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4. ESTUDO DE CASO

4.2. Unidades Produtoras de coque

4.2.2. RPBC Refinaria Presidente Bernardes em Cubatão

Como parte do estudo, a segunda unidade a ser visitada foi a Refinaria Presidente Bernardes em Cubatão, conhecida como RPBC. A refinaria é considerada a primeira unidade de refino de grande porte no Brasil, tendo entrado em operação no ano de 1955, com uma capacidade de processamento de 7.500 m³ de petróleo por dia. Atualmente, conta com uma capacidade de processamento que representa cerca de 12% da capacidade de refino nacional. É considerada uma unidade de alta capacidade de conversão por produzir praticamente quase todos os tipos de derivados, desde combustíveis automotivos e derivados para a indústria petroquímica até resíduos aromáticos utilizados na fabricação de pneus. É a única unidade que produz Gasolina de aviação para o mercado nacional e enxofre em estado líquido para a indústria.

 Localização

Inaugurada em 1955 no período pós-guerra, a RPBC ocupa uma área de sete milhões de m² no município de Cubatão, no Estado de São Paulo. Possui fácil acesso pelas rodovias Imigrantes e Anchieta, que permitem sua ligação com a principal região industrial do país e está próxima ao porto de Santos.

Instalada na base da Serra do Mar, a RPBC localiza-se ao lado do rio Cubatão e da famosa estrada velha de Santos, a primeira rodovia asfaltada do Brasil.

Figura 4.5: Mapa de localização da RPBC Fonte: Adaptado de Google (2010).

 Volume de Produção

Atualmente, conta com uma capacidade de processamento de 27.000 m³ de petróleo por dia, e possui o equivalente a 12% da capacidade de refino nacional. Produz combustíveis de altíssima qualidade, sendo a responsável por produzir gasolina de altíssima octanagem e o combustível fornecido para as competições da Fórmula 1.

A RPBC atende ao mercado de combustíveis produzindo por dia 6.500 m³ de gasolina e 12.000 m³ óleo diesel com baixo teor de enxofre, direcionados à Região Metropolitana de São Paulo, complementando ainda, eventualmente, os mercados das Regiões Norte, Nordeste, Sul e Sudeste supridos por cabotagem.

No mercado de coque, atua como fornecedora exclusiva da Petrocoque S.A., que possui suas instalações ao lado da refinaria e atualmente adquire 100% do coque produzido pela RPBC, o qual em função de sua ótima qualidade e com baixo teor de enxofre e outros contaminantes, é ideal para atender ao mercado de coque calcinado. Dessa forma a RPBC possui toda a sua produção comercializada por meio de venda direta ao seu cliente final.

A refinaria possui como principais unidades de refino, três unidades de destilação atmosférica, duas unidades de vácuo, uma unidade de craqueamento catalítico e duas unidades de coqueamento retardado.

O esquema completo da RPBC possui grande flexibilidade, podendo alterar seu esquema de refino radicalmente conforme os objetivos da Petrobras. Como o objetivo atual consiste em atender o mercado de combustíveis nacional, o esquema está voltado para a produção de diesel de baixo teor de enxofre e gasolina. Para atingir esse objetivo, a carga de 27.000 m³ de petróleo processados diariamente, após destilação e conversão nas duas unidades coqueamento retardado, gera cerca de 1.600 toneladas de coque verde de petróleo.

 Armazenagem

Após sua produção o coque é retirado das unidades e deslocado para os pátios localizados nas laterais das unidades de refino com capacidade de 2.400 toneladas de armazenagem cada um, ou o equivalente a três dias de produção de cada unidade. Posteriormente, o coque é enviado a dois grandes pátios de armazenagem que possuem uma capacidade bem maior, com 30.000 toneladas cada um.

Esses pátios são abertos, onde o produto é mantido sob constante aspersão de água para manutençãoda baixa temperatura evitando combustão, e ao mesmo tempo, evitando que haja dispersão de pó no ar. A emissão de partículas na atmosfera é pouco provável pela granulometria que o produto possui, mas, visando seguir as novas normas da companhia e se resguardar quanto a autuações da CETESB, o órgão regulador do estado de São Paulo, a RPBC já possui um planejamento para adaptação de seus pátios para se tornarem galpões fechados.

A produção, que varia de 22.500 a 25.000 toneladas mensais de coque verde de petróleo, é adquirida quase completamente pela Petrocoque S.A. que recebe o produto por meio de uma esteira rolante ou por vagões ferroviários que são carregados e pesados dentro da refinaria e enviados para descarga em sua unidade industrial.

 Logística de distribuição e mercado

Por se tratar de uma refinaria costeira, a RPBC possui a capacidade de utilizar navios como modal logístico, já tendo recentemente realizado venda de coque para exportação . Também possui a capacidade de escoamento rodoviário, que seria realizada pela venda do produto para a Petrobrás Distribuidora S.A., subsidiária do sistema Petrobras que atua no ramo de distribuição de derivados e consiste na principal cliente e parceira no escoamento do coque.

Com a recente entrada em funcionamento de uma nova unidade de calcinação, toda a produção da RPBC tem sido direcionada à Petrocoque S.A., que recebe ainda o produto para complementar as atividades da Refinaria de Paulínia (REPLAN). Assim, o modal utilizado pela RPBC para o escoamento do coque se resume atualmente à entrega por esteira e vagões ferroviários. Dada a frequência do consumo da Petrocoque S.A., não há praticamente formação de estoques, e o escoamento do coque não representa nenhum problema para essa unidade.

O coque verde de petróleo na RPBC é classificado em três especificações para ser vendido: coque grau anodo, coque especial e finos de coque. Todo volume de coque grau anodo é adquirido pela Petrocoque S.A. e é escoado pela esteira rolante ou vagão ferroviário. Caso seja necessário, o modal rodoviário pode ser uma opção. Eventualmente, a RPBC realiza também exportação desse produto para indústrias de alumínio nos Estados Unidos, Canadá e Bahrein.

Os volumes de coque classificados como especial e como finos de coque são vendidos à Petrobras Distribuidora S.A. que, por sua vez, os revende para as indústrias do ramo de siderurgia integrada, como COSIPA, USIMINAS, ARCELOR MITTAL e VOTORANTIM, que utilizam o produto para ser lançado nos fornos siderúrgicos, adicionado a uma mistura de carvão mineral.

Parte do volume de finos de coque é direcionada para as indústrias produtoras de cal, sendo queimado nos fornos do processo de calcinação de calcário. Esse segmento industrial, entretanto, representa um menor percentual de mercado e uma menor margem de lucro.

Todo o coque calcinado da Petrocoque S.A. é atualmente direcionado para a indústria de produção de alumínio, sendo utilizado para fabricação de anodos. Eventualmente, a companhia possui a flexibilidade de atuar no mercado de produção de eletrodos, ou mesmo na indústria de metalurgia, caso haja oportunidade de mercado. Dentre os clientes atendidos pela Petrocoque S.A. estão a Alcoa, CBA, Novelis e BHP Billiton, que respondem por quase 70% da produção de alumínio nacional, conforme as estatísticas divulgadas pela Associação Brasileira dos Produtores de Alumínio (ABAL).

O escoamento de grande parte da produção é direcionada aos clientes que estão localizados principalmente na região Sudeste, em Minas Gerais e São Paulo. Parte da produção segue para plantas na Bahia e no Maranhão.

O escoamento da produção no mercado nacional, em torno de 50%, vem sendo realizado em sua maior parte das vezes por meio de modal rodoviário. A companhia possui a opção logística de escoamento marítimo pelo porto da Usiminas, que se localiza a apenas 6 km de distância, sendo inclusive utilizado para os embarques destinados à exportação com destinação a plantas produtoras de alumínio nos EUA e na África do Sul, que corresponde a algo próximo de metade de seu volume de vendas. O mercado internacional é muito importante no escoamento, pois o coque nacional atinge uma ótima cotação, dada a sua ótima qualidade, com baixo teor de enxofre e alto HGI.