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Após a realização dos procedimentos de perfilagem, conforme descrito no item anterior, os dados obtidos foram plotados em gráficos (perfis) em relação à profundidade dos sedimentos. Os perfis são apresentados neste capítulo, ao lado de uma representação simplificada da descrição sedimentológica do testemunho, construída com base na análise visual dos sedimentos.

A análise da variação do comportamento dos parâmetros descritos no meio foi realizada pela comparação dos perfis de Vp, densidade e susceptibilidade magnética com a representação da granulometria. Os perfis de impedância acústica e de reflexão colaboraram para a identificação faciológica.

É válido ressaltar que no topo, nas profundidades de 1 m e 2 m e na base dos testemunhos, as leituras apresentaram problemas devido à divisão das amostras em três seções de 1 m, gerando falta de continuidade nas medidas. Para desconsiderar este comportamento nos gráficos, os perfis foram cortados nessas profundidades, estando representado por linhas pontilhadas.

JP-104

O testemunho JP-104, composto pela alternância de espessas camadas de lama compacta, conchas e areias grossas a muito grossas, apresenta grandes oscilações nos perfis indicando as mudanças faciológicas (Fig. 6.1). Nos intervalos de 0,35 a 0,62 m e de 0,88 a 1,31 m ocorrem camadas de conchas, divididas por uma espessa camada de areia grossa a muito grossa. A partir do ponto, 1,31 m predomina a lama compacta, com numerosas intercalações de lama arenosa. Uma última camada de conchas ocorre no intervalo entre 2,57 e 2,64 m, sucedida por lama compacta com lama arenosa e uma pequena intercalação de areia fina, entre 2,75 e 2,77 m (apêndice I).

Os resultados obtidos com as medições de Vp nos primeiros 1,31 m apresentaram-se bastante limitados, uma vez que neste intervalo há uma grande quantidade de conchas e

areia grossa a muito grossa. Apenas a partir deste trecho é possível identificar a presença das interfaces (Fig. 6.1). No intervalo correspondente à lama compacta intercalada por lama arenosa fina com mica, entre os pontos 1,31 a 2,2 m, a velocidade registrou valores de 1291 a 1619,6 m/s, com média igual a 1470 m/s e desvio-padrão de 67,1. Na lama compacta entre 2,2 e 2,57 m a Vp varia apenas de 1385,7 a 1497 m/s, com valor médio de 1480,6 m/s e desvio-padrão igual a 16,3. Na camada mais profunda, do ponto 2,57 em diante, a diversidade granulométrica provocou grandes oscilações no perfil, que registrou valores entre 1134,9 e 1628 m/s, média de 1466,2 m/s e desvio-padrão igual a 92,1.

Os registros de densidade nas duas grandes camadas de conchas apresentaram comportamento anômalo, acusando valores negativos, como mostra a figura 6.1. Para a camada de areia grossa a muito grossa, posicionada entre as camadas de conchas no intervalo de 0,6 a 0,9 m, o perfil registrou valores entre 0,86 e 1,65 g/cm3, média e

desvio-padrão iguais a 1,35 g/cm3 e 0,23, respectivamente. Na interface de lama compacta com

intercalações de lama arenosa, entre os pontos 1,31 e 1,75 m, os valores oscilaram de 0,51 a 1,58 g/cm3, com valor médio igual a 1,18 g/cm3 e desvio-padrão de 0,2. A lama compacta que vai de 1,75 m a 2,57 m apresenta menor amplitude de variação, com valores que oscilam entre 0,94 e 1,14 g/cm3, média 1,04 g/cm3 e desvio-padrão igual a 0,04. Uma brusca queda ocorre na interface com a camada mais profunda de conchas, a 2,57 m, a partir da qual os valores registrados foram de 1,08 a 1,62 g/cm3, com média igual a 1,28 g/cm3 e desvio-padrão de 0,1.

O perfil de susceptibilidade magnética também distinguiu com clareza as interfaces identificadas neste testemunho. As camadas de conchas dos intervalos de 0,35 a 0,62 m e de 0,88 a 1,31 m registraram valores entre 1,4 e 3x10-6 SI, com média de 2,29x10-6 SI e desvio-padrão igual a 0,32. Uma queda na susceptibilidade ocorreu entre os pontos 0,62 e 0,9 m, aproximadamente, devido à presença da areia grossa que divide as camadas de conchas citadas (Fig. 6.1). Neste trecho o perfil registrou valores de -3,7 a -0,7x10-6 SI, com média igual a -1,3x10-6 SI e desvio-padrão de 0,58. Entre os pontos 1,31 e 1,73 m, onde há presença de camadas centimétricas de lama arenosa, os valores oscilaram de 6,8 a 13,4x10-6 SI, apresentando média de 9,8x10-6 SI e desvio-padrão igual a 1,86. Já a lama

compacta entre 1,73 e 2,57 m registrou valores de 11,3 a 21,4x10-6 SI, média de 14,9x10-6 SIe desvio-padrão igual a 1,14. Após este trecho, uma queda acentuada nos valores ocorre a partir do ponto 2,57 m, chegando a um mínimo de 4,37x10-6 SI, máximo de 9,1x10-6 SI,

média de 7x10-6 SI e desvio-padrão igual a 1,1, devido à estreita camada de conchas,

sucedida por lama compacta intercalada por areia fina nas proximidades da base do testemunho.

As interfaces citadas foram claramente identificadas nos perfis de impedância acústica, com variações muito semelhantes às do perfil de densidade. Os registros de reflexão apresentaram picos associados às transições entre camadas, com intensidades que variam de 0,1 a 5,1. A figura 6.1 mostra as principais interfaces associadas a estes dois perfis, que situam-se nas profundidades de 0,66 m, 0,96 m, 1,31 m, 1,78 m e 2,57 m.

JP-112

Os resultados obtidos com as medições de ultra-som no testemunho JP-112 apresentam-se bastante limitados. Este testemunho tem em sua composição grande quantidade de areia média compacta com mica. Do ponto 2,39 m em diante, predomina a lama compacta com intercalações centimétricas de areia fina lamosa. No intervalo entre 2,23 e 2,24 m identifica-se a presença de areia lamosa (apêndice I). Vale ressaltar que a areia média só é considerada compacta a partir do ponto 0,8 m, devido ao mau preenchimento do testemunho nas proximidades do topo, sendo este fato claramente observado nas variações dos perfis (apêndice II).

O comportamento da velocidade na areia média, que vai do topo até o ponto 2,39 m do testemunho JP-112, mostrou grande variação e valores totalmente fora do padrão, uma vez que este sedimento apresenta-se visualmente homogêneo. Neste trecho, a velocidade registrou valores entre 896,4 e 1914,1 m/s, média igual a 1286,2 m/s e desvio-padrão de 182,5.

Já os perfis de densidade e susceptibilidade magnética apresentaram uniformidade e coerência (Fig. 6.3), uma vez que sua variação no trecho inicial até a profundidade de 0,8 m pode ser explicada pela falta de compactação do sedimento no topo do testemunho. A

densidade oscilou entre 2,08 e 2,45 g/cm3, apresentando média de 2,38 g/cm3 e

desvio-padrão de 0,03. Os resultados obtidos no perfil de susceptibilidade magnética, neste trecho,

registraram valores de -0,3 a 1x10-6 SI, com média igual a -0,06x10-6 SI e desvio-padrão de

0,28.

As principais diferenças nos acamamentos desta amostra foram registradas a partir do ponto 2,39 m, na transição da areia média para a lama compacta. As velocidades e densidades mais altas, associadas às estreitas intercalações de areia fina, coincidiram com pequenas quedas na susceptibilidade magnética (Fig. 6.3). A Vp variou entre 1338,9 e 1914,2 m/s, com média 1691,7 m/s e desvio-padrão igual a 154,6 m/s; a densidade registrou

susceptibilidade magnética oscilou entre 1,7 e 4,9x10-6 SI, com valor médio de 3,2x10-6 SI e desvio-padrão de 0,94.

Os perfis de impedância acústica e do coeficiente de reflexão apresentaram coerência somente nos trechos correspondentes aos resultados compatíveis do perfil de velocidade.

Para auxiliar a descrição deste testemunho, foi efetuada uma análise granulométrica dos sedimentos a partir do ponto 2,4 m, sub-amostrados em intervalos de 4 cm. O trecho escolhido, composto por lama compacta com intercalações de areia fina e muito fina, teve o objetivo de ratificar, detalhadamente, os resultados dos perfis neste e nos demais testemunhos, para esta escala de variabilidade granulométrica.

A quantificação das frações granulométricas foi realizada através do analisador de partículas a laser Mastersizer 2000 e o procedimento de análise granulométrica baseou-se no processo de desfloculação física com ultrasom. Os dados de granulometria são apresentados no gráfico da figura 6.2 e, de forma detalhada, no apêndice III.

As informações obtidas neste experimento confirmam o comportamento dos perfis apresentados na figura 6.3, uma vez que os picos alternados das proporções de areia (muito fina a fina, média e grossa a muito grossa) e lama (silte e argila) estão compatíveis com os valores obtidos por cada parâmetro físico descrito.

Figura 6.2: Frações granulométricas do testemunho JP-112, entre as profundidades de 2,4 e 2,96 m, com os resultados dos parâmetros físicos obtidos neste trecho.

JP-119

O testemunho JP-119 é composto integralmente por lama compacta, com intercalações de lama arenosa e raras ocorrências de fragmentos de conchas. Nas proximidades da base a lama apresenta-se fluida (apêndice I). Considerando o preenchimento pouco uniforme no topo do testemunho (apêndice II), cabe ressaltar que os valores medidos acima de 0,5 m, em alguns perfis, podem não estar na faixa considerada para o tipo de sedimento encontrado.

Na lama compacta que vai do topo até a profundidade de 0,93 m (Fig. 6.4), uma estreita camada de lama arenosa é encontrada próxima ao ponto 0,65 m onde pode ser notada uma súbita elevação de Vp, atingindo o valor máximo de 1778 m/s. Nesta camada, a velocidade mínima registrou 1416,4 m/s, apresentando valor médio de 1540,4 m/s e desvio-padrão de 45, devido ao mau preenchimento do testemunho nas proximidades do topo. A lama compacta que vai de 1,08 m a 2,13 m apresenta menor amplitude de variação, com valores que oscilam entre 1496,6 e 1550 m/s, média 1511,6 m/s e desvio-padrão igual a 11,5. No trecho entre 2,17 m e 2,98 m, onde também há ocorrência de pequenos intervalos com lama arenosa, os valores da velocidade aumentam, variando entre 1500,7 e 1619 m/s, com desvio-padrão de 21,6 e média 1539,3 m/s.

O perfil de densidade também evidencia a variação granulométrica observada neste testemunho, como mostra a figura 6.4. Os valores na camada do topo com lama arenosa

vão de 1,82 a 2,54 g/cm3, com desvio-padrão de 0,12 e média 2,08 g/cm3; enquanto a lama

compacta no meio do testemunho fornece medidas de 2,03 a 2,28 g/cm3, com média igual a

2,16 g/cm3 e desvio-padrão de 0,04. A camada mais profunda composta por lama compacta

intercalada com lama arenosa apresentou valor médio de 2,42 g/cm3, mínimo e máximo

iguais a 2,1 g/cm3 e 2,64 g/cm3, respectivamente, e desvio-padrão de 0,09.

Neste testemunho são observadas quedas nos valores da susceptibilidade magnética associadas às interfaces de maior granulometria (Fig. 6.4). Duas delas ocorrem nos pontos 0,6 e 0,8 m devido à presença de camadas centimétricas de lama arenosa. Do

3,6x10-6 SI e desvio-padrão de 0,51. Já a lama compacta entre 1,08 e 2,13 m registrou

valores de 4,3 a 5,8x10-6 SI, média de 5x10-6 SI e desvio-padrão igual a 0,26. Uma queda

brusca ocorre a partir do ponto 2,2 m, chegando a um mínimo de 2,2x10-6 SI, provavelmente

devido à seqüência de camadas centimétricas de lama arenosa. Os valores máximo, médio

e o desvio-padrão nesta última camada foram de 6,3x10-6 SI, 2,9x10-6 SI e 0,7,

respectivamente.

Os registros de impedância acústica também apresentaram intervalos de valores distintos para lama compacta e lama arenosa. Em termos de valores médios, a impedância

sobe de 3265 para 3742 m/s.g/cm3 na transição de lama compacta para a lama com

intercalações de lama arenosa. O desvio-padrão para cada uma dessas camadas foi de 55,6 e 195,7, respectivamente. Já o perfil de reflexão apresentou um padrão homogêneo para a lama compacta, com desvio-padrão de 0,008, e serrilhado quando há intercalação de lama arenosa apresentando desvio igual a 0,013 (Fig. 6.4).

JP-120

Este testemunho assemelha-se ao JP-119 devido à sua proximidade geográfica. O topo do testemunho é composto por lama muito fluida, passando a lama fluida, até a interface com lama compacta, desde o ponto 0,81 m em diante (apêndice II). Uma estreita camada de conchas ocorre entre as profundidades de 2,24 e 2,28 m, a partir da qual eventuais camadas milimétricas e centimétricas de lama arenosa com mica intercalam a lama compacta até a base (apêndice I).

De acordo com a figura 6.5, na camada do topo, composta por lama muito fluida e lama fluida, a velocidade oscilou entre 1518,7 e 1553,1 m/s, com valor médio de 1535,5 m/s e desvio-padrão igual a 9,0. Para a lama compacta que vai de 0,81 a 2,24 m, os registros variaram de 1498 a 1531,1 m/s, com média e desvio-padrão iguais a 1508,5 m/s e 6, respectivamente. Na camada mais profunda composta por conchas, lama compacta e lama arenosa, o perfil apresentou maior amplitude de variação atingindo valores entre 1513,5 e 1624 m/s, com desvio-padrão de 23,2 e média 1540,8 m/s.

No trecho que vai do topo até o ponto 0,81 m, o registro de densidade para as lamas

muito fluida e fluida apresentou valores de 0,6 a 0,98 g/cm3, com média igual a 0,9 g/cm3 e

desvio-padrão de 0,07. Já a lama compacta no meio do testemunho forneceu medidas de

0,95 a 1,17 g/cm3, apresentando valor médio de 1,06 g/cm3 e desvio-padrão igual a 0,04. Na

camada mais profunda, o perfil de densidade mostrou-se irregular em função de uma maior

variabilidade granulométrica (Fig. 6.5), e oscilou entre 1,17 e 1,66 g/cm3, com valor médio de

1,34 g/cm3 e desvio-padrão igual a 0,09.

O comportamento da susceptibilidade magnética neste testemunho evidenciou sua diferenciação faciológica (Fig. 6.5). Os valores mínimo e máximo na camada do topo foram

2,6 e 4,9x10-6 SI, respectivamente, com média igual a 3,3x10-6 SI e desvio-padrão de 0,5.

Uma súbita elevação ocorre nas proximidades do ponto 0,8 m, devido à transição para a

lama compacta. Os registros nesta camada oscilaram entre 6,9 e 12,5x10-6 SI, apresentando

valor médio de 9,6x10-6 SI e desvio-padrão de 1,2. Em seguida, uma queda brusca ocorre a

susceptibilidade registrou valores de 2,2 a 5,2x10-6 SI, média igual a 3,6x10-6 SI e desvio-padrão de 0,7.

Através do perfil de impedância acústica foi possível identificar a interface no ponto 2,28 m, entre lama compacta e conchas (Fig. 6.5). Deste ponto em diante, o registro mostrou-se bastante irregular em relação às camadas superiores, provocando uma elevação no desvio-padrão de 58,4 para 170. Os valores do coeficiente de reflexão apresentaram muito pouca variação, não ressaltando as interfaces identificadas nos demais perfis.

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