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RESULTADOS

No documento MARCELO DE SOUZA CURY (páginas 53-67)

As causas de quebra de protocolo foram: um paciente não fez uso diário da medicação, uma ficou grávida, dois apresentaram efeitos adversos (diarréia e insônia), e optaram por suspender a medicação e duas pacientes não entenderam o questionário SF-36. Os pacientes violadores de protocolo foram encaminhados ao ambulatório de origem e tiveram a QVRS aferida no momento da exclusão, com exceção das duas pacientes que não entenderam o SF-36.

Na análise por intenção de tratamento, 84 indivíduos foram estudados: 78 que completaram, 2 que completaram apenas o primeiro ciclo de tratamento e 4 que foram violadores de protocolo.

Serão apresentados a seguir os resultados dos 78 pacientes que participaram da análise por protocolo.

4.1 Análise por Protocolo

A intensidade da lesão esofágica teve a seguinte distribuição: 50 pacientes apresentaram esofagite classe A, 20 classe B e 8 classe C. Não houve relação estatisticamente significativa entre distribuição por sexo, idade ou raça quando comparados com a intensidade da esofagite (Tabela I).

4.1.1 Testes de Qualidade de Vida REPRODUTIBILIDADE

A reprodutibilidade interexaminador foi elevada, com CCI de 0,73. A reprodutibilidade intra-examinador também foi elevada (0,70), como demonstrado na Tabela II. A média de tempo entre as avaliações foi de 7 dias.

TABELA II: REPRODUTIBILIDADE DO ESDRGE EM ANÁLISE POR PROTOCOLO

CCI

Intra-examinador 0,73

Interexaminador 0,70

CCI: coeficiente de correlação intra-classe

SENSIBILIDADE

A sensibilidade do ESDRGE foi avaliada através das médias da primeira e da última avaliação através de teste “t de Student” e do coeficiente de Spearman.

O ESDRGE demonstrou boa sensibilidade (Tabela III).

TABELA III: SENSIBILIDADE DO ESDRGE, AVALIANDO AS MÉDIAS DA PRIMEIRA E DA ÚLTIMA AVALIAÇÃO

N Min Max Média Mediana DP p

Avaliação t-Student Spearman

Primeira 78 4 57 25,56 25 11,3

Última 78 0 29 3,63 3 4,36

<0,0001 <0,01

Min = mínimo; Max = máximo; DP= desvio padrão

VALIDADE

A validade do ESDRGE foi verificada pela correlação com os resultados da endoscopia e da correlação com o SF-36. Não houve correlação entre a intensidade da esofagite pela classificação de Los Angeles e o ESDRGE (p=0,40).

Nas Tabelas IV e V são apresentados os resultados da correlação entre o SF-36 e o ESDRGE. Na primeira avaliação (Tabela IV) o ESDRGE apresentou correlação com capacidade funcional, limitação por aspectos físicos, dor, aspectos emocionais e saúde mental.

TABELA IV: CORRELAÇÃO ENTRE ESDRGE E SF-36 ANTES DO TRATAMENTO

Variáveis Correlação* P

Capacidade Funcional -0,33 <0,01 Limitação por

Aspectos Físicos

-0,24 0,03

Dor -0,31 <0,01

Estado Geral Saúde -0,22 0,05

Vitalidade -0,18 0,11

Aspectos Sociais -0,17 0,12

Aspectos Emocionais -0,34 <0,01

Saúde Mental -0,24 0,03

* coeficiente de correlação de Spearman

A Tabela V apresenta o resultado da correlação entre o SF-36 e o ESDRGE na última avaliação. A correlação é estatisticamente significativa com todos os domínios do SF-36.

TABELA V: CORRELAÇÃO ENTRE ESDRGE E SF 36 APÓS O TRATAMENTO

Variáveis Correlação* p

Capacidade Funcional -0,25 0,02

Limitação por Aspectos Físicos

-0,25 0,02

Dor -0,31 <0,01

Estado Geral Saúde -0,26 0,02

Vitalidade -0,41 <0,01

Aspectos Sociais -0,49 <0,01

Aspectos Emocionais -0,46 <0,01

Saúde Mental -0,49 <0,01

* coeficiente de correlação de Spearman

QVRS E DRGE

O SF 36 apresentou melhora com significância estatística em todos os domínios (Tabela VI).

TABELA VI: MÉDIA DOS 8 DOMÍNIOS DO SF-36 ANTES E APÓS TRATAMENTO

SF-36 Antes Após

Capacidade Funcional 84,81 91,79*

Limitação por Aspectos Físicos 61,54 90,38*

Dor 48,60 71,51*

Estado Geral Saúde 61,95 78,05*

Vitalidade 57,24 69,17*

Aspectos Sociais 71,87 85,41*

Aspectos Emocionais 73,09 81,63*

Saúde Mental 55,72 71,41*

* p < 0,01

4.1.2 Índice de Cicatrização

Após o primeiro ciclo de tratamento, o índice de cicatrização da esofagite foi de 83,33% (IC 95%: 73,19 – 90,82). Não foi verificada significância entre os índices de cicatrização de acordo com a intensidade da esofagite (Tabela VII).

TABELA VII: ÍNDICE DE CICATRIZAÇÃO APÓS O PRIMEIRO TRATAMENTO

Cicatrização

Grau da esofagite Sim Não Total p

n % n % n

A 42 84 8 16 50 NS

B 18 90 2 10 20 NS

C 5 62,5 3 37,5 8 NS

Total 65 13 78

O índice de cicatrização após o segundo ciclo de tratamento foi 96,15%

(IC 95% = 89,19 – 99,20). A esofagite mais intensa teve significativamente menor porcentagem de cicatrização (Tabela VIII). Dos 78 pacientes três não apresentaram cicatrização após os dois ciclos de tratamento. Estes haviam iniciado o estudo com esofagite classe C tendo apresentado classe A após o segundo ciclo de tratamento.

TABELA VIII: ÍNDICE DE CICATRIZAÇÃO APÓS O SEGUNDO TRATAMENTO

Cicatrização

Sim Não Total

Grau da esofagite n % n % N

A 8* 100 0 8

B 2* 100 0 2

C 0* 3 100 3

Total 10 3 13

* p < 0,0001

4.2 Análise por intenção de tratamento

Oitenta e quatro pacientes foram avaliados e apresentaram os seguintes dados demográficos: 47 (55,95%) eram do sexo feminino, e 61 (72,6%) brancos, 3 (6,6%) asiáticos e 20 (23,8%) afro-brasileiros. A idade variava de 16 a 71 anos com média de 41 e mediana de 38 anos. A intensidade da lesão esofágica teve a seguinte distribuição: 52 pacientes apresentaram esofagite classe A, 22 classe B e 10 classe C. Não houve correlação entre variáveis como idade, sexo e intensidade da esofagite à endoscopia.

4.2.1 Testes de Qualidade de Vida REPRODUTIBILIDADE

A reprodutibilidade tanto inter como intra-examinador foi calculada de forma semelhante à análise por protocolo, considerando os respondedores, e manteve alta concordância, conforme demonstrado na Tabela IX.

TABELA IX: REPRODUTIBILIDADE INTER E INTRA-EXAMINADOR EM AVALIAÇÃO POR INTENÇÃO DE TRATAMENTO

CCI

Intra-examinador 0,74

Interexaminador 0,74

CCI: coeficiente de correlação intra-classe

SENSIBILIDADE

De forma semelhante, a sensibilidade foi testada nos 84 respondedores demonstrando alta sensibilidade independentemente do método estatístico utilizado (Tabela X).

TABELA X: SENSIBILIDADE DO ESDRGE COMPARANDO A PRIMEIRA E A ÚLTIMA AVALIAÇÃO

N Mínimo Máximo Média Mediana DP p

Avaliação T-Student Spearman

Primeira 84 4 57 25,93 25 11,9

Última 84 0 50 4,61 3 7,09

< 0,0001 < 0,0001

DP= desvio padrão

VALIDADE

Para testar validade por intenção de tratamento, as médias das respostas dos 84 indivíduos que tiveram duas avaliações foram comparadas à classificação endoscópica. O modelo linear proposto não identificou correlação entre a intensidade da esofagite e o ESDRGE (p= 0,34). Foi avaliada a correlação entre o ESDRGE e o SF-36. Os resultados estão na Tabela XI e demonstram, na primeira avaliação, correlação entre os questionários nos seguintes domínios: capacidade funcional, limitação por aspectos físicos, dor, estado geral de saúde, vitalidade, aspectos emocionais e saúde mental. Após a última avaliação, houve correlação significativa entre todos os domínios.

TABELA XI: CORRELAÇÃO ENTRE O ESDRGE E O SF-36 EM 84 RESPONDEDORES

Primeira avaliação Última avaliação

Variáveis Correlação* p Correlação* p

Capacidade Funcional -0.38 <0.01 -0.26 0.01 Limitação por Aspectos

Físicos

-0.30 <0.01 -0.35 <0.01

Dor -0.31 <0.01 -0.30 <0.01

Estado Geral Saúde -0.23 0.01 -0.24 0.02

Vitalidade -0.23 0.03 -0.35 <0.01

Aspectos Sociais -0.18 0.10 -0.35 <0.01

Aspectos Emocionais -0.32 <0.01 -0.29 <0.01

Saúde Mental -0.27 0.01 -0.28 <0.01

* coeficiente de correlação de Spearman

QVRS e DRGE

Quanto à avaliação da qualidade de vida dos portadores de DRGE na análise por intenção de tratamento, observou-se melhora da QVRS em todos os domínios, exceto aspectos emocionais (Tabela XII).

TABELA XII: AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA ANTES E APÓS O TRATAMENTO, POR INTENÇÃO DE TRATAMENTO

SF-36 Antes Após p

Capacidade Funcional 82,98 89,52 <0,0001 Limitação por Aspectos Físicos 61,01 87,80 <0,0001

Dor 48,13 69,64 <0,0001

Estado Geral Saúde 60,77 76,44 <0,0001

Vitalidade 56,07 67,56 <0,0001

Aspectos Sociais 71,37 82,60 <0,0001

Aspectos Emocionais 71,44 77,79 0,08

Saúde Mental 55,90 68,86 <0,0001

4.2.2 Índice de Cicatrização ÍNDICE DE CICATRIZAÇÃO

O índice de cicatrização em análise por intenção de tratamento foi 80,95%

(IC 95%=70,92 – 88,70) após o primeiro tratamento e 96,35% (IC 95%= 89,69 – 99,24) após os dois tratamentos.

MELHOR E PIOR CENÁRIO

Para análise de intenção de tratamento da cicatrização, avaliou-se do melhor e do pior cenário possível (“best and worst case”). O cálculo foi feito considerando a possibilidade de que todos os indivíduos que abandonaram o estudo tivessem apresentado cicatrização após o primeiro tratamento ou ausência de cicatrização, mantendo a mesma classe da esofagite após os dois tratamentos. Nas Tabelas XIII e XIV estão os resultados desta análise.

TABELA XIII: ÍNDICE DE CICATRIZAÇÃO CONSIDERANDO-SE O MELHOR CENÁRIO:

Cicatrização Total

Após o 1º tratamento

Após o 2º tratamento

Grau da esofagite n % n % n

A 52* 86,67 8** 100 60

B 25* 86,21 4** 100 29

C 7* 63,64 1** 72,73 11

Total 84 13 97 100

* p = 0,05 **p=0,001

TABELA XIV: ÍNDICE DE CICATRIZAÇÃO CONSIDERANDO-SE O PIOR CENÁRIO

Cicatrização Total

Após o 1º tratamento

Após o 2º tratamento

Grau da esofagite n % n % n

A 44* 73,3 8** 86,67 60

B 18* 62,07 2** 68,97 29

C 6* 54,55 1** 63,64 11

Total 68 79 100

* p < 0,001 **p < 0,001

Conforme demonstrado, o melhor cenário possível seria 97% (IC 95% = 91,48 – 99,38) de cicatrização após os dois tratamentos, com 84% (IC 95% = 75,32% - 90,57%) após o primeiro. Já, no pior cenário, haveria cicatrização em respectivamente 79% (IC 95% = 71,02 – 86,51) e 68 % (IC 95% = 57,92 – 76,98).

No documento MARCELO DE SOUZA CURY (páginas 53-67)

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