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Adriano (2015) realizou um estudo de ACV relacionando o desempenho ambiental da tecnologia fotovoltaica em Portugal com outras fontes de energia, como eólica, hídrica e o gás natural. Adriano utiliza sete indicadores ambientais para comparar os diferentes cenários, são eles: uso da água, extração de recursos, uso do solo, emissão de gases de efeito estufa, poluição do ar, emissão de dioxinas e furanos e a poluição da água e solos. Ele também considera os dois tipos de painéis cristalinos: Si-c Mono e Si-c Poli, e considera apenas algumas fases de todo o ciclo de vida: extração de recursos, produção da célula, produção dos componentes de suporte, montagem e instalação do sistema e desmantelamento. Dentre as diferentes fontes de energia, a eólica é considerada a de menor impacto.

Para os processos considerados, Adriano (2015) conclui que a produção das células e dos componentes do sistema são os mais impactantes ao meio ambiente, e também cita que o processo Czochralski por ser lento e com grande consumo de energia, torna o painel de Si-c Mono maior causador de impactos em relação ao painel policristalino. O autor também diz que o processo de reciclagem das bolachas está em desenvolvimento e ainda necessita de maior aprimoramento para aproveitar de melhor maneira este material e se tornar economicamente mais viável, entretanto, ele afirma que não foi possível encontrar informações suficientes para o desmantelamento do painel e considerou que apenas o plástico vai para aterro ou incineração e o restante do painel é reciclado, e portanto não fazem mais parte do ciclo de vida do painel pois estes farão parte do ciclo de vida de outros produtos.

Oliveira (2017) realiza a ACV dos painéis fotovoltaicos modelando uma situação no Brasil e na China e outra exclusivamente na China, pois mostra que não existem industrias brasileiras que realizam o processo de purificação do silício a grau solar. Ela também não realiza

uma ACV com todos os processos envolvidos, analisando desde a extração de recursos até a produção dos painéis. Seus resultados comprovam que o cenário que envolve parte da produção no Brasil gera menos impactos devido a matriz energética do país ser mais limpa que a matriz chinesa. Oliveira conclui também que a modelagem dos transportes não se mostrou relevante para uma tomada de decisão entre os cenários mais impactantes. Por fim ela percebe que o vidro, o silício e o alumínio são os principais responsáveis para os impactos causados no ciclo de vida e que estes estão presentes principalmente na construção do módulo, que representa o processo mais impactante.

Gerbinet (2014) realiza uma revisão sobre os painéis fotovoltaicos, e diz que apesar de existir uma grande bibliografia acerca deste tema, a maioria dos estudos estão incompletos e com falta de detalhes sobre o sistema e a metodologia e por isso há uma dificuldade em comparar os resultados. Ele elucida a importância de integrar a construção dos componentes que fazem parte do sistema fotovoltaico e do destino final dos painéis devido à sua influência nos resultados. Por fim, é mostrado que a maioria dos estudos aferidos por ele avaliam apenas impactos relacionados à energia e ao potencial de aquecimento global, e portanto, outros impactos devem ser analisados em novos estudos.

Outro estudo de ACV de painéis fotovoltaicos foi realizado por Bezerra (2018), o qual considera desde a produção de silício metalúrgico até a montagem do painel de silício policristalino, e ainda calcula o seu tempo de retorno energético, o qual chega a conclusão de 2,94 anos para o total retorno. Considerando um tempo de vida útil de 25 anos, o painel mostra- se promissor. Para os impactos causados nas fases consideradas, Bezerra constatou que a matriz energética utilizada (a chinesa) teve forte influência nos impactos por tratar-se de uma energia essencialmente fóssil. Dentre as categorias de impacto consideradas, as que demonstraram maiores prejuízos ambientais foram ecotoxicidade, eutrofização de água doce e toxicidade humana.

Garcia (2014) analisou os tipos mais comuns de células fotovoltaicas (Silício monocristalino, policristalino, amorfo, CdTe, CIS) em relação à sua emissão de gases efeito estufa e o conteúdo energético dos sistemas através de dados da américa latina. Ela observou que para a maioria dos painéis a recuperação da energia gasta em seus ciclos de vida acontece em cerca de 10 a 15% do seu tempo de vida, porém para alguns painéis de silício monocristalino isso pode acontecer em até 50% de sua vida útil. Garcia também defende que o descarte está

em fase de teste e ainda não acontece devidamente, portanto não há informações suficientes para analisar as emissões geradas, e que em média a energia produzida pelos painéis na américa latina é suficiente para ter um bom retorno, entretanto esta informação não pode ser aplicada em todo o território pois existem regiões de menor irradiação. Já a emissão dos gases de efeito estufa em sua fase de operação são insignificantes.

Rosa (2008) realizou um estudo que analisou os passivos ambientais causados pelo ciclo de vida dos painéis fotovoltaicos, e buscou avaliar se esta fonte energética poderia de fato ser considerada menos poluente, uma vez que defende que uma fonte de energia apenas pode ser chamada de “limpa” se o seu gasto energético durante todo processo de ciclo de vida seja compensado pela sua produção energética durante seu tempo de vida útil e também se este gasto compensa quando comparado ao que produziria a geração de energia a partir da matriz energética de cada localidade, além de comparar as emissões de CO2 de seu ciclo produtivo

com as emissões também das fontes mais utilizadas em cada país.

Ao fim, Rosa (2008) conclui que em relação à amortização dos gastos energéticos, as placas fotovoltaicas são realmente compensadoras, pois costumam possuir um retorno energético aos 8 anos de geração, enquanto seu tempo de vida é de 25 anos, já a emissão de CO2 deve ser mitigada e dependendo da localidade em que é instalado ou produzido o painel,

há um custo ambiental bem alto e este não compensa comparado às fontes de energia existentes em alguns países. O autor também não considera os processos que ocorrem após sua operação, ou seja, seu descarte.

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