Os isolados em que foi detectada a enzima pectinase pertencem às espécies K.
marxianus, P. ohmeri e S. cerevisiae (Tabela 1).
De acordo com Oliveira et al. (2006), os tamanhos dos halos em placas não são necessariamente uma indicação dos níveis de atividade pectinolítica secretadas no meio líquido. Porém em nossa pesquisa, o tamanho do halo e a melhor atividade enzimática estão correlacoionados.
No caldo YPA, apenas um isolado de levedura secretou poligalacturonase, a qual apresentou atividade 0.26mg/mL de ácido poligalacturônico por min-1. K. marxianus URM4405 foi o isolado que apresentou a mais forte da atividade pectinolítica em placas de meio contendo pectina cítrica, com halos em torno das colônias, medindo de 11-13 mm.
Os dois isolados de S. cerevisiae testados (URM1460, URM5107) e um de P. ohmeri URM4417 mostraram atividade pectinolítica significativamente mais fraca com diâmetros de halos em torno das colônias medindo de 2,6-4,3 mm. A figura 1 ilustra a atividade de degradação de pectina em K. marxianus URM4405, indicado por um halo transparente de atividade pectinase contra um fundo vermelho-púrpura contrastado pela adição de vermelho congo.
Pectina liase (Figura 2) e pectina esterase (Figura 3) foram produzidas pelas quatro as leveduras selecionadas após ensaio qualitativo. Autores relatam que a enzima pectinolítica mais comum encontrada em leveduras é PG (Barbny et al 1990, Blanco et al 1994, Schwan et al 1997, Radoi et al 2005). No entanto, em vários casos, outras enzimas
pectinolíticas foram detectadas em leveduras, tais como a pectina esterase e pectina liase, sendo a primeira secretada por linhagem de S. cerevisiae isoladas de vinho (Gainvors et al 1994) e a segunda encontrada em isolados de Rhodotorula spp, utilizadas para amolecimento de azeitonas em pesquisas realizada por Vaughn et al. (1969).
No presente estudo, a atividade de PG foi secretada apenas por K. marxianus URM4405, o que indica que essa levedura foi capaz de utilizar ácido poligalacturônico como única fonte de carbono. Blanco et al. (1999) relata que a produção de PG em S.
cerevisiae é afetada pela quantidade de oxigênio dissolvido, dependendo da cepa. O efeito
repressivo devido à glicose em PG de K. marxianus é bastante evidente quando a concentração de açúcar no meio é cerca de 10%. A contradição entre os resultados encontrados em nossa pesquisa com os de outros autores (Gainvors et al. 1994) pode ser explicada por diferenças na metodologia empregada para detecção das enzimas em cada caso.
A partir do presente estudo, pode-se observar que diferenças significativas nas quantidades de enzimas pectinolíticas secretadas foram encontrados entre as espécies de leveduras, bem como entre isolados de uma mesma espécie.
Além de sua capacidade de secretar PG, o isolado K. marxianus URM4405 foi capaz de produzir PL com 0,08 mmol / mL e PE com 65 mU / mL, sendo fortemente indicado para aplicação em indústrias alimentícias.
AGRADECIMENTOS
Gostaríamos de agradecer à Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (FACEPE), CNPq (Processo RENNEBRA) e CAPES pelo apoio financeiro.
ABSTRACT
The aim of this study was to report the pectinolytic activity in some yeast. Sixteen yeast strains isolated from agro-industrial residues were evaluated for their ability to produce pectinolytic enzymes and four were able to produce the different enzymes of the pectinolytic complex. Only one yeast strain was found to secrete polygalacturonase. All secreted considerable amounts of pectin lyase and pectin esterase. Kluyveromyces marxianus URM4405 had the ability to secrete pectin lyase, pectin esterase and polygalacturonase. Based on the results we conclude that yeasts such as K. marxianus URM4405 have a great potential for the production of pectinolytic enzymes with great importance for application in food industries.
Key words: Pectinase; Polygalacturonase; Pectinesterase; Pectin lyase; Yeasts.
REFERÊNCIAS
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Figura 1. Atividade pectinolítica evidenciada por halo formado em torno do crescimento da levedura em Kluyveromyces marxianus URM4405.
Figura 2. Atividade pectina liase (PL) por leveduras cultivadas em meio de pectina cítrica.
URM4405 URM4417 URM1460 URM5107
0,07 0,08 0,09 0,10 0,11 0,12 A tiv id a d e P L ( m M ) Leveduras
URM4417 URM5107 URM1460 URM4405 0,9 1,0 1,1 1,2 1,3 1,4 1,5 1,6 1,7 A ti v id a de P E ( m U /m L ) Leveduras
Figura 3. Atividade pectina esterase (PE) de leveduras cultivadas em meio de pectina cítrica.
Tabela 1. Seleção para atividade pectinase por espécies de leveduras. Espécies Número URM Fonte de Isolamento Atividade Pectinase
Candida lipolytica 1120 Não informado -
C. peltata 4681 Leite de vaca -
Kluyveromyces marxianus 4404 Não informado -
K. marxianus 4405 Não informado +
K. polysporus 1283 Não informado -
Pichia barkeri 4792 Mandioca -
P. minuta 4788 Mandioca -
P.ohmeri 4417 Cana de açúcar +
Rodhotorula glutinis 5092 Não informado -
R. glutinis 3961 Polpa de acerola -
R. glutinis 944 Não informado -
R. glutinis 1348 Não informado -
Saccharomyces cerevisiae 1460 Não informado +
S. cerevisiae 2659 Não informado -
S. cerevisiae 2690 Não informado -
S. cerevisiae 5107 Cana de açúcar +