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DETERMINAÇÃO DE SEUS RESÍDUOS EM SORO DE CORDEIRO: UMA REVISÃO.

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

ASPECTOS ECONÔMICOS DA OVINOCULTURA

A ovinocultura é a parte da Zootecnia que estuda a criação de ovinos. Segundo Calfat (2012), os ovinos são divididos em classes de acordo com a idade e o sexo, sendo classificados em: cordeiro, geralmente até 6 meses de idade de ambos os sexos, recém- desmamados ou em período de aleitamento; borrego, entre 6 meses e um ano de vida; ovelha, fêmea adulta com idade acima de um ano e carneiro, macho adulto com idade superior a um ano.

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A produção mundial de carne ovina situa-se em torno de 14.200.000 toneladas/ano. Segundo a FAO (2009), a China destaca-se como o maior produtor de ovinos do mundo, seguida da Índia, Austrália e Nova Zelândia. Apesar de constituir-se no maior criador de ovinos, o comércio internacional é abastecido, predominantemente, pelos países da Austrália e Nova Zelândia, onde existem sistemas de produção e comercialização especializados para lã e carne (Figura 1). O principal destino para a exportação da carne ovina é a Comunidade Europeia. O Brasil contribui com menos de 1,0% da produção mundial de carne ovina, sendo detentor de 1,4% do rebanho mundial (FAO, 2009; Viana, 2008).

Figura 1. Balança comercial da ovinocultura no mundo. Fonte: FAO, 2009.

Segundo o IBGE (2010), o número efetivo de ovinos no Brasil foi de 17.381 milhões de animais, registrando um aumento de 1,6 % em relação aos dados obtidos em 2009. A produção de carne ovina é uma atividade que vem se desenvolvendo gradativamente no Brasil, sendo caracterizada pela sua expansão para diferentes regiões, inclusive para locais onde antes a ovinocultura era insignificante. Este crescimento é impulsionado pelo aumento da demanda de produtos e subprodutos oriundos da cadeia produtiva, tanto para o mercado interno quanto externo. Do ponto de vista social, a

0 1000 2000 3000 4000 5000

China Índia Austrália Nova Zelândia

Brasil União Européia

Balança Comercial de Ovinos no Mundo

(toneladas)

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ovinocultura tornou-se mais uma alternativa para a geração de renda em pequenas propriedades rurais (IBGE, 2010).

O maior rebanho do país concentra-se no estado do Rio Grande do Sul com 22,9% do efetivo total. Já em termos regionais, o Nordeste se destaca como a região com o maior número de cabeças, com 56,72% em relação a todo o país. Nessa região, os maiores rebanhos encontram-se nos estados da Bahia (18,0%), Ceará (12,1%), Pernambuco (9,3%) e Piauí (8,0%) (Figura 2). O enfoque de grande parte da produção está voltado para a cidade de São Paulo, que é o maior e mais exigente mercado consumidor do país. Contudo, a produção brasileira de carne ovina não é capaz de abastecer a demanda interna desta cidade, de modo que uma parcela do produto consumido no país é importada (IBGE, 2010).

Figura 2. Produção de ovinos no Brasil. Fonte: IBGE, 2010.

A demanda pela carne ovina concentra-se na produção de cordeiros, em virtude da maior maciez da carne. A carne do ovino adulto é menos atraente pelo aspecto, consistência e sabor, sendo mais utilizadas para o preparo de embutidos. Dentre as carnes vermelhas, a carne dos ovinos destaca-se por seu alto valor nutritivo, sendo rica fonte de proteínas, vitaminas do complexo B, ferro, cálcio e potássio. É fonte de proteínas de alta qualidade e

0 500000 1000000 1500000 2000000 2500000 3000000 3500000 4000000

Efetivo de Ovinos

22,9 % % 18,0 % % 12,1 % % 9,3 % % 8,0 %

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contém todos os aminoácidos essenciais, bastando 100 g de carne magra de cordeiro (que somam apenas 200 calorias) para satisfazer a metade das necessidades proteicas de um dia. Difere das carnes vermelhas, principalmente da carne bovina, por apresentar baixas concentrações de lipídios e, sobretudo, pela pequena quantidade de gorduras saturadas (Calfat, 2012), conforme apresentado na Tabela 1.

Tabela 1. Informação nutricional de diferentes tipos de carnes de origem animal, em cada

100g de carne assada.

Origem Calorias Gorduras (g) Gorduras saturadas (g) Proteínas (g) Ferro (g) Caprino 131-165 2,76-3,75 0,85 18,1-25 3,54 Carneiro 252 17,14-32,8 7,82 14,4-24 1,50 Cordeiro 163 9,5 5,40 19,3 1,50 Bovino 244-263 17,14-18,12 7,29 18,7-25 3,11 Suíno 216-332 16,6-25,72 9,32 15,5-24 2,9 Frango 129 3,75 1,07 24-25 1,61

Fonte: DAIRY GOAT JOURNAL, 1996, citado por MOREIRA et al., 1997.

Apesar dos benefícios no consumo da carne de ovinos, segundo Paulo Afonso Schwab, presidente da Associação Brasileira de Criação de Ovinos, o consumo per capita de carne ovina no Brasil é de apenas 400 gramas por pessoa, por ano, e está muito abaixo de outros tipos de carne, como a de aves que chega a 43,4 kg/ano, a bovina, que é de 37,4 kg/ano e a suína, que é de 14,1 kg/ano (Figura 3) (Viegas, 2012).

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Figura 3. Consumo per capita nacional de carnes no Brasil. Fonte: Viegas, 2012.

Em 2011, o consumo brasileiro de carne ovina alcançou 88,4 mil toneladas e desta quantidade, 74,4 mil toneladas foram provenientes do abate informal. A produção inspecionada, ou seja, o abate oficial, foi de apenas 6,1 mil toneladas e as importações chegaram a 7,8 mil toneladas. O presidente revela ainda que a carne ovina é pouco consumida no País em razão de uma série de fatores, como falta de hábito de consumo pela população, irregularidade da oferta, má qualidade do produto colocado à venda, em razão de boa parte vir do abate informal e a má apresentação do produto ao público (Viegas, 2012).

Segundo Calfat (2012), apesar do baixo consumo da carne ovina, a criação de cordeiros é uma das atividades mais promissoras do agronegócio nos dias atuais. O mercado cresce exponencialmente, com retorno rápido, e a tendência é de que se mantenha em expansão. Dentre os fatores, nos cenários nacional e internacional, que contribuem para essa vertente destacam-se as condições climáticas e a grande extensão territorial do país, favorável à criação da espécie, o fácil manejo, a alta eficiência de ganho de peso, os investimentos crescentes na atividade, as estratégias de conquistas de novos mercados e a mudança de atitude da população no que se refere à própria alimentação. Estima-se que, em

43,4

37,4

14,1

9

0,4

Consumo per capita de carnes no Brasil

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