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Segundo Onofre (cit. por Tavares, 2015, pág.1), “a formação de professores pode ser entendida como o processo contínuo e sistemático de aprendizagem no sentido da inovação e aperfeiçoamento de atitudes, saberes e saberes-fazer e da reflexão sobre valores que caracterizam o exercício das funções inerentes à profissão docente”. É consensual, nos dias de hoje, que a educação tem um papel fulcral no desenvolvimento da sociedade. A família é o espaço por excelência para os primeiros atos educativos de um ser humano. Mais tarde outros, entre os quais a escola, ajudarão nesta tarefa. Ao professor, como um ator dessa mesma escola, cabe uma parte muito importante, complementar da dos pais. Tal como refere Rego (cit. por Dessen & Polonia, 2007) a escola e a família compartilham funções sociais, políticas e educacionais, na medida em que contribuem e influenciam a formação do cidadão. Ambas são responsáveis pela transmissão e construção do conhecimento culturalmente organizado, modificando as formas de funcionamento psicológico, de acordo com as expectativas de cada ambiente.

Considerando que cabe ao aluno ser o centro do sistema educativo, e não ao professor, este último não deixa de ser uma peça essencial para tornar a educação melhor e através dela o país, e consequentemente a humanidade; dado que quem formamos hoje, serão o futuro de amanhã. O professor é, de

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facto, uma das figuras mais importantes da sociedade, uma vez que todos os políticos, médicos e qualquer que seja a profissão, passaram por professores, que deixaram as suas marcas na forma de ser e de pensar de todos os que frequentaram escola.Mas se o professor é tido como uma parte fundamental do sistema de ensino, tem-se que o considerar, também, como uma pessoa com as suas angústias, necessidades, incertezas, alegrias, sensibilidades pois, o que hoje lhe é exigido implica, cada vez mais, resistência, saber e criatividade. Ser professor perante as complexas e continuas mudanças sociais com que a profissão docente se confronta, tem muito que se lhe diga.Dessen & Polonia (2007) referem, que por isso, o uso de estratégias deve ser adaptado às realidades distintas dos alunos e professores, às necessidades da comunidade e aos recursos disponíveis, levando em conta as condições e peculiaridades de cada época ou momento histórico. Realçam também que é importante identificar as condições evolutivas dos segmentos: professores, alunos, pais e comunidade, em geral, para o planeamento de atividades no âmbito da escola.

De acordo com Borges (2007), o professor desempenha doze papéis reagrupados em seis áreas que correspondem a ser na prática: fornecedor de informação, modelo profissional, facilitador da aprendizagem, avaliador quer dos alunos quer dos programas a implementar, planificador e criador de materiais. Além destas práticas, associa-se também o ser avaliador das suas próprias práticas, pela importância e ênfase que tem sido dada ultimamente com a implementação do mais recente modelo de avaliação docente. Ser professor tem tanto de maravilhoso e extraordinário como de difícil e perturbador, exatamente pela multiplicidade de papéis que lhe são exigidos desenvolver, e pelo papel-chave que desempenha na formação das gerações futuras. A responsabilidade é de facto muito grande, mas nem sempre lhe é reconhecida, quando nos dias de hoje ainda nos fazem comentários do género: “vida de professor é que é”, “os professores têm muitas férias”, “eu devia era ter sido professor”; aos quais normalmente eu respondo: “não foste professor(a) porque não quiseste” ou “tivesses estudado”, sim porque também

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acham que a Licenciatura, e atualmente os Mestrados e Doutoramentos em Educação Física e Desporto são muito acessíveis e fáceis de concluir.

Já tive momentos que pensava para comigo, “adorava ter uma profissão que não implicasse levar trabalho para casa”. Por vezes tenho “inveja” do meu companheiro que pode chegar a casa e fazer o que lhe apetece, sem estar preocupado com o dia de amanhã. Mas tudo isto desaparece quando passo por um aluno e ele cumprimenta-me e por vezes fala um pouco de si. Concluo que afinal tive alguma influência na sua vida. É, portanto, uma profissão única. Borges (2007, p.194) refere que as interações se traduzem “num conjunto de gestos que se repetem, de funções e de papéis que se revelam nas práticas pedagógicas, nas estratégias de ensino aprendizagem, na comunicação, no exercício de autoridade”, com uma forte dimensão relacional com os outros e interações muito específicas e especiais.

A influência que o professor exerce sobre as crianças e jovens, atualmente, é maior do que muitos pais e mães. Afinal, um professor passa, em muitos casos, mais horas com as crianças e jovens que os próprios pais que por diversas razões (cansaço e afazeres do dia a dia) mal dialogam em família.

O professor é o profissional que ensina muito mais que um mero conteúdo programático, ou apenas mais um a dizer o certo e o errado na vida de alguém. O seu exemplo de vida, de esforço, as suas origens, o seu carisma dizem, por vezes, muito mais do que toda a sua explicação. É aqui que a sua capacidade de influenciar se aplica, já que além de contextualizar os temas da aula, o professor passa um testemunho de certas situações da sua vida, que em muitas das vezes são de extrema importância, pois torna o professor o senhor do destino de muitas pessoas que, talvez, nunca mais terão oportunidade de obter tão facilmente um bom exemplo, na idade onde a formação do caráter ainda é intensa e carente de modelos. Tudo isto pode mudar vidas!

Por tudo o acima exposto, é necessário que o professor pondere muito bem as suas ações.

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A profissão docente deve ser encarada, segundo Borges (2007), como uma profissão especialmente importante e faz com que o trabalho do professor seja muito específico e diferente de todos os outros e que, como tal, propicie formas de estar específicas. O trabalho do professor caracteriza-se, como dizem Tardif & Lessard (cit. por Borges, 2007, pág. 193), pelo facto de ter como objeto seres humanos; o professor trabalha “com seres humanos, sobre seres humanos, para seres humanos”.

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