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CAPÍTULO 4 SIMULAÇÃO DE UMA REDE DE ACESSO COM POF

4.4 Implementação e simulação dos cenários propostos

4.4.4 Simulação do cenário 1 – GPON com POF

4.4.4.2 Resultados obtidos

Após toda a implementação e parametrização dos respetivos componentes para o primeiro cenário, executaram-se várias simulações para tirar algumas conclusões sobre o estudo pretendido. Em primeiro lugar começou-se por verificar se os valores obtidos nos medidores de potência estavam de acordo com os cálculos do power budget. Na Tabela 4.10 pode-se verificar os valores de potência ótica medidos no simulador nos vários ONTs e os respetivos valores teóricos.

Tabela 4.10 - Comparativo entre as potências teóricas e práticas do power budget.

Tipo de fibra Distância de fibra (m) Potência teórica (dBm) Potência prática (dBm) ONT 1 (@1490 nm) GOF G.657 ClearCurve 200 3,5 – 14,4 – 2= – 12,9 – 13,7 ONT 1 (@1310 nm) GOF G.657 ClearCurve 200 1 – 14,43 – 2 = – 15,43 – 15,94 ONT 2 (@1490 nm) POF Fontex 100 3,5 – 27,04 – 2= – 25,54 – 25,68 ONT 2 (@1310 nm) POF Fontex 100 1 – 16,16 – 2= – 17,16 – 17,74 ONT 3 (@1490 nm) GOF Multimodo 200 3,5 – 15,12 – 2= – 13,62 – 13,83 ONT 3 (@1310 nm) GOF Multimodo 200 1 – 14,48 – 2= – 15,48 – 16,25

Como se pode verificar, os valores obtidos foram razoáveis e estão próximos dos valores calculados, o que representa uma correta implementação do cenário do simulador. A potência teórica para os três casos foi efetuada recorrendo à folha do ficheiro Excel que já tinha sido elaborada para o cálculo do power budget. É importante também referir que estes valores de potência teóricos e práticos pressupõem a utilização de uma determinada distância na última

Após a verificação dos valores de potência ótica nos vários ONTs, determinou-se a distância máxima com POF mantendo os níveis mínimos de BER normalizados pela tecnologia GPON. Este processo foi efetuado por tentativa e erro, ou seja, efetuou-se várias medições até encontrar o valor máximo de distância. O resultado pode ser visualizado na Figura 4.24.

POF Fontex @ 1490 nm

ONT2

ONT2

Distância 115 metros

BER 2.337 E-12

Figura 4.24 - Resultados para o ONT2 com POF Fontex.

De acordo com a Figura 4.24 pode-se constatar que a distância máxima de POF conseguida no simulador no primeiro cenário foi de 115 metros para um valor de BER de 2.337 E-12, obtendo-se assim um valor inferior ao permitido que era de 1 x 10-10. No diagrama de olho

ainda existe uma boa abertura horizontal e vertical. No segundo gráfico os impulsos elétricos possuem alguma oscilação derivado ao sistema estar a operar no limites, mas ainda assim existe uma boa diferenciação dos bits “1” e “0”.

Contudo, para se perceber como é que o BER evolui à medida que se varia a distância da POF na última milha elaborou-se um gráfico no programa Excel com valores que foram recolhidos no simulador. Esse resultado encontra-se representado na Figura 4.25.

Figura 4.25 - Variação do BER em função do comprimento da POF (@1490 nm).

O gráfico ilustrado encontra-se na escala logarítmica e o traço descontínuo de cor azul representa o limite do nível de BER (1 x 10-10). É importante referir que estes valores de BER foram medidos no ONT, isto é, o comprimento de onda que está em causa são os 1490 nm. Verifica-se que num intervalo pequeno de distância (80 – 115 metros) o valor de BER aproxima-se rapidamente do nível mínimo permitido pela GPON. Este resultado é explicado pelo facto da POF possuir uma elevada atenuação nos 1490 nm, que são cerca de 120 dB/km. Quanto ao sinal que circula no sentido ascendente (ONT para OLT) também foi analisado.

POF Fontex @ 1310 nm

ONT2

ONT2

Distância 115 metros

BER 0

Figura 4.26 - Resultados no OLT/ sinal ascendente do ONT2.

Repare-se que neste caso teve-se que considerar no mínimo a distância que tinha sido determinada anteriormente, os 115 metros. Verifica-se que a qualidade do sinal recebido no OLT foi muito superior do que no caso anterior (sentido descendente). Tanto o diagrama de olho como os impulsos rectangulares estão muito mais bem definidos. O valor de BER obtido foi igual a 0, o que indica que a taxa de bits errados é nula. O facto de haver um melhor desempenho no sentido ascendente comparativamente ao descendente, prende-se pelas caraterísticas da POF. A Fontex possui uma atenuação muito mais baixa nos 1310 nm,

sendo a diferença de cerca 100 dB/km inferior quando comparada com a atenuação registada nos 1490 nm.

Relativamente às restantes fibras, tiveram um desempenho muito superior comparativamente à POF. A Figura 4.27 ilustra os resultados que foram registados no ONT1 com a fibra G.657 ClearCurve.

Fibra monomodo G.657 ClearCurve da Corning @ 1490 nm

ONT1

ONT1

Distância 200 metros

BER 0

Os resultados obtidos para a fibra monomodo G.657 foram excelentes. Tendo em conta que a distância considerada ser já muito razoável (200 metros) para este tipo instalações (última milha/ interior de edifícios), ainda assim obteve-se um BER igual a 0. Esse resultado também é notável no diagrama de olho visto que apresenta uma linha fina com contornos suaves. Os impulsos rectangulares também estão com melhor definição comparativamente aos que foram obtidos pela POF. Relativamente ao sinal ótico no sentido ascendente, os resultados foram muito semelhantes, isto é, a qualidade do sinal recebida no OLT também foi excelente registando um BER igual a 0. Este resultado já era esperado, visto que trata-se e uma fibra monomodo com atenuações muito mais baixas comparativamente às da POF.

Por último analisaram-se os resultados que foram obtidos com a fibra multimodo ClearCurve. Os resultados registados no simulador VPI com este tipo de fibra encontram-se representados na Figura 4.28. Como é possível verificar, os resultados também foram muito satisfatórios. À semelhança do que aconteceu com a fibra G.657, o diagrama de olho e os impulsos rectangulares também estão bem definidos e obteve-se um valor de BER igual a 0.

Fibra Multimodo G.651 ClearCurve da Corning @ 1490 nm

ONT3

ONT3

Distância 200 metros

BER 0

Figura 4.28 - Resultados para o ONT3 com fibra multimodo ClearCurve.

Face aos resultados obtidos foi possível tirar algumas conclusões acerca dos mesmos. Com este primeiro cenário, pretendeu-se simular e analisar o desempenho da POF na rede de acesso (última milha). Para o efeito foram consideradas para além da POF outras duas fibras

Após várias simulações realizadas, conseguiu-se uma distância de cerca 115 metros de POF para o cenário implementado, mantendo um valor de BER inferior ao permitido que era de 1 x 10-10. Ainda assim é importante referir que esta distância foi conseguida para este cenário em específico. A grande limitação da POF encontra-se na atenuação na janela dos 1490 – 1550 nm, que é de cerca 120 dB/km. Face a este elevado valor, torna-se difícil efetuar o dimensionamento do power budget, apesar de esta possuir outras vantagens quando comparada com fibras de sílica.

Relativamente à fibra monomodo G.657 e à fibra multimodo, os resultados foram bem mais satisfatórios. As simulações revelaram nível de sinal ótimo para os ONTs que possuíam estas fibras. Poder-se-ia até eventualmente adicionar mais atenuação no ODN, através da adição de outros componentes passivos (como por exemplo um splitter), mantendo uma boa qualidade de sinal.

Comparando o desempenho dos três tipos de fibras, conclui-se que a fibra G.657 ClearCurve constitui uma melhor escolha para aplicações FTTH. A POF para uma distância de 115 metros e para um cenário relativamente simples já operava nos limites permitidos pela GPON. Já com a fibra G.657 obteve-se ótimos resultados e confortáveis para cenários mais complexos com mais atenuação na rede de distribuição ótica.

No documento Fibras óticas de plástico em redes de acesso (páginas 127-134)

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