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REVISÃO POR APLICAÇÃO DO TETO PREVIDENCIÁRIO

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8 MODALIDADES DE REVISÃO

8.11 REVISÃO POR APLICAÇÃO DO TETO PREVIDENCIÁRIO

A revisão a partir do art. 14 da Emenda Constitucional nº 20/98 ou do art. 5º da Emenda Constitucional nº 41/03 pode ser aplicada àqueles segurados que tiveram seus benefícios concedidos em momento anterior à publicação de tais Emendas e que tiveram o salário de benefício limitado ao teto previdenciário vigente à época da concessão.

Até 15.12.1998 (publicação da EC nº 20/98), por exemplo, nenhum benefício concedido pelo INSS podia ultrapassar o valor de R$ 1.081,50. Ainda que o segurado tivesse uma média de seu histórico contributivo superior a este valor, o

salário de benefício seria limitado e, a partir disto, haveria a apuração da RMI através da multiplicação pelo coeficiente aplicável.

A EC nº 20/98 aumentou este valor-teto, a partir da redação de seu art. 14:

Art. 14 - O limite máximo para o valor dos benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201 da Constituição Federal é fixado em R$ 1.200,00 (um mil e duzentos reais), devendo, a partir da data da publicação desta Emenda, ser reajustado de forma a preservar, em caráter permanente, seu valor real, atualizado pelos mesmos índices aplicados aos benefícios do regime geral de previdência social.

Já a Emenda Constitucional nº 41/03, publicada em 19.12.2003, aumentou o teto previdenciário vigente à época (que equivalia a R$ 1.869,34) para um valor significativamente superior:

Art. 5º O limite máximo para o valor dos benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201 da Constituição Federal é fixado em R$ 2.400,00 (dois mil e quatrocentos reais), devendo, a partir da data de publicação desta Emenda, ser reajustado de forma a preservar, em caráter permanente, seu valor real, atualizado pelos mesmos índices aplicados aos benefícios do regime geral de previdência social.

Aqueles que tiveram seus benefícios concedidos antes da vigência de tais Emendas passaram a requerer, então, que o salário de benefício encontrado fosse limitado ao novo teto previsto, de forma que a renda mensal restaria majorada.

Assim como a revisão por aplicação do art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/91, as ações revisionais que versem sobre este assunto estão com o julgamento em grau de recurso suspenso, aguardando julgamento do Recurso Extraordinário nº 564354/SE. O Supremo Tribunal Federal já julgou a matéria, porém como a decisão ainda não transitou em julgado, os processos devem ser mantidos no sobrestamento.

Decidiu o Supremo Tribunal Federal, por oito votos a um, que é devida a observância aos novos valores-teto para cálculo de benefícios mantidos pelo INSS, ainda que a data da concessão seja anterior à publicação das referidas Emendas Constitucionais.

Transcrevem-se os trechos de maior relevância do voto-condutor da decisão, de lavra da Ministra Carmen Lúcia, de forma a explicitar os contornos do direito reconhecido e as razões de improcedência da insurgência do INSS:

A pretensão posta na lide respeita à aplicação imediata ou não do novo teto previdenciário trazido pela Emenda Constitucional n. 20/98, e não sua aplicação retroativa.

Assim, a meu ver, não há que se falar em ofensa ao ato jurídico perfeito (art.

5º, inc. XXXVI, da Constituição) ou ao princípio da irretroatividade das leis.

(...)

Diversamente do que sustenta a Recorrente [o INSS], a pretensão que o ora Recorrido sustenta na ação é de manter seus reajustes de acordo com os índices oficiais, conforme determinado em lei, sendo possível que, por força desses reajustes seja ultrapassado o antigo “teto”, respeitando, por óbvio, o novo valor introduzido pela Emenda Constitucional n. 20/98.

(...)

O acórdão recorrido [que será mantido, afinal] não aplicou o art. 14 da Emenda Constitucional retroativamente, nem mesmo o fez com base na retroatividade mínima, não tendo determinado o pagamento do novo valor aos benefícios.

O que se teve foi apenas permitir a aplicação do novo “teto” para fins de cálculo da renda mensal de benefício.

(...)

Nego provimento ao recurso extraordinário, por correta a decisão recorrida ao concluir ser possível a aplicação imediata do art. 14 da Emenda Constitucional 20/1998 àqueles que percebem seus benefícios com base em limitador anterior, levando-se em conta os salários de contribuição que foram utilizados para os cálculos iniciais.

Visto isto, tem-se que após mais de três anos suspensos (protocolo do RE 564354/SE feito em 21.09.2007), em breve voltarão a ser julgados os processos que tratem deste tipo de revisão, garantindo-se a muitos beneficiários um juízo de respeito ao histórico contributivo levado em conta para o cálculo do benefício de que são titulares.

9 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho apresentou uma seleção de temas relevantes para o manejo de processos que versem sobre Revisões de Benefícios Previdenciários, pontuando assuntos correlatos e em atual discussão nos tribunais pátrios.

Foi analisada com merecida atenção a questão da decadência do direito de pleitear revisão de benefícios, tópico que ao final do trabalho mostrou-se rico e merecedor de estudos ainda mais aprofundados e abrangentes.

Outro tema que desperta ânimos de continuidade de estudo é aquele relacionado com a elevação do teto previdenciário operada pelas Emendas Constitucionais nºs 20 e 41. Primeiro, pelo necessário estudo a respeito da melhor forma de combinar o que foi decidido pelo Supremo Tribunal Federal com o cálculo que, afinal, será efetuado na renda mensal de cada beneficiário – quais são os exatos limites da decisão daquele Tribunal Supremo? Em segundo lugar, e talvez ainda mais instigante, seja a discussão a respeito do cunho político da recente decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal, reconhecendo o direito dos beneficiários a terem suas rendas mensais revistas, a partir de um novo teto fixado, e do impacto econômico que esta decisão terá nos cofres públicos.

Entende-se que o objetivo de dar um caráter instrumental a este trabalho foi cumprido, à medida em que os assuntos foram tratados de forma simples e apoiada em jurisprudência recente, de forma que aquele que consultar este material terá uma visão geral de o que tem alcançado julgamentos de procedência e improcedência nos tribunais pátrios, bem como de o que tem se entendido a respeito de certas questões prejudiciais do mérito revisional.

Por fim, espera-se que este trabalho logre demonstrar que o tema Revisão de Benefícios e Cálculos Previdenciários é rico e, na opinião desta autora, interessante e instigador. Há que se recordar, sempre, que a lide revisional – e todo o processo contábil e burocrático que ela envolve – serve, ao fim e ao cabo, para conferir ao cidadão o que lhe é legalmente garantido, seja por um merecido reconhecimento de seu histórico de contribuição ao regime previdenciário pátrio, seja por recompor perdas havidas em decorrência de contextos políticos e econômicos brasileiros.

É dizer, a lide revisional extrapola a mera contabilidade e leitura de dispositivos legais: ela pode ser um instrumento de correção de atuações anômalas da Administração Pública, de reconhecimento do patrimônio jurídico do cidadão e, em última análise, de pacificação social.

REFERÊNCIAS

1. CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 12. ed. Florianópolis: Conceito Editorial, 2010.

2. CLAUDINI, Andréa. Revisão de benefícios e Cálculos Previdenciários. 2. ed.

São Paulo: Mundo Jurídico, 2010.

3. ROCHA, Daniel Machado da. Regime Geral de Previdência e Prestações Previdenciárias. In: FREITAS, Vladimir P. (Coord.). Direito Previdenciário:

Aspectos Materiais, Processuais e Penais. Porto Alegre: Livraria do Advogado , 1999. p. 72.

4. ROCHA, Daniel Machado da; JUNIOR, José Paulo Baltazar. Comentários à Lei de Benefícios da Previdência Social. 9. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado.

2009.

5. SAVARIS, José Antonio. Direito Processual Previdenciário. 3. ed. Curitiba:

Juruá, 2011.

6. WEINTRAUB, Arthur B. de Vasconcellos, LEMES, Emerson Costa; VIEIRA, Julio.

Cálculos Previdenciários. 2. ed. São Paulo: Quartier Latin, 2007.

No documento f/ /'ae” ROLUNÃRUNJG DE 1 (páginas 67-72)