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6 A EXPERIÊNCIA DO PDE-ESCOLA EM JOÃO PESSOA NA FALA DOS

6.1 Revisitando o campo investigativo

As oito escolas48 investigadas integram a rede pública municipal de João Pessoa, na Paraíba. Essas escolas de ensino fundamental (I e II) estão distribuídas em diferentes Pólos49, organizados pela Secretaria de Educação do Município (SEDEC) e funcionam nos três horários de funcionamento escolar.

De acordo com a análise do Projeto Político – Pedagógico (PPP), as escolas estão situadas na área urbana da cidade, localizadas em bairros onde vivem famílias de baixo poder aquisitivo e apresentam níveis de violência, considerado preocupante. São escolas de fácil localização e acesso, reconhecidas pela comunidade tendo em vista a sua organização e o seu bom funcionamento. De acordo com os critérios estabelecidos pela SEDEC/JP, são escolas consideradas de médio porte, por atenderem a mais de 500 alunos regularmente matriculados. Esses alunos recebem fardamento, bolsa e material escolares, no início do ano letivo. Também recebem merenda escolar, que é preparada na escola, por uma empresa, atualmente, terceirizada.

Nas oito escolas investigadas, verificamos que a maioria apresenta boas condições e estrutura adequada para o bom andamento do trabalho escolar. No geral, são escolas amplas, limpas e bem cuidadas. Algumas têm jardins e horta. Boa parte destas escolas passou por reformas na estrutura física, com ampliação e melhoras na sua estrutura escolar. Outras se encontravam em processo de reforma, no momento da pesquisa. Observamos que as escolas têm biblioteca e sala de informática. Algumas não têm refeitório, nem ginásio. Durante a realização das entrevistas, pudemos observar que as escolas funcionam com suporte de material pedagógico, recursos tecnológicos.50 e

48 Lembramos que as escolas investigadas foram: Escola Municipal de Ensino Fundamental Castro Alves

(A); Escola Municipal de Ensino Fundamental Cônego Matias Freire (B); Escola; Escola Municipal de Ensino Fundamental Ernany Satyro (C); Escola Municipal de Ensino Fundamental Governador Leonel Brizola (D); Escola Municipal de Ensino Fundamental Hugo Moura (E); Escola Municipal de Ensino Fundamental João Coutinho (F); Escola Municipal de Ensino Fundamental João Santa Cruz de Oliveira (G); Escola Municipal de Ensino Fundamental Napoleão Laureano (H).

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As escolas municipais e as creches infantis (CREIS) de João Pessoa estão distribuídas em diferentes Pólos. Atualmente a rede trabalha com nove (9) Pólos. As oito escolas investigadas estão distribuídas nos Pólos: III, V, VII, VI.

50 De acordo com as informações repassadas pelos diretores e observações nas escolas, podemos afirmar

mobiliário suficientes. Elas também recebem da Secretaria de Educação materiais de limpeza e contam com serviços de manutenção (elétrico, hidráulico, alguns consertos e pintura do prédio escolar). Nesse universo de oito escolas, apenas uma escola pesquisada encontra-se em condições precárias de funcionamento, apresentando visivelmente, sérios problemas na estrutura física e problemas com a parte hidráulica e elétrica. Esta escola é pequena, com pouca iluminação e não tem pátio escolar para as atividades recreativas das crianças e jovens.

Conforme registrado nos Projetos Político-pedagógicos (PPP) das escolas investigadas, todas apresentam equipe gestora formada, na sua maioria, por um diretor (a) geral e mais de um adjunto (a), eleitos pela comunidade escolar em processo de eleição direta. A equipe gestora é renovada a cada dois anos. Na maioria destas escolas percebemos uma atuação dinâmica e atuante do gestor escolar e seus adjuntos. A equipe de Especialistas (Técnica) é composta, na sua maioria, por Orientador Pedagógico, Supervisor Escolar, Psicólogo e Assistente Social escolar, com nível superior, integrando o quadro permanente da Secretaria de Educação.

Em relação ao quadro de professores, em obediência as exigências da SEDEC/JP, todos possuem nível superior de escolaridade, bem como, a equipe gestora e os Especialistas. Verificamos que a equipe de professores é formada, na sua maioria, por profissionais que trabalham na condição de Prestadores de Serviço (PS) 51 na rede de ensino.

Todos os professores participam de Capacitação, uma vez por semana, oferecida pela Secretaria de Educação do município de João Pessoa52. As oito escolas têm Conselho Escolar (CE) e Unidade Executora (UEX) organizados, indicando certo nível de envolvimento entre a escola e a comunidade escolar. As escolas têm o seu Projeto

escola (PDDE e PDE), bem como, materiais encaminhados pela Secretaria de Educação do Município. Quanto aos recursos materiais, entre outros: papel ofício, cartolinas, cola, cadernos, lápis, canetas, borrachas, durex, papel madeira, isopor, cola quente, tonner, cartuchos de impressora, lápis colorido, glitter, barbantes, tintas, pastas plásticas, emborrachados, TNT, papel variados, etc. Quanto aos recursos tecnológicos, verificamos nas escolas: som, TVs, computadores, impressoras, data-show, microfones, máquinas digital, filmadora, not books, amplificadores, som ambiente, entre outros. Todas elas contam com serviço de internet.

51 Prestador de Serviço é a denominação que a Prefeitura Municipal de João Pessoa criou para aquelas

pessoas que prestam serviço ao sistema de educação, e em outras Secretarias, que não integram o quadro efetivo da Prefeitura. São pessoas que tem contrato de trabalho, no período de um (1) ano, com possibilidade de renovação ou não, no ano seguinte. Estes profissionais (PS), até o ano de 2010, não tinham direito a receber 1/3 de férias e 13º salário, bem como, outras garantias trabalhistas. Isso acontece, também, com os demais funcionários da escola, como os funcionários de serviços gerais, vigilantes, inspetor de alunos, funcionários administrativo, na condição de PS.

52 Não participam da capacitação, os auxiliares de serviços gerais, os agentes administrativos, vigilantes e

inspetores de alunos. Esta Capacitação é ministrada em local fora da escola, no Centro de Capacitação dos Professores de João Pessoa (CECAPRO).

Político-Pedagógico, calendário de atividades e projetos programados. As escolas recebem recursos financeiros do PDDE/FNDE e do PDE/FUNDESCOLA/MEC.

Estas escolas na sua maioria apresentam problemas de evasão escolar e repetência (notadamente no turno noturno), indisciplina, desinteresse dos alunos. Outro grande problema vivido pelas escolas é referente à rotatividade de professores e funcionários a cada ano letivo. Conforme, notificado nos PPP das escolas, as escolas obedecem ao calendário de atividades escolares, proposto pela SEDEC, apreciado e aprovado pelo Conselho Municipal de Educação – CME. São realizadas reuniões de Planejamento com a equipe de professores e Especialistas e reuniões de pais. O Conselho Escolar, órgão representativo da escola, também se reúne quando necessário. Registramos, também, o desenvolvimento de diversas atividades e projetos educativos nessas escolas, envolvendo a comunidade escolar. A participação dos pais na dinâmica da escola é considerada boa e participativa. Todas as oito escolas investigadas participam do projeto Prêmio Escola Nota 10 53 e trabalham com outros, a exemplo do programa “Mais Educação” e o projeto “Escola Aberta”54.

Conforme anunciamos, foram pesquisadas oito escolas da rede municipal de João Pessoa, pioneiras na implantação do projeto PDE-escola, em 1998 e realizadas 29 entrevistas com os sujeitos assim distribuídos: 08 diretores, 06 coordenadores do PDE- escola (na escola) e 15 professores. Estes sujeitos vivenciaram e participaram do processo de implantação do projeto PDE, nas suas três fases, no período de 1998 a 2006. Estes sujeitos integram o Grupo de Sistematização (GS) do PDE nas escolas, responsáveis pela elaboração e implantação do PDE no espaço escolar, podendo assim, por suposto, falar vivamente sobre este processo. Conforme já dito, as entrevistas foram realizadas no período de novembro de 2010 a maio de 2011.

Partindo do pressuposto de que a implantação do projeto PDE-escola pode influenciar na gestão das escolas públicas, apresentamos a seguir, a análise dos dados

53 O projeto “Prêmio Escola Nota 10” é resultado de um decreto de lei municipal, no qual foi instituído e

normatizado o Índice de Excelência em Educação, formado a partir da avaliação de vários indicadores escolares. As avaliações são de responsabilidade da SEDEC e acontecem diariamente, tendo indicador de peso 10, do valor global do índice. A partir dos resultados alcançados no final de cada ano letivo e, de acordo com a porcentagem alcançada no índice, os trabalhadores das unidades escolares (exceto os CREIS) poderão receber como premiação o correspondente a um 14º salário, caso a escola atinja 100% de êxito. Já a unidade de ensino receberá o selo de 'Escola Nota 10'.

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O projeto “Escola Aberta” é realizado nas escolas de ensino fundamental com vários projetos desenvolvidos junto à comunidade escolar e pessoas do bairro em que está situada a escola. São vários projetos, envolvendo cursos e oficinas de pintura e desenho, corte-costura, cabeleleiro, culinária, dança, teatro, música, artesanato, manicure, entre outros. As oficinas e cursos acontecem na escola, no final de semana e é coordenado por um membro titular da escola.

coletados na pesquisa, focalizando, portanto, como se deu a implantação desse projeto, em 1998, nas escolas públicas de João Pessoa, na Paraíba e a sua contribuição para a gestão escolar.