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Somos da opinião que a organização do espaço influencia atitudes e comportamentos, contudo ainda nenhum ensaio demonstrou uma relação entre a disposição do mobiliário e o rendimento dos alunos. Como por exemplo, o estudo de Horowitz e Otto, no ano de 1973, não revelou diferenças no rendimento dos alunos que fizeram um curso numa sala de aula tradicional e os que o fizeram numa sala de aulas alternativa com painéis móveis e assentos confortáveis e flexíveis, este estudo comprovou sim as diferenças no comportamento dos alunos, onde a taxa de presenças era maior, assim como a coesão do grupo, a participação na sala de aula alternativa126. Antes de avançar com os resultados, é importante focar que, independentemente da organização, é preciso que os espaços estejam dispostos em função das crianças127, das suas necessidades e requesitos. É por elas que exercemos a profissão docente.

No que diz respeito à problemática da Gestão do Espaço-Aprendizagem, reflectimos que cada organização, detém o seu grupo de regras definidas e que estas devem ser alvo de esclarecimento no início de cada nova introdução organizacional. Em nosso entender A Gestão do Espaço-Aprendizagem deve acontecer antes de executar a actividade para a qual foi elaborada, daí a nossa preocupação em planear toda a nossa acção educativa de forma coerente e racional.

Tendo isto presente expomos um quadro comparatístico dos modelos de gestão do espaço (Tabela 6) postos em prática no estágio profissional na disciplina de EEP, realizada no âmbito da PES. Este quadro detém campos, que foram ao longo da aplicação da gestão espacial, importantes para a avaliação de desempenho de cada um. Um primeiro ponto de comparação é precisamente o tipo de metodologias capazes de serem aplicadas, seguidamente ponderamos a natureza da actividade que pode ser de cariz individual ou colectivo. Por útlimo, analisamos a circulação, ou seja, a área reservada para a mobilidade e o tempo médio necessário para cada organização e aplicação do modelo de gestão espacial.

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ARENDS, Richard. (1995) – “Aprender a Ensinar”, p.88. Os comportamentos que foram alvo de estudos até à data, incluem eram a taxa de presenças, a atenção, os níveis de participação, os padrões de movimento dos alunos, as interacções aluno-aluno e a coesão do grupo.

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Modelos de Gestão do

Espaço- -Aprendizagem

Metodologia Actividade Circulação

Tempo médio de aplicação E xpo si ti va Demo ns tr ati v a Int err og ati v a Ind ivi du al C ol ectiva S atisfat ó ri a R azo áve l Li m it ad a Filas e Colunas X X X X X Organização original U ou Ferradura X X X X 5 minutos Filas Horizontais X X X X X 2 minutos Um Grupo só X X X X 5 minutos Disposição em ‘Asa’ X X X X X 3 minutos Grupos de Quatro X X X X 3 minutos

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Em seguida realizamos uma reflexão crítica onde interpretamos a Tabela 6, com considerações de todos os modelos supracitados. Em primeiro lugar a disposição Filas e Colunas reflecte uma organização mais tradicional, onde a atenção está conduzida para uma única direcção, daí a nossa aplicação da metodologia explicativa deste modelo espacial. A interacção entre os alunos é pouca, logo deve ser aplicada em função da elaboração de trabalhos de cariz mais individual. Esta organização possibilita uma eficaz circulação que se traduz no fácil auxílio e acompanhamento do trabalho do aluno pelo professor. Como já foi referido, esta disposição é a inicial da sala de aula e serviu de ponto de partida na aplicação de todas as outras, daí não possuir um tempo médio de aplicação.

No modelo em U, ou Ferradura, somos da opinião que apenas a metodologia interrogativa não será a mais aconselhada. Esta disposição explora a partilha de opiniões (actividade colectiva) e a acção centra-se no meio da sala de aula. Optamos por eleger as metodologias de exposição e demonstração como as mais apropriadas nesta organização, pois a acção educativa tende a ser realizada precisamente nesta zona. A área de circulação é satisfatória, o docente detém um acesso rápido a todos os alunos.

A formação em Filas Horizontais abrange todas as metodologias, por nós aplicadas, contudo está limitada a exercícios de carácter mais colectivo do que individual. A circulação é diminuta e torna-se quase impossível supervisionar o trabalho dos alunos situados no centro, contudo é um modelo de rápida aplicação.

Contudo, se apostamos numa aprendizagem onde a cooperação é a acção central, com actividades que desafiam os grupos e impliquem uma comunicação eficaz, a opção ao recurso do agrupamento do mobiliário é, sem dúvida o mais adequado. Criar um clima de entreajuda e de cooperação na sala de aula funciona quer a nível humano, quer a nível das aprendizagens curriculares128. Na opção de realizar uma actividade colectiva, que envolva toda a turma, a disposição num Grupo Só é a mais aconselhada. A área de circulação é satisfatória e temos uma constante percepção do trabalho elaborado e as suas fases de execução. Esta gestão pode facilmente ser aplicada pelos próprios alunos, desde que seja planeada e exposta o conjunto de normas de trabalho durante cada disposição.

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SANCHES, Isabel. (2001) – “Comportamentos e estratégias de actuação na sala de aula”. Porto: Porto Editora, p. 84

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Em todas as aulas que planeamos a alteração da gestão do espaço- aprendizagem, tivemos a preocupação de exercer as devidas alterações antes de iniciar o período da aula, com o propósito de cronometrar o tempo necessários para a adaptação da organização, tendo como ponto de partida a organização tradicional (Filas e Colunas).

O único modelo aplicado pelos alunos foi precisamente o eleito por nós como o mais versátil e funcional, desenvolvido por Lynn Newsome (Ilustração 72). Este possui um carácter adaptável que transforma uma organização cooperativa numa de exposição/interrogativa e vice-versa, num curto intervalo de tempo (aproximadamente 3 minutos). Esta disposição pode facilitar e alargar experiências do processo de aprendizagem.

Ilustração 72 – Modelo desenvolvido por Lynn Newsome.

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