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Ométodo de produção de mapas geológicos no LNEG tem evoluído ao longo dos anos, e de forma mais significativa com a introdução de novas tecnologias de informação, de que são exemplo as técnicas de aquisição de dados através da interpretação de imagens de satélite (Pereira et al., 2008a), a utilização dos SIG no desenho, processamento, análise dos dados e preparação da pré-impressão e o aparecimento de novas e cada vez mais potentes soluções WebSIG, que têm promovido a intensificação da partilha e integração de dados espaciais,de que o geoPortal do LNEG é um exemplo.

A par destas tecnologias que têm vindo a ser usadas, umas com mais sucesso do que outras, existem algumas que têm sido testadas pontualmente, nomeadamente as plataformas portáteis de aquisição de dados com Personal Digital Assistant (PDA) ou computador portátil, equipado com GPS. Estas ferramentas merecem uma atenção cuidada, na medida em que podem ser uma mais-valia em projetos internacionais que o LNEG pode vir a integrar (e.g. Planageo).

Em relação à INSPIRE, pode dizer-se que o LNEG está no bom caminho se bem que ainda agora o iniciou. A sua implementação no LNEG tem seguido uma abordagem por fases, em consonância com o esquema do modelo de referência INSPIRE (Architecture and Standards Working Group, 2002). Primeiramente foram produzidos e recolhidos os metadados dos CDG e serviços geridos pelo LNEG. Em paralelo, foi implementado o geoPortal do LNEG, que disponibiliza um conjunto de serviços de pesquisa, visualização e descarregamento para esses mesmos dados.

Logo após a aprovação, pelo Comité INSPIRE, das disposições de execução relativas às especificações de dados para a Geologia, que está previsto acontecer até final de 2013, o LNEG tem um período de dois anos para disponibilizar os dados novos, e de sete anos para os restantes. Em paralelo deverá proceder gradualmente à harmonização dos CDG, de forma a torná-los interoperáveis em toda a Europa.

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Em relação a este ponto, a INSPIRE prevê duas formas de o concretizar, através da criação de serviços de transformação, ou pela reestruturação dos CDG de acordo com o modelo proposto pelas especificações INSPIRE.

No próximo capítulo será descrita a abordagem adotada neste trabalho e serão apontadas as razões que o justificam.

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3 INTEROPERABILIDADE E CARTOGRAFIA GEOLÓGICA

3.1 Introdução

As técnicas subjacentes à realização de cartografia geológica fazem parte do conhecimento geral dos geólogos. As áreas a mapear apresentam condições variáveis de afloramento do substrato rochoso, que pode estar coberto por solos, vegetação mais ou menos densa, aglomerados urbanos, etc.. Num cenário como este, o geólogo não dispõe de todos os elementos para desenhar no mapa os vários objetos que constituem uma carta geológica. O mais comum é existirem apenas alguns afloramentos, considerados elementos-chave, que permitam estudar as caraterísticas geológicas das rochas, identificar eventuais formações geológicas distintas, traçando assim o seu contato. O estudo planeado dos vários afloramentos possibilita o estabelecimento de comparações entre as caraterísticas geológicas das formações presentes, estabelecendo-se assim a respetiva extensão e representação na área a mapear. O conjunto de dados obtidos, conjugado com outra informação disponível para a região (e.g. geofísica, geoquímica, fotografias aéreas, sondagens), e aliados à experiência e conhecimento do geólogo, permitem elaborar um modelo mental 3D da geologia da região, ou mesmo modelos a quatro dimensões (4D), sempre que seja possível considerar o fator tempo.

Porém, uma carta geológica resulta essencialmente da transferência dos modelos 3D ou 4D, idealizados pelo geólogo, para a representação plana a duas dimensões (2D). Atualmente, são vários os projetos de investigação em modelação espacial que recorrem a software de modelação para representar a geologia em 3D e 4D (Calcagno et al., 2008; Caumon, 2010; Mallet, 2004; Zanchi et al., 2009). Contudo, seja qual for o método e o suporte utilizado para representar a informação geológica, o resultado tem sempre uma componente de abstração suscetível de condicionar a interpretação final.

Uma carta geológica é assim, um modelo de representação da geologia de uma determinada região, cuja conceção depende, essencialmente, dos seguintes fatores:

 Da quantidade e qualidade dos afloramentos que são possíveis de observar no campo, pois como foi dito o geólogo pode não ter acesso às unidades geológicas que afloram na região;

 Do melhor ou pior entendimento das interpretações dos diversos intervenientes, muitas vezes baseadas na “intuição geológica” de cada um, particularmente quando há escassez de afloramentos ou dificuldade na recolha de dados;

 Da evolução do conhecimento no domínio da Geologia, muito acelerado a partir do estabelecimento da teoria da Tectónica das Placas, nos anos sessenta do século passado;

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 Da escala de representação, uma vez que o detalhe e rigor dos levantamentos geológicos de uma carta geológica de grande escala são muito maiores do que quando são realizados a uma escala menor;

 Da base topográfica utilizada em todas as etapas de produção, uma vez que esta interfere diretamente na representação dos vários elementos geológicos presentes numa carta geológica;

 Da tecnologia utilizada na sua produção.

Neste capítulo faz-se uma síntese das principais normas aplicadas à cartografia geológica, e da evolução que tem ocorrido neste domínio. A participação do LNEG em projetos internacionais, tem contribuído para a capacitação da Instituição na adoção de standards de dados e serviços, essencial para o cumprimento da Diretiva INSPIRE.

Um aspeto igualmente importante para que o LNEG cumpra com esta Diretiva é a harmonização dos dados da cartografia geológica em relação ao modelo de dados INSPIRE, de modo a assegurar a sua interoperabilidade. No ponto 3.3, descreve-se uma metodologia a aplicar na harmonização dos dados da cartografia geológica.

A par do processo de harmonização dos dados da cartografia geológica, a INSPIRE recomenda a verificação da consistência dos dados a outros níveis que serão apresentados também no ponto 3.3.

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