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PROCESSO CONSTRUTIVO – FASES, ATRIBUIÇÕES, OBJETIVOS GERAIS E REQUISITOS DE INFORMAÇÃO

2.1 RIBA Plan of Work

O RIBA – Royal Institute of British Architects tem vindo ao longo dos anos a desenvolver diversos trabalhos em conjunto com outras instituições do setor que visam a sistematização do processo construtivo. O objectivo é minimizar situações de erros, omissões, perda de informação, sobreposições, desfasamento dos agentes, entre outros problemas, que dão origem a sobresforços, resultando um desempenho deficiente da cadeia produtiva e tendencialmente uma menor qualidade das realizações. Um dos documentos mais importantes e de suporte a esta problemática é o Plan of Work.

A sua primeira versão data de 1963, tendo na altura como objectivo a sistematização das actividades/operações das equipas de projecto durante esta fase específica do processo construtivo. Assumia a forma de matriz dividindo a fase de projeto em 12 tarefas. Seguiam-se 3 colunas que estabeleciam o âmbito do trabalho a desenvolver e as decisões a serem concretizadas em cada tarefa, bem como as ações que necessariamente teriam de ser realizadas e a identificação dos agentes directamente envolvidos. Este plano tornou-se um instrumento de referência para o setor no Reino Unido, designadamente para a construção de edifícios, tendo também sido amplamente adotado por outros países [7]. Ao longo do tempo foram produzidas várias actualizações que visaram um alargamento do âmbito a outras fases do processo construtivo. Simultaneamente, a matriz foi sofrendo alterações na sua estrutura e forma de apresentação. Dada a sua ampla utilização todos os desenvolvimentos desde final da década de 90 têm visado a integração e a compatibilização com outros instrumentos existentes e que eram utilizados em tipos de obra ou em situações muito específicas, além da necessidade de dar resposta às evoluções dos processos. Nas versões de 1998 e de 2007 é possível observar estas alterações. A versão de 2013 pretende constituir mais um passo na história evolutiva deste documento. A sua estrutura sofreu alterações muito consideráveis tendo como objectivo alcançar todo o ciclo de vida das construções, acomodar diferentes tipos de obra, acomodar diferentes procedimentos de contratação e dar resposta a uma série de temas emergentes relacionados com os resultados da execução do empreendimento, avaliações a serem desenvolvidas nas fases preliminares de projecto, exigências em matéria de receção das obras e gestão da sua utilização e Building Information Modelling. A nova versão do RIBA Plan of Work apresenta uma estrutura matricial que é composta por 8 fases e por 8 barras de tarefas. Apesar de em primeira análise poder parecer uma mudança radical no aspeto, em essência é possível verificar que é mantida a tradição de identificar e explicar as tarefas chave aplicáveis a cada fase do processo construtivo. Não obstante, além desta informação, podem encontrar-se agora muitos outros aspectos e conteúdos complementares. Nos pontos seguintes serão detalhadas as fases e as barras de tarefas que constituem a estrutura base do documento.

2.1.1 Fases do Processo Construtivo

O ciclo de vida do processo construtivo encontrava-se tradicionalmente centrado na materialização do objecto, assumindo-se a sua conclusão com o fim da construção. De uma forma crescente a fase de utilização passou a assumir expressão sobretudo ao nível dos custos de exploração, fruto de alguns erros cometidos. Deste modo, o ciclo de vida da construção encontra-se hoje centrado no objecto a construir, tendo em consideração a sua utilização/vida útil. Conceitos como ciclo de vida da obra e a sua associação ao custo de exploração, durabilidade dos materiais e performance do empreendimento, começaram assim a ser integrados no processo construtivo, seja na fase de utilização, seja nas fases anteriores como as que antecedem o projecto de execução. Estas preocupações assumem-se hoje como um desiderato para a sustentabilidade e competitividade do setor. Tendo em consideração o referido, a versão de 2013 apresenta uma divisão do processo construtivo em 8 fases, numerando-as de 0 a 7. Este aspeto constitui desde logo uma mudança, dado as versões anteriores apresentarem letras para designação das fases. A sua disposição sofreu também alterações passando de uma disposição vertical para um alinhamento horizontal. Na versão original do documento podem encontrar-se o seguinte alinhamento de fases:

Fig.1 – Fases do processo construtivo de acordo com o Plan of Work, versão de 2013.

Conforme é possível observar, cinco das fases encontram-se muito vocacionadas para o desenvolvimento do projecto, entendido como design e duas vocacionadas para as fases de fim da construção e utilização. Com efeito, a individualização de uma fase correspondente à transição entre o fim da construção e o início da utilização, não só vem realçar a importância que esta ação tem no ciclo de vida do empreendimento, como permite realçar uma série de aspectos que têm de ser estabelecidos/definidos naquele momento e que podem condicionar em grande medida o desenvolvimento/gestão da fase de utilização. Uma das maiores alterações face à versão anterior é a remoção da fase de contratação. Com efeito, esta passa a constar das barras de tarefas, permitindo deste modo acomodar diferentes tipos de procedimentos, situação que não acontecia anteriormente, dado o plano reflectir tendencialmente a forma tradicional de contratação utilizada no Reino Unido.

2.1.2 Barras de Atribuições

Uma das maiores alterações desta nova versão é a inclusão de um número muito mais significativo de Atribuições ou Grupos de tarefas a desenvolver, bem como a alteração da sua disposição passando de colunas para barras. Conforme referido anteriormente, estas alterações embora sejam significativas, não têm como objetivo complicar a leitura do documento. A necessidade de adequação a diferentes tipos de obras motivou a introdução de um novo conceito associado a estas barras. Deste modo, existe um grupo de barras que são fixas, significando que estarão sempre presentes independentemente do tipo de projecto, um grupo de barras seleccionáveis, significando de podem ser ou não utilizadas, consoante o objeto do projeto e um terceiro grupo correspondente a barras variáveis. Este grupo tem como objectivo acomodar diferenças que poderão existir nestas atribuições em função do tipo de projeto e das opções tomadas. Para cada barra existe uma sub-matriz com várias opções. Assim, a imagem seguinte apresenta a designação das diferentes barras e indica o grupo ao qual pertencem: