Síntese da análise dos dados

Percebemos através das observações e da participação no ambiente escolar que as práticas pedagógicas desenvolvidas pelas professoras alfabetizadoras passam por diferentes momentos e estratégias. Podemos destacar que a alegria e o entusiasmo com o processo de aprendizagem de cada criança, sempre esteve presente.

A vivência de espaços coletivos de reflexão, problematização da realidade, participação e diálogo entre professoras e crianças também são parte do cotidiano escolar. Neste sentido, o processo de alfabetização vem sendo construído a partir de experiências significativas neste contexto.

Considerando que as professoras alfabetizadoras utilizam “diferentes métodos” para o desenvolvimento de suas práticas pedagógicas no processo de alfabetização das crianças,

partindo dos temas gerados nos momentos das assembleias, não nos sentimos seguros em dizer que trabalham com temas geradores na perspectiva do letramento.

Pensamos que quando refletimos sobre a formação continuada destas professoras alfabetizadoras que atuam na escola pública de Erechim, de acordo com seus relatos, sentimos a necessidade de pensarmos coletivamente com o grupo, momentos de reflexão sobre a prática conforme o interesse do grupo. Assim, ao pensar juntamente com o grupo podemos construir uma proposta de intervenção que contemple a real necessidade das alfabetizadoras.

Freire (2005, p.80) no livro “A educação na cidade” apresenta seis princípios básicos do programa de formação de educadores da Secretaria Municipal Educação de São Paulo, conforme segue:

1) O educador é o sujeito de sua prática, cumprindo a ele criá-la e recriá-la.

2) A formação do educador deve instrumentalizá-lo para que ele crie e recrie a sua prática através da reflexão sobre o seu cotidiano.

3) A formação do educador deve ser constante, sistematizada, porque a prática se faz e se refaz.

4) A prática pedagógica requer a compreensão da própria gênese do conhecimento, ou seja, de como se dá o processo de conhecer.

5) O programa de formação de educadores é condição para o processo de reorientação curricular da escola.

6) O programa de formação de educadores terá como eixos básicos:

- a fisionomia da escola que se quer, enquanto horizonte da nova proposta pedagógica;

- a necessidade de suprir elementos de formação básica aos educadores nas diferentes áreas do conhecimento humano;

- a apropriação, pelos educadores, dos avanços científicos do conhecimento humano que possam contribuir para a qualidade da escola que se quer (FREIRE 2005, p.80).

Estes princípios básicos que Freire apresentou, devem ser considerados ao pensarmos a construção de uma formação continuada para as professoras alfabetizadoras da escola, refletindo e dialogando sobre a prática pedagógica e os aportes teóricos que contemplam este contexto histórico no qual a escola está inserida.

Finalizando esta reflexão e análise dos dados, vamos sistematizar de maneira simples, partindo da intenção deste trabalho, dos objetivos específicos, das falas das professoras alfabetizadoras, da observação, da participação e vivência no contexto escolar da escola pesquisada.

Quadro 3: Síntese do Estudo de Caso Compreender o contexto

social no qual está inserida a escola pesquisada, identificando a presença das classes populares nas

O contexto social em que a escola pesquisada está inserida é composto pela presença de crianças nas turmas de alfabetização oriundas das classes populares, do bairro de trabalhadores, muitas vezes com limitações e dificuldades, como o acompanhamento cotidiano do desenvolvimento da

turmas de alfabetização; criança na escola. Identificar como ocorre a

ação pedagógica realizada na escola, observando a prática pedagógica e o processo de formação continuada dos(as) educadores(as) e quais as possibilidades que ela oferece;

A ação pedagógica realizada na escola acaba ocorrendo de forma não efetiva como um processo. A prática pedagógica busca a problematização do contexto vivido pelas crianças, mas, o processo de formação continuada das professoras alfabetizadoras não está a contento de todas, pois, em muitos momentos, segundo relatos, acaba sendo momentos de planejamento, de troca de recados, de conversa sobre alunos e de resolução de problemas e, o processo de formação propriamente dito, acaba nem sempre acontecendo.

Neste sentido, todas as professoras alfabetizadoras consideram que a formação continuada, com troca de experiências, reflexão sobre a prática realizada e estudo de textos trariam possibilidades de melhoria para o trabalho realizado no cotidiano escolar com as crianças.

Examinar como o processo de alfabetização das crianças é realizado com vistas a sua emancipação;

Durante o processo de alfabetização realizado na escola pública no contexto das classes populares as professoras utilizam diferentes metodologias e estratégias para que isso ocorra visando a emancipação dos sujeitos, partindo das dificuldades das crianças, da roda de conversa e problematização das situações vividas pelas crianças no cotidiano. Em suas práticas pedagógicas, as professoras alfabetizadoras relatam que por meio da aprendizagem e das relações estabelecidas com as crianças na escola procuram a emancipação, a conscientização, o alimento de esperança de novos horizontes e também, a libertação dos sujeitos.

Construir uma proposta de formação continuada para professores alfabetizadores da escola pesquisada, considerando o aporte teórico da Educação Popular e o Estudo de Caso realizado.

Percebemos que as professoras alfabetizadoras sentem a necessidade de um processo formativo que trate do seu cotidiano sobre a alfabetização das crianças e suas dificuldades. Nesta realidade empírica da escola, após o estudo de caso e considerando o aporte teórico da Educação Popular, percebemos a necessidade de construirmos com as professoras alfabetizadoras uma proposta de formação continuada que contemple suas especificidades da escola e a realidade das mesmas.

Fonte: produção da autora a partir das falas das professoras alfabetizadoras.

De acordo com a síntese apresentada no quadro, acreditamos que este trabalho vem a contribuir com a necessidade da escola pública pesquisada, buscando superar as situações limite encontradas neste contexto e, também, na ação pedagógica realizada pelas professoras alfabetizadoras.

Neste sentido, a formação continuada das professoras alfabetizadoras com vistas à alfabetização das crianças das classes populares na escola pública requer uma reflexão sobre o comprometimento político com esta realidade histórica buscando a qualificação das práticas pedagógicas realizadas neste espaço.