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MURCHAMENTO 3.1 RESUMO

3.5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A produção de matéria seca foi influenciada (P<0,05) pela adubação nitrogenada (Tabela 3), de maneira quadrática (Tabela 4), com máxima eficiência de produção na dose de 180 kg de N ha-1, resultando em produtividade de 5008 kg ha-1 de MS. Santi, Amado e Acosta (2003) obtiveram resposta semelhante em aveia preta, com máxima produção aos 180 kg ha-1 na produtividade de 7171 kg ha-1 de MS.

Não houve efeito (P>0,05) de interação entre dose de N e estádio para o teor de MS no momento de ensilagem (Tabela 3), bem como não foi influenciada pela adubação nitrogenada isoladamente, apresentando média de 22,48% (Tabela 4). Dias et al. (2012) avaliando doses de 0 a 240 kg de N ha-1 também não observaram efeito no teor de MS de silagem de milho.

O fator estádio de ensilagem alterou o teor de MS (P<0,01) uma vez que aumentou conforme a planta foi se aproximando da maturação. No mesmo sentido Oliveira et al. (2010), relata o incremento de 0,63 unidades percentuais no teor de MS da forragem para cada dia adicional na idade da planta. O pré-murchamento foi eficiente na perda de umidade, elevando os teores de MS de 19,02% para 24,84% após 6 horas de sol no campo, sendo superior que a MS no estádio de FPSPM, com 23,58%.

Em ambos os estádios de ensilagem, a MS não alcançou a faixa indicada com ideal por Andriguetto et al. (2002) de 28 a 35%, e Lacaz Ruiz (1992), acima de 28%. No entanto, silagens acima de 20% podem ser de boa qualidade, desde que contenham um adequado nível de substratos fermentáveis na forma de carboidratos solúveis e baixa capacidade tampão (McDONALD, 1981).

De modo geral, durante o período hibernal as condições climáticas não são propícias ao processo de desidratação, o clima é caracterizado por temperaturas pouco elevadas, poucas horas de sol e de baixa radiação. Berto e Mühlbach (1997) necessitaram de 26 horas de murchamento no campo para elevar o teor de MS de 15,3 para 31,2%. Quando o material permanece por mais de um dia no campo

Tabela 3 – Análise da composição bromatológica e características de fermentação da silagem de aveia branca (Avena sativa L.) submetida a doses de nitrogênio, estádio de corte e pré-murchamento. UTFPR, Dois Vizinhos – PR, 2011

Variáveis Doses de N (kg ha

-1

) Estádio

CV (%) Efeito e interação 0 40 80 120 160 200 IFSPMπ IFCPMπ FPSPMπ Eπ Nπ N*E Produção (kg MS ha-1)1 3693,3 4386,7 4533,3 4813,3 5066,7 4973,3 - - 4577,8 - <0,0001 - MS (%)2 22,72 22,90 22,09 22,27 22,14 22,79 19,02 c 24,84 a 23,58 b 4,7 <0,0001 0,4302 0,8542 Efluente3 18,97 28,16 32,18 42,53 51,72 30,46 34,00 - - 27,4 - 0,0195 - CT4 78,77 79,49 81,73 70,43 63,75 61,30 84,47 a 77,97 a 55,29 b 23,7 <0,0001 0,0593 0,8213 pH5 4,13 4,01 4,21 3,76 3,50 3,55 3,95 a 4,27 a 3,37 b 12,8 <0,0001 0,0122 0,3129 FDN (%MS)6 68,22 68,19 66,93 64,51 61,56 62,80 65,48 ab 63,93 b 66,69 a 4,7 0,0391 <0,0001 0,0196 FDA (%MS)7 39,25 38,30 38,81 37,33 35,62 36,27 37,88 ab 36,56 b 38,36 a 4,9 0,0166 0,0008 0,0445 MM (%MS)8 8,21 7,96 8,24 7,91 7,81 7,60 8,62 a 8,66 a 6,59 b 5,5 <0,0001 0,0371 0,8849 EE (%MS)9 3,27 3,31 3,43 3,29 3,19 3,21 3,85 a 3,67 a 2,34 b 7,2 <0,0001 0,2997 0,7982 PB (%MS)10 13,08 13,49 14,23 15,65 16,69 15,96 15,01 b 16,50 a 13,03 c 8,8 <0,0001 <0,0001 0,0321 PIDN (%MS)11 3,20 3,17 3,54 3,68 3,38 3,63 3,28 b 3,65 a 3,38 ab 9,9 0,0067 0,0077 0,0150 PIDA (%MS)12 2,10 2,12 2,38 2,57 2,63 2,68 2,49 2,45 2,30 10,5 0,0791 <0,0001 0,0127 DIVMS (%MS)13 39,93 39,93 40,14 40,98 43,61 42,18 41,99 a 43,16 a 38,24 b 9,3 0,0013 0,2611 0,6676 NDT (%MS)14 46,83 46,94 46,93 47,56 49,10 48,38 47,94 48,33 46,60 4,6 0,0610 0,1877 0,6308 π

IFSPM: início do florescimento sem pré-murchamento, IFCPM: início do florescimento com pré-murchamento, FPSPM: florescimento pleno sem pré- murchamento, N: nitrogênio, E: estádio de corte, -: não avaliado.

1

Produção de matéria seca avaliado no estádio de florescimanto pleno, 2Matéria seca na ensilagem, 3Efluente (L t-1) avaliado isoladamente, uma vez que ocorreu apenas em um estádio, 4Capacidade tampão (meq de NaOH (0,1 N) para elevar o pH de 4,0 para 6,0 eq mg 100 g MS-1), 5Potencial de Hidrogênio,

6

Fibra em detergente neutro, 7Fibra em detergente ácido, 8Matéria mineral, 9Extrato etéreo, 10Proteína bruta, 11Proteína insolúvel em detergente neutro,

12

Proteína insolúvel em detergente ácido, 13Digestibilidade in vitro da matéria seca, 14Nutrientes digestíveis totais. Médias seguidas de letras distintas na linha diferem (P<0,05) pelo teste de Tukey.

Tabela 4 – Médias e equações de regressão para a composição bromatológica e características de fermentação da silagem de aveia branca (Avena sativa L.) submetida a doses de nitrogênio, estádio de corte e pré-murchamento.UTFPR, Dois Vizinhos, 2011

Variáveis Estádio Equação de regressão r2 P Produção (kg MS ha-1)1 FP Ŷ = 3746,19 + 14,056X - 0,03913X2 0,93 0,0439 MS (%)2  = 22,48 Efluente3 Ŷ = 16,27 + 0,3922X - 0,00147X2 0,72 0,0339 CT4  = 72,58 pH5 Ŷ = 4,21143 - 0,00348X 0,75 0,0005 FDN (%MS)6 IF SPM Ŷ = 69,60635 - 0,04129X 0,83 0,0034 IF CPM Ŷ = 70,34587 - 0,06415X 0,80 0,0001 FP SPM  = 66,69 FDA (%MS)7 IF SPM Ŷ = 40,2146 - 0,02334X 0,65 0,0090 IF CPM Ŷ = 39,54921 - 0,02993X 0,88 0,0003 FP SPM  = 38,36 MM (%MS)8 Ŷ = 8,23190 - 0,00275X 0,72 0,0115 EE (%MS)9 = 3,28 PB (%MS)10 IF SPM Ŷ = 12,49841 + 0,02514X 0,79 0,0005 IF CPM Ŷ = 13,85619 + 0,02645X 0,90 <0,0001 FP SPM  = 13,03 PIDN (%MS)11 IF SPM = 3,28 IF CPM Ŷ = 3,20159 + 0,00448X 0,52 0,0042 FP SPM  = 3,38 PIDA (%MS)12 IF SPM Ŷ = 2,27365 + 0,00215X 0,72 0,0034 IF CPM Ŷ = 1,79413 + 0,00656X 0,91 <0,0001 FP SPM  = 2,30 DIVMS (%MS)13 = 41,13 NDT (%MS)14 = 47,62

*IFSPM: início do florescimento sem pré-murchamento, IFCPM: início do florescimento com pré- murchamento, FPSPM: florescimento pleno sem pré-murchamento.

1

Produção de matéria seca avaliado no estádio de florescimanto pleno, 2Matéria seca na ensilagem,

3

Efluente (L t-1) avaliado isoladamente, uma vez que ocorreu apenas em um estádio, 4Capacidade tampão (meq de NaOH (0,1 N) para elevar o pH de 4,0 para 6,0 100 g MS-1), 5Potencial de Hidrogênio, 6Fibra em detergente neutro, 7Fibra em detergente ácido, 8Matéria mineral, 9Extrato etéreo, 10Proteína bruta, 11Proteína insolúvel em detergente neutro, 12Proteína insolúvel em detergente ácido, 13Digestibilidade in vitro da matéria seca, 14Nutrientes digestíveis totais.

aumentam os riscos de perdas por condições climáticas e ainda torna a operação mais trabalhosa e cara, muitas vezes ha necessidade de enleiramento à noite e espalhamento no outro dia após a secagem do orvalho, a fim de minimizar o reumedecimento da forragem durante a noite (PEREIRA; REIS, 2001).

O volume de efluentes é influenciado principalmente pelo teor de MS do material ensilado, no entanto, outros fatores como tipo de silo, intensidade de compactação e o processamento físico da forragem afetam a taxa e o volume final do efluente. A produção de efluentes ocorreu apenas no estádio de IFSPM, o qual possuía a menor teor de MS 18,82% (Tabela 3). Para os estádios IFCPM e FPSPM com 24,64 e 23,39% respectivamente não houve perda de efluentes. De acordo com McDonald (1981) pouca formação de efluente é observada com teor de 25% de MS, sendo que não ocorre em 29% de MS. Quanto ao efeito da dose de N, a emissão de efluentes foi influenciada de forma quadrática (Tabela 4), com máxima produção estimada em 42,47 L t-1, com o uso de 133,5 kg de N ha-1.

Haigh (1999) analisou uma série de experimentos com azevém (Lolium multiflorum L.) em cultivo solteiro ou consorciado com trevo (Trifolium repens L.), criando uma equação para estimar o volume de perdas de efluentes, sendo, efluente = e(12,983-0,051*MS), r2 = 0,644, em que efluente (L t-1) e MS (g kg-1). Sendo a MS para o tratamento mencionado acima, de 18,82%, a equação estimaria uma emissão de efluentes de 29,51 L t-1, ligeiramente abaixo da média observada de 34 L t-1, demonstrando uma produção similar às demais forrageiras.

Não ocorreu interação para a CT da silagem (P>0,05) e a mesma não foi influenciada pelas doses de N (P>0,05), sendo afetada apenas pelo estádio (P<0,01), apresentando menor valor no estádio FPSPM (Tabela 3). Forragens com baixo teor de MS e elevado teor de PB como no estádio de ensilagem IFSPM, com 18,82 e 15,01%, respectivamente, correspondem a um ambiente favorável para desencadear fermentações secundárias indesejáveis, que ocasionariam proteólise e consequentemente elevaria a CT (ANDRIGUETTO et al., 2002; PEREIRA; REIS, 2001; VAN SOEST, 1994). No entanto, na comparação com IFCPM, em que o pré- murchamento elevou o teor de MS, não foi verificado efeito significativo.

A operação de pré-murchamento não apresenta efeito consistente na literatura sobre a alteração na CT da silagem. Castro (2002), avaliando silagem de tifton 85 (Cynodon spp.) com teores de 25 a 65% de MS, observou estabilidade da CT até 8 dias após a ensilagem, posteriormente apresentou grande oscilação sem tendência definida. Berto e Mühlbach (1997) ensilando aveia preta, observaram que o pré-murchamento de 15,3 para 31,2% reduziu a CT em 14,6%. Evangelista et al. (2004), avaliando em capim-marandu (Brachiaria brizantha S. cv. Marandu), verificaram diminuição de aproximadamente 1,59 meq HCl 100g MS-1 para o

acréscimo de cada uma hora de pré-secagem. A CT da aveia branca observado aqui é considerada elevada, valores acima do encontrado por Meinerz et al. (2011) para aveia branca UPF 18 no estádio de grão pastoso 14,72 meq NaOH 100g MS-1, e próximos ao de triticale (Secale cereale L.) em grão farináceo, de 71,93 meq NaOH 100g MS-1 (BUMBIERIS Jr. et al. 2010).

Trabalhos de Bergamaschine et al. (2006) com capim-marandu e Camargo (2006) com capim-xaraés (Brachiaria brizantha S. cv. Xaraés) mostraram que o pré-murchamento de 24,1 para 47,97% e de 16,04 para 23,23% de MS, respectivamente, não alteraram significativamente a CT. Enquanto Tosi et al. (1995), avaliando capim elefante anão (Pennisetum purpureum S. cv. Mott), observaram que o pré-murchamento de 12,29 para 29,6% de MS elevou a CT de 36,8 para 47,7 meq HCl 100g MS-1. Para haver efeito de pré-murchamento na redução da CT, parece ser necessário elevar mais o teor de MS, em torno de 31,2%, como encontrado por Berto e Mühlbach (1997), ou ainda, a ausência de significância pode ser explicada pela perda de substâncias tamponantes via efluente (Tabela 3). Contudo, a CT parece estar mais relacionada com os teores de ácidos orgânicos, que decrescem com a maturidade da planta (VAN SOEST, 1994), uma vez que os estádios IFCPM e FPSPM com teores de MS iguais estatisticamente, menor CT foi verificada no segundo caso.

De acordo com McDonald (1981), a maior parte das propriedades tamponantes das forragens pode ser atribuída aos ânions (ácidos orgânicos, ortofosfatos, sulfatos, nitratos e cloretos), com somente cerca de 10 a 20% resultantes da ação de proteínas vegetais. Quantitativamente, os ácidos mais importantes que ocorrem em gramíneas são o málico, o cítrico e o quínico. O ácido oxálico normalmente é encontrado em níveis baixos nas gramíneas temperadas.

Não houve interação (P>0,05) entre doses de N e estádios de corte para o pH (Tabela 3). Embora a CT não tenha sido alterada, o pH reduziu linearmente (P<0,01) com as doses de N (Tabela 4). Diferenças não foram observadas por Macedo et al. (2012) avaliando doses de 0 a 200 kg ha-1 de N em silagem de sorgo. A redução neste caso, pode ser explicada pelo decréscimo nos teores de MM, FDN e FDA (Tabela 4), que estariam associados ao maior teor de substratos fermentáveis aos microrganismos, o que pode ter favorecido a formação de ácidos, principalmente o ácido lático, reduzindo o pH, conferindo maior estabilidade a silagem.

Quanto ao estádio de ensilagem o efeito foi significativo sobre o pH (P<0,01), sendo mais baixo no FPSPM (3,37), muito em virtude da menor CT. Seguindo a tendência da CT, o pH não foi alterado pela operação de pré- murchamento para os estádios IFSPM e IFCPM (3,95 e 4,27, respectivamente), corroborando com Igarasi (2002) em capim-tanzânia (Panicum maximum, J. cv. Tanzânia) e diferindo de Berto e Mühlbach (1997) em que o pré-murchamento reduziu o pH de 4,6 para 4,2 para aveia preta. Em todos os estádios os valores de pH atingiram níveis satisfatórios, pois Van Soest (1994) associa o pH e a umidade com a qualidade das silagens, e esta é considerada boa quando o pH é inferior a 4,4 para silagens de elevada umidade.

Houve interação entre doses de N e estádio de ensilagem (P<0,05) para os teores de FDN e FDA, com redução linear para os estádios IFSPM e IFCPM com o acréscimo de N, sendo que não houve influência no estádio FPSPM, apresentando média de 66,69 e 38,36% para FDN e FDA respectivamente. Os teores de FDN e FDA foram superiores no estádio FPSPM, não diferindo do IFSPM, já o estádio IFCPM foi menor que o primeiro, sem diferir do segundo. O que parece ter acontecido é que a perda de efluentes no IFSPM não carreou substâncias solúveis em quantidade suficiente para elevar significativamente a proporção das frações fibrosas, na comparação ao estádio com pré-murchamento. A proporção das frações fibrosas também não foi alterada pelo pré-murchamento em trabalho de Berto e Mühlbach (1997) com aveia preta. No entanto, Coan et al. (2001) visualizaram elevação no teor de FDA em silagens sem pré-murchamento, em aveia preta, aveia amarela e triticale.

O efeito da adubação nitrogenada nas frações fibrosas é variável, e parece estar relacionado com o estádio e a espécie. Para a aveia, em pastejo, geralmente não ocorre diferenças significativas nestas frações (MOREIRA et al., 2001; EINSFELD et al.,2012), no entanto, nestas referências os cortes foram realizados no estádio vegetativo, com teores de fibra muito abaixo dos encontrados no presente trabalho, uma vez que os mesmos aumentam com o desenvolvimento da cultura (FLOSS et al., 2003). Redução linear nos teores de FDN e FDA com doses de adubação nitrogenada foram detectadas por Magalhães et al. (2011) para Brachiaria decumbens Stapf. Castagnara (2009), avaliando capins tanzânia, mombaça (Panicum maximum, J. cv Mombaça) e mulato (Brachiaria sp. Híbrida Mulato), observou comportamento quadrático para o teor de FDN, sendo o menor valor

estimado em 115 kg de N ha-1, sem efeito para FDA. Nesta mesma linha, Macedo et al. (2012) não encontraram efeito do N para FDN e FDA em silagem de sorgo, enquanto Simili et al. (2008) observou redução apenas para FDN em sorgo de Sudão (Sorgo sudanense S.).

A MM não sofreu efeito de interação (P<0,05) sendo apenas afetada com as doses de N, reduzindo linearmente com os incrementos de N (Tabela 4), corroborando com trabalho de Macedo et al. (2012) em silagem de sorgo. A operação de pré-murchamento não influenciou o teor de MM nos estádios IFSPM e IFCPM (Tabela 3), entretanto, foi menor para o FPSPM, como também encontrado por Floss et al. (2007). A interação não foi significativa para o EE (P<0,05), bem como não foi influenciado pelas doses de N (Tabela 3), somente apresentando efeito para corte, sendo mais baixo no estádio de FPSPM, os demais não diferiram.

Os teores de PB, PIDN e PIDA (Tabela 3) sofreram efeito de interação entre doses de N e estádios de ensilagem (P<0,05). A PB para os estádios IFSPM e IFCPM foi elevada linearmente de acordo com as doses de N, corroborando com trabalhos de Moreira et al. (2001) e Santi, Amado e Acosta (2003), enquanto no FPSPM não se ajustou ao modelo, com média de 13,03%. O fator estádio afetou o teor de PB (P<0,01), os maiores teores foram encontrados no IFCPM. A ensilagem com elevada umidade no IFSPM apresentou menor proteína, que pode ser explicado pela perda parcial de N com os efluentes emitidos, corroborando com trabalho de Berto e Mühlbach (1997), que encontraram redução de 22% em silagem de aveia em estádio vegetativo, e Loures et al. (2005), que visualizaram mesmo efeito em capim tanzânia. A PB foi menor no FPSPM, devido à redução normal, ou efeito diluição, com o avanço da maturidade da planta (FLOSS et al., 2007).

O teor de PIDN no IFCPM apresentou crescimento linear com as doses de N (P<0,01), acompanhando o comportamento da PB (Tabela 4). No entanto, os estádios IFSPM e FPSPM não se ajustaram aos modelos matemáticos, apresentando as médias 3,28 e 3,38 respectivamente. O estádio influenciou o teor de PIDN, sendo maior e menor no IFCPM e IFSPM respectivamente, seguindo o comportamento da PB, o mesmo foi observado por Berto e Mühlbach (1997), já o estádio FPSPM não diferiu dos demais.

Os teores de PIDA para os estádios IFSPM e IFCPM foram elevados linearmente de acordo com as doses de N (Tabela 4), enquanto para o FPSPM não houve efeito e apresentou média de 2,30%, seguindo o mesmo comportamento da

PB. Embora tenha ocorrido efeito do fator estádio para PB e PIDN não se repetiu para o PIDA, mostrando que está ligado à frações de lignina e celulose, mais difíceis de serem alterados pelo processo fermentativo. Berto e Mühlbach (1997) também não observaram efeito do pré-murchamento sobre o PIDA.

Não houve interação para a DIVMS (P>0,05), tampouco sofreu influência das doses de N (Tabela 3). Foi afetada pelo fator estádio (P<0,01), sendo a melhor digestibilidade no estádio de IFSPM e IFCPM em detrimento ao FPSPM, com médias de 41,99, 43,16 e 38,24%, respectivamente, variação resultante do avanço da maturidade da planta (FLOSS et al., 2007). Os valores de DIVMS são próximos aos encontrados por Floss et al. (2003), 53,05 e 45,72% para o estádio de início do florescimento e florescimento pleno.

Quanto ao teor de NDT, não foi influenciado por nenhum dos fatores avaliados (P>0,05), com médias de 47,94, 48,33 e 46,6% para IFSPM, IFCPM e FPSPM, respectivamente. A menor DIVMS no estádio de FPSPM não influenciou o NDT, pois este estádio apresentou menor MM. A DIVMS e o NDT são parâmetros para expressar o valor nutritivo e energético dos alimentos, apresentam correlação negativa com os teores de FDA e MM (VAN SOEST, 1994). As reduções lineares nos teores das frações de FDN e FDA para os estádios de IFSPM e IFCPM bem como a redução linear da MM em todos os estádios com o aumento das doses de N (Tabela 4), foram de baixa magnitude, insuficientes para elevar significativamente a DIVMS e/ou o NDT.

A adubação nitrogenada promove elevação no teor de PB (Tabela 4), no entanto, não se espera efeitos sobre a digestibilidade ou valor energético da silagem, pois a elevação da proteína está direcionada em grande parte à fração de nitrogênio não proteico (VAN SOEST, 1994). A silagem de aveia branca apresentou- se como um volumoso de elevado teor de PB, em dietas exclusivas com este volumoso é capaz de suprir as exigências de algumas categorias de animais. Entretanto, possui elevados teores de FDN que deprimem o consumo e mediano valor energético (NDT). Mostra-se, portanto, como um volumoso de qualidade inferior quando comparado com a tradicional silagem de milho, contudo, sua produção e uso pode ser justificada quando sob custo inferior de produção.

3.6 CONCLUSÃO

A adubação nitrogenada até 180 kg ha eleva a produção de MS total da aveia. Promove redução no pH e no teor de MM da silagem, e pode reduzir a FDN e FDA e elevar a PB e PIDA.

O pré-murchamento no estádio de início de florescimento inibe a emissão de efluentes e eleva os teores de PB e PIDN, sem efeito sobre as características de fermentação e de valor nutritivo. A ensilagem no estádio de florescimento pleno apresenta melhores características de fermentação, com pH e CT menores, entretanto, há decréscimo do valor nutritivo, com teor de MM, EE, PB e DIVMS inferiores.

Embora o NDT não seja alterado pelos estádios, a ensilagem no início do florescimento com pré-murchamento apresenta melhor valor nutritivo, com maior teor de PB e menores teores de FDN e FDA, na comparação com florescimento pleno.

3.7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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