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6. CONCLUSÕES

6.3. P RINCIPAIS C ONCLUSÕES

Apresentadas as vantagens e desvantagens das técnicas em estudo, faz sentido analisar as condições gerais de sucesso e aceitação da mesma, por parte da indústria da construção.

Por temer uma burocratização ou por não acreditar na eficácia dos métodos de programação, a maioria das empresas não faz um planeamento cuidado, e não percebem os benefícios que isso pode trazer para a empresa.

O planeamento deve ser entendido como uma simplificação do processo, e não como uma burocratização do mesmo, pois deve retratar a realidade do estaleiro de obras, visando definir os prazos desta, para que a empresa tenha vantagem competitiva no mercado. Cada empresa deve estabelecer uma forma de planeamento, levando em consideração a sua área de actuação, poder no mercado e tamanho das equipas.

Sabe-se que, embora haja uma preocupação crescente de grande parte das empresas construtoras em conhecer métodos organizacionais de trabalho que determinem menor turbulência e desperdícios em obra, poucos são os que conseguem adoptar e manter até o final da obra um método de programação e controlo do trabalho. Os vícios dos métodos usuais de construção e a tendência geral a decisões de recurso adoptadas no estaleiro vêm a colaborar para a inércia e falta de audácia do corpo técnico das empresas em utilizar novos métodos de organização do trabalho.

Também percebe-se na maioria das empresas que estas possuem uma equipa fixa de funcionários, que atendem a várias obras da empresa, ocasionando uma rotatividade da mão-de-obra e muitas vezes também uma descontinuidade nos trabalhos.

Este trabalho estudou a aplicação de duas técnicas de planeamento de projectos: PERT/CPM e LOB. A primeira delas é uma técnica bem difundida e amplamente utilizada, enquanto que, a segunda ainda é pouco difundida nacionalmente e possui poucas ferramentas computacionais, até agora, eficazes. É possível observar que muitas pesquisas foram desenvolvidas de forma a estudar a elaboração do gráfico e seus benefícios, gerando Linhas de Balanço fictícias, mas poucas são aquelas que estudam casos reais de utilização da técnica. Tendo em vista essa realidade, pretende-se contribuir para essa utilização da técnica em casos práticos, aplicando-o num planeamento elaborado para a remodelação de uma escola, planeamento esse que foi efectuado no capítulo 5.

A técnica LOB apresentou-se bastante adequada para projectos de construção civil, especialmente os de natureza repetitiva. A vantagem da aplicação da Linha de Balanço em projectos de construção repetitiva é o seu uso para prever ou analisar facilmente o ritmo de qualquer processo, seja de produção, de montagem ou fornecimento. Também vale ressaltar, como dito anteriormente, que o método LOB apresenta uma melhor eficácia no planeamento de actividades repetitivas, mas não contempla as actividades relacionadas com fundação, garagens montagem e desmontagem de estaleiro. Para estas actividades torna-se necessário um planeamento à parte, o que muitas vezes inibe o seu uso. O mesmo ocorre com as actividades externas, que não são executadas por andar, mas sim

por fachadas do edifício. A técnica PERT/CPM, por sua vez, exige uma grande repetitividade de

actividades para esse tipo de planeamento de projecto que desfavorece o seu uso.

Fundamentado nos resultados obtidos na comparação da aplicação dessas técnicas, foi proposta uma sistemática de planeamento que integra as práticas de ambas as técnicas. Esse modelo proposto sugere a utilização do método PERT/CPM nas fases iniciais de desenvolvimento do projecto, quando é necessário maior detalhe nos relacionamentos entre as actividades, precisão de suas durações e definição das equipas de trabalho. Na fase de execução da obra, entretanto, sugere-se a utilização da técnica LOB, pois é eficiente no controlo dos progressos e oferece uma ferramenta gráfica de fácil compreensão no estaleiro.

A técnica LOB utilizada na execução da obra permite a identificação prévia dos riscos do projecto que comprometem a conclusão e/ ou o custo da obra conforme planeado. A sistemática de planeamento proposta neste trabalho permite que a fase de execução da obra ocorra da forma mais ajustada possível em relação ao previsto, controlando a variabilidade da produção e preocupando-se com a gestão dos riscos do projecto.

A pesquisa desenvolvida procurou contribuir na interpretação e melhorar o entendimento da técnica de programação da Linha de Balanço. Para tal procurou-se explicar através de imagens como ocorrem os fluxos de produção.

A programação com a Linha de Balanço pode ser paralela, com um único ritmo de execução das actividades definindo o ritmo de conclusão das unidades. E pode ser não paralela, ou não ajustada, onde os ritmos naturais das actividades são em grande parte mantidos, e o ajuste dos ritmos é parcial, isto é, para alguns grupos de actividades.

Outra limitação da metodologia de Linha de Balanço é não ser totalmente adequada (actualmente) para programação em computadores. Os diversos modelos computacionais propostos para sua solução impõem algum tipo de limitação no uso da metodologia. Adicionalmente, o objectivo de muitas destas

técnicas baseadas no conceito de Linha de Balanço é a redução da duração do projecto com pouca ou nenhuma atenção aos custos do projecto.

Apesar das várias aplicações descritas, o uso corrente da metodologia Linha de Balanço ainda é muito reduzido. As técnicas de rede foram mais facilmente computadorizadas e programas de computador baseados nestas técnicas tornaram-se mais populares principalmente com o surgimento dos computadores portáteis, cada vez mais acessíveis. Programas de computador para gestão de projectos baseados em técnicas de rede, são cada vez mais conhecidos, acessíveis e funcionais para quem está a planear. Por outro lado praticamente não existem programas comerciais baseados na metodologia Linha de Balanço. Actualmente começa-se a pesquisar, e a desenvolver programas para aplicação do método da Linha de Balanço. Em Portugal pode-se afirmar que a técnica ainda é desconhecida pela maior parte dos profissionais da área do planeamento, e este trabalho, vem contribuir para a sua disseminação.

Posto isto pode dizer-se que:

 não há unanimidade sobre a melhor metodologia de programação para os projectos de construção. Crê-se porem que deverão ser utilizados métodos de simples aplicação para permitirem o diálogo com o maior número possível de intervenientes nos projectos;

 a formulação do problema da utilização dos recursos em projectos de construção obriga, a menos de situações triviais, ao uso de processamentos automáticos. Nestas condições, os métodos de programação escolhidos deverão permitir tal tratamento;

 a gestão global dos recursos num projecto de construção envolve um grande número de disciplinas, cujo conhecimento é importante para a compreensão integral do problema. Os estudos desenvolvidos a esse nível deverão contar então com a participação de equipas interdisciplinares.

Cabe ressaltar a importância dos desempenhos em obra, pois nenhuma programação é efectiva se não houver, durante o processo de construção correcções no fluxo de trabalho programado. Existem factores que fogem à programação e que podem interferir significativamente no fluxo de trabalho, tornando obsoleto o programa elaborado. Para que isto não ocorra existe a necessidade constante de reavaliação dos planos traçados. Qualquer método de programação só terá sucesso se estiver associado ao controlo da construção.

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