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6. DISCUSSÃO

6.3 PERFIL DIAGNÓSTICO DOS CLINTES ONCOLÓGICOS CRÍTICOS EM

6.3.18 RISCO DE SÍNDROME DO DESUSO

O diagnóstico de enfermagem de Risco de síndrome do desuso é definido como a “vulnerabilidade à deterioração de sistemas do corpo como resultado da inatividade musculoesquelética prescrita ou inevitável que pode comprometer à saúde” (NANDA-I, 2015). Foi diagnosticado em 94,1% dos clientes oncológicos em cuidados paliativos avaliados, os quais se encontravam em sua totalidade internados em UTI, acamados, em sedação, 92% em uso de ventilação mecânica e 8% em uso de máscara para suporte suplementar de oxigênio. Além disso, 88,4% apresentavam algum tipo de metástase. Os fatores de risco relacionados a esse diagnóstico foram a imobilização (90,6%) e o nível de consciência alterado presente nos cinco clientes (15,6%) que não estavam sedados.

Em trabalho realizado por Moreira (2008) com pacientes críticos com diagnóstico de acidente vascular encefálico foi evidenciado o diagnóstico de risco de síndrome do desuso como um dos sete mais frequentes, estando presente em 80,2% dos pacientes avaliados.

O que confirma que as doenças crônicas como acidente vascular encefálico e o câncer favorecem o risco de síndrome do desuso devido ao elevado tempo de internação, às condições clinicas e sequelas que estas doenças provocam nos indivíduos que são por elas acometidos.

6.3.19. Risco de olho seco

O diagnóstico de enfermagem de Risco de olho seco é definido como “vulnerabilidade ao desconforto ocular ou danos à córnea e à conjuntiva devido à quantidade reduzida ou

qualidade das lágrimas para hidratar o olho” (NANDA-I, 2015). No presente estudo, 91,2% dos pacientes avaliados apresentaram o diagnóstico em questão, sendo o fator de risco de maior prevalência o regime de tratamento, a ventilação mecânica que estiveram presentes em 29 clientes (93,5%) diagnosticados com esse risco. Outro fator identificado foi o envelhecimento, uma vez que o maior percentual de clientes da amostra era idosos.

Estudo realizado por ARAÚJO (2014) afirma-se que as drogas relaxantes musculares e sedativas são complexas e ameaçadoras para o olho seco, sendo apontadas, em sua revisão bibliográfica, em 55,55% e 70,37% dos estudos, respectivamente. Explica, ainda, que quando os sedativos e relaxantes musculares são administrados, o fechamento das pálpebras é determinado apenas por forças passivas, dessa forma, a incapacidade de mantê-las completamente fechadas conduz à exposição da conjuntiva e/ou da córnea resultando em secagem ocular.

Todos os pacientes que apresentaram Risco de olho seco no presente estudo estavam em ambiente de UTI, em uso de sedativo ou relaxante muscular e 87% estavam em ventilação mecânica.

6.3.20. Risco de integridade da pele prejudicada

O diagnóstico de Risco de integridade da pele prejudicada é definido como “vulnerabilidade à alteração na epiderme e/ou derme, que pode comprometer a saúde” (NANDA-I, 2015). No presente estudo, 61,8% dos pacientes avaliados apresentaram o diagnóstico Risco de Integridade da pele prejudicada. Esse fato é justificável tendo em vista que 94,1% estavam internados em UTI e que, destes, 87,5% estavam em ventilação mecânica e sedação, o que reduz a capacidade de mobilidade no leito, elevando o risco para integridade da pele prejudicada.

Os fatores de risco identificados foram os fatores mecânicos presentes em 21 clientes, pressão sobre saliência ósseas, o risco evidenciado pela escala de Braden e o extremo de idade que estiveram presentes em 21 indivíduos, já o estado nutricional desequilibrado estava presente em apenas 8 destes. Dos avaliados 23,5% possuíam úlcera por pressão, quatro apresentavam mucosite e apenas um apresentou dermatite associada à incontinência. Das

úlceras por pressão observadas 75% tinham localização sacra e 25% se apresentavam no calcâneo, e 62,5% das lesões eram de grau III.

Segundo Otto (2012) as lesões cutâneas de maior prevalência em pacientes oncológicos críticos são em ordem de frequência as úlceras por pressão, as dermatites relacionadas à incontinência e as mucosite. Esse dado corrobora com o dado observado nos clientes que participaram da amostra do presente estudo.

Em pesquisas realizadas por Hendrichova (2010) a prevalência de úlcera por pressão em pessoas em cuidados paliativos variou de 10,5 a 26%. Já o estudo realizado por Queiroz (2014) que avaliou a prevalência e as características dos pacientes em cuidados paliativos portadores de úlcera por pressão foi observado que 58,3% dos pacientes possuíam alguma úlcera, sendo o estágio três, o estágio mais frequente (47,3%). Os dados obtidos no presente estudo se assemelham ao que foi observado por Hendrichova (2010) no que se refere à incidência da lesão, tendo frequência bem maior que a observada no estudo de Queiroz (2014). No que se refere ao estágio da lesão, o dado observado na clientela do presente estudo reafirma a prevalência do grau III apresentada por Queiroz (2014).

Utilizou-se nesse estudo a aplicação da escala de Braden para avaliação do risco de úlcera por pressão com pontuação média de 7,6 pontos. Foi observado que 94,1% apresentavam alto risco para desenvolver úlcera por pressão e 5,9% tinham risco moderado. Na categoria percepção sensorial 85,3% dos clientes eram completamente limitados e 14,7% eram muitos limitados. Na categoria umidade 20 clientes (58,8%) estavam constantemente úmidos e 41,2% deles encontravam-se em situação de muita umidade, ambos relacionados ao uso de fraldas. Já na categoria atividade 85,3% eram acamados e dentro da categoria mobilidade 29 clientes estavam completamente imobilizados devido uso de sedação contínua. Em relação à nutrição 76,5% dos clientes avaliados apresentavam estado nutricional provavelmente adequado, estando apenas 23,5% com nutrição muito pobre. Quando avaliado fricção/cisalhamento o problema esteve presente em 76,5% dos clientes e 23,5% deles apresentavam potencial para esse problema.

Estudo realizado por Mercês (2011) que avaliou pacientes portadores de tumores de cabeça e pescoço, dos 58 diagnósticos de enfermagem identificados, o diagnóstico de Risco de Integridade da pele prejudicada foi o de maior prevalência.

Estudo realizado por Sousa (2015) evidenciou que 16,7% dos pacientes estudados apresentavam o diagnóstico de risco de integridade da pele prejudicada. Os fatores de risco foram emagrecimento e pele com turgor diminuído, que também foram identificados nos clientes oncológicos críticos do presente estudo.

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