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NMOSFET LEIAUTE TIPO PINO NÚMERO

2.4 RADIAÇÕES IONIZANTES

2.4.3 Metodologias para redução dos efeitos das radiações ionizantes nos CIs

2.4.3.2 Robustez às radiações ionizantes do tipo RHBD

A seguir é dada uma visão geral de outras técnicas de projeto de CIs CMOS visando à robustez aos efeitos das radiações ionizantes (Radiation Hardening By Design, RHBD) assim como os da influência dos diferentes tipos de leiautes para MOSFETs (HUGES; BENEDETTO, 2003), (NOWLIN, 2004), (FERLET, 2007).

São exemplos de estilos de leiautes para MOSFETs tolerantes as radiações ionizantes: a) O MOSFET com leiaute fechado ou concêntrico (Enclosed Layout Transistor, ELT) (NOWLIN; ALEXANDER, 2005), (ANELLI, 1999), (GIRALDO; PACCAGNELLA, 1999).

O leiaute convencional de um MOSFET é retangular, sendo desenhado com os seus terminais de corpo (bulk), de fonte (source), de dreno (drain) e de porta (gate), definido pelas dimensões W (largura de canal) e L (comprimento do canal). Diferentemente, o transistor do tipo ELT é desenhado com seus terminais de dreno ou de fonte completamente envoltos por polisilício. A Figura 44 ilustra vários tipos de ETLs (GIRALDO; PACCAGNELLA, 1999).

Figura 44- Diferentes tipos de ELTs

Fonte: Autor “adaptado de” GIRALDO; PACCAGNELLA, 1999

Existe uma grande variedade de formas de MOSFETs de geometria fechada, conforme ilustrados na Figura 44. Alguns podem ser circulares [Figura 44(a)], quadrangulares [Figura 44(b)], retangulares [Figura 44(c)] e quadrangulares com extremidades de 45° [Figura 44(d)] (NOWLIN; ALEXANDER, 2005), (GIRALDO; PACCAGNELLA, 1999).

O uso do ELT garante uma boa isolação entre dreno e fonte, não havendo caminho para uma eventual corrente de fuga, motivada pelos MOSFETs parasitários das regiões de bico de pássaro. Assim a condução da IDS entre os terminais de dreno e da

fonte se dará somente através do controle da tensão aplicada à porta (GIRALDO; PACCAGNELLA, 1999).

No entanto, as regras de projeto para determinadas tecnologias mais modernas podem limitar seu uso, como as dificuldades ligadas às peculiaridades do próprio leiaute

do ELT. Às vezes sua modelagem torna-se complexa quando comparado a do retangular equivalente, resultando em altos valores da sua razão de aspecto (ou fator geométrico, W/L), assim ocupando uma área considerável. É comprovado que se utilizando o ELT para projetos de CI CMOS tem-se um acréscimo de área de até 3,5 vezes em relação a área ocupada de um convencional equivalente (FACCIO, 2015).

Outras desvantagens de sua utilização é a falta de bibliotecas comerciais disponíveis e a perda da densidade de integração dos CIs CMOS (GIRALDO; PACCAGNELLA, 1999).

Apesar disso, pode-se dizer que a utilização do ELT proporciona tolerância aos efeitos da radiação pela TID, uma vez que elimina as bordas nas junções, onde se formariam os transistores parasitários (regiões de bico de pássaro) (FACCIO, 2015).

b) Leiaute para MOSFET do tipo “osso de cachorro” (Dogbone) (MCLAIN, 2005). A Figura 45 ilustra dois MOSFETs, sendo um do tipo “osso de cachorro” (Dogbone) [Figura 45(a)], que é responsável por reduzir os efeitos da TID, e o seu equivalente convencional [Figura 45(b)].

Figura 45- Exemplos de leiautes de MOSFETs do tipo Dogbone (a) e do tipo retangular (b)

(a) (b) Fonte: Autor “adaptado de” MCLAIN, 2005

A Figura 45(a) ilustra o MOSFET do tipo Dogbone com seus terminais de dreno, da fonte e da porta completamente envoltos pelo polisilício. Ele pode ser projetado com a mínima dimensão permitida pela tecnologia de fabricação de CIs CMOS. As regiões ao redor dos contatos de dreno e fonte recebem dopagem n+ (igual ao retangular), enquanto que a área externa ao redor do MOSFET é envolta por uma região de difusão p+ retangular, diferente daquela utilizada nos ELTs, pois o Dogbone possui uma estrutura mais compacta e simétrica. (MCLAIN, 2005).

Polisilício

Região de difusão p+

Alguns problemas encontrados nos NMOSFETs convencionais e nos ELTs foram resolvidos utilizando-se o Dogbone, pois ele é capaz eliminação das regiões de bico de pássaro, já que a fronteira com a região de óxido espesso está distante fisicamente do canal de condução do MOSFET. Além disso, a dopagem do tipo p+, externa ao

MOSFET, eleva a tensão de limiar (VTH), de maneira que a inversão do substrato nessa

região fica dificultada, inibindo a formação do caminho de condução entre MOSFETs adjacentes. Outra vantagem dos MOSFETs do tipo Dogbone é que o seu tamanho se aproxima de um convencional (retangular), e, portanto, não havendo acréscimo de área (MCLAIN, 2005). No entanto, sua desvantagem é possuir uma menor razão de aspecto (W/L), por consequência do menor canal de condução. A região de difusão do tipo p+ do Dogbone elimina a influência do óxido espesso na largura do dispositivo. Por outro lado, o implante do tipo p+ nessa região pode difundir-se sob o terminal de porta, alterando a largura efetiva do canal (Leff) do MOSFET (MCLAIN, 2005).

c) Uso de anéis de guarda para proteção contra SEL

A Figura 46 ilustra outros tipos de leiautes para impedir o efeito latch-up, pois a inserção de contatos e anéis de guarda em torno do dreno ou da fonte do MOSFET elimina a ILEAK induzida pelas radiações ionizantes entre as regiões dopadas de dreno e fonte. Os

leiautes podem ser com anel de proteção circundando a fonte, ilustrado na Figura 45(a), ou ao dreno, conforme ilustrado na Figura 46(b). Ambos têm a vantagem de oferecer MOSFETs compactos, porém eles exigem muitas vezes violar as regras do projeto, além de não serem totalmente imunes aos efeitos da TID (NOWLIN; ALEXANDER, 2005).

Figura 46- Exemplos de leiautes de MOSFETs com porta retangular com anel de proteção envolvendo a fonte (a) e o dreno (b)

Fonte: Autor “adaptado de” ESA HANDBOOK, 2016

É de boa prática usar o NMOSFET projetado como ELT com anéis de guarda, ampliando a robustez aos efeitos da TID. São técnicas de mitigação que podem ser empregadas para todas tecnologias planares de fabricação de CIs CMOS, levando-se em

Porta Porta Fonte Fonte Dreno Dreno Fonte (a) (b)

conta as mais modernas contendo óxido de porta fino e também agregando a vantagem de reduzir as armadilhas no óxido de porta (LABEL, COHN, 2005).

d) Projetos de CIs CMOS priorizando o uso de PMOSFETs em seus leiautes

Também é uma opção que pode conferir para aumentar a tolerância às radiações ionizantes. A razão é que o substrato dos PMOSFETs é dopado com material do tipo N e, portanto, não está sujeito ao acúmulo de cargas positivas na área de óxido espesso ao seu redor. Assim, apesar da VTH ser reduzida (o seu módulo aumentar), no regime de

inversão do PMOSFET não ocorre a ativação dos MOSFETs parasitários que possibilitem a fuga de corrente. Entretanto, o aumento do número de PMOSFETs inseridos nos CI CMOS não é usual e implica em algumas desvantagens tais como a elevação da área do leiaute em processos que utilizam pastilhas (chips) de substrato do tipo p, pois necessitam de uma região de dopagem do tipo n profundo (poço tipo n) ao seu redor, redução da velocidade de propagação dos níveis lógicos, etc. (HUGES; BENEDETTO, 2003).

e) Utilização de elementos de redundância nos CIs CMOS.

A Figura 47 apresenta uma célula padrão de um circuito lógico chamado latch, normalmente formado por seis MOSFETs com área total equivalente de 2 µm2 [Figura 47(a)] para uma dada tecnologia e uma correspondente célula redundante com a mesma função contendo quatorze MOSFETs, ocupando uma área de 38 µm2 [Figura 47(b)]. A área desse circuito é dezoito vezes maior que a célula padrão. Portanto, utilizar elementos redundantes nos CIs CMOS para mitigar os efeitos de SEE implica em aumentar significativamente a sua área total, e consequentemente num acréscimo indesejável do seu consumo de potência (LABEL, COHN, 2005).

Figura 47- Exemplos de latches digitais que utilizam uma célula padrão (a) e sua correspondente célula redundante (b)

Fonte: Autor “adaptado de” LABEL; COHN, 2005

onde: CK (Clock) é o sinal de entrada para sincronismo da célula digital (latche), D (Data) é o sinal de entrada de dado da célula digital (latche) e Q é o sinal de saída da célula digital (latche). O CKN é o sinal de entrada barrado (invertido) para sincronismo da célula digital, DN é o sinal de entrada de dado barrado (invertido) e QN é o sinal de saída invertida.

Conforme indicadas na Tabela 5 é comum aplicar as técnicas combinadas de prevenção e ou mitigação dos efeitos da radiação ionizante (ESA HANDBOOK, 2016).

Tabela 5- Técnicas utilizadas para a redução dos diferentes efeitos das radiações ionizantes em dispositivos semicondutores.

Técnica de Mitigação Prevenção contra os Efeitos das Radiações Ionizantes em dispositivos semicondutores