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Os resultados da Etapa C desta pesquisa são referentes à avaliação final dos artefatos construídos propostos na etapa anterior a partir da revisão sistemática de literatura e classificados nas matrizes SWOT.

4.4.1 Avaliação final dos artefatos construídos

Uma análise SWOT para cada um dos oito temas da TVA foi proposta para identificar seus fatores positivos e negativos para o planejamento urbano e ambiental. A abordagem refere-se às perspectivas ambientais, sociais e econômicas para identificar prioridades e definir estratégias que possam auxiliar no planejamento urbano e ambiental das cidades.

A análise SWOT proposta fornece resultados qualitativos sobre fatores positivos internos e externos (forças e oportunidades) e fatores negativos internos e externos (fraquezas e ameaças). Em geral, fatores internos mostram menos variabilidade do que fatores externos (SCOLOZZI et al., 2014) e os pontos fortes e as oportunidades dominam claramente as fraquezas e ameaças. As matrizes SWOT indicam a classificação das condições que beneficiam ou limitam os oito temas da TVA no seu desempenho, sendo que os resultados podem fornecer informações úteis

para decisões em nível local das cidades ou dos bairros para o planejamento urbano e ambiental. Em particular, a análise SWOT para o diagnóstico da TVA permite:

a) Analisar os fatores positivos e negativos, internos e externos que contribuem para o sucesso ou o fracasso da rede verde e azul;

b) Compreender melhor as relações entre o ambiente urbano e ambiental;

c) Priorizar a alocação de recursos a fim de implementar políticas e medidas para proteger ou impulsionar o crescimento de determinado bairro ou cidade.

Essas estratégias podem auxiliam na construção das forças e oportunidades e minimizar as fraquezas e ameaças (SCOLOZZI et al., 2014). Por outro lado, Helms e Nixon (2010) afirmam que se as forças não forem mantidas elas podem se tornar fraquezas, bem como as oportunidades não aproveitadas podem se tornar ameaças. Contudo, as fraquezas podem ser facilmente superadas tirando proveito das oportunidades potenciais disponíveis (PATNAIK; POYYAMOLI, 2015). Já as ameaças podem ser oportunidades de recuperação (HELMS; NIXON, 2010).

A classificação de uma variável também depende do objetivo do exercício, pois os critérios para atribuir uma variável a um dos quatro quadrantes podem ser mais difíceis de esclarecer se a metodologia não for usada para uma empresa, mas para um país, por exemplo (HELMS; NIXON, 2010). Segundo Helms e Nixon (2010), em pesquisas focadas na análise SWOT de um país e não de uma empresa individual, a classificação das variáveis é diferente. Nesse sentido, os autores justificam que as forças macroambientais que seriam uma ameaça ou oportunidade externa para uma empresa são componentes que existiriam dentro de um país e, portanto, são classificadas como forças e fraquezas internas (HELMS; NIXON, 2010). Também é difícil categorizar questões e alguns gestores podem reverter oportunidades e forças, bem como ameaças e fraquezas, pois nesses casos as diferenças entre questões internas e externas podem ser difíceis de detectar (HELMS; NIXON, 2010).

À vista disso, as análises realizadas foram capazes de identificar os fatores positivos e negativos, atuais e futuros, mais importantes dos oito temas da TVA. Percebe-se que o verde e o azul, elementos fundamentais dessa trama, aparecem em todos os temas reforçando a sua importância e dando a entender o seu funcionamento enquanto rede, ainda que os temas pareçam desconectados quando pensados de maneira isolada.

Prova disso é o verde que aparece no tema ‘água’ para complementar os dispositivos SUDS na configuração dos jardins de chuva, valas vegetadas ou telhados verdes; e o azul que já é a própria água. O verde do tema ‘calor’ que se revela na aparência de qualquer espécie vegetal

para adaptação e mitigação às mudanças climáticas; e o azul dos rios, lagos e dispositivos SUDS que fortalecem essa mitigação. O verde do tema ‘biodiversidade’ que já é o próprio verde dos serviços ecossistêmicos; e o azul dos ecossistemas aquáticos, os quais tensionam para a manutenção das espécies. O verde da ‘agricultura urbana’ das hortas comunitárias e dos jardins urbanos; e o azul da irrigação e dos sistemas de água doce, ambos intencionando a produção de alimentos. O verde da ‘qualidade do ar’ redundantemente associado às árvores; e o azul que remete aos oásis, trabalham na diminuição da poluição. O verde da ‘energia’ que se retrata na biomassa; e o azul representado pelas hidrelétricas, um e outro na busca crescente pela eficiência energética. O verde e o azul da ‘importância socioeconômica’ que culmina em um pleonasmo. E o próprio verde e o azul, produtos dos ‘processos de fazer acontecer’.

A TVA, por suas características multidimensionais e, portanto, complexas, exige análises das interações entre as variáveis de características qualitativas e quantitativas, geralmente medidas estatisticamente, e também complexas. A TVA, operada a partir de redes translocais, tem potencial para alcançar metas de sustentabilidade ambiental, econômica, urbana e política. Isso a torna uma metodologia que pode ser adotada no planejamento urbano e ambiental como subsídio aos processos decisórios.

Os diversos estudos apresentados neste trabalho sugerem que é possível realizar intervenções baseadas nos conceitos da TVA para melhorar o planejamento urbano e ambiental das cidades, ainda que haja pouca evidência ou validação empírica. Assim sendo, os resultados aqui encontrados podem ajudar a eleger as intervenções urbanas baseadas na TVA e indicar a priorização de algumas decisões em investimentos, bem como a aplicação efetiva desses resultados em condições reais, mesmo que a análise SWOT apresente suas desvantagens. As limitações encontradas nas análises SWOT são inerentes a qualquer política pública e a qualquer nova ideia de se projetar no cenário urbano e ambiental. Saber aproveitar os fatores positivos e entender como um novo estímulo a busca pela descoberta de como amenizar os fatores negativos é um dos propósitos da ciência. E isso indica que os gestores e tomadores de decisão, juntamente com a colaboração das partes interessadas, devem buscar estratégias para a melhoria dos fatores de força, a fim de evitar ameaças externas dentro de cada contexto urbano.

Conquanto, este estudo analítico pode atuar como uma ampla diretriz para os gestores urbanos preocupados em compreender as forças, fraquezas, oportunidades e ameaças relacionadas ao planejamento urbano e ambiental a partir dos temas da TVA. As principais lições aprendidas poderão funcionar como uma base para o desenvolvimento de metas, objetivos e estratégias para alcançar a missão e a visão do desenvolvimento sustentável.