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Rotas de escoamento da exportação de soja 51

3   PRODUÇÃO MUNDIAL DE SOJA E A SUA EVOLUÇÃO NO BRASIL 27

4.2.   LOGÍSTICA DE TRANSPORTE UTILIZADA NA EXPORTAÇÃO DA SOJA

4.2.3.   Rotas de escoamento da exportação de soja 51

Essa seção tem o objetivo de ilustrar a metodologia adotada quanto a divisão modal do escoamento da exportação de soja de cada microrregião. Para isso serão demonstrados alguns dos principais corredores da soja brasileira destinada ao mercado externo, apresentando assim, a situação da infraestrutura logística utilizada para este fim e o projeto governamental chamado “arco-norte” como uma saída para o alto custo de transporte encontrado no Brasil.

4 É levado em conta no estudo da ANTAQ, as instalações referentes aos portos brasileiros e também aos

Para a construção dos corredores de exportação da soja contou-se com a colaboração do Laboratório de Transporte e Logística /UFSC. A escolha do modal utilizado no transporte do grão entre sua origem (cidade onde o produto é registrado) até seu destino final dentro do país (porto) é feita de acordo com o menor custo, ou seja, segue a ordem de preferência: hidrovia, ferrovia e rodovia.

Para mapeamento das rotas de escoamento foi dividido o Brasil em três áreas – Região Sul, Arco Paranaguá e Arco Norte. Deste modo, serão apresentados os caminhos percorridos pela soja das principais cidades produtoras até os principais portos exportadores do grão.

O mapa a seguir apresenta duas rotas de escoamento, detalhadas na tabela 8, com origem nas cidades de Erechim e Passo Fundo. As duas cidades referidas fazem parte da região Norte – uma das principais regiões produtora de soja do Estado do Rio Grande do Sul.

Tabela 8 Modais utilizados na rota – Região Sul

Origem Hidrovia Ferrovia Rodovia Total (km) Erechim 449,18 187,03 74,88 711,09

Passo Fundo 449,18 187,03 6,71 642,92

Figura 12 Rota de escoamento da soja – Região Sul

Fonte: Elaboração própria referenciar

As duas cidades utilizam basicamente a mesma rota para escoar a soja produzida para exportação, a diferença é que Erechim possui uma quilometragem maior no modal rodoviário. Percebe-se nestas duas rotas que a multimodalidade é relevante no serviço de transporte do grão, já que os três modais (rodoviário, ferroviário e hidroviário) são utilizados no trajeto da cidade até o porto de Rio Grande, fazendo com que o custo envolvido seja menor.

As origens escolhidas no Arco Paranaguá são as cidades: Primavera do Leste/Mato Grosso, Sinop/Mato Grosso e Três Lagoas/Mato Grosso do Sul. Os detalhes da rota se encontram na tabela 9, os quais possuem representação na figura 13.

Tabela 9 Modais utilizados na rota - Região Paranaguá

Origem/Destino Hidrovia Ferrovia Rodovia Total (km) Primavera do Leste/Paranaguá 0 0 1631,27 1631,27 Sinop/Santos 805,66 1324,1 0 2129,76 Três Lagoas/Paranaguá 46,71 959,62 134,88 1141,21

Figura 13 Rota de escoamento – Região Paranaguá

Fonte: Elaboração própria

Como visto anteriormente, o maior volume da cultura da soja é encontrado na região centro-oeste, a qual possui também o maior custo logístico com o transporte do seu produto cultivado, perdendo assim grande parte da renda que provém dessa cultura.

O Brasil perde cerca de US$ 80 bilhões por ano devido à ineficiência da infraestrutura logística. Só o agronegócio perde US$ 4 bilhões. Destes, Mato Grosso, Estado onde se concentram os maiores problemas e a maior produção agropecuária, perde, sozinho, US$ 1 bilhão. (REVISTA GLOBO RURAL, vol. 323, 2012)

Na rota de escoamento da região Paranaguá a exportação da soja é feita através do porto de Paranaguá e do porto de Santos. O porto de Paranaguá recebe soja de Primavera do Leste e Três Lagoas, sendo que aquela utiliza somente o modal rodoviário no transporte da soja, já a cidade de Três Lagoas utiliza das vantagens da multimodalidade para o escoamento do grão.

A fim de destacar a importância da multimodalidade na queda dos custos de transporte utiliza-se a “regra de custo” - detalhada posteriormente na análise econométrica que compara o custo de transporte nos três modais: aquaviario (0,009/km), ferroviário (0,016/km) e rodoviário (0,056/km) - para comparar os custos de transporte das rotas de Primavera do Leste/Paranaguá e Três Lagoas/Paranaguá. O cálculo do custo dessa rota mostra que Primavera do Leste/Paranaguá, que escoa a soja somente através do modal rodoviário, possui um custo de transporte de R$ 91,35 por tonelada por km rodado. Já a tonelada de soja que é

transportada – pelos três modais de transporte- de Três Lagoas até o porto de Paranaguá tem um custo de R$ 19,18.

A tabela 10 detalha as rotas de escoamento da soja para a área do Arco Norte. Para o seu mapeamento (figura 14) foram escolhidas duas origens, uma situada no Estado de Mato Grosso – Campo Novo do Parecis – e outra no Estado da Bahia – Barreiras.

Tabela 10 Modais utilizados na rota – Região Arco Norte

Origem/Destino Hidrovia Ferrovia Rodovia Total (km) Campo Novo do

Parecis/Santarém

283,32 0 1491,24 1774,56

Barreiras/Salvador 0 0 855,4 855,4

Fonte: Elaboração própria

Figura 14 Rota de escoamento – Região Norte

Fonte: Elaboração própria

Além das duas rotas foram mapeadas alternativas, de menor custo, para o escoamento da soja com saída no Porto de Ilhéus, para a soja da cidade de Barreiras; e para a cidade de Campo Novo do Parecis a alternativa usa os modais disponibilizados após a concretização do Programa de Investimentos em Logísticas (PIL), com saída para o porto de Santarém.

O PIL prevê investir R$ 133 bilhões nos próximos 25 anos (REVISTA GLOBO RURAL, VOL. 323, 2012), colaborando assim para concretização de um dos objetivos do setor agropecuário do Brasil, que é a inversão na rota de escoamento das safras das novas

regiões produtoras (região do centro-oeste e norte) em direção aos portos do chamado “Arco Norte”, que vai de Rondônia ao Maranhão. Ou seja, o mercado de exportação de granéis seria atendido pelos portos de Belém e Itaqui, pela diminuição dos custos proporcionados pelas hidrovias, pela Ferrovia Norte-Sul e pela menor distância dos principais compradores dos grãos (países Europeus).

O investimento projetado para os próximos anos vem a contribuir com alguns pontos precários na infraestrutura brasileira: falta de investimento nas estradas estaduais, pequena vantagem financeira do trem em relação ao modal rodoviário5, projetos inacabados de

hidrovias, falta de vagões na época de safra e congestionamento portuário.

Para a microrregião de Barreiras a alternativa apresentada é uma rota que utiliza o modal ferroviário (projetada FIOL) para o escoamento da carga até o porto de Ilhéus. A troca do transporte rodoviário pelo ferroviário no transporte da soja ocasionará uma queda no custo de transporte para os exportados do oeste baiano.

A outra alternativa sugere uma diminuição do modal rodoviário, e assim diminuição do custo de transporte, para o escoamento da soja originária da cidade de Campo Novo de Parecis. Para isso o trajeto proposto é a utilização da rodovia até o Porto Ipiranga do Norte, onde é feito o transbordo da carga para o modal hidroviário, o qual transporta o grão até o porto de Santarém.

Percebe-se que, nos dias atuais, a maior parte da produção de soja é escoada através do modal rodoviário (para pequenas e grandes distâncias) e, por portos que trabalham com a capacidade máxima diariamente, o que ocasiona congestionamento nos portos e atraso de entrega do produto, em época de safra, e aumento do custo de transporte. Esses reflexos da infraestrutura de transporte em más condições diminuem a competitividade da produção de soja no Brasil no mercado internacional.

5 Estudiosos da logística brasileira divulgam que as ferrovias estão cobrando algo entre 95% e 110% do custo do

modal rodoviário. O que deixa o Brasil em desvantagem com o resto do mundo, já que nos outros países produtores essa porcentagem não passa de 70%.

5 RESULTADO EMPÍRICO DOS DETERMINANTES DAS

EXPORTAÇÕES DE SOJA

Neste capítulo são apresentadas as evidências empíricas dos determinantes da demanda externa pela soja brasileira, com destaque para as seguintes variáveis determinantes: Produto Interno Bruto (da microrregião de origem e do país de destino), distância geográfica (entre a microrregião e o porto de saída no Brasil e entre o porto de saída e o porto no país de destino no exterior), prancha média e total exportado por cada porto brasileiro.

Esse estudo tem como finalidade avaliar os principais fatores que influenciam a exportação brasileira de soja, com ênfase aos custos de transporte6, pois como visto nas seções anteriores, os custos logísticos relacionados ao transporte de produtos primários são de grande importância para a competitividade brasileira no comércio internacional. Nesse sentido, como destacado por Wanke (2012, p. 61) “o alto custo e a qualidade inadequada do transporte nacional podem ocasionar a perda dos mercados tradicionais de exportação e os excluir dos mercados potenciais”.

Assim, este capítulo está estruturado de modo que na seção 5.1 é especificado o modelo econométrico utilizado com suas respectivas variáveis. E na seção 5.2, são apresentados os resultados obtidos com a estimação do modelo proposto e os referentes testes de diagnóstico.

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