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Rotinas específicas do Bibe Encarnado

No documento Tese Patricia Nunes (páginas 83-91)

CAPÍTULO I: RELATOS DIÁRIOS

1.5. Bibe Encarnado

1.5.5. Rotinas específicas do Bibe Encarnado

A rotina deste bibe não tem nada de específico a acrescentar, pois corresponde à rotina diária prevista pela instituição para a Educação Pré-escolar.

83 1. 5.6. Relatos do Bibe Encarnado B

4 de maio de 2009

A manhã de aulas começou com aulas programadas de uma das estagiárias no domínio da matemática com Cuisenaire. Houve a realização de um percurso, de uma menina que queria colocar a carta para a avó no marco do correio, e até lá chegar, foram colocadas situações problemáticas às crianças cujo resultado demarcou o itinerário realizado pela neta.

De seguida a estagiária passou à área do Conhecimento do Mundo explorando os tipos de meios de comunicação.

Por último no domínio da expressão motora a esta estagiária realizou um jogo de estafetas no ginásio da escola. O jogo consistia em encontrar o Carteiro mais rápido, colocando o maior número possível de cartas no marco do correio. Para além de levar as cartas teriam de correr com o chapéu do carteiro na cabeça e ao voltarem deveriam entregar o chapéu ao colega seguinte e efetuar o mesmo percurso.

Inferências e Fundamentação teórica

Nesta aula destaco a aula no domínio da expressão motora, pois o jogo é um veículo educativo principalmente se este implica movimento. Os jogos de movimento são ricos em aprendizagens, pois possuem “regras progressivamente mais complexas” e são excelentes “ocasiões de controlo motor e de socialização, de compreensão e aceitação das regras e de alargamento da linguagem” (OCEPE, 1997, p. 59). Os jogos são excelentes motivadores, desencadeando aprendizagem de destrezas/habilidades, normas, padrões,… possuindo um caráter aberto e informal (Enciclopédia de Educação Infantil, vol.I, 1997).

6 de maio de 2009

Manhã de aulas protagonizada por uma estagiária que iniciou as suas atividades pelo domínio da matemática com o Geoplano. Explorou as noções de lateralidade durante a realização do percurso com o referido material estruturado. Durante a realização do percurso foram realizadas situações problemáticas que conduziam à noção

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de uma dúzia, meia dúzia, uma dezena, meia dezena, etc. Ao fazer o percurso trouxe também material extra para a concretização de contagens sempre que necessário, de forma a facilitar a resolução da situação problemática proposta.

Terminada a aula de Geoplano, passou à área do Conhecimento do Mundo cujo tema era o ciclo da água. Levando um placard com a imagem de uma paisagem, questionou as crianças acerca da importância da água na Natureza. À medida que o ía explicando, ia colocando os elementos participantes neste ciclo, começando por colar o Sol. Foi explicando também os fenómenos associados a cada fase do ciclo.

A educadora da sala acabou por dar uma achega de outra estratégia para abordar o tema. Solicitou a um grupinho de crianças que imaginassem que eram a evaporação, a outro a condensação e a solidificação, dramatizando desta forma cada fenómeno.

Por último, no domínio da expressão motora fizeram no exterior o jogo da gotinha de água. A estagiária dispôs cartazes com nuvens onde os meninos tinham de colocar todas as gotinhas de água. O primeiro a colocar as gotinhas de água no cartaz ganhava.

Inferências e Fundamentação teórica

Nesta aula destaco a importância da associação dos elementos a um número, ou seja contar objetos implica o domínio de determinadas capacidades que, segundo Castro e Rodrigues (2008) assentam na correspondência de cada objeto a um e um só termo, não devendo perder nem repetir nenhum objeto; a irrelevância da ordem pela qual os objetos são contados e por último o conceito de cardinalidade, ou seja o último termo mencionado corresponde ao número total de elementos.

A correspondência da quantidade a um número, é um processo facilitador da passagem do concreto ao abstrato, ou seja, a criança irá começar a pensar num número que representa uma quantidade, assim sendo “as primeiras experiências de contagem” estão intimamente “associadas a objetos concretos. À medida que vão desenvolvendo o sentido de número” as crianças “ vão sendo capazes de pensar nos números sem contactarem com os objetos” (Castro & Rodrigues, 2008, p. 13). Sendo assim, o número representa segundo Barros e Palhares (1997) o “total de elementos num dado conjunto”(p. 47) que passará futuramente a ser simbolicamente representado.

A descoberta do meio físico é um dos temas que conduzem a criança à descoberta e assimilação de aspetos inerentes ao meio natural de forma a conhecer as

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características dos objetos e do ambiente em que vive (Enciclopédia Infantil, 1993). Com o intuito de permitir “aos indivíduos melhorar a qualidade da sua interação com a realidade natural” (Martins, Veiga, Teixeira, Tenreiro-Vieira, Vieira, Rodrigues, Couceiro & Pereira, 2009, p. 14).

8 de maio de 2009

Manhã de aulas surpresa das estagiárias do Mestrado em Educação Pré-escolar. A primeira aula incidiu no domínio da matemática, tendo a estagiária explorado um dos materiais estruturados, o 4.º dom de Froebel: com os sólidos geométricos que constituem o material; recorreu à história do Capuchinho Vermelho para introduzir as construções, a cama e o poço, com situações problemáticas (cálculo mental); reviu com as crianças a meia dúzia, a dúzia.

Seguidamente, passámos à aula na área do Conhecimento do Mundo, cujo tema sugerido pela Educadora Cooperante foram os estados da água: líquido, gasoso e sólido. Colocaram à disposição da estagiária três recipientes que permitiam representar os três estados da água. Um recipiente tinha pedras de gelo (estado sólido), outro tinha água quente e estava coberto com película aderente (estado gasoso), outro com água tépida (estado líquido).

A estagiária introduziu o tema apresentando um globo terrestre e questionou os alunos acerca dos locais na Natureza onde existe água. Passando para os recipientes a estagiária explicou em que estado estava a água em cada um dos recipientes, mas não deu oportunidade às crianças de explorar através dos sentidos cada tipo de estado.

No domínio da linguagem oral e abordagem à escrita a aula surpresa incidiu na exploração da lengalenga: Um, dois, três, era uma vez.

A Educadora Cooperante disponibilizou a lengalenga em papel para que a estagiária a prepara-se e levou os meninos para o ginásio, pois estava próxima a hora do almoço. Optou por dividir os meninos em dois grupos em que um grupo tinha algarismos e o outro grupo tinha de mimar partes da lengalenga.

13 de maio de 2009

A manhã teve início com aulas programadas de uma estagiária na sala multiusos. Ela começou pela matemática utilizando para o efeito os Blocos Lógicos.

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De seguida introduziu a aula, estabelecendo um diálogo com as crianças e com uma amiga chamada Jessica que a acompanhou ao Jardim-Escola neste dia. Coloca num placard de cortiça uma imagem que representava a amiga Jessica e envelopes. Espalha as peças dos Blocos Lógicos no chão, para que as crianças solicitadas pela estagiária possam ir retirá-las e colocá-las dentro da carta para enviar ao amigo Pedro que não conhecia este material. Com este material a estagiária explorou a formação de conjuntos, identificando-os devidamente, referindo-se ao cardinal do conjunto. Procurou que as crianças chegassem à noção de conjunto maior, menor e igual. No fim realizou uma proposta de trabalho para verificação de conhecimentos.

Após o intervalo a estagiária iniciou a aula na área do Conhecimento do Mundo, onde explorou um conjunto de quadros pintados por pintores de renome, tais como Picasso, Miró, Kadinsky e Arcimboldo. Para o efeito levou as imagens impressas referentes aos quadros de cada autor, e procurou que as crianças interpretassem a mensagem/tema que os autores pretendiam transmitir nas suas obras.

Para terminar a manhã de aula, fez um jogo no domínio da expressão motora, com as crianças no ginásio, onde estavam expostos os referidos quadros. O jogo consistia na construção do puzzle reconstruindo a imagem dos quadros.

A estagiária organizou duas equipas onde existiam dois cavaletes, um para cada equipa. Colocou arcos junto aos cavaletes e as peças do puzzle lá dentro. Os meninos tinham de montar os puzzles na tela dos cavaletes.

Inferências e Fundamentação teórica

Esta manhã de aulas proporcionou uma abordagem da arte na educação, pois as crianças puderam contactar com algumas obras de artistas plásticos pretendendo “incentivar o contacto com artistas e o uso de processos de criação e experimentação plástica” (Godinho & Brito, 2010, p. 63).

O facto de a criança contactar com a criatividade de artistas plásticos enriquece-a cultural e artisticamente facilitando o seu desenvolvimento integral tendo efeito no sucesso das aprendizagens futuras (Godinho & Brito, 2010). Cabe ao educador proporcionar o “equilíbrio entre a apreciação das técnicas dos artistas e a forma como cada criança expressa livremente as suas ideias” (Godinho & Brito, 2010, p. 64). Portanto, segundo estes autores, o pré-escolar tem como principal objetivo a vivência de situações artísticas, aproximando a criança da vida e obra de artistas plásticos ancestrais

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e contemporâneos. Promovendo, assim, “o enriquecimento da criança a nível da sua cultura geral e não a sua canalização precoce para o mundo artístico do adulto” (Sousa, 2003 a, p. 88), possibilitando “um conhecimento geral das diferentes artes, mas não uma especialização vocacional numa dada arte” (Sousa, 2003 a, p. 88).

15 de maio de 2009

A aula surpresa para uma das estagiárias incidiu no domínio da matemática com o Cuisenaire, onde esta teve de explorar as sequências.

No domínio da linguagem oral e abordagem à escrita foi-me possibilitado contar o conto tradicional O lobo e os sete cabritinhos sem recurso ao suporte escrito. Fomos para o ginásio, sentei os meninos todos juntinhos à minha frente começando por dialogar com eles e questionando-os relativamente à importância de estarem sempre acompanhados e que não devemos abrir a porta a estranhos. Apesar de já conhecerem este conto tradicional, os meninos ficaram presos ao desenrolar dos acontecimentos que ganhavam vida através das minhas inflexões de voz e expressões faciais.

No final explorei a moral da história em conjunto com as crianças.

Inferências e Fundamentação teórica

A constituição de padrões são em matemática muito importantes, pois permite à criança perceber qual é a peça sucessora e antecessora estabelecendo regularidades, tal como enuncia Caldeira (2009 a) “padrão é quando temos a disposição ou arranjo de números, formas, cores ou sons, onde se detetam regularidades” (p. 177). Esta autora infere que “ao conceito de padrão estão associados termos como: regularidades, sequência, motivo, regra e ordem” (p. 177). O importante neste tipo de atividade não é contar, “mas compreender o processo lógico de construção e saber inferir sobre a sua continuação, ou seja, compreender a relação entre as várias construções” (Castro & Rodrigues, 2008, p. 28).

O conto tradicional tem sérias potencialidades educativas contribuindo seriamente para o desenvolvimento da criança. O conto utilizado nesta aula tem particularidades que prendem a criança à história e tal como refere Bettelheim (2002) “para que uma história possa prender verdadeiramente a atenção de uma criança, é preciso que ela a distraia e desperte a sua curiosidade” (p. 11).

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O facto de as crianças estarem juntinhas a mim, possibilitou uma maior proximidade entre elas próprias, o adulto e a história, pois segundo Fisher (1997) “o conto é geralmente transmitido e vivido em situações coletivas, em que o ouvinte faz parte de um todo, sentindo-se simultaneamente envolvido como indivíduo” (p. 6).

O conto contém uma função educativa na medida em que se insere no “âmbito de uma socialização coletiva” decorrendo “num clima de afetividade, proximidade, e respeito – as bases fundamentais para qualquer relação didática” (Fisher, 1997, p. 7). Esta autora refere ainda que o ambiente socializante proporciona a “transmissão cultural, a criação de referências, valores e regras em todos os aspetos da vida e de todas as comunidades” (p. 7).

Nesta aula não houve recurso ao suporte escrito tendo recorrido apenas à transmissão oral, o que constitui a verdadeira essência do conto tradicional, e como tal “a intersubjetividade permanente na situação de transmissão oral estimula uma participação ativa do ouvinte e a flexibilidade do contador” (p. 7), pois cabe ao contador e ao ouvinte imaginarem os personagens e a ação, apelando à criatividade individual (Fisher, 1997).

25 de maio de 2009

O Bibe Azul foi a uma visita de estudo à Quinta dos Bichos, e por motivos profissionais não pude acompanhá-los, indo diretamente para o Bibe Encarnado onde já tinha estado. Neste dia assisti à aula de uma aluna do 4.ºano da Licenciatura em Educação de Infância e esta decorreu na sala de multiusos.

No domínio da linguagem oral e abordagem à escrita, a estagiária começou por dialogar com os meninos acerca do fim-de-semana e de seguida passou ao assunto que a trazia ali. Utilizou papel cenário com uma paisagem que ia-se modificando à medida que avançava a história. Surgiram, assim as personagem da história, a girafa e o rato que acabavam por chegara um vulcão. O material utilizado era muito bom, mas a história não foi muito percetível.

Aproveitou a história como ponto de partida para a área do Conhecimento do Mundo cujo tema era os vulcões. Na sua explicação do que é um vulcão fez uma analogia entre este e as pessoas irritadas, porque o material está muito apertadinho e fica furioso e vai querer sair e ao sair forma um vulcão. Falou do magma e da lava. A

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explicação foi acompanhada por uma apresentação em Powerpoint com imagens ilustrativas. Mostrou imagens de vulcões subaquáticos em atividade.

No final mostrou um vídeo com um vulcão em erupção.

Por fim, fez uma roda com os meninos e sentou-os no chão para que pudesse fazer a experiência do vulcão.

A lava transforma-se em rochas vulcânicas, para este efeito trouxe rochas vulcânicas para que os meninos pudessem ver e tocar.

Em expressão motora, realizou um jogo que consistia em levar as bolas até ao vulcão e quem colocasse mais bolas dentro da cratera do vulcão ganhava o jogo. Dispôs em extremos opostos representações de vulcões e caixas com bolas. Cada vulcão tinha uma determinada cor que identificava cada equipa. Para introduzir algum grau de dificuldade colocou cordas esticadas entre cada percurso que vai da caixa com as bolas até ao vulcão. As crianças cada vez que levavam uma bola até ao vulcão tinham de caminhar sobre uma corda. Antes de dar início ao jogo a estagiária dividiu os meninos em grupos e explicou o funcionamento do mesmo. Os meninos estavam entusiasmados e envolvidos na atividade.

Inferências e Fundamentação teórica

A utilização da experiência do vulcão surge aqui como um instrumento de motivação que complementou o tema em estudo (Astolfi et al, 2002). A realização de experiências promove a sensibilização às ciências fomentando a curiosidade e o desejo de saber mais (OCEPE, 1997).

28 de setembro de 2009

O Bibe Azul foi a uma visita de estudo à “Quinta dos bichos” e mais uma vez por motivos profissionais não pôde ir e fui novamente para o Bibe Encarnado.

No que diz respeito à área do Conhecimento do Mundo a Educadora Cooperante explorou com o auxílio de um boneco, os principais órgãos do corpo humano. A Educadora foi explorando cada órgão colocando questões ou dando pistas aos meninos, como por exemplo: - O que é que temos dentro da nossa cabeça?

Sem dizer o nome do órgão, ia dizendo apenas a sua função, a criança deveria chegar ao nome por dedução.

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De seguida a Educadora passou à realização de uma proposta de trabalho de abordagem à escrita e Conhecimento do Mundo que consistia em completar a parte do corpo que faltava à boneca, neste caso, a cabeça.

3 de novembro de 2009

Apesar de estarmos a estagiar no 3.º ano do Ensino Básico foi-me solicitada uma aula surpresa no Bibe Encarnado, facultaram-me a história O coelho branquinho e a formiga rabiga para que fosse explorada com as crianças.

No documento Tese Patricia Nunes (páginas 83-91)

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