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7 – SÍNTESE CONCLUSIVA E CONTRIBUIÇÕES DO ESTUDO

Chegada a fase final desta investigação apresentam-se as suas principais conclusões. O presente estudo foi desenvolvido com vista a pesquisar o que os enfermeiros chefes, dentro de um meio organizacional único, percecionam sobre liderança e de que forma a executam.

Cada vez mais, as exigências dos tempos atuais solicitam aos enfermeiros competências ao nível da gestão, não só derivada das restrições financeiras e económicas que assolam o país, mas também da necessidade constante de aumentar os níveis de eficácia e eficiência dos cuidados prestados. Neste sentido, tendo em conta os desafios que são colocados diariamente à gestão dos hospitais, é de extrema importância que os gestores possuam capacidades de liderança, em particular os enfermeiros que chefiam os serviços. De acordo com Rodrigues (2000), a eficiência dos serviços está dependente da qualidade da sua estrutura organizacional, porém são os enfermeiros que a potencializam e incrementam.

A presente investigação permitiu acrescentar conhecimento sobre práticas e perceções de liderança por parte dos enfermeiros chefes em contexto hospitalar. Conclui-se que os enfermeiros chefes, mantém estilos de liderança tradicionalistas, não existindo preocupação em inovar e desenvolver outro tipo de estratégias e comportamentos de liderança mais eficazes e aptados às necessidades reais dos subordinados e organizações de saúde.

Os enfermeiros chefes participantes no presente estudo de caso (i.e., a quase totalidade da população da organização de cuidados de saúde investigada) demonstraram conhecimentos sobre o conceito de liderança, sobressaindo a sua perceção de que o líder deve “ser o exemplo” e “indicar o caminho” aos subordinados. Estes indivíduos não conseguiram, todavia, discernir de forma clara os conceitos de liderança e gestão, apresentado papéis associados à gestão como sendo da liderança, embora os mesmos sejam apresentados na literatura como (e.g. Bennis, 1989 referido por Cunha et al., 2016). Os enfermeiros chefes demonstram comportamentos de liderança com orientação elevada para a tarefa e com menor orientação para o relacionamento, o que segundo contributos do modelo de liderança de Blake & Mouton (1964) mencionados por Cunha et al. (2016), apontam para predomínio de estilos de liderança intermédio e autocráticos.

Segundo os participantes no estudo, os seus subordinados apresentam níveis de maturidade elevada para o cargo, existindo, contudo, referência à constante integração de elementos mais novos nas equipas, logo percebidos com dotados de menor maturidade para o cargo. Conclui-se que segundo o

Liderança do Enfermeiro Chefe 67 modelo de Hersey & Blanchard, mencionado por Cunha et al. (2016), os modelos de liderança mais ajustados serão os estilos E4 e E3.

Os enfermeiros chefes que colaboraram na investigação demonstram preocupação em conseguir atingir os objetivos, tanto dos subordinados como da própria instituição, revelando estilos de liderança nos quatro níveis definidos por House e Mitchel (1974). Concluindo-se que a amostra desta pesquisa apresenta estilos de liderança muito diferentes dentro da mesma organização de saúde, embora esta apresente uma visão, missão, valores e objetivos claros que poderiam sugerir a aplicação de um mesmo estilo de liderança.

Alguns dos participantes, demonstraram conceitos de lideranças ao nível do modelo transacional e transformacional, com maior predomínio na liderança transacional. Perante a situação económica e financeira do país as organizações de saúde públicas deveriam procurar promover e instituir medidas para o desenvolvimento de estilos de liderança mais transformacionais, culminando em instituições menos hierarquizadas e voltadas para um ambiente de inovação e flexível (Bass,1999).

Os enfermeiros chefes consideram que as suas características de liderança tendem a ser percebidas de modo mais favorável pelos seus subordinados do que pelos seus superiores. Isto reflete a projeção da realidade dos participantes sobre o que os outros pensam de si, assim como as experiências e vivências em organização. Não pensando na importância de fazer uma autorreflexão sobre si próprios, mas segundo Bryman (1996), o líder deve ser visionário e procurar dar poder aos outros desenvolvendo as capacidades e confiança dos subordinados.

Em suma, Mendes e Mantovani (2010) apresentam a enfermagem como aquela atividade que tem uma função primordial nos cuidados de saúde em Portugal. Os enfermeiros chefes são conduzidos a assumirem papéis, comportamentos e estratégias de liderança perante os seus colaboradores, colocando-os na condução dos objetivos da organização. Deste modo, em momentos de incerteza e de mudanças constantes, quer da profissão quer do setor da saúde, é difícil manter a dinâmica e estabilidade tanto dos seus colaboradores como das organizações de saúde. Conclui-se assim, que a liderança deverá ser considerada uma competência e uma ferramenta fundamental para a definição de prioridades e para o bom funcionamento das organizações de saúde.

Pela investigação efetuada, é sugerido que os enfermeiros chefes devem comprometer-se a desenvolver estratégias e comportamentos de liderança adaptados às necessidades dos seus subordinados e organizações, procurando ser líderes que se preocupam em fomentar o empenhamento dos seus seguidores e os inspiram a ultrapassar os seus próprios interesses em prol

Liderança do Enfermeiro Chefe 68 dos objetivos da organização, produzindo assim mudanças favoráveis ao nível de satisfação, motivação e desempenho. Por sua vez, as organizações de saúde devem conhecer os novos contributos científicos em matéria de liderança, esperando que estes se traduzam em elevados padrões de satisfação do colaborador assim como de qualidade dos cuidados de saúde prestados, enquanto são garantidos o cumprimento dos limites do financiamento e o acesso da população aos cuidados de saúde.

O estudo permitiu também dar resposta a todas as questões colocadas, no âmbito dos objetivos para ele definidos. Permitiu a análise de significativa informação sobre liderança em contexto organizacional, por via de várias fontes de evidência de forma a garantir a confiabilidade. Os resultados revelaram-se genericamente em consonância com o defendido por autores de mérito reconhecido na área. Nas situações em que não houve concordância com a revisão da literatura, emergiram motivos que estão na origem dessa divergência. Pensa-se que o estudo terá, assim, oferecido um contributo ao conhecimento na área da liderança em enfermagem nas organizações de saúde públicas.

7.1 – LIMITAÇÕES DO ESTUDO E SUGESTÕES PARA INVESTIGAÇÕES