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1.4 Estrutura do Texto

2.1.4 RWA levando em conta a camada física (IA-RWA)

Até aqui, foram apresentados os algoritmos clássicos para se resolver o problema de RWA. Ne- nhuma consideração a respeito da degradação do sinal óptico na camada física foi feita. No início da Seção 2.1, foi discutida a importância da aplicação de algoritmos de IA-RWA, os quais são RWA que levam em conta as penalidades impostas ao sinal óptico pela camada física. Os algoritmos tra- dicionais apresentados não levam em conta a camada física e por isso são inadequados para serem usados em redes transparentes ou translúcidas [12, 17, 34, 45]. Recentemente, muitos esforços têm sido empregados para o desenvolvimento de IA-RWA eficientes [37–43, 48, 50–52]

Como foi visto, os algoritmos de roteamento encontram caminhos para uma requisição de co- nexão tentando minimizar uma certa função-custo. Os vários efeitos da camada física da rede que degradam o sinal óptico podem ser associados, cada um, a uma determinada função-custo para se montar um IA-RWA. Idealmente, os algoritmos de IA-RWA devem se preocupar em encontrar ca- minhos ópticos nos quais os sinais ópticos sejam menos degradados pela camada física. Mas só isso não é suficiente. Além disso, devem encontrar rotas que atendam aos requisitos de desempenho de rede como uma utilização otimizada de comprimentos de onda e uma distribuição adequada de carga entre os diversos enlaces da rede [45]. Todos estes parâmetros heterogêneos devem ser modelados de maneira unificada, atendendo aos dois critérios simultaneamente. Isso é particularmente difícil, uma vez que, frequentemente, um caminho que é selecionado por ter a melhor qualidade de sinal pode ser um caminho que prejudique o desempenho de rede, congestionando em demasia um determinado

enlace. Por outro lado, pode ser encontrado um outro caminho, que ainda atenda aos critérios de qualidade de serviço e seja muito mais adequado para o desempenho da rede [45].

Além disso, existem outros aspectos relevantes. Como há muitos tipos de penalidades na ca- mada física, a decisão de quais delas devem ser levadas em conta no processo de IA-RWA pode variar consideravelmente dependendo de aspectos como: detalhes de projeto de equipamento de cada fornecedor, características da fibra óptica utilizada, características de serviço (por exemplo, taxa de transmissão requerida), tamanho e topologia da rede, engenharia do operador de rede e estratégias aplicadas.

Por exemplo, uma rede metropolitana que não pretende utilizar taxas maiores de que 2,5 Gb/s pode não ser limitada por nenhuma penalidade da camada física, ou seja, o algoritmo de RWA não precisaria levar em conta essas penalidades. Por outro lado, uma rede continental que deseja minimi- zar a quantidade de regeneração O/E/O e suportar conexões com taxas de 40 Gb/s deveria considerar muitas das penalidades explicitamente [34].

Toda essa pesquisa em torno do desenvolvimento de IA-RWA leva a algoritmos cada vez mais elaborados e com desempenho de rede muito superior aos conseguidos pelas abordagens clássicas. Embora esquemas IA-RWA apresentem um melhor desempenho de rede, eles também são computaci- onamente mais complexos. Há também uma dificuldade adicional no desenvolvimento de algoritmos IA-RWA: a falta de regeneração elétrica nas redes totalmente ópticas torna difícil a obtenção dos parâmetros necessários para implementá-los [46]. Dispositivos adicionais devem ser implantados na rede para se obter os parâmetros necessários da camada óptica. Para evitar esse custo adicional na implantação de novos equipamentos, pode-se optar pela utilização de modelos analíticos capazes de estimar o impacto de cada penalidade em cada rota. O problema dessa abordagem é a dificuldade de desenvolvimento de tais modelos (principalmente quando efeitos não lineares são incluídos) e o tempo de resposta desses algoritmos, uma vez que as modelagens das penalidades físicas são bastante complexas e as implementações costumam ser lentas.

A maioria dos trabalhos descritos na literatura para o desenvolvimento de IA-RWA em redes ópticas limitadas pela degradação da camada física pode ser classificada em três grandes grupos. Na primeira categoria (tipo 1), o algoritmo de RWA é tratado em dois passos: primeiro é feita uma computação de caminho óptico em um módulo de camada de rede. Isso significa que é executado um algoritmo que não leva em consideração a degradação da relação sinal-ruído óptica (OSNR – Optical Signal to Noise Ratio), o qual fornece uma rota e um comprimento de onda (se houver alguma disponível). Em seguida, uma verificação de caminho óptico é executada pelo módulo PLI, ou seja,

é calculado o total de degradação do sinal ao longo do caminho óptico encontrado, e esse valor é comparado com um limiar de qualidade de serviço pré-estabelecido. Foram propostos na literatura vários esquemas de RWA diferentes usando essa ideia. Ramamurthy et al. modelaram o algoritmo de IA-RWA levando em conta o ruído de emissão espontânea amplificada (ASE – Amplified Spontaneous Emission) gerado no amplificador óptico (EDFA) e o crosstalk adicionado pelo comutador óptico, comparando a taxa de erro de bit (BER – Bit Error Rate) calculada com um determinado limiar de qualidade de serviço [21]. Huang e colaboradores modelaram o algoritmo de IA-RWA levando em consideração a penalidade devido à dispersão por modo de polarização (PMD – Polarization Mode Dispersion) e à OSNR, comparando-os, separadamente, em relação a dois limiares distintos, um para a penalidade de OSNR e outro para a penalidade de PMD [49].

Na segunda categoria (tipo2), o algoritmo de RWA é tratado em três passos: primeiro é feito um cálculo de caminhos ópticos em um módulo de camada de rede, resultando, como no caso anterior, em um (ou nenhum) caminho óptico possível para cada comprimento de onda. Então, para cada possível caminho óptico encontrado, é executada a verificação pelo módulo de camada física, com- parando o critério de OSNR pré-estabelecido com o resultado calculado para cada caminho óptico. Entre os caminhos ópticos que passam na verificação de módulo de camada física (i.e. caminhos ópticos que têm qualidade de serviço aceitável) é escolhido o melhor, considerando alguma métrica. Pointurier et al. [53] usam essa técnica para desenvolver um esquema de roteamento baseado no fator Q que incorpora os efeitos do crosstalk heterodino no módulo de verificação de camada física. Anag- nostopoulos e colaboradores desenvolveram uma abordagem semelhante, considerando também a mistura de quatro ondas (FWM – Four Wave Mixing), a modulação de fase cruzada (XPM – Cross Phase Modulation) e o ruído ASE gerado no EDFA [54].

Na terceira categoria (Tipo3) está o algoritmo IA-RWA-JWR, isto é, o algoritmo executa o ro- teamento e a atribuição de comprimentos de onda juntos, levando em consideração a degradação do sinal imposta pela camada física. Martins-Filho et al. [55] propõem um algoritmo de roteamento dinâmico baseado em encontrar rotas que menos degradem a OSNR (caminho com a menor NF), incluindo para tal, o acúmulo de ASE, a saturação de ganho de amplificador e a dependência do ganho do amplificador com o comprimento de onda. Cardillo et al. [50] propõem usar o modelo de OSNR considerado por Huang et al. [49] com algumas penalidades adicionais: efeitos não lineares que acontecem ao longo da transmissão. Kulkarni et al. [56] utilizam o fator Q como um parâmetro de desempenho, levando em conta os efeitos das penalidades de dispersão cromática, PMD, ruído ASE, XPM e concatenação de filtro.