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CAPÍTULO III. O PROGRAMA NACIONAL DE ACESSO AO ENSINO

4.5 Síntese dos achados evidenciados nas Categorias

A presente seção evidencia o Quadro 6 com os principais achados identificados nas entrevistas realizadas com os gestores e os professores das instituições pública e privadas participantes da oferta da Bolsa- Formação/Pronatec na cidade de Pelotas-RS no período de 2011 a 2015. O objetivo de sintetizar as principais informações encontradas é de apresentar de

forma sucinta as similaridades e as diferenças, nas concepções e métodos utilizados no processo de desenvolvimento dos cursos por meio desta política educacional.

Quadro 6. Síntese das ações desenvolvidas pela rede federal e pelas instituições

privadas de ensino na Oferta da Bolsa-Formação/Pronatec na cidade de Pelotas- RS no período de 2011 a 2015.

Categoria Subcategoria Rede Federal Rede Privada

O Processo de Definição dos Cursos ofertados Definição dos Cursos Efetivou um processo de identificação de demandas com a participação efetiva da comunidade local, evidenciando um cuidado importante no levantamento das reais necessidades da região.

Definiram os cursos a serem ofertados com uma participação limitada da comunidade, pois consideraram para delimitação da oferta exclusivamente o rol de cursos que já tinham disponíveis em suas ofertas regulares. Modalidade de Cursos Ofertados Preponderância de cursos FIC Preponderância de cursos FIC O Acesso à Educação e os Ganhos Sociais através do Pronatec Características dos estudantes atendidos no programa Pessoas oriundas de famílias com realidades socioeconômicas precárias, muitas vinculadas a programas de assistência social desenvolvidos pelo governo federal Pessoas oriundas de famílias com realidades socioeconômicas precárias, muitas vinculadas a programas de assistência social desenvolvidos pelo governo federal

Ganhos em termos sociais com a oferta do programa A ação de incluir as pessoas novamente ao sistema de ensino transcende aspectos ligados a questões econômicas, proporcionando sentimentos de proficuidade, de elevação A ação de incluir as pessoas novamente ao sistema de ensino transcende aspectos ligados a questões econômicas, proporcionando sentimentos de proficuidade, de elevação

da autoestima e de resgate da cidadania. da autoestima e de resgate da cidadania. Avaliação de professores e gestores quanto ao desenvolvimento do Pronatec

Avaliação Positiva quanto ao desenvolvimento do programa

Avaliação Positiva quanto ao desenvolvimento do programa A Oferta pública de Cursos Profissionalizantes por meio de Parcerias Público- Privadas Quantidade de oferta Limitada. Levando em consideração demandas específicas da comunidade. Ampliada. Focada em atingir grandes números em termos de ofertas e alavancar suas receitas através de repasse de recursos públicos. Pagamento dos Professores atuantes no Programa Pagava o valor de 50,00 reais a hora/aula. Sendo o valor referência definido pelo programa.

Pagavam entre 15,00 e 30,00 reais a hora/aula. Um valor inferior ao valor de referência definido pelo programa. Concessão de auxílio para transporte e alimentação para os estudantes

Exatamente o mesmo valor que era destinado pela Setec era repassado por depósito bancário na forma de bolsa.

02 vales transportes e um vale refeição referente a um lanche. Contabilizando um valor inferior ao repassado pela Setec. Percepção dos

gestores quanto aos ganhos que suas Instituições de ensino obtiveram com a oferta do Pronatec. Salientou os ganhos em termos de experiência no campo da extensão e de contribuição da instituição no desenvolvimento social da região. Salientaram aspectos mercadológicos como os principais ganhos de suas empresas com a participação na efetivação do programa. Ex: Visibilidade e Investimento. Avaliação dos sujeitos a respeito da oferta do Pronatec por meio de PPPs na cidade de Pelotas-RS.

Avaliação Desfavorável. Pelo fato dessas instituições privadas possuírem como foco principal a oferta em larga escala.

Avaliação Favorável. Pela questão das PPPs possibilitarem um considerável aumento no número de pessoas atendidas pelo programa. O Perfil de Trabalhador pretendido pela Perfil de trabalhador que suas instituições de ensino buscavam Visavam a formação de trabalhadores com o perfil apropriado para a inserção ou melhor atuação no

Visavam a formação de trabalhadores com o perfil apropriado para a inserção

ação da Bolsa- Formação/Pronatec

na cidade de Pelotas.

formar através dos cursos profissionais ofertados por meio

da Bolsa-

Formação/Pronatec na cidade de Pelotas

mercado. no mercado.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir do estudo sobre a oferta de cursos profissionalizantes em nível de educação básica, desenvolvidos através da ação da Bolsa-Formação por meio de parcerias públicos-privadas na cidade de Pelotas-RS, buscou-se analisar o projeto de formação do trabalhador proposto pelo Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego - Pronatec neste município, com vistas a contribuir para uma melhor compreensão sobre esta política educacional e colaborar com futuras pesquisas que abordem temáticas exploradas neste trabalho.

A tese inicial deste trabalho centrou-se no argumento de que política de educação profissional proposta por meio da Bolsa-formação, com supremacia de investimentos públicos no Sistema S, evidenciava o fortalecimento das parcerias público-privadas em educação, colocando em causa o projeto de formação do trabalhador, inferindo que a lógica presente atenderia majoritariamente à perspectiva de mercado.

O referencial que sustentou a tese decorreu das análises nas transformações do papel do Estado, entendidos como desdobramentos das reconfigurações do projeto capitalista neoliberal global. A Nova Gestão Pública, com a inserção de preceitos gerenciais na maquinaria estatal, e a Governança, com as alterações das relações do Estado com a sociedade civil e o mercado, constituíram-se em conceitos potentes para a compreensão das parcerias público-privadas em educação e, no caso deste trabalho, para estabelecer os nexos entre as concepções e práticas das políticas para a educação profissional, especialmente do Pronatec/Bolsa Formação.

Através da análise dos dados coletados por meio das entrevistas semiestruturadas que foram realizadas com gestores e professores das instituições ofertantes da Bolsa-formação na cidade de Pelotas no período de 2011-2015, puderam ser identificadas quatro categorias: O Processo de Definição dos Cursos ofertados pela ação do Bolsa-Formação/Pronatec na cidade de Pelotas; O Acesso à Educação e as Perspectivas Sociais; A Oferta pública de Cursos Profissionalizantes por meio de Parcerias Público-Privadas; O Perfil de Trabalhador formado pela ação do Bolsa-Formação/Pronatec na

cidade de Pelotas. Estas categorias possibilitaram a identificação e a análise de questões que contribuíram para a elucidação do problema anteriormente delimitado para o estudo, que foi: Qual é o projeto de formação do trabalhador subjacente à política educacional do Pronatec, inserido na atual perspectiva de ampliação das parcerias com a rede privada de ensino?

Para destacar os principais achados da pesquisa é relevante que se retomem as categorias evidenciadas no estudo e se sintetizem as principais respostas encontradas e analisadas no capítulo anterior.

Quanto ao processo adotado pelas instituições ofertantes do Bolsa- Formação/Pronatec para a de definição dos cursos a serem desenvolvidos na cidade de Pelotas-RS, pode-se perceber diferença nos métodos adotados pelas instituições de ensino pertencentes a iniciativa privada e a instituição pública. Na instituição pública os cursos ofertados foram definidos com a participação ativa das comunidades atendidas pelo programa. Foram feitas reuniões com as prefeituras, com os sindicatos e com outras instituições que representavam os municípios com o intuito de identificar as demandas específicas dos diferentes grupos sociais da região, como, por exemplo, de comunidades quilombolas, de assentamentos do MST e de produtores de hortaliças, e criava cursos de qualificação para contemplar as necessidades apresentadas.

A oferta da Instituição de Ensino Superior privada foi definida pela mantenedora da Faculdade, situada fora da cidade de Pelotas, sem nenhuma participação de representantes locais e sem possibilidade de influência dos profissionais que conduziram o programa na cidade. No caso específico da oferta realizadas pelas instituições do Sistema Nacional de Aprendizagem, que contabilizaram juntas 77,9% das matrículas integralizadas pela Bolsa- Formação/Pronatec em Pelotas, a definição dos cursos foi concretizada através de encontros com representantes de instituições da cidade, mas foi delimitada pelos cursos regulares que essas instituições já possuíam em atividade. Com isso, as reuniões com a prefeitura, sindicatos e outras organizações interessadas, ocorria para que cada um dos SNA apresentasse a sua listagem de cursos disponíveis e que, levando em consideração exclusivamente esses

cursos, fossem escolhidos aqueles que poderiam atender a interesses da região.

Compreende-se que é relevante na delimitação de uma ampla oferta de vagas públicas de ensino, que visa atender a pessoas que necessitam de qualificação profissional, que se construa um método que possibilite a participação efetiva da comunidade nesse processo. É importante ressaltar que se entende como incompleta uma dinâmica que adota apenas as demandas identificadas pelo mercado como variável de influência na definição de cursos e vagas a serem ofertadas por uma política pública que fomente o ensino profissional. Na situação ocorrida com a oferta das instituições dos SNA percebe-se como limitada a participação de entidades locais, ficando a delimitação da oferta quase que exclusivamente deferida pela iniciativa privada, o que na execução do programa pela Faculdade privada se materializou por completo.

Outro aspecto relevante que foi identificado no estudo foi em relação a prioridade estabelecida no programa pela oferta de cursos de Formação Inicial e Continuada - FIC. Observando os números da Bolsa-Formação/Pronatec em nível nacional percebe-se que a oferta de cursos de FIC contabiliza 71% das matrículas do Programa (em torno de 6,6 milhões de alunos), ficando os cursos técnicos com 29% (cerca de 2,7 milhões de alunos). Na cidade de Pelotas-RS é ainda maior o percentual de matrículas implementadas por meio de cursos de curta duração, onde estes foram responsáveis por mais de 75% do total da oferta, ou seja, das 12.329 matrículas disponibilizadas no município, 9.279 foram através de cursos FIC.

A prioridade do Pronatec para a oferta de cursos de curta duração para o desenvolvimento da ação da Bolsa-Formação, considerando os objetivos contidos no projeto que anunciam a formação de trabalhadores para inserção mais rápida no mercado de trabalho, e as ações implementadas e analisadas nesta pesquisa, pode ser identificada com a lógica de desenvolvimento do capital humano, e mais recentemente do capital social, como papel fundamental da educação. Esta consiste em uma das recomendações dos organismos internacionais, que visa, entre outras, orientar políticas de alívio à pobreza, aumentar o potencial produtivo das economias, por meio do

fortalecimento do capital humano, e criar, através do desenvolvimento do capital social, um novo tipo de sociedade, baseada no voluntariado, na cultura cívica e na conformação às condições individuais, na medida em que a responsabilização pelo sucesso e pelo fracasso independem de fatores contextuais e externos ao indivíduo, criando, portanto, um cenário propício aos interesses do capital.

Pode-se perceber que, posterior à ineficácia das diretrizes neoliberais mais ortodoxas, notadamente pelo aumento da miserabilidade das populações mundiais, entre outras consequências ambientais, políticas, culturais, etc., as orientações, defendidas pelo neoliberalismo da terceira via, visam a retomada de políticas públicas que incentivem o desenvolvimento do capital humano, especialmente através da qualificação profissional, incorporando à educação a responsabilidade de também formar para sobrevivência e para o conformismo, elementos esses oriundos da teoria do capital social (MOTTA, 2009, p.555). A similaridade evidenciada entre o Projeto da Terceira Via e a teoria do capital social está na concepção de que é fundamental a construção de uma nova cultura de solidariedade e de engajamento cívico da população, pois propõem que essas alterações podem contribuir tanto com questões sociais, quanto com o desenvolvimento econômico.

A lógica de que através da educação profissional o país conseguirá potencializar a economia e reduzir as desigualdades sociais, atribuindo novamente ao ensino profissional um valor economicista em primeiro plano, desconsidera as diferentes disfunções orgânicas do capitalismo que são responsáveis diretas pelas crises econômicas e sociais que ciclicamente emergem nas sociedades.

A Bolsa-Formação foi identificada pelos sujeitos participantes da pesquisa como um programa que visou, sobretudo, ampliar os índices de oferta educacional e atender as demandas do mercado como principal política do governo. Focando o atendimento em pessoas vinculadas às políticas de assistência social e/ou oriundas de grupos sociais menos favorecidos, que necessitavam de uma formação que permitisse almejar a inserção rápida no mercado de trabalho, a política atendeu a dois propósitos: atender as necessidades emergentes da população mais vulnerável no sentido do acesso

à qualificação e à perspectivas de trabalho e a um modelo de trabalhador adequado (áreas de formação, tempo de duração do curso, currículo) às expectativas dos empregadores.

Quanto à segunda categoria que se refere ao acesso à educação e as expectativas sociais obtidas através do Pronatec, foi possível identificar com os números apresentados e as falas dos sujeitos entrevistados na pesquisa, que a política foi positiva em termos de alargamento das possibilidades de acesso à educação para pessoas que necessitam do apoio do Estado, e, a partir do acesso, recuperou a autoestima, a possibilidade de trocas e relações com outros grupos sociais e esperança de ascensão e mobilidade social para várias pessoas, sobretudo quando se verificam que na modalidade FIC ingressaram mais mulheres e populações negras, que aliadas às condições econômicas desfavoráveis, compreendem grupos sociais excluídos.

No período de 2011 a 2015, o Pronatec seguiu a lógica de expansão da rede federal de educação profissional que ocorreu entre os anos de 2003 a 2014. O programa contabilizou 9,4 milhões de matrículas entre os cursos técnicos e os cursos de qualificação profissional, totalizando mais de 15 bilhões de reais investidos, ficando a Bolsa-Formação como a ação com maior investimento nesse período, com cerca de 8 bilhões de reais e atendendo mais de 70% dos municípios do país (MEC/SETEC, 2016).

Os sujeitos entrevistados foram unânimes em avaliar positivamente a política. Alguns respondentes apontaram para questões específicas que poderiam ter assumido um formato diferente, com destaque ao currículo (cursos de curta duração, centrado no saber fazer), a destinação de recursos públicos para instituições privadas, mas todos enfatizaram que teve impactos importantes.

É necessário que se destaque que por mais contraditório que seja o modelo de formação do trabalhador desenvolvido pela ação do Bolsa- Formação/Pronatec, analisando os depoimentos da pesquisa de campo e os números e características das pessoas atendidas, fica evidente que teve efeitos positivos em termos de ampliação do acesso a conhecimentos, que o processo formativo permite; as trocas sociais e culturais; e aumento das expectativas de inserção no mundo do trabalho, o que remetam, de acordo

com alguns entrevistados a sentimentos de proficuidade, de elevação da autoestima e de pertencimento.

Em relação a oferta de cursos profissionalizantes por meio de parcerias público-privadas - PPP, que corresponde à terceira categoria analisada, destacam-se várias pesquisas (ROBERTSON, 2013; PERONI, 2015; ADRIÃO, 2016; SHIROMA, 2014; CÓSSIO, 2016) que evidenciam a crescente implementação de parcerias de setores públicos com organizações da iniciativa privada para atuar na área da educação. Nesse sentido, a Nova Gestão Pública - NGP e a Governança, ao lado da tese do capital social, como já referido, são conceitualizações importantes para compreensão de como as PPPs emergem e avançam no contexto mundial e local.

Destaca-se que a governança se refere a atividades de governo que cada vez mais são realizadas por atores não governamentais, propiciando novos arranjos institucionais, acordos de cooperação, parcerias, que para Robertson (2013) pode ser entendida como uma forma atual de privatização da/na educação.

Nessa perspectiva, o governo permite a implementação de práticas mercadológicas e a preponderância dos interesses do empresariado em uma área fundamental para construção de um projeto de nação, na medida em que influenciar no projeto educacional, implica em intervir na formação humana, indispensável para pensar no tipo de sociedade almejada.

Observando os números apresentados pela Bolsa-Formação/Pronatec visualiza-se que a oferta de cursos profissionais por meio de parcerias público- privadas contabiliza o maior percentual de matrículas. O Sistema S detém 77% do total de matrículas implementadas pela ação em todo o país (MEC/SETEC, 2016), o que pode indicar a aderência do governo ao modelo de formação profissional proposto pelo Sistema.

Na cidade de Pelotas-RS é ainda mais expressiva a participação de instituições da iniciativa privada no processo de desenvolvimento dos cursos ofertados por meio da Bolsa-Formação/Pronatec. O percentual de atuação da rede pública foi de 10,7%, enquanto que as matrículas efetivadas por meio de parcerias público privadas contabilizaram 89,3%, com os Serviços Nacionais de Aprendizagem estabelecendo 77,8% e com a Faculdade privada 11,5%.

Dentre os motivos elencados por gestores e professores nas entrevistas para essa discrepância em termos de participação de instituições privadas de ensino em relação a atuação da rede federal na ação da Bolsa- Formação/Pronatec, destacam-se dois aspectos. O primeiro diz respeito a intenção do governo federal em atingir grandes metas em termos de ofertas e matrículas com o Pronatec, visando elevar os índices educacionais a curto prazo e, ao mesmo tempo, qualificar o maior número de pessoas possíveis para ingressarem no mercado de trabalho e aumentarem o potencial produtivo da economia. Segundo informações de representantes do governo na época, o planejamento de metas do governo federal fez com que o MEC buscasse as instituições privadas de ensino para aumentar o potencial de oferta do programa, pois entendiam que apenas através da rede federal seria impossível atingir o que era pretendido em termos quantitativos.

Emerge, assim, o segundo aspecto apontado na pesquisa de campo, o acordo de gratuidade estabelecido entre o governo federal e os SNA. Um acordo em que buscava aumentar de forma gradativa a oferta de vagas gratuitas nas ofertas regulares dessas instituições. Segundo alguns depoimentos e analisando os números efetivados, percebe-se que esse movimento do governo criou um cenário favorável para o repasse de muitos recursos públicos para os SNA e consolidou a efetivação das parcerias para o desenvolvimento do Pronatec.

Entende-se como relevante elevar as possibilidades de acesso ao ensino gratuito do país, mas também é importante ressaltar que a responsabilidade pela execução das políticas educacionais deve ser majoritariamente do setor público. Assim, uma alternativa às parcerias público- privadas seria a expansão do Programa às redes municipais e estaduais de educação, visto que formam uma grande estrutura que está presente em todo território brasileiro e que também ofertam cursos profissionalizantes, estando aptas a realizarem essa ação. Essa iniciativa além de possibilitar o atingimento das metas estabelecidas pelo governo, iria contribuir em melhorias nas próprias redes que necessitam de um maior investimento público e são essenciais para o ensino básico do país.

É importante referenciar a respeito da atuação das parcerias público- privadas na oferta dos cursos da Bolsa-Formação no lócus da pesquisa, a metodologia adotada pelos SNA e pela IES no repasse dos auxílios referentes a assistência estudantil aos alunos e no pagamento dos professores que atuavam nos cursos ofertados pelo programa. Pôde-se identificar através das entrevistas, que as instituições pertencentes aos SNA e a IES repassavam à alunos e professores valores inferiores do que os praticados pela Instituição pública. Esta constatação contribui com a ideia de que as parcerias público- privadas divergem dos interesses públicos, uma vez que ações direcionadas para auxiliar e possibilitar aos alunos a se manterem frequentando os cursos, e para incentivar um maior número de docentes a atuarem no programa, são utilizados para outros fins, prejudicando os estudantes que dependem do auxílio e os professores que tem seu trabalho precarizado.

Em relação à categoria que se refere às perspectivas sociais do programa foram identificadas algumas convergências, mas também alguns aspectos que se diferenciaram. Quanto as convergências, os entrevistados foram unânimes em afirmar que o acesso à educação proporcionou a elevação da autoestima, da sociabilidade, das trocas culturais e o sentimento de pertencimento, além de criar perspectivas de mobilidade social por meio do trabalho.

Em relação aos aspectos divergentes destacam-se que para a instituição pública o objetivo precípuo do programa consistiu na formação profissional para o trabalho local e regional, para atender as demandas dos diferentes grupos sociais, identificadas por meio de levantamento prévios e in loco, e não