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RESULTADOS E DISCUSSÃO

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Observou-se a formação de sete diferentes padrões de polimorfismos para o gene avaliado, a saber: A; B; C; D; E; F; G. O rebanho Holandês apresentou os padrões A, B, C, D, E enquanto no rebanho Girolando os padrões observados foram B, D, E, F e G (Figura 1).

Figura 1- Padrões de digestão para identificação dos polimorfismos do gene HSP-70.1 em rebanhos leiteiros Holandês e Girolando (5/8 H-G) no Estado de Pernambuco.

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As estatísticas descritivas para produção de leite estão sumarizadas na Tabela 1, e para os dados climáticos na Figura 2.

Tabela 1- Estatísticas descritivas para produção de leite em bovinos Holandês e Girolando, segundo o polimorfismo do gene HSP-70.1. Polimorfismos Raça Estatística A B C D E F G Holandês Mínimo 6,40 3,00 8,00 2,00 3,30 Média 22,50 21,02 20,42 20,82 20,83 Máximo 36,00 51,60 35,40 50,80 49,80 Desv. Padrão 5,30 7,82 5,24 8,47 7,10 Coef. Var. 23,50 37,10 25,66 40,68 34,01 Girolando Mínimo 4,00 2,80 1,00 2,40 1,00 Média 8,49 9,30 9,39 9,13 8,65 Máximo 18,00 19,00 37,40 21,00 22,80 Desv. Padrão 2,62 3,28 5,24 3,40 4,30 Coef. Var. 30,90 35,33 55,86 37,24 49,72

Figura 2- Médias climáticas de precipitação, temperatura e umidade nas cidades de São Bento do Una (A) e Arcoverde (B) entre os anos de 2006 a 2014.

A análise de variância demonstrou a significância dos efeitos sobre a variável produção de leite (Tabela 2), e foram observadas diferenças de produção em função dos padrões para ambos os rebanhos (Tabela 3).

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Tabela 2- Análise de variância para os efeitos do padrão genético (polimorfismo) e variáveis climáticas sobre a produção de leite (l/dia).

Holandês Girolando

Fatores F calculado P > F F calculado P > F

Padrão 12,59 <0,0001 3,24 0,0117 Ano 17,10 <0,0001 39,60 <0,0001 Mês 7,77 <0,0001 0,65 0,7910 Ano*Mês 4,40 <0,0001 2,10 <0,0001 Precipitação 0,17 0,6762 0,01 0,9162 Temperatura 0,74 0,3914 2,89 0,0891 Umidade 1,29 0,2555 2,03 0,1541

Tabela 3- Médias produtivas (l/dia) para os padrões do gene HSP-70.1 em rebanho leiteiro

Holandês e Girolando, no estado de

Pernambuco.

Padrão Holandês Girolando

A 24,35ª B 17,64b 8,50b C 23,06ª D 18,74b 9,31ª E 17,22b 9,40ª F 9,15ab G 8,65ab

*Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si, pelo teste t (LSD) a 5% de probabilidade.

Entre os padrões apresentados apenas três: B, D e E foram compartilhados entre os rebanhos. De acordo com as estatísticas descritivas, as maiores médias de produção foram obtidas pelos animais que apresentaram o padrão A no rebanho Holandês, e padrão E no rebanho Girolando (Tabela1), entretanto grandes diferenças são observadas entre as médias dos rebanhos o que possivelmente ocorre em função das diferenças raciais, visto que a raça Holandesa é especializada em produção de leite (ZANELA et al., 2006), assim como em função das condições climáticas apresentadas pelos locais onde os animais estão submetidos. Para obter-se incremento de produtividade em regiões que apresentam temperaturas elevadas, se faz necessário, além da utilização de genótipos mais produtivos, o oferecimento de um ambiente compatível com o requerimento do animal (FAÇANHA et al., 2013).

Apesar de ambas as cidades pertencerem à região semiárida brasileira, a cidade de São Bento do Una se encontra na mesorregião Agreste Meridional e apresenta condições climáticas mais amenas quando comparadas à cidade de Arcoverde, situada na mesorregião

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do Sertão do Moxotó. Segundo Azevedo et al (2005) a zona de termoneutralidade para bovinos leiteiros situa-se entre 5 e 25°C, com isso, torna-se evidente o nível de estresse ao qual o rebanho Girolando estava sendo submetido, visto que temperaturas superiores ao nível critico indicado pela literatura são observadas em boa parte do ano, além dos elevados valores de umidade relativa do ar e ínfimas médias de precipitação.

Os resultados da análise de variância demonstraram que o efeito dos polimorfismos apresentou maior relevância para o rebanho Holandês (P < 0,0001), apesar deste também influenciar os níveis produtivos dos animais Girolando (P < 0,0117) o que provavelmente ocorre em função da origem genética das raças. Os bovinos taurinos evoluíram em clima temperado e não foram expostos aos desafios presentes nas regiões tropicais, enquanto os zebuínos evoluíram nos trópicos na presença de elevadas cargas de calor resultando em raças que possuem boa adaptação ao estresse térmico (JORGE, 2013).

As variáveis climáticas não apresentaram influência para os rebanhos, visto que estes já possuem algumas décadas de seleção, enquanto os efeitos dos fatores ano, mês e a interação ano * mês foram significativos para ambos os rebanhos. Apesar das condições climáticas divergirem entre as mesorregiões do Estado, quando ocorrem longos períodos de estiagens, seus efeitos causam transtornos para toda a região e desencadeiam consequências severas que influenciam diretamente no manejo alimentar adotado nas propriedades, sendo a acentuada redução na oferta e qualidade da forragem durante as estações secas o fator determinante para redução dos níveis produtivos (SILVA et al. 2010).

Ao realizar-se o teste de comparação múltipla de médias, diferenças significativas para a variável produção de leite foram observadas em função dos padrões apresentados, para ambos os rebanhos (Tabela 3). Nos animais provenientes de São Bento do Una, os padrões A e C foram superiores e mostraram-se estatisticamente diferentes dos demais padrões observados nesse rebanho. Em contrapartida, nos animais Girolando foram os padrões E e D que destacaram-se apesar destes, não apresentarem diferenças significativas frente aos padrões F e G. Nesse rebanho as médias de produção para os polimorfismos do gene HSP- 70.1 apresentaram-se mais uniformes, porventura o manejo conduzido neste rebanho que não apresenta nenhum artificio para redução do estresse térmico dos animais possa ter colaborado com os resultados apresentados.

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CONCLUSÕES

O gene HSP-70.1 apresentou polimorfismos comuns entre as raças Holandesa e Girolando, entretanto polimorfismos particulares também foram observados.

Os rebanhos avaliados apresentaram padrões de polimorfismos superiores diferentes, no entanto ambos podem ser utilizados como indicadores de termotolerância desde que sejam levadas em consideração as diferenças raciais assim como as condições climáticas apresentadas na região onde os animais estejam localizados.

A fixação da característica de termotolerância vem a apoiar a elevação do padrão racial dos rebanhos, e possibilita a exploração leiteira regional.

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REFERÊNCIAS

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Zootecnia, v. 34, p. 2000-2008, dec. 2005.

BASIRICO, L. et al. Cellular thermotolerance is associated with heat shock protein 70.1 genetic polymorphisms in Holstein lactating cows. Cell Stress and Chaperones, v. 16, p. 441–448, jan. 2011

BECKHAM, J.T. et al. Assessment of cellular response to thermal laser injury through bioluminescence imaging of heat shock protein. Photochemistry and Photobiology, v. 79, p.76-85, jan 2004.

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FAÇANHA, D. A.E. et al. Tendências metodológicas para avalilação da adaptabilidade ao ambiente tropical. Revista Brasileira de Saúde e Produção Animal, v. 14, p. 91-103, mar. 2013.

JORGE, W. A genômica bovina – Origem e evolução de taurinos e zebuínos. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v. 20, p. 217-237, jun. 2013.

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ROSENKRANS Jr. et al. Calving traits of crossbred Brahman cows are associated with heat shock protein 70 genetic polymorphisms. Animal Reproduction Science, v. 119, p.178-182, feb. 2010.

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SILVA, T.G.F. et al. Cenários de mudanças climáticas e seus impactos na produção leiteira em estados nordestinos. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v. 14, p.863-870, mar. 2010.

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