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Série Comemorativa “O Melhor do Globo Rural” –

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Algumas Opções Metodológicas

1.4 Série Comemorativa “O Melhor do Globo Rural” –

A Rede Globo e a equipe do Globo Rural lançaram a Série Comemorativa “O Melhor do Globo Rural – 2005”, disponibilizada comercialmente na rede nacional de bancas de jornal e revistas, assim como no Site da Globo Livros, visando a comemoração de 25 anos do GR. Nela podemos ver uma seleção de reportagens, denominada em sua apresentação “grandes reportagens do programa Globo Rural, da

TV Globo. Arte, cultura, história, meio ambiente e informações de utilidade para quem vive no campo ou na cidade”. Cinco desses DVDs foram então incorporados ao material analisado nesta pesquisa, também como fontes primárias.

O DVD 1 contém as seguintes reportagens: Pau-Brasil (junho de 1999), O leitão pururuca (novembro de 2003), Camarão no sertão (novembro de 2002), Orquestra de viola (dezembro de 1997), Seção perguntas e respostas sobre cavalos e Extras. No DVD 2 encontram-se as reportagens sobre a Música caipira (agosto de 2003), Manejo do eucalipto (dezembro de 2002), Pão de queijo e iogurte (maio de 2004), Orquídeas e bromélias (maio de 2004), Uva e vinho (maio de 2004), Seção perguntas e respostas sobre frutas e Extras. No DVD 3: O reino da mandioca (maio de 2003), O mutirão do porco (julho de 2003), O Instituto Butantã (junho de 2004), Seção perguntas e respostas sobre peixes e Extras. No DVD 4: Muares (janeiro de 2003), As quebradeiras de coco babaçu (abril de 2004), Café orgânico (agosto de 1999), A festa do pinhão (junho de 1996), A própolis verde (junho de 2004), Seção perguntas e respostas sobre abelhas e Extras. No DVD 5: Aboio (junho de 1997), Arroz moti (dezembro de 2001), A supercriação de suínos (novembro de 2001) e Os guatós (dezembro de 2002).

Essa seleção, de acordo com sua apresentação, sistematiza aquelas reportagens que são consideradas “o melhor” do GR ao longo dos seus 25 anos.

Globo e do Globo Rural. Podem ser levantadas as hipóteses de que alguns destes critérios sejam estéticos, de audiência, de interatividade, de premiação. Deste modo, visualizam-se os indicadores de audiência e o público telespectador na qualificação dos melhores. O destaque analítico que será dado aos temas é referência e procura elucidar o auto-reconhecimento dos melhores programas.

Nos Extras13 dos DVDs estão presentes alguns depoimentos como o de Ana Dalla Pria, Ivaci Matias e Humberto Martins, componentes da equipe do GR, que mostram um pouco a visão que têm do trabalho que realizam. Esta análise permitirá uma aproximação da visão dos jornalistas sobre o GR. Por diversas razões, infelizmente não foi possível aplicar um questionário aos jornalistas da equipe, como inicialmente programado. Assim, esse material aponta alguns indicativos para a construção da minha investigação. O jogo de DVDs foi cedido pelo Departamento Globo e Universidade para o Núcleo de Pesquisa “Desenvolvimento Rural Sustentável: Registros de Novas Ruralidades”. Em razão desse acesso, não houve a necessidade de uma sistematização transcrita, como nos 26 programas da amostragem; a apresentação dos DVDs traz um breve resumo de cada reportagem em si, como indicarei adiante.

A apresentação da série comemorativa no Site se dá pelo seguinte texto:

“Em comemoração aos 25 anos do programa Globo Rural, a Editora Globo lança a série O melhor do Globo Rural. Um dos mais premiados programas da televisão brasileira, veiculado

pela TV Globo nas manhãs de domingo. Globo Rural contribui para o desenvolvimento da agropecuária, defende a sustentabilidade do meio ambiente e procura manter vivas as raízes culturais e as tradições brasileira.” 14

Os “Extras” são compostos por uma seleção de reportagens levadas ao ar ao longo dos 25 anos de existência do GR, datando a mais antiga de 1997. Outra seção é a das “Cartas”, onde são apresentadas de quatro a cinco cartas respondendo a um mesmo tema. Foi classificada como “Memória” a apresentação de curiosidades e fatos que ajudaram a compor a história do Programa. A ficha técnica ganha um lugar de destaque. E ainda, sob o título de “Quem Somos”, uma declaração sobre a origem e o propósito do GR, que passo a transcrever:

O programa trata das atividades profissionais do homem do campo, de seu universo, suas paisagens, sua cultura, suas tradições, seu lazer e de todos os seus laços com o conjunto da sociedade.

De uma maneira geral, é o próprio homem que está envolvido no mundo rural, o empreendedor, o fazendeiro, o pesquisador, o técnico, o trabalhador rural, a mulher do campo, quem mais fala no programa.

Também nas grandes cidades o Globo Rural tem boa audiência. Julgamos este fato importante para as atividades agropecuárias, na medida em que elas passam a ter oportunidade de comparecer na programação da televisão em condições de protagonistas.

É bom que a cidade conheça o campo com intimidade.

Além de toda a estrutura da RG, e de suas 113 afiliadas, o Globo Rural conta com equipe própria de mais de 30 profissionais, sendo 21 jornalistas.

Nosso endereço é simples: Globo Rural – Caixa Postal, 04.583-905”15.

A disponibilização da edição especial do Globo Rural, vendida em bancas de jornal e pelo Site da Globo Livros, destaca os programas de maior repercussão entre a audiência e programas premiados. Acompanha o DVD um suplemento impresso que apresenta os temas abordados, ilustrado com imagens e informações complementares.

Assumindo, como já fiz anteriormente, que o GR é uma produção imaterial que obedece a uma ordem capitalista, é natural admitir que essa produção utilize meios, portanto redes, que propiciem seu alcance. A possibilidade de disponibilizar a coletânea comemorativa em formatoDVDpara venda em banca de jornal se dá pela padronização dos conteúdos que atendem a um interesse predeterminado. Seixas (1994)16 diz que:

“... a padronização do GR é elaborada com base em sistema de referências cognitivas escolhidas em função de determinados interesses”. (1994:112)

Se existem interesses que determinam escolhas constitutivas da produção imaterial do GR, é possível entender que existe um meio pelo qual ele é elaborado. E como apresentado por Morin (1967) o poder cultural dado pelo universo da natureza e do rural está entre o poder burocrático, representado pela RG que é quem filtra a idéia criadora, e o poder técnico, representado pela equipe de jornalistas. Os critérios para a apreensão do conteúdo cultural ou mesmo do jornalístico estão dados, de forma imanente, pelo poder burocrático. Bourdieu (1996) fala da perda de autonomia do acesso à televisão, referindo-se ao telespectador. Pode-se pensar que essa falta de autonomia está imbricada nos agentes produtivos dos conteúdos, como o poder técnico, que segundo Morin

(1967) é quem manipula, em última instância, o conteúdo. Para Bourdieu (1996), no entanto, em última instância o poder exercido sobre a televisão é a pressão econômica, e “a televisão é um formidável instrumento de manutenção da ordem simbólica” (1996:20).

Procurarei reconhecer essas estruturas que constroem e fazem o GR ser reconhecido, na tentativa de construir uma leitura que revele suas condições de trabalho.

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