Considerando-se que o ∆E é a diferença de cor entre dois tempos avaliados, os resultados obtidos neste estudo demostraram que todos os grupos apresentaram
alteração cromática perceptível (∆E > 3,7) após os períodos analisados (t0 até t5). O Grupo MTA apresentou a maior alteração cromática quando comparado nos
diferentes tempos avaliados. As médias dos valores de ∆E variaram entre 3,97 e 22,49 havendo diferença estatisticamente significante em todos os períodos avaliados,
exceto entre os tempos 4 e 5 (p>0,05, Teste t-Student). Os dentes deste grupo
apresentaram uma coloração acinzentada e esses resultados estão de acordo com os
estudos de Felman & Parashos (2013); Kang et al. (2015), e Shokouhinejad et al.
(2016), Os autores atribuíram a cor acinzentada nos dentes analisados à presença
do óxido de bismuto na formulação do cimento MTA, sendo que o manchamento foi
agravado pela presença do sangue no interior dos canais radiculares. Acreditamos
nesta hipótese para justificar o grande manchamento apresentado por este grupo,
quando comparado aos demais grupos que não possuem o óxido de bismuto na sua
formulação. Além disso, a estabilidade de cor apresentada entre o mês 3 (t4) e o mês
4 (t5), pode representar o limiar do potencial de manchamento do cimento MTA, porém
seria necessário um maior tempo de acompanhamento para a confirmação dessa
hipótese.
O Grupo Controle apresentou a menor variação cromática entre os grupos
avaliados com os valores de ∆E próximos ao valor de referência (3,7) variando entre 2,84 e 5,60 não apresentando diferença estatisticamente significante em nenhum dos
tempos avaliados (teste t-Student). O Coltosol é um cimento à base de óxido de zinco
e livre de eugenol e desta forma, não possui potencial para provocar manchamento
no dente, portanto acreditamos que a alteração cromática se deve pela presença de
sangue no interior do canal e em contado com o cimento conforme relataram
Bortoluzzi et al., (2007); Felman & Parashos, (2013); Vallés et al., 2013b; e Bonte et
al., (2015).
O grupo MTA HP apresentou alteração cromática menor que o Grupo MTA e
maior que o Grupo Controle, em todos os tempos avaliados. As médias dos valores
de ∆E variaram entre 4,64 e 15,17 sendo que a partir do segundo mês (t3) não foi observada diferença estatisticamente significante (p>0,05, Test t-Student). Como
ainda não existem pesquisas publicadas que avaliam a alteração cromática do
cimento MTA Repair HP, acreditamos que o menor manchamento dos dentes deste
grupo quando comparados ao grupo MTA, se deve a substituição do óxido de bismuto
pelo tungstato de cálcio como agente radiopacificador, porém mesmo utilizando um
radiopacificador alternativo, os dentes avaliados neste grupo apresentaram no final do
experimento uma média do valor de ∆E muito acima do valor de referência que é de 3,7. Acreditamos que o manchamento apresentado pelos dentes deste grupo pode
ser atribuído à presença do sangue no interior do canal radicular. Um fato que contribui
para essa afirmação é o comportamento da variação cromática semelhante ao do
grupo BIO.
O grupo BIO da mesma forma que o grupo MTA HP apresentou alteração
cromática menor que o Grupo MTA e maior que o Grupo Controle, em todos os tempos
avaliados. As médias dos valores de ∆E variaram entre 3,43 e 12,39 apresentando diferença estatisticamente significante entre todos os tempos avaliados exceto entre
avaliaram a alteração cromática causada pelos cimentos biocerâmicos que possuem
como radiopacificador o óxido de zircônia, sendo este o mesmo radiopacificador
presente no cimento Biodentine utilizado neste grupo. Esses autores concluíram que
os cimentos que possuíam o óxido de zircônia em sua composição apresentavam uma
menor alteração cromática quando comparados ao cimento MTA que possui o óxido
de bismuto de sua formulação. Shokouhinejad et al. (2016) ainda observou que
quando na presença de sangue o cimento Biodentine apresentou um maior
manchamento quando comparado aos grupos que não possuía sangue no interior do
canal. Os resultados encontrados por esses pesquisadores corroboram com os dados
obtidos neste experimento, onde o grupo BIO apresentou uma menor alteração
cromática quando comparado com o grupo MTA, e alteração cromática semelhante à
do grupo MTA-HP, também apresentando em sua média valores de ∆E acima do valor de referência 3,7. Acreditamos que o sangue utilizado no interior do canal radicular
para a simular da revascularização pode ter contribuído para intensificar o
manchamento dos dentes conforme concluiu o autor citado acima.
Quando comparamos a variação de cor (∆E) entre os grupos em cada intervalo de tempo analisado, observamos um comportamento semelhante entre os grupos
MTA, MTA-HP e BIO, pois os referidos grupos apresentaram a maior elevação dos
valores do ∆E entre o momento que foi realizada a simulação da revascularização (t1/∆E1) e o primeiro mês pesquisado (t2/∆E2), porém não foi observada diferença estatisticamente significante entre os grupos MTA-HP e BIO (p>0,05, Teste ANOVA).
A partir deste resultado podemos sugerir que o manchamento apresentado pelos
grupos MTA-HP e BIO se deve em sua maior parte ao sangue que foi utilizado no
interior dos dentes, pois em ambos os grupos foram utilizados cimentos livres do oxido
sugerindo que o presença do óxido de bismuto na formulação desse intensificou o
manchamento dos dentes do referido grupo.
A partir do segundo mês até o quarto mês do experimento os grupos MTA,
MTA-HP e BIO apresentaram uma diminuição do ritmo de crescimento dos valores de
∆E sendo que os grupos MTA-HP e BIO continuaram não apresentando diferença estatisticamente significante entre si. Podemos observar também que todos os grupos
onde foram utilizados os cimentos à base de silicato de cálcio apresentaram uma
tendência à estabilidade de cor a partir do terceiro mês pois a variação do valor de ∆E se manteve estável não apresentando diferenças estatísticas entre os tempos
avaliados, porém seria necessário um maior tempo de acompanhamento para
confirmar essa estabilidade.
Tendo em vista os dados obtidos e dentro das limitações do presente estudo
rejeitamos a hipótese alternativa, pois todos os cimentos à base de silicato de cálcio
utilizados no estudo apresentaram alteração cromática quando utilizados em um
modelo simulando o procedimento de revascularização pulpar.
Do ponto de vista clínico, levando em consideração que atualmente os materiais
odontológicos devem ser funcionais e também estéticos, acreditamos que os cimentos
à base de silicato de cálcio livres de óxido de bismuto devem ser os materiais de
escolha para serem utilizados nos casos de revascularização, por causarem menor
7 CONCLUSÃO
Com base nos resultados obtidos e considerando-se as condições especificas
deste experimento, pode-se concluir que:
Todos os grupos testados apresentaram alterações cromáticas perceptíveis.
O cimento MTA branco que contém oxido de bismuto com agente
radiopacificador, promoveu a maior alteração cromática nos dentes testados.
Os cimentos que possuem um agente radiopacificador alternativo, tungstato de
cálcio no cimento MTA Repair HP, e oxido de zircônia no cimento Biodentine,
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