigos analisados. Dentre os 77 textos que apresentam respostas verbais de relacionar o behaviorismo radical e determinismo, 43 apresentam definições de determinismo. Estas definições foram classificadas em cinco grupos de acordo com suas características. Foram identificadas, em alguns textos, respostas verbais de definir determinismo que apresentavam características de mais de um grupo. Sendo assim, a soma do número de respostas verbais de definir determinismo nos cinco grupos ultrapassa o número total de textos (43) nos quais elas foram encontradas.

O primeiro grupo se refere a definições que relacionam determinismo com relação funcional. Negação do modelo causal mecanicista baseado em forças que ‘causariam’ o comportamento através de uma ação temporal contígua, linear e unidirecional. Afirmação da multideterminação do comportamento e ênfase na descrição de relações funcionais recíprocas e biunívocas entre eventos constituem as características principais deste grupo. Abaixo, exemplos nos Quadros 11 e 12.

Quadro 11: Exemplo de texto no qual a resposta verbal do autor de definir determinismo foi classificada como relação funcional.

TÍTULO: Radical Behaviorism and Scientific Frameworks - From Mechanistic to Relational Accounts

AUTORES: Mecca Chiesa

FONTE: American Psychologist. 1992. Vol: 41(11), 1287-1299

Resposta verbal da autora de definir determinismo: “Hoje a concepção científica de causação refere-se a eventos que ocorre, ‘como função’ de outros eventos e não em termos de ‘A exerce uma força em B’.” (p. 1289)

Quadro 12: Exemplo de texto no qual a resposta verbal do autor de definir determinismo foi classificada como relação funcional.

TÍTULO: Conceptions of Determinism in Radical Behaviorism: A taxonomy AUTORES: Brent D. Slife; Stephen C. Yanchar; Barnt Williams.

FONTE: Behavior and Philosophy. 1999. Vol: 27, 75-96.

Resposta verbal dos autores de definir determinismo: “A quarta e última categoria de determinismo refere-se à noção de interdependência funcional... Quando essa perspective é aplicada a análise do comportamento, o trabalho do behaviorista radical não é descobrir causação, mas descrever relações funcionais que ocorrem entre o organismo e seu ambiente... o vocabulário tradicional da ciência de ‘causa e efeito’ é abandonado nesta perspectiva.” (p. 92)

O segundo grupo consiste de definições que relacionam determinismo com o modelo de seleção por conseqüências. Este segundo grupo, assim como o primeiro, também se opõe a um modelo de causalidade mecânica e enfatiza a multideterminação

do comportamento. Variação, seleção e inter-relação de diferentes níveis de determinação (filogenético, ontogenético e cultural) do fenômeno comportamental são características fundamentais destas definições. Exemplos nos Quadros 13 e 14.

Quadro 13: Exemplo de texto no qual a resposta verbal do autor de definir determinismo foi classificada como seleção por conseqüências.

TÍTULO: Variação e Seleção: as novas possibilidades de compreensão do comportamento humano

AUTORES: Nilza Micheletto.

FONTE: Sobre Comportamento e Cognição. 1997. Vol: 1, 116-129.

Resposta verbal da autora de definir determinismo: “A seleção por conseqüências como um novo modelo que permite compreender a determinação do comportamento... envolve ambientes selecionadores e um organismo que age. A determinação do ambiente não é mecânica, e o organismo que age não é o iniciador... A seleção por conseqüências como um modelo causal destaca o caráter processual e histórico do comportamento, um processo com longas e diferentes extensões temporais, - da espécie, da vida do indivíduo e das práticas culturais - que envolve uma análise histórica integrada dos três níveis em que a seleção opera sobre o comportamento, tornando-o um objeto que se transforma como fruto de várias determinações ambientais inter-relacionadas... Ação, variação e seleção e, conseqüentemente, transformações são constitutivas dessa noção de determinação.” (p. 116, 120, 126, 127)

Quadro 14: Exemplo de texto no qual a resposta verbal do autor de definir determinismo foi classificada como seleção por conseqüências.

TÍTULO: Adaptation, Teleology, and Selection by Consequences AUTORES: Jon D. Ringen

FONTE: Journal of the Experimental Analysis of Behavior. 1993. Vol: 60 (1), 3-15.

Resposta verbal do autor de definir determinismo: “… um modelo causal distinto que ele [Skinner] nomeou de seleção por conseqüências... Embora a geração de variação, o processo de seleção, e a interação entre variação e seleção sejam todos atualmente entendidos, como processos causais eficientes, é muito claro que os processos de seleção não são mecanicistas. Sistemas mecanicistas são regidos unicamente por princípios que fazem de estados posteriores uma função temporalmente próxima de estados antecedentes. Princípios da seleção entendem estados atuais como função de conseqüências passadas específicas de estados ainda mais anteriores.” (p. 3, 8)

O terceiro grupo de definições se refere a concepções mecânicas de determinismo, ou seja, concepções que se baseiam na ação de forças invariáveis e necessárias que atuariam unidirecional, linear e contiguamente no fenômeno em questão. O reflexo é um exemplo, apresentado algumas vezes pelos autores, desta relação invariável de necessidade, no qual uma força (estímulo eliciador) desencadearia a ação (resposta reflexa). A despeito de outras condições, sem o estímulo eliciador não há resposta. Negação de forças ocultas sobrenaturais que determinam o comportamento, afirmação de uma realidade imutável independente do sujeito que se comporta e critério de verdade do conhecimento como correspondência ao objeto constituem características encontradas neste grupo de definições. Abaixo, nos Quadros 15 e 16, encontram-se dois exemplos.

Quadro 15: Exemplo de texto no qual a resposta verbal do autor de definir determinismo foi classificada como mecanicista.

TÍTULO: Contextualism: The World View of Behavior Analysis AUTORES: Edward K. Morris

FONTE: Journal of the Experimental Child Psychology. 1988. Vol: 46, 289-323.

Resposta verbal de definir determinismo: “De acordo com a visão de mundo mecanicista… na causação os elementos são entendidos como agindo um sobre o outro como fazem as forças físicas. Os resultados são conexões tipo ‘corrente’ [chain-like connection] ou seqüências entre estímulos e respostas. Causação flui do estímulo para a resposta de uma maneira que é imediata, contígua e eficiente. O critério de verdade destes mecanismos causais é a correspondência: dado que conhecimento no mecanicismo é conhecimento sobre a natureza de uma ontologia realista, a verdade deste conhecimento é descoberta nas correspondências entre propriedades da atividade da máquina ou em previsões entre o que é dito sobre máquinas (ex. hipóteses) e como essas máquinas operam (ex. confirmações).” (p. 299)

Quadro 16: Exemplo de texto no qual a resposta verbal do autor de definir determinismo foi classificada como mecanicista.

TÍTULO: Behavior Analysis and Mechanism: One is not the other AUTORES: Edward K. Morris

FONTE: The Behavior Analyst. 1993. Vol: 16, 25-43.

Resposta verbal do autor de definir determinismo: “John Malone (1990) define mecanicismo como...‘suposição de que explicações não devem se referir a agentes externos, como demônios ou forças vitais' (p.53). Dito de outra maneira, explicações de fenômenos naturais não podem se referir a agentes sobrenaturais, ou seja, agentes externos à natureza. Como Malone (1990) observou, ‘isso é que é entendido como determinismo na ciência’ (p.45).” (p. 26)

O quarto grupo refere-se a definições de determinismo que negam ou rejeitam qualquer tipo de afirmação sobre a realidade, isentando-se, desta forma, de fazer qualquer afirmação sobre a realidade da natureza. Para este grupo de definições a aplicação do método científico permite ‘descobrir’ regularidades no comportamento, mas isso não significa afirmar que o comportamento não seja um fenômeno indeterminado, pois este grupo de definições isenta-se de fazer afirmações sobre a natureza do seu objeto de estudo. Este grupo foi chamado de ‘determinismo metodológico’. Este termo não é original e é usado por outros autores. Baldwin (1988), por exemplo, usa o termo determinismo metodológico, como pode ser visto no Quadro 18. A seguir dois exemplos deste grupo de definições nos Quadros 17 e 18.

Quadro 17: Exemplo de texto no qual a resposta verbal do autor de definir determinismo foi classificada como determinismo metodológico.

TÍTULO: Conceptions of Determinism in Radical Behaviorism: A taxonomy AUTORES: Brent D. Slife; Stephen C. Yanchar; Barnt Williams.

FONTE: Behavior and Philosophy. 1999. Vol: 27, 75-96.

Resposta verbal dos autores de definir determinismo: “Deterministas científicos distinguem os resultados dos seus métodos de afirmações metafísicas sobre a realidade. Eles acreditam que o mundo é melhor estudado através da aplicação cuidadosa do método científico. Previsão exata pode ser resultado deste estudo sistemático, na medida em que tendências históricas são usadas para antecipar respostas ainda não evocadas de um organismo. Entretanto, essas pressuposições (ex. previsibilidade) são puramente metodológicas para um determinista científico; elas são inerentes ao método científico e ao seu uso, e não precisam ser estendidas para a realidade por si mesma.” (p. 85)

Quadro 18: Exemplo de texto no qual a resposta verbal do autor de definir determinismo foi classificada como determinismo metodológico.

TÍTULO: Mead and Skinner: Agency and Determinism AUTORES: John D. Baldwin

FONTE: Behaviorism. 1988. Vol: 16 (2), 109-127.

Resposta verbal do autor de definir determinismo: “... determinismo metodológico como uma perspectiva que concentra seus esforços em descobrir regularidades na natureza... No entanto, determinismo metodológico afirma apenas que vale a pena procurar por leis aqui, não que elas existem com certeza aqui, e certamente não que elas necessariamente existem sempre e em qualquer lugar (Kaplan, 1964, p. 124).” (p.112)

O quinto e último grupo foi classificado como ‘outros’, composto por definições com características diversas. Referência a modelos causais teleológicos e afirmação do comportamento como objeto de estudo próprio são exemplos de características das definições deste grupo. Nos Quadros 19 e 20, seguem dois exemplos deste grupo.

Quadro 19: Exemplo de texto no qual a resposta verbal do autor de definir determinismo foi classificada como ‘outros’.

TÍTULO: Behavioral Determinism: A Strategic Assumption? AUTORES: Howard H. Kendler.

FONTE: American Psychologist. 1988. Vol: 43(10), 822-823.

Resposta verbal do autor de definir determinismo: “… Eu rotulo de determinismo comportamental a consideração do ‘comportamento... como objeto de estudo no seu próprio direito’ (Skinner, 1987, p. 780).” (p. 822)

Quadro 20: Exemplo de texto no qual a resposta verbal do autor de definir determinismo foi classificada como ‘outros’.

TÍTULO: Comments About Morris's Paper AUTORES: Hayne W. Reese

FONTE: The Behavior Analyst. 1993. Vol: 16(1), 67-74.

Resposta verbal do autor de definir determinismo: "Determinismo é uma suposição ontológica quando se refere à natureza das relações de causa e efeito e é uma suposição epistemológica quando se refere à explicação. Epistemologicamente é uma negação da causalidade finalista e do acaso [final and chance causality], mas ela não requer uma negação dos antecedentes não materiais assumidos no mecanicismo teleológico e em versões do ‘idealismo objetivo’..." (p. 68, 69)

A seguir é apresentado na Figura 5 o número de artigos em que foram identificadas respostas verbais de definir determinismo por grupo classificatório.

Figura 5. Número de artigos que apresentam respostas verbais de definir determinismo por grupo classificatório.

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

Relação Funcional Seleção por Conseqüências Mecanicismo Determinismo Metodológico

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