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FUTURAS AÇÕES DE INTERVENÇÃO

São necessárias atividades que permitam discutir e valorizar o quadro de percepção desta população, permitindo reflexões sobre mudanças de comportamento de cada indivíduo. Para tanto, entender de antemão o contexto na qual esses indivíduos então inseridos é fundamental para qualquer tipo de intervenção. Para a concretização dessas atividades, é necessário o apoio e incentivo de várias instituições locais e regionais.

Deste modo, é importante, em conjunto com a população em questão, criar estratégias para a melhoria da qualidade socioambiental da região. Por consequente, cooperar com o processo de conscientização e despertar a responsabilidade da população na conservação do Ribeirão Feijão para minimizar os problemas ambientais na área.

A intenção seria de desenvolver um programa de sustentabilidade rural para que esta comunidade pratique de fato uma agricultura de forma

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sustentável no contexto regional no qual estão inseridos, em termos de aspectos econômicos, sociais, políticos, culturais e ambientais. Desenvolvendo ações educativas para sensibilizar, capacitar, apoiar e articular essas iniciativas a todas/os, partindo de uma proposta local com base na construção coletiva, mas com intenção global, assim como a ideia de Dubos (1974)1. Objetivar também a geração de trabalho e renda, manutenção dos serviços ambientais e adequação ambiental das propriedades rurais.

Conforme consta no artigo 225 da Constituição, deve-se: (VI) promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente. A educação ambiental servirá de base para as futuras ações de intervenção. Neste contexto, é necessário seguir alguns passos essenciais para se alcançar o pensamento sistêmico em educação ambiental sugerido por Smith (1995, apud. SATO, 2002), tais como:

1º passo – Sensibilização ambiental: tem por objetivo o processo de alerta que permite o envolvimento do indivíduo ou o grupo estudado, a fim de organizá-lo(s) para a inserção na problematização tratada na pesquisa;

2º passo – Compreensão ambiental: tem por objetivo o processo em que o/a indivíduo/a ou o grupo conheçam os componentes e os mecanismos que conduzem o sistema natural;

3º passo – Responsabilidade ambiental: tem por objetivo fazer com que cada indivíduo/a se reconheça como principal protagonista para garantir um ambiente sustentável;

4º passo – Competência ambiental: tem por objetivo analisar e por em prática o conhecimento adquirido a fim de tornar o ambiente sustentável;

5º passo – Cidadania ambiental: tem por objetivo fazer com que os/as indivíduos/as participem ativamente, resgatando os direitos e gerar uma nova ética integrando sociedade e natureza.

Neste contexto, a proposta de cursos para a população estudada se faz necessária com o propósito de desenvolver o conhecimento, trazendo o

1Dubos (1974) “Pensar globalmente, agir localmente”. DUBOS, R. Um animal tão humano: como somos moldados pelo ambiente e pelos acontecimentos. São Paulo:

empoderamento para tomadas de decisões. Para tal, segue as sugestões de temas geradores e práticas que podem ser aplicados tanto nesta população estudada como com outra que se assemelhe a problemática estudada.

 Projeto de restauro / Propriedade:

- Utilização de técnicas agroecológicas e agroflorestais nas APPs e na propriedade como um todo;

- Criação de viveiros de mudas nativas e exóticas para o reflorestamento e paisagismo, outra fonte de renda a/ao produtor/a (Figura 55);

- Ações de fiscalização da legislação ambiental, por parte da própria população local, principalmente com relação ao gado dentro de corpos d’água (processo de assoreamento – Figura 56). É fundamental haver uma cobrança coletiva e uma pressão aos que estão infringindo a legislação;

- Otimização das propriedades através do turismo rural local. Venda de produtos locais como: queijos, cachaças, licores, hortaliças, entre outros aos turistas.

 Bacia Hidrográfica do Ribeirão Feijão / Poder público:

- Desenvolvimento de projeto de recomposição da vegetação das estradas rurais, a fim de promover o turismo local com a utilização de bicicletas para os passeios;

- Informação e incentivo aos/as produtoras/es rurais, à formação de RPPNs (Reserva Particular do Patrimônio Natural)1;

1Benefícios com a criação da RPPN: direito de propriedade preservado; isenção do Imposto

sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR) referente à área criada como RPPN; prioridade na análise dos projetos, pelo Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA); preferência na análise de pedidos de concessão de crédito agrícola, junto às instituições oficiais de crédito, para projetos a serem implementados em propriedades que contiverem RPPN em seus perímetros; possibilidades de cooperação com entidades privadas e públicas na proteção, gestão e manejo da unidade. Fonte: Ministério do Meio Ambiente (MMA) – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

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- Controle da erosão ao longo das estradas rurais, principalmente as não pavimentadas que sofrem um processo maior de erosão;

- Criação de uma cartilha da APREM, de forma a sensibilizar e estimular as/os produtoras/es para o sentido de pertencimento por intermédio do conhecimento da realidade local e, por conseguinte, o cuidado tão necessário quanto urgente, pensando em uma gestão participativa, vindo ao encontro do que está previsto no artigo 4º, inciso II da Lei Municipal das APREMs.

Figura 55: Estrutura de germinação e formação de mudas nativas em propriedade entrevistada.

Fonte: fotografia de Michelle Zattoni, 2011.

Figura 56: Estrutura de germinação e formação de mudas nativas em propriedade entrevistada.

Dentro deste programa seriam ofertados cursos à população local com o intuito de formação e capacitação dos indivíduos para um turismo rural sustentável e adoção de práticas conservacionistas de recuperação e manutenção dos recursos naturais, entre outras atividades, tais como:

 Formação em agroecologia;  Manejo agroecológico;

 Agricultura orgânica sustentável (Figura 57);  Adequação ambiental das propriedades rurais;  Agricultura familiar e desenvolvimento rural;

 E outros como técnicos básicos (manicure, eletricista, construção rural...), assim como foi anunciado pelas/os entrevistadas/os.

Figura 57: Desenvolvimento de agricultura orgânica em propriedade entrevistada. Fonte: fotografia de Michelle Zattoni, 2011.

Neste contexto, a pesquisa em questão proporciona um diagnóstico preliminar fundamental para qualquer tipo de intervenção no local. Para tanto, deve se basear na educação ambiental, sendo esta um alicerce primordial, atuando de forma transversal, nos mais variados temas aqui apresentados.

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