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II. 3.2.4.4 Entidades com investimento financiado, por tipo de instrumento de apoio 111

II.4.   SÍNTESE DOS PRINCIPAIS INDICADORES 117

A análise dos resultados e indicadores apresentados nos itens anteriores permite um conhecimento detalhado do estado dos sistemas públicos urbanos de abastecimento de água e de drenagem e tratamento de águas residuais em Portugal, não apenas no que se refere aos aspectos físicos e de funcionamento dos sistemas, como também aos aspectos económico-financeiros.

Neste item, faz-se uma síntese dos principais indicadores que caracterizam o Abastecimento de Água (AA) e a Drenagem e Tratamento de Águas Residuais (DTAR) em Portugal.

Em Portugal, as entidades gestoras que efectuam os serviços de abastecimento de água e de drenagem e tratamento de águas residuais são, na sua grande maioria, Municípios. No Continente, este tipo de Entidade Gestora (EG) representa 69%, seguindo-se os Serviços Municipalizados com 9% e as Empresas Públicas ou de capitais públicos com cerca de 8%. Nas R.A. dos Açores e da Madeira os Municípios representam 89% e 85%, respectivamente, do número total de entidades gestoras.

Em termos de população servida por tipo de entidade as empresas públicas ou de capitais públicos captam água que serve cerca de 57% da população do país mas servem nas redes de abastecimento apenas 8% da população. Os municípios e os serviços municipalizados ainda são os maiores distribuidores de água das redes, com percentagens de população servida de 40% e 29% respectivamente.

Relativamente à drenagem e tratamento de águas residuais, os municípios efectuam a drenagem de águas residuais correspondente a 83% da população do país, correspondendo às empresas públicas ou de capitais públicos e às empresas privadas cerca de 12% da população servida. Quanto ao tratamento de águas residuais, os municípios servem cerca de 73% da população e as empresas públicas ou de capitais públicos cerca de 17% da população do país.

Para o ano de 2006, o índice de abastecimento público da população é de 91% para o Continente, praticamente 100% para a R.A.Açores e de 97% para a R.A.Madeira. Verificaram-se variações pouco significativas relativamente ao ano 2005, embora se possa depreender uma tendência para um aumento progressivo dos níveis de abastecimento no país.

Relativamente às águas residuais, 77% da população do Continente é servida por sistemas públicos de drenagem mas apenas 70% tem sistemas de tratamento de águas residuais. Nas Regiões Autónomas os índices de drenagem e de tratamento de águas residuais são bastante mais baixos. A R.A.Açores apresenta um índice de drenagem de 39% e um índice de tratamento de 25% e a R.A.Madeira apresenta índices de 69% e de 59%, respectivamente.

Comparando estes dados com os registados em 2005, verificou-se um aumento, quer ao nível do índice de drenagem, como de tratamento, tanto no Continente como na R.A.Madeira. No que concerne à R.A.Açores, registou-se um decréscimo dos dois índices, o qual poderá ser explicado pelo facto de ter sido o primeiro ano de campanha cuja responsabilidade de preenchimento foi das Entidades Gestoras (em 2005 esteve a cargo das equipas de inquérito).

A água captada no Continente para abastecimento público tem origem maioritariamente em massas de água de superficie (cerca de 67%), invertendo-se esta situação nas Regiões Autónomas onde mais de 97% do volume da água captada é de origem subterrânea.

Os maiores volumes de água distribuída nas redes de abastecimento verificam-se nas RH4 (Vouga, Mondego, Lis e Ribeiras do Oeste) e RH5 (Tejo) que representam 20% e 37%, respectivamente, do volume de água fornecido ao sector doméstico no Continente.

Em média, o volume de água fornecido ao sector doméstico traduziu-se numa capitação de 137L/hab.dia para o Continente e de 317L/hab.dia e de 178L/hab.dia para as RH9 (Açores) e RH10 (Madeira), respectivamente. A RH8, correspondente à Região do Algarve, apresenta uma capitação significativamente

mais elevada comparativamente às outras regiões do Continente, cerca de 279L/hab.dia, justificado pela população flutuante que se regista nesta região. No que respeita às águas residuais drenadas, a capitação para o sector doméstico é da ordem dos 126/l/hab.dia para o Continente e de 126L/hab.dia e 180L/hab.dia para as R.A. dos Açores e da Madeira, respectivamente.

A análise dos aspectos económicos e financeiros dos serviços prestados pelas EG abrange a factura média anual para uma dada procura associada aos serviços, os proveitos resultantes da aplicação de tarifas de abastecimento de água e da drenagem / tratamento de águas residuais, os custos operacionais e ambientais da prestação dos serviços e o investimento anual realizado.

Através dos custos totais e dos proveitos totais é aferido o nível de recuperação de custos dos serviços públicos urbanos de abastecimento de água e de drenagem/tratamento de águas residuais.

A factura média paga pelos serviços de águas para utilizações médias anuais de 120m3/ano e de 200 m3/ano nas diferentes regiões hidrográficas do território nacional está apresentada na tabela 74.

Tabela 74. Factura média ponderada dos serviços de abastecimento de água e de drenagem e tratamento de águas residuais.

Abastecimento de água Drenagem e Tratamento de Águas Residuais Utilização anual de

120 m3 Utilização anual de 200 m3 Utilização anual de 120 m3 Utilização anual de 200 m3

(€/mês) (€/ano) (€/mês) (€/ano) (€/mês) (€/ano) (€/mês) (€/ano)

Continente 7,8 94 13,6 163 2,4 28 3,5 42

Açores (RH9) 6,2 74 12,1 145 1,4 16 3,3 40

Madeira (RH10) 5,1 61 8,3 99 1,5 19 2,2 26

A factura média mensal no Continente varia entre os 7,8€/m3 e os 13,6€/m3 para o abastecimento de água

e entre os 2,4€/m3 e os 3,5€/m3 para a drenagem e tratamento de águas residuais. Nas Regiões

Autónomas a factura média mensal para utilizações anuais entre 120m3 e 200 m3 é inferior à factura média

no Continente para os dois tipos de serviço, embora esta diferença seja bastante superior no abastecimento de água.

Por cada metro cúbico fornecido e facturado nos serviços de abastecimento de água, os proveitos totais gerados são da ordem dos 1,15€/m3 no Continente, dos 0,89€/m3 na R.A.Açores e de 0,77€/m3 na

R.A.Madeira. Tal como se verifica na factura média, os proveitos gerados no Continente por metro cúbico de água fornecido, são superiores às geradas nas Regiões Autónomas. As RH6 (Sado e Mira) e RH7 (Guadiana) são as regiões do Continente que geram menos proveitos por metro cúbico de água fornecido. No que respeita aos serviços de drenagem e tratamento de águas residuais os proveitos totais gerados por metro cúbico drenado é substancialmente inferior aos proveitos obtidos pelo abastecimento de água. Verificam-se neste caso proveitos da ordem dos 0,58€/m3 para o Continente, dos 0,39€/m3 para a

R.A.Açores e de 0,29€/m3 para a R.A.Madeira.

Os custos totais dos serviços de abastecimento de água, incluindo os custos de investimento, os custos gerais e os custos de exploração e gestão, por unidade de volume fornecido são de 1,06€/m3 para o

Continente, de 2,04€/m3 para a R.A.Açores e de 0,87€/m3 para a R.A.Madeira. A região do Continente com

menor custo total por unidade de volume fornecido é a das Ribeiras do Algarve (0,60€/m3) e a região com

Os custos totais do serviço de drenagem e tratamento de águas residuais estão na ordem de 0,62€/m3 para

o Continente, dos 2,01€/m3 para a R.A.Açores e dos 0,79€/m3 para a R.A.Madeira, sendo que são em

média inferiores aos custos do serviço de abastecimento. A Região Hidrográfica em que se observam custos totais unitários mais elevados a nível nacional é a dos Açores e a nível do Continente é a região do Minho e Lima. Os custos totais unitários menores verificam-se na RH5 (Tejo) e na RH8 (Ribeiras do Algarve).

Observando na sua globalidade o investimento realizado nas várias regiões do País durante o período compreendido entre 1987 e 2006, verifica-se a existência de um primeiro ciclo de maior volume de investimento em sistemas de abastecimento de água no Continente entre 1998 e 2002 e um segundo ciclo com inicio entre 2005 e 2006.

No que respeita ao investimento realizados em sistemas de drenagem e tratamento de águas residuais observa-se a mesma evolução cíclica. No geral, em termos correntes, o investimento realizado em 2005 e em 2006 em drenagem e/ou tratamento de águas residuais é superior ao dos anos anteriores.

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