• Nenhum resultado encontrado

I. 1.5 – Metodologia

II.4. RESULTADOS

Anomalias Magnéticas

Em um contexto geral, com a análise dos produtos magnéticos gerados, podem ser caracterizados dois domínios que correspondem as principais feições das rochas das do Grupo Cuiabá, onde ocorre uma diferenciação na intensidade magnética entre as litologias. Os filitos apresentam baixa amplitude magnética seguindo o trend regional da Faixa Paraguai. Já nos metaconglomerados a amplitude do sinal é mais elevada, respeitando também o trend regional e as anomalias geradas pelo complexo alcalino estão presentes nessa litologia. (Fig. 3).

Foram identificadas 5 anomalias magnéticas na área com valores de 1.87 nT, outras 2 anomalias com valores de 1.20 nT, nos mapas do campo magnético anômalo (CMA) e atingiram valores de valores de 0,0134 nT/m nos mapas de amplitude do sinal analítico (ASA). O tamanho dessas anomalias variam de 1 km², que é a de menor área, até 3 km² (Fig. 3 e 4). Estas fontes magnéticas foram correlacionadas as ocorrências das rochas alcalinas pelo amplo contraste dos valores de n/T em relação as rochas encaixantes do Grupo Cuiabá. Como o CAPS ocorrem em um volume pequeno de rochas expostas, a aplicação da geofísica permitiu estimar, de modo mais apurado, o tamanho de cada um dos corpos alcalinos já descritos anteriormente através de

mapeamentos geológicos da região. Através dos produtos geofísicos fica claro, a ocorrência de anomalias magnéticas correlacionadas aos corpos alcalinos alinhados no eixo de uma dobra sinclinal, com sentido principal do lineamento NE-SW em uma extensão aproximada de 35 km. A anomalia correspondente a intrusão Chibata-Denizar possui valores de 1,87 nT no mapa do campo magnético anômalo e encontra-se um pouco afastado do trend principal das intrusões Lau-Massao, Mutum e Big Valley onde os 2 primeiros possuem valores de 1,87 nT e o alvo Big Valley apresenta valores de 1,20 nT em mapas de CMA. Além dos corpos já conhecidos identificados anteriormente, anomalias magnéticas observadas nos mapas do campo magnético anômalo (CMA) e de amplitude do sinal analítico (ASA), foi possível a identificação de outras três fontes magnéticas, essas chamadas de AM 1, AM 2 e AM 3. A anomalia AM 1 se localiza ao norte da intrusão Chibata- Denizar, possui intensidade alta com valor próximo à observado na intrusão Mutum. Fazendo uma correlação entre dados geofísicos com dados geológicos das intrusões alcalinas já estudadas da área, trata-se de uma intrusão com mesmas características dos alvos Lau-Massao, Mutum e Big Valley. Já as anomalias AM 2 e AM 3 se encontram na porção norte da área, e possuem respectivamente valores de 1,87 e 1,20 de nT. Essa região interpretada estruturalmente como uma zona de cisalhamento e possuem os domínios magnéticos, que foram previamente descritos, mais próximos um do outro dificultando a interpretação da trama estrutural da região (Fig. 5 e 6). Com isso não foi possível caracterizar através da geofísica o contexto estrutural de colocação desses corpos.

Figura 4 – Amplitude do sinal analítico – ASA, ressaltando as anomalias magnéticas presentes na área com altos valores de nT/m.

Figura 6 – Derivada Vertical – Dz, ressaltando estruturas lineares perpendiculares aos eixos x e y.

Com o objetivo estimar a profundidade e limites das fontes magnéticas da área, principalmente as geradas pelas rochas alvo do estudo, foi realizada a Deconvolução de Euler (Thopmson, 1982; Reid et al 1990). Utilizamos para isso índice estrutural 1 por se relacionar à ocorrências na forma de diques verticais e soleiras onde foi utilizada uma janela de 2,5 km, por ser o tamanho de janela que abrange as anomalias alvo deste estudo e distância máxima de aceitação de 1250 m. Os resultados mostram a profundidade de 8 fontes magnéticas, sendo que 7 delas correspondem aos corpos alcalinos e 1 fonte ao sul da área não está correlacionada as rochas do CAPS. A estimativa de profundidade da intrusão Lau-Massao, aponta para 2 profundidades da fonte magnética, onde existe uma mais profunda com valores entre 500 e 100 metros, e a principal fonte magnética se encontra a menos de 100 metros. A profundidade da fonte magnética onde ocorre a intrusão Mutum é de grandeza entre 500 e 1000 metros e na região norte dessa intrusão a fonte se encontra em profundidades entre 100 e 500 metros. Já o alvo Big Valley é responsável por conter a fonte magnética mais profunda com valores superiores a mil metros e regiões mais rasas entre 500 e 1000 metros de profundidade. A intrusão Chibata possui a profundidade da fonte magnética que vão de 100 a 500 metros até valores menores que 100 metros. Outros corpos que estão sendo discutidos nesse trabalho e ainda não foram mapeados em superfície com outras ferramentas além da geofísica, apresentaram profundidades das fontes magnéticas distintas entre si, onde a estimativa de profundidade do corpo AM 1 chega a valores superiores a 1000 metros em algumas áreas e outras fontes ocorrem entre 500 e 1000 metros. A estimativa de profundidade localizou o corpo AM 2 a profundidades entre 100 e 500 metros e também fontes menores que 100 metros. Seguindo o mesmo parâmetro a estimativa de profundidade da fonte do corpo AM 3 localizou corpos entre 100 e 500 metros. (Fig. 7).

Figura 7 – Profundidades das anomalias magnéticas da região com índice estrutural 1, plotados no mapa ASA sombreado.

Gamaespectometria

Com os dados adquiridos através radiação gama natural de Potássio, equivalente de Uranio e equivalente de Tório foi gerado um mapa ternário o qual foi utilizado como uma ferramenta de mapeamento geológico. Em um contexto geral, o mapa gerado mostra com grande clareza a diferença entre as litologias que compõem a área, onde as regiões de ocorrência de filitos existe uma alta contagem de K, eTh e eU gerando assim um bom contraste com os metaconglomerados, que possuem variações na contagem dos canais, sendo possível a demarcação dos contatos entre essas 2 litologias que compõem grande parte da área. Nas regiões onde ocorrem as intrusões do Complexo Alcalino nota-se variações significantes registrando baixos valores de contagem no canal do potássio. Os baixos valores desse canal também são utilizados como critério para delimitação das áreas de ocorrência das rochas alcalinas.

Além da clareza na demarcação dos contatos entre as litologias, é possível identificar dobras em escala regional que estão presentes na área e juntamente com dados terrestres obtidos durante a fase de campo, é possível separar as litologias da Formação Coxipó (Tokashiki e Saes 2008) (Fig. 8).

Figura 8 – Mapa ternário de Potássio, Urânio e Tório.

II.4.2. Geologia

Geologia Grupo Cuiabá

Situada na zona interna da Faixa Paraguai, as ocorrências das intrusões alcalinas são alojadas em rochas metamórficas do Grupo Cuiabá, que nessa região é constituído por filitos, metaconglomerados e metarenito. O filito possui cor cinza quando preservado, muito bem foliado e com o desenvolvimento de cristais metamórficos de até 1 cm. A variação do acamamento perceptível pela mudança composicional e de cor. Os metaconglomerados são compostos por uma matriz muito fina e clastos variegados que vão de 0,5 cm até 8 cm e a variação do S0 é marcada pela

mudança da granulometria e quantidade de clastos. Os metarenitos ocorrem em lentes de até 50 cm de espessura com granulometria fina a muito fina. Estruturalmente o Grupo Cuiabá na região estudada é constituído por dobras quilométricas, abertas a fechadas, assimétricas, com eixo/linha de charneira com caimento entre 10° e 16° para nordeste. As intrusões alcalinas estudadas (Lau- Massao e Chibata) estão associadas a uma dobra antiformal, aberta, com caimento suave, em torno de 10° para NEE. Zonas de cisalhamentos reversas são individualizadas nos flancos das dobras regionais.

As rochas metamórficas descritas acima exibem foliação penetrativa como uma clivagem ardosiana nos metapelitos e xistosidade (S1) nos metaconglomerados, e possuem uma atitude média

de 170/80 (Fig. 9 e 10 A, C). Dobras menores e parasíticas são observadas preferencialmente nos flancos das dobras regionais (Fig. 10 D).

Há registros de uma segunda fase de deformação, que provoca a formação de crenulações e lineações de intersecção localizadas (Fig. 10 D).

O acamamento (S0) nessa região em escala de afloramento é marcado pela diferença de cores

e frações granulométricas nos sedimentos ficando sempre mais aparente essa variação de cores nas argilas e variações granulométricas em metaconglomerados (Fig. 10 B e D).

Figura 10 - (A) Projeção estereográfica polar de S1 das rochas do Grupo Cuiabá na região. (B) Variação granulométrica

entre uma camada de areia e argila, marcando S0. (C) Foliação principal nas rochas da região. (D) S0 e S1 paralelos

sendo redobrados por S2.

.

Os principais mecanismos de desenvolvimento dessa foliação tratam-se da recuperação por deformação intracristalina de clastos e blastos de quartzos, e recristalização dinâmica marcada pela formação da sombra de pressão e rotação de clastos (Fig. 11 A e B).

Figura 11 – (A) Sombra de pressão do tipo sigma gerada pela rotação de um clasto em metaconglomerado. (B) Neoformação mineral de quartzo sofrendo deformação marcada pela extinção ondulante presente no porfiroclasto.

Na região de ocorrência da intrusão Lau-Massao a zona de charneira é marcada pela relação quase perpendicular entre a foliação das rochas e o acamamento (Fig. 12), onde o S , do Grupo

Cuiabá, tem uma atitude de 108/27 e o S1, das rochas alcalinas, com uma atitude de 171/82 (Fig. 13

A, B e C) atitude essa que coincide com o S1 da encaixante. As rochas do Complexo Alcalino

Planalto da Serra ocorrem como corpos intrusivos na forma de diques e possuem extensão de 50 cm a até 2 metros de espessura e até 5 metros de comprimento (Fig. 13 D). Estes estão contidos em zonas de fraqueza geradas na zona da charneira da dobra e são orientados paralelamente a foliação principal e de maneira discordante ao S0 das encaixantes,

conforme os blocos diagramas abaixo (Fig. 14).

Figura 12 – Bloco diagrama representando a forma de ocorrência dos diques na intrusão Lau -Massao e sua relação a dobra regional do Grupo Cuiabá.

Figura 13 - (A) e (B) Projeções estereográficas polar de S0 e S1, respectivamente, na região da intrusão Lau-Massao.

(C) Relação entre S0 e S1 indicando zona de charneira de uma dobra. (D) Ocorrência das rochas alcalinas na forma de

Figura 14: Mapa geológico em detalhe da intrusão Lau-Massao e Perfil A-B.

Na região da intrusão Chibata a relação entre o S0 e S1 da rocha encaixante está obliqua sendo

que o S0 tem uma atitude nessa região de 335/46 e o S1 com uma atitude de 172/76 indica uma área

que está entre a zona de charneira e o flanco da dobra (Fig. 15 A e B). Diferentemente da intrusão Lau-Massao, os corpos que compõe a intrusão Chibata, intrudiram as rochas do Grupo Cuiabá de forma concordante ao acamamento destas utilizando uma região de fraqueza entre o contato do filito com o metaconglomerado.

Figura 15 - (A) (B) Projeções estereográficas polar de S0 e S1, respectivamente, na região da intrusão Chibata.

Nota-se nas bordas de alguns diques uma foliação penetrativa, concordante com a foliação da encaixante, sugerindo que os diques sofreram os mesmos esforços tectônicos regionais observados no Grupo Cuiabá. A natureza incipiente da foliação nas intrusões alcalinas pode ser explicada pelo comportamento reológico mais resistente a deformação plástica dos diques alcalinos.

Onde é mais visível a foliação nas bordas dos diques alcalinos, ao microscópio foi possível a observação de lamelas de tetraferriflogopitas orientadas nos diques, porém esses cristais foram interceptados pela foliação gerando septos e microlithons que ocorrem localmente na rocha, onde os microlithons são compostos pela clorita e tetraferriflogopita primaria e o septo, que representa a foliação S1, é constituído por uma massa carbonática. Uma segunda família de tetraferriflogopitas

que tiveram seu crescimento paralelo a foliação S1 (Fig. 16 A e B).

Figura 16 – (A) Deformação em cloritas e traferriflogopitas primárias e neocrescimento tetraferriflogopitas, segundo a direção de S1. (B) Microlithons compostos pela clorita e tetraferriflogopita primaria e septos marcados pelo preenchimento de carbonatos.

Em toda a região ocorrem fraturas e veios ortogonais a foliação regional, geralmente com uma atitude de 270/55. Os veios, predominantemente, são de quartzo e, na região onde existem os corpos alcalinos, são preenchidas por um material fibroso com crescimento com uma orientação de 70/16. (Fig. 17 A).

Figura 17 - (A) Rocha alcalina com veios ortogonais a foliação preenchidos por material fibroso.

Documentos relacionados