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CAPÍTULO 3 – DADOS ORGANIZADOS E SUAS ANÁLISES

3.1 O RGANIZAÇÃO DAS I NFORMAÇÕES C OLETADAS

Assume-se como metodologia para estruturar as informações coletadas, os conceitos, os critérios e os procedimentos apresentados pela Análise de Conteúdo (AC), de acordo com alguns conceitos metodológicos e analíticos de Laurence Bardin (1977). Para tratar as informações utiliza-se a Metanálise, de acordo com Fiorentini e Lorenzato (2009), pois possibilita superar as incertezas iniciais quanto à veracidade sobre os conflitos e as dificuldades que os professores de matemática enfrentam com a inclusão do aluno surdo, e também corrobora para o surgimento de novas compreensões para além dos significados, de maneira imediata.

Para Bardin (1977) as diferentes fases da AC organizam-se em torno de três pólos cronológicos: 1) pré-análise, 2) a exploração do material e 3) tratamento dos resultados, a inferência e a interpretação (BARDIN, 1977, p. 89). A pré-análise, consistiu na fase da organização propriamente dita, das informações coletadas por meio das entrevistas.

De posse de todas das informações coletadas, gravadas em áudio, com a utilização de um gravador de voz digital, fez-se a transcrição das mesmas na íntegra. Seguiu-se então, inicialmente, as orientações de Bardin (1977) e realizou-se a leitura flutuante, sem a preocupação de fazer qualquer análise ou inferência, apenas deixando-se impregnar pelas informações. Em seguida procurou-se tratar o material organizando-o em tabelas que são demonstradas doravante. Tratar o material, para Bardin (1977) é codificá-lo. Utiliza-se das palavras de O.R. Holsti62 para explicitar melhor o processo de codificação: "A codificação é o processo pelo qual os dados brutos são transformados sistematicamante e agregados em unidades, as quais permitem uma descrição exacta das características pertinentes do conteúdo" (HOLSTI, 1969, apud BARDIN, 1977, p. 97).

E assim procurou-se preparar o material a ser investigado, definindo as unidades de análise, divididas em unidades de registro e unidades de contexto:

A unidade de registro. - É a unidade de significação a codificar e corresponde ao segmento de conteúdo a considerar como unidade de base, visando a categorização e a contagem frequencial. (BARDIN, 1977, p. 98) A unidade de contexto. - A unidade de contexto serve de unidade de compreensão para codificar a unidade de registro e corresponde ao segmento da mensagem, cujas dimensões (superiores ás da unidade de registro) são óptimas para que se possa compreender a significação exacta da unidade de registro (BARDIN, 1977, p. 100-101).

De acordo com a autora também, é necessário "saber a razão por que é que se analisa, e explicitá-lo de modo a que se possa saber como analisar. Daqui a necessidade de se especificar hipóteses e de se enquadrar a técnica dentro de um quadro [tabela] teórico, [...]" (BARDIN, 1977, p. 97). A análise permitiu a montagem de três tabelas (Tabela 1, Tabela 2 e Tabela 3). Cada tabela com uma unidade de contexto e cada unidade de contexto com suas respectivas unidades de registro.

Na Tabela 1 a Unidade de Contexto construída refere-se : 1. Surdez e o ambiente escolar

 Unidades de Registro: 1.a. Conhecimentos do professor sobre o aluno surdo; 1.b. Conhecimentos do professor sobre a surdez e 1.c. Formas de comunicação entre o professor e o aluno surdo.

62 O. R. Holsti, Content Analysis for the Social Sciences and Humanities, Addison-Wesley Publishing

Na Tabela 2, a Unidade de Contexto: 2. O professor frente às políticas de inclusão

 Unidades de Registro: 2.a. Conhecimentos sobre as Políticas de Inclusão Educacional; 2.b. Compreensão sobre a Educação Inclusiva; 2.c. Crença de que a escola em que Leciona oferece Educação Inclusiva; 2.d. Conhecimento sobre as Diretrizes Curriculares da Educação Especial para a Construção de Currículos Inclusivos da SEED-PR; 2.e. Compreensão sobre Adaptações Curriculares; 2.f. Participação do professor em Formação Continuada envolvendo Educação Inclusiva.

Finalizando, na Tabela 3, a Unidade de Contexto:

3. Ações educativas do professor de matemática na Educação Inclusiva do aluno surdo

 Unidades de Registro: 3.a. Ensino do aluno surdo; 3.b. Adaptações Curriculares; 3.c. Estratégias que facilitam a aprendizagem do aluno surdo e 3.d. Avaliação do aluno surdo.

Os professores informantes foram denotados por P1, P2, P3, P4, P5, P6, P7, P7, P8, P9, P10, P11, P12, P13, P14 e P15, de acordo com suas colocações e seguindo a ordem em que foram entrevistados.

Com a Unidade de Contexto 1. Surdez e o ambiente escolar, pretendeu-se investigar o aluno surdo em seu ambiente escolar por meio do conhecimento do seu professor de matemática a seu respeito, dando ênfase ao conhecimento de sua idade/nível escolar; conhecimento do professor sobre surdez, de acordo com a sua definição da surdez considerando-a como deficiência, ou diferença de comunicação, ou doença e as formas de comunicação utilizada entre o professor e o aluno surdo. Com a Unidade de Contexto 2. O professor frente às políticas de inclusão, pretendeu-se investigar os conhecimentos do professor com relação às políticas públicas de inclusão educacional do aluno surdo; sua compreensão sobre a educação inclusiva; seu conhecimento sobre as Diretrizes Curriculares da Educação Especial para a Construção de Currículos Inclusivos da SEED-PR; sua compreensão sobre as Adaptações Curriculares bem como sua participação em cursos de Formação Continuada sobre Educação Inclusiva do aluno surdo. E com a Unidade de Contexto 3. Ações educativas do professor de matemática na Educação Inclusiva do aluno surdo, pretendeu-se investigar os sentimentos do professor no atendimento do aluno surdo, isto é, se sentia ou não dificuldades nesse atendimento e, quem é que conduzia o ensino do aluno surdo, se era o próprio professor ou se acontecia mediante a atuação do intérprete de libras; se as adaptações curriculares foram realizadas; pretendeu-se também investigar as

prováveis estratégias já desenvolvidas que facilitaram a aprendizagem do aluno surdo e, finalmente, pretendeu-se investigar como a avaliação do aluno surdo aconteceu nesses contextos inclusivos. Compreende-se que tais conhecimentos são fundamentais para a educação inclusiva do surdo.

No próximo ítem passa-se às demonstrações das referidas tabelas sínteses, com suas respectivas unidades de contexto e unidades de registro, bem como a denotação dos professores de acordo com suas respostas. Nas três tabelas, após cada unidade de registro, será desenvolvida a sua metanálise, proposta por Fiorentini e Lorenzato (2009) na qual analisa-se as informações tratadas a partir das falas dos professores entrevistados, buscando novos conhecimentos que possam contribuir nesse novo contexto educacional inclusivo do aluno surdo.

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