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Materiais e Métodos

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os núcleos tiazolidínicos e imidazolidínicos, têm-se revelado nos últimos anos excelente núcleos para o desenvolvimento de novos fármacos com capacidade de múltiplas atividades biológicas como antimicrobiana, anticonvulsivante, esquistossomicida, entre outras (CATERINA et al, 2008; OLIVEIRA e SILVA, 2008). Substituições nesses núcleos têm favorecido a propriedades benéficas para possíveis fármacos, como: conveniente log de P, capacidade de serem aceptores e doadores de ligações de hidrogênio (VERMA, 2008). Com o intuito de avaliar a ação dos derivados imidazolidínicos e tiazolidínicos contra as formas tripomastigotas e epimastigotas de Trypanossoma cruzi foram realizados os ensaios de citotoxicidade e atividade antiparasitária. Os valores da atividade anti-T. cruzi (cepa Y) foram expressos em IC50 (µg/mL). A

citotoxicidade foi expressa como a maior concentração atóxica testada em esplenócitos de camundongos BALB/c. Os fármacos benzonidazol e nifurtimox foram utilizados como padrão.

Os resultados da tabela 3 demonstram que de todos os derivados tiazolidínicos testados o LPSF/TM-4 apresentou melhor resultado, com valor de IC50 para a forma tripomastigota de 0,57 µg/mL, seguido do LPSF/TM-26 e

LPSF/TM-17, com valores de 0,73 e 1,86 µg/mL respectivamente. Entretanto, ao analisarmos suas citotoxicidades, priorizamos o LPSF/TM-26 e LPSF/TM-17, que apresentaram valores de IC50 significativos com citotoxicidades menores ou

semelhantes aos fármacos disponíveis no mercado, anti T-cruzi, que foram de 5 e 25 µg/mL respectivamente.

Já dentre os compostos imidazolidínicos testados, apenas o LPSF/NN-295 apresentou expressivo valor de IC50, 0,58 µg/mL, resultado muito próximo ao

LPSF/TM-4, entretanto com resultado citotóxico cinco vezes melhor de 5 µg/mL. De toda serie testada, destacamos maior atenção ao LPSF/NN-289 e LPSF/NN-294, que apesar de apresentarem os 3° e 4° maiores valores de IC50,

foram considerados atóxicos, no modelo utilizado, com seus valores acima de 30 µg/mL.

Embora estes derivados tenham sidos avaliados para a forma epimastigota os resultados não foram significativos.

Tabela 3. Efeitos in vitro dos derivados tiazolidínicos e imidazolidínicos (LPSF/TM e NN) em Trypanosoma cruzi cepa Y e suas respectivas citotoxicidade em µg/mL. Composto Tripomastigota 24h Epimastigota 11dias Citotoxicidade IC50% (µg/mL) IC50%(µg/mL) LPSF/TM-2 33,00 ND 1 LPSF/TM-4 0,57 ND 1 LPSF/TM-5 16,77 ND 5 LPSF/TM-13 4,90 ND 1 LPSF/TM-14 ND ND 25 LPSF/TM-16 ND ND 5 LPSF/TM-17 1,86 ND 25 LPSF/TM-26 0,73 ND 5 LPSF/NN-289 20,50 ND 30 LPSF/NN-294 29,88 ND 50 LPSF/NN-295 0,58 ND 5 LPSF/NN-297 ND ND 25 Benzonidazol 1,63 1,73 25 Nifurtimox 0,79 0,54 1

ND – são valores não determinados, ou seja, foram testados, mas não foi possível fazer a análise de regressão linear.

Efeitos dos substituintes dos núcleos na atividade anti-T. cruzi.

A diferença do potencial terapêutico observada nos derivados tiazolidínicos testados frente às formas tripomastigota do T. cruzi se deve principalmente aos diferentes radicais presentes nas estruturas químicas de cada composto. Partindo-se dos esqueletos estruturais tiazolidínico e imidazolidinico, foram

adicionados substituintes que são responsáveis pela variação da resposta biológica.

Essas observações podem ser vistas quando analisamos as estruturas e a diferenças na resposta biológica do LPSF/TM-2 e LPSF/TM-4 da serie tiazolidinica testada, onde apresentam valores de IC50, significativamente

diferentes, cuja principal diferença estrutural entre esses compostos é o átomo de cloro em posição 4 do anel benzilidênico que foi substituído por um átomo de Flúor no mesmo. Isso conferiu ao LPSF/TM-4 uma atividade de aproximadamente 55 vezes maior que o seu análogo o LPFS/TM-2 (Figura 25).

Figura 25 – Estruturas de derivados tiazolidínicos com diferentes atividades anti-T. cruzi

Vários fatores podem ter influenciado nessa diferença de resposta, a primeira delas é a própria solubilidade dos compostos, de acordo com dados da literatura, a introdução de halogênios na estrutura de moléculas biologicamente ativas pode influenciar na sua solubilidade tornando os compostos mais hidrofóbicos, e dentre eles o que menor exerce esse efeito é o átomo de flúor, pois apresenta valor de Hansch’s de 0,14 enquanto o cloro 0,71, quando comparados ao hidrogênio, que é 0,00. Isso implica dizer que o flúor tem uma contribuição muito pequena na hidrofobicidade do composto, favorecendo assim a sua solubilidade em meio aquoso (KATRITZKY et al, 2006) como os testes foram in vitro, isso contribui de forma positiva.

Outra característica é a importância eletrostática dada pelo átomo de flúor, pois entre este e o átomo de carbono pode ser criada um momento dipolo que contribui para formação de interações intermoleculares, como por exemplo, pontes de hidrogênio com moléculas de água. Essas ligações são consideradas mais fracas que as criadas com o átomo de oxigênio, mas são fortes suficientes

N S O O CH CH2 O2N F Cl N S O O CH CH2 O2N Cl Cl LPSF/TM-2 LPSF/TM-4

para contribuir com interações entre os compostos fluoaromáticos e sítios ativos ou receptores (RAZGULIN e MECOZZI, 2006), e assim contribuir também com sua solubilidade.

Agora analisando os derivados imidazolidínicos, vimos que a substituição do átomo de flúor do LPSF/NN-294 pelo átomo de bromo, LPSF/NN-297, leva a uma inativação da molécula com aumento significativo na sua citotoxicidade. De acordo com a literatura, isso pode ser justificado pela potencialidade toxica que moléculas que contem átomos de bromo podem apresentar (ANONYMOUS, 1998).

Com relação ao LPSF/NN-295 tem se observado que existe uma correlação direta entre a atividade biológica e certas parâmetros físico-químicos, tais como coeficiente de partição, tensão superficial ou pressão de vapor e que o acumulo de átomos de halogênio podem favorecer a passagem das moléculas para os diversos meios biológicos (KATRITZKY et al, 2006), e que apesar de diminuir a solubilidade em água, da molécula em questão, poderia ter auxiliado a mesma a atravessar as células e interagir mais eficientemente com o alvo. Alem disso, poderíamos atribuir também esse resultado aos efeitos estéricos, possibilitando certas conformações no meio biológico, como também eletrônicos exercidos sobre a molécula.

N N S O CH CH2 Cl Cl Br H N N S O CH CH2 Cl Cl Cl H Cl N N S O CH CH2 Cl Cl F H LPSF/NN-294 LPSF/NN-295 LPSF/NN-297

7. CONCLUSÕES

Foram sintetizados 12 novos derivados, sendo 8 tiazolidínicos e 4 imidazolidínicos, com rendimento entre 30 e 85 %. As rotas sintéticas utilizadas foram baseadas em estudos literários e adaptadas a condições laboratoriais.

Todos os compostos finais tiveram suas estruturas comprovadas por espectroscopia de Ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênio e Infravermelho.

Dentre todos os derivados testados o LPSF/TM-26 o LPSF/TM-17 e LPSF/NN-295 foram os que apresentaram melhores valores de IC50, com valores

de citotoxicidade aceitáveis, ≥ a 5 µg/mL e que apenas o LPSF/TM-4, dentre os mais promissores, apresentou valor citotóxico < que 5 µg/mL, mas que não invalida sua potencialidade como possível anti- T. cruzi, uma vez que o seu valor citotóxico é igual ao Nifortimox, fármaco atualmente disponível no mercado para o tratamento de doença de Chagas, o que nos encoraja a dar continuidade às pesquisas com esses derivados.

8. PERSPECTIVAS

• Avaliar a toxicidade aguda dos derivados tiazolidínico e imidazolidínico LPSF/TM 4 e LPSF/NN 295;

• Realizar estudos de modelagem molecular;

• Propor um possível mecanismo de ação das tiazolidínico e imidazolidínico no tratamento da doença de Chagas.

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