• Nenhum resultado encontrado

2.3 ASSOCIAÇÃO ENTRE OBESIDADE E ALEITAMENTO

2.3.1 Revisões sistemáticas sobre associação entre obesidade e

Foram localizadas 4 revisões sistemáticas sobre este tema que incluíam a faixa etária de 7 a 14 anos, sendo que um resumo destas revisões é apresentado no quadro 10. As revisões foram publicadas entre os anos de 2004 e 2005 e o número de estudos incluídos variou entre 9 e 36.

Uma das revisões sistemáticas analisadas (Arentz et al.,2004) verificou o efeito dos fatores de confusão na associação AM versus obesidade. O AM teve efeito protetor contra a obesidade, e esta proteção foi mais acentuada entre os estudos que controlaram menos de sete fatores de confusão. Esta revisão contou com 9 estudos publicados entre 1981 e 2003 e mais de 69.000 indivíduos de 2 a 33 anos.

Harder et al. (2006) apontaram como resultado da revisão sistemática com 17 estudos com indivíduos entre 0 e 33 anos, que o aleitamento até o nono mês de vida foi inversamente associado com o risco de sobrepeso/obesidade independente da idade do indivíduo e do critério utilizado para a classificação do sobrepeso/obesidade.

A revisão sistemática de Owen et al. (2005a) contou com 28 estudos e com uma amostra total de 298.900 indivíduos com idades entre 0 e 33 anos. Foi concluído que o AM protege contra a obesidade, mas sugere-se que são necessários mais estudos em que os efeitos de confusão sejam explorados.

Dentre as revisões sistemáticas encontradas, a única que não encontrou associação foi a de Owen et al. (2005b) realizada com 355.301 indivíduos de 36 estudos com idades entre 1 e 70 anos, que incluiu estudos publicados e não publicados. Os autores investigaram a associação entre AM e seu efeito no IMC e concluíram que esta

associação foi mais forte entre os estudos com adolescentes, mas como conclusão geral do estudo os autores colocam que o AM não foi susceptível a diminuir a média de IMC.

Autor/ano de publicação N estudos e ano das publicações Amostra: (n)/ faixa etária

Resultados mais relevantes

Arenz et al. (2004) 9 estudos (1981-2003) (>69.000) 2-33 anos

A revisão indica que o AM tem um efeito pequeno, porém consistente, protetor contra o risco de obesidade na infância tardia. Este efeito protetor foi mais acentuado em estudos com ajustes para menos de sete fatores de confusão em relação aos estudos que tiveram ajustes para mais de sete fatores.

Harder et

al. (2006) 17 estudos 0-33 anos

A duração do aleitamento materno foi inversamente associada com o risco para sobrepeso/obesidade. Esse efeito durou até o 90 mês de amamentação independente da idade de seguimento e da definição utilizada para o excesso de peso.

Owen et al.

(2005a) 28 estudos

(298.900) 0-33 anos

O aleitamento materno foi associado com um risco reduzido para obesidade quando comparado a alimentação com fórmulas. Os estudos de menor porte encontraram associação maior em relação aos de maior porte (>500 indivíduos). Como conclusão, o AM protege contra a obesidade, mas mais estudos que explorem efeitos de confusão são necessários

Quadro 10- Associação entre aleitamento materno e sobrepeso/obesidade de escolares de 7 a 14 anos em revisões sistemáticas, segundo autor e ano de publicação, número de estudos incluídos e ano das publicações, amostra (número de participantes e faixa etária)

17 Autor/ano de publicação N estudos e ano das publicações Amostra: (n)/ faixa etária

Resultados mais relevantes

Owen et

al. (2005b) 36 estudos

(355.301) 1-70 anos

A amamentação prolongada foi relacionada à diferença no IMC, porém a evidência desta relação nesta revisão foi fraca. Evidências indicaram que o efeito sobre o IMC foi mais forte no grupo etário dos adolescentes. Como conclusão, os autores apontam que o aleitamento materno não foi susceptível a diminuir a média de IMC.

Continuação quadro 10- Associação entre aleitamento materno e sobrepeso/obesidade de escolares de 7 a 14 anos em revisões sistemáticas, segundo autor e ano de publicação, número de estudos incluídos e ano das publicações, amostra (número de participantes e faixa etária)

Dentre as revisões sistemáticas localizadas, todas elas realizaram meta-análise, tendo critérios de inclusão dos estudos específicos para análise em cada uma delas. Dentre os resultados, três das quatro revisões encontraram algum tipo de efeito protetor do aleitamento contra o sobrepeso/obesidade e uma delas (que analisou o efeito do AM sobre o IMC dos indivíduos) não encontrou efeito significativo nesta associação. Além das revisões sistemáticas capturadas no levantamento bibliográfico, é preciso ressaltar que também foi localizada uma revisão sistemática publicada pela OMS, a qual analisou os quatro trabalhos apresentados anteriormente (Arenz et al., (2004); Harder et al., (2005); Owen et al., (2005a); Owen et al., (2005b)) além de mais 2 estudos que foram incluídos. Esta revisão contou com a inclusão de 33 estudos apresentando 39 estimativas de influência do AM sobre o sobrepeso/obesidade (WHO, 2007).

A idade dos indivíduos incluídos na revisão da OMS variou de 1 a 66 anos e foi detectada uma heterogeneidade entre os estudos. Os estudos menores (com menos de 500 participantes) foram os que apresentaram maior efeito protetor do AM sobre o sobrepeso/obesidade, apesar de os estudos maiores (com 500 até 1500 e mais de 1500 participantes) também indicarem esta proteção. Os vieses de publicação poderiam ocorrer especialmente entre os estudos que não controlaram

variáveis socioeconômicas e/ou maternas que poderiam estar influenciando o efeito do AM, mas esta relação de efeito entre obesidade e AM se manteve nos estudos que fizeram este controle de variáveis. Além disto, o efeito do AM pareceu ser mais importante em relação à obesidade do que sobre o sobrepeso. Outro item discutido é em relação aos locais de realização destes trabalhos; a maioria foi feita na América do Norte e Europa Ocidental, localidades com padrão de vida mais elevado, não podendo avaliar, portanto, o efeito da associação AM versus obesidade em localidades com menor nível socioeconômico. Como conclusão, a revisão aponta para o efeito protetor do AM sobre a prevalência de obesidade, mesmo que pequeno (WHO, 2007).

Nesta mesma revisão, a OMS apresenta a plausibilidade biológica da associação da amamentação na diminuição da prevalência de sobrepeso/obesidade anos mais tarde. Entre os aspectos relatados nesta revisão está a menor quantidade ingerida de proteína, um metabolismo energético e resposta hormonal diferentes entre as crianças que recebem o AM em comparação as que recebem outros tipos de leite. Há também a evidência de que crianças amamentadas possuem maior adaptação a alimentos com menor densidade energética nas dietas posteriores ao AM, contribuindo desta forma também, para o menor risco de sobrepeso/obesidade (WHO, 2007).

Com base nos estudos apresentados na presente revisão de literatura, observa-se uma tendência de resultados que mostram proteção do AM no sobrepeso e obesidade na faixa etária dos 7 aos 14 anos de idade. Os trabalhos sobre esta temática foram realizados em diferentes cidades e países do mundo sendo que não foram encontrados estudos deste tipo na população de Florianópolis, SC. Isso promove uma lacuna em relação à identificação desta associação em escolares do município, e este será o tema de pesquisa da presente dissertação: verificar se existe associação entre AM na infância e obesidade em escolares do ensino fundamental de Florianópolis, SC.

19

3 MÉTODO

Documentos relacionados