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Detectar Salmonella nos animais que chegam ao frigorífico significa um fator de risco, mas não pode ser interpretada como um índice de contaminação do produto final. Entretanto, quanto maior for o índice de animais que chegarem portadores e/ou excretores de Salmonella no momento de abate, maior será a dificuldade de controlar os pontos críticos na indústria (BESSA et al., 2004). Devido ao estresse do transporte até o abatedouro, esses animais poderiam excretar Salmonella nas fezes, contaminando outros suínos, que passariam a ser positivos no conteúdo intestinal e nas tonsilas (MORROW et al., 2000).

Das 200 amostras analisadas, 23 (11,5%) amostras apresentaram presença de Samonella valor inferior ao encontrado por Silva et al. (2009) que encontrou uma prevalência de 16,6% de Salmonella

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em suínos ao abate. As 23 amostras positivas eram divididas em 3 (7,5%) do P1, 8 (20%) P2, 1 (2,5%) P3, 10 (25%) P4 e 1 (2,5%) P5 conforme tabela 1.

Tabela 1. Presença de Salmonella e percentual obtido nas amostras coletas em relação ao ponto de coleta.

Pontos de coleta Nº de amostras Nº de isolados %

P1 40 03 7,5 P2 40 08 20 P3 40 01 2,5 P4 40 10 25 P5 40 01 2,5 Total 200 23 11,5

Nº= Número; %= Percentual; P1= conteúdo retal; P2= pele após escaldagem e depilação; P3= face interna de carcaça após evisceração; P4= conteúdo cecal; P5= pele após chuveiro final.

Nas amostras provenientes da pele após escaldagem e depilação foram encontradas 8 amostras contaminadas, valor superior ao encontrado por Seixas et al (2009) que foi de uma amostra. De acordo com GIL & BRYANT (1993), os equipamentos de depilação podem ser contaminados por microrganismos fecais, entre eles Salmonella presente na pele de alguns animais. Uma vez contaminados, podem transferir a bactéria cruzadamente para outras carcaças durante o processo de remoção das cerdas, pois não há higienização do equipamento entre a passagem de cada carcaça.

Uma amostra (2,5%) positiva foi isolada da pele após o chuveiro final, valor menor que o encontrado por GAMARRA (2007) que foi de (6,25%). Também uma (2,5%) foi isolada de swab da região interna da carcaça após a evisceração, valor inferior ao encontrado por LIMA et al. (2004) que foi de (16,7%). De acordo com SEIXAS et al. (2009), o isolamento após evisceração e após a lavagem das carcaças indica que pode ter ocorrido contaminação da carcaça no momento da evisceração com conteúdo fecal do próprio animal ou por contaminação cruzada através de facas e/ou mãos do funcionário responsável pela evisceração.

Dez amostras (25%) positivas de conteúdo cecal, mesmo menor que o encontrado por CASTAGNA et al. (2004) que foi (55,5%), caracteriza um risco potencial de contaminação a outros animais e/ou a carcaças durante os procedimentos de abate. ROSTAGNO et al. (2003) relatam a importância da contaminação cruzada de animais negativos que chegam ao frigorífico a partir de animais portadores que estão excretando Salmonella nas fezes. O isolamento de Salmonella, após a evisceração, pode ser atribuído a esse procedimento, sendo considerado um dos principais fatores de risco para a contaminação de carcaças com enteropatógenos LIMA et al. (2004).

De acordo com (CLSI, 2007), os padrões de suscetibilidade das cepas isoladas frente aos antibióticos Ampicilina, Gentamicina, Estreptomicina, Tetraciclina, Norfloxacina e Trimetropim pode ser vista na tabela 2.

Tabela 2. Suscetibilidade aos antimicrobianos das cepas isoladas. Sucetibilidade Antimicrobianos

AMP TET GEN NOR EST TRI NEO

S 13,05% 0% 26,08% 56,52 4,34% 0% 0%

I 0% 0% 4,34% 17,39% 30,43% 0% 82,61%

R 86,95% 100% 69,56% 26,08% 65,21% 100% 17,39% S= sensível; I= resistência intermediária; R= resistente; %= percentual; AMP= ampicilina; TET= tetraciclina; GEN= gentamicina; NOR= norfloxacina; EST= estreptomicina; TRI= trimetropim e NEO= neomicina.

Dos 23 isolados testados frente aos antimicrobianos, 20 deles apresentaram resistência a Ampicilina, Trimetropim e Tetraciclina, antibióticos largamente usados na cadeia suinícola. Ribeiro et al. (2006) encontrou resistência de 100% para estreptomicina, tetraciclina e trimetropim. Em contrapartida, todas as cepas testadas foram sensíveis a norfloxacina, gentamicina, ampicilina. (GUERRA, 2011) encontrou índices de resistência de 61,5% para tetraciclina e 9,4% para gentamicina. Já (MENIN et al. 2008) encontraram valor de resistência a Tetraciclina de 42,1 % de seus isolados.

Em um estudo realizado em Santa Catarina, com 582 isolados de Salmonella de granjas de terminação e frigorífico, a tetraciclina também mostrou resistência elevada 78,9% (KICH et al., 2006). Bahson & Fedorka-Cray (1999) demonstraram estatisticamente a relação existente entre a utilização de tetraciclina na fase final de crescimento e o isolamento de amostras de Salmonella resistentes a partir de conteúdo intestinal e linfonodos dos animais ao abate. Castagna et al. (2001) encontraram 20,42% de resistência para Ampicilina, valor bem inferior ao encontrado no presente estudo que foi de 86,95%.

Neste estudo também foi encontrada uma elevada resistência para gentamicina que foi de 69,56% e valores mais baixo para norfloxacino 26,08% e neomicina 17,39%, diferente de valores encontrados por outros autores. Menin et al. (2008) encontrou quanto às amostras de Salmonella spp., isoladas freqüência de resistência à gentamicina (3,5%), tetraciclina (42,1%) e norfloxacina (39,3%). Resultados de sensibilidade semelhantes foram descritos para os antimicrobianos, gentamicina (2%) e neomicina (4%), em estudo avaliando a resistência a antimicrobianos de diferentes sorovares de Salmonella spp. isoladas de suínos portadores, por ocasião do abate (CASTAGNA et al., 2001).

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CONCLUSÕES

A identificação de suínos portadores de Salmonella no pré-abate mostra que esses animais sofreram uma infecção prévia na granja e podem introduzir o microrganismo no frigorífico con- taminando a linha de abate.

Os isolamento de Salmonella observado na carcaças durante os processos de abate indicam a possibilidade de essa bactéria contaminar os produtos produzidos com carne suína e, conseqüentemente, o consumidor.

Foi encontrado um alto número de isolados com multirresistência a antimicrobianos, o que indica a necessidade de um maior controle dos antimicrobianos utilizados na granja, para minimizar o risco de seleção e transmissão de linhagens resistentes. O aumento da resistência à antibióticos mediante alimentos de origem animal representa risco grave a saúde pública.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo apoio financeiro para execução do projeto e pela bolsa de mestrado de G.B.M e as de doutorado de T.P.F e S.V.M.

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3.3 Artigo 3

Principais causas de descarte em búfalos abatidos no estado do Rio Grande do Sul, Brasil

Gilmar Batista Machado; Sandra Vieira de Moura; Diego Viedo Facin; Valmor Lansini; Éverton Fagonde da Silva

Principais causas de descarte em búfalos abatidos no estado do Rio Grande do Sul, Brasil Main causes of disposal in buffaloes slaughtered in Rio Grande do Sul state, Brazil

G.B. Machado1*; S.V. Moura1; T.P. Fortes1; D.V. Facin2; V. Lansini2; É.F. Silva1

1

Programa de Pós-graduação em Veterinária, Faculdade de Veterinária da Universidade Federal de Pelotas, RS

2

Coordenadoria de Inspeção de Produtos de Origem Animal (CISPOA), Pelotas, RS *

gilmar.machado84@hotmail.com

RESUMO

O Brasil possui um rebanho de búfalos com aproximadamente um milhão e quinhentos mil cabeças, tornando a criação brasileira como uma das mais expressivas no mundo. No Rio Grande do Sul (RS), a bubalinocultura de corte vem crescendo nos últimos anos, principalmente pela precocidade dos animais e pela qualidade da carne. A inspeção post-

mortem de órgãos e carcaças é fundamental no processo de triagem de animais e da carne para

o consumo humano. Assim, o presente trabalho objetivou analisar e discutir as principais causas de condenação de órgãos e carcaças encontradas durante a inspeção post-mortem de bubalinos em abatedouros de inspeção estadual no RS, no período entre janeiro e dezembro de 2010. Foram inspecionados 5.614 bubalinos pelas técnicas de exame visual, palpação e incisão de órgãos, realizadas conforme a legislação brasileira. A principal causa de condenação de órgãos foi a congestão de rins e pulmões, seguida por nefrite. Entre as doenças infecciosas e parasitárias, a mais frequente foi a fasciolose (6,16%), seguida pela hidatidose (4,11%), actinobacilose (0,50%), cisticercose (0,43%) e tuberculose (0,02%). Após análise dos resultados, pode-se concluir que a fasciolose e hidatidose são importantes causas de condenação no RS. Entretanto, outras causas de condenação devem ser consideradas e estudadas.

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ABSTRACT

Brazil has a buffalo population amounts about 1.5 million of heads, making the Brazilian creation as one of the most expressive in the world. In Rio Grande do Sul (RS) state, the beef buffalo exploitation has increased in recent years, mainly of precocity of animals and the a high quality meat. Post-mortem inspection of organs and carcasses is part of the wider process of screening for animals and meat for human consumption. Thus, this study aimed to analyze and discuss the main causes of condemnation of organs and carcasses from buffaloes slaughtered under Estadual inspection between January and December 2010. A total of 5,614 buffaloes were slaughtered and post-mortem routine procedures were carried out by viewing, palpation and incision in accordance with Brazilian regulation. The main cause of viscera condemnation was kidney and lung congestion, followed by nephritis. Among the infectious and parasitic diseases, the most frequent was the fascioliasis (6.16%), followed by hydatidosis (4.11%), actinobacillosis (0.50%), cysticercosis (0.43%), and tuberculosis (0.02%). According to results, fascioliasis and hydatidosis are important causes of condemnation in the RS. However, other causes of condemnation should be considered and studied.

KEY WORDS: Meat, Carcasses, Zoonosis, Inspection, Public Health

INTRODUÇÃO

O rebanho de búfalos no mundo é cerca de 194 milhões de cabeças distribuídas em 96% na Ásia, 3% na África e 1% na Europa e América Latina, sendo que na última década, a população mundial de búfalos cresceu 12,5% (FAO, 2010). Atualmente, o Brasil possui um rebanho de aproximadamente um milhão e quinhentos mil cabeças, tornando a criação de búfalos brasileira como uma das mais expressivas no mundo (FAO, 2010). No Rio Grande do Sul, a bubalinocultura de corte vem crescendo nos últimos anos, principalmente pela precocidade dos animais e a oferta de uma carne de qualidade diferenciada.

Os bubalinos são considerados animais versáteis, sendo explorados de forma sustentável até mesmo em ambientes inóspitos para outras atividades pecuárias (Damé, 2009). Desde a última década, a bubalinocultura de corte brasileira vem ocupando um importante espaço no cenário nacional, principalmente em razão de sua rusticidade, pois podem apresentar uma melhor produtividade do que os bovinos em propriedades onde o solo e as pastagens possuem pior qualidade (Vaz et al., 2003). Em sistemas de confinamento, os quais

utilizam dietas com rações balanceadas, pode ser observado um maior ganho diário de peso e uma redução da idade de abate, refletindo positivamente sobre as características qualitativas e quantitativas da carcaça e da carne de bubalinos em comparação aos bovinos (Vaz et al., 2003). Além disso, o investimento no melhoramento genético dos búfalos brasileiros pode resultar em animais ainda mais precoces e carcaças com melhores rendimentos (Jorge, 2005).

Apesar das semelhanças zootécnicas entre bubalinos e bovinos, existem algumas peculiaridades que devem ser levadas em consideração quanto à sanidade dos animais. De uma maneira geral, os bubalinos podem ser acometidos elas mesmas enfermidades que os bovinos, no entanto, os búfalos podem apresentar maior resistência a algumas enfermidades comuns aos demais ruminantes (Damé, 2009). No entanto, estudos demonstram que durante a inspeção post-mortem de órgãos e carcaças de bubalinos, a existência de lesões típicas de doenças infecciosas e parasitárias, como a tuberculose, cisticercose, fasciolose, e hidatidose, as quais são importantes zoonoses e problemas sérios de saúde pública no Brasil (Freitas et

al., 1997). Além disso, inúmeras outras causas podem acarretar prejuízos econômicos devido

ao descarte de órgãos e carcaças. Neste contexto, o objetivo do presente trabalho foi descrever as principais causas de condenação de órgãos de bubalinos no Estado do Rio Grande do Sul no ano de 2010.

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