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4. Análise e discussão de resultados

4.5. Síntese final

O capítulo que aqui se encerra teve como enfoque a análise e reflexão das informações recolhidas sobre o meu objeto de pesquisa. Em traços gerais, tendo em consideração as hipóteses teóricas apresentadas no terceiro capítulo, concluímos que o agravamento das condições de saúde constitui a principal causa de inserção dos idosos na Fundação Bomfim. De facto, tal como já foi mencionado no presente trabalho, uma das razões adjacentes à inserção dos idosos na valência Centro de Dia diz respeito aos cuidados de saúde.

Não poderíamos deixar de frisar que a questão da solidão também foi apontada por alguns entrevistados aquando questionados acerca dos motivos que os levaram a recorrer a esta valência. Como refere Benet (2003), os idosos que vivem sozinhos, por viuvez, problemas de relacionamento com os familiares, entre outros, têm maior dificuldade em encontrar um sentido para esta nova etapa do seu ciclo de vida. Dessa forma, o Centro de Dia surge para estes idosos como uma alternativa à solidão e isolamento social na medida em que lhes permite encontrar um novo sentido para a vida, fomentar as suas relações sociais e proporcionar um sentimento de integração.

Ao longo das entrevistas realizadas posso destacar três entrevistas:

 O entrevistado 2 foi sempre muito ponderado nas respostas dadas de forma a não se comprometer com nenhum assunto;

 O entrevistado 3 revelou desde o início não se sentir muito à vontade a responder a perguntas que direta ou indiretamente estavam relacionadas com a tomada de decisões. Revela que provavelmente as decisões importantes da sua vida não são tomadas por si;

 O entrevistado 5 desde que foi contactado para a entrevista revelou ser uma pessoa sempre muito bem-disposta e de bem com a vida, nem os problemas que teve de saúde e tem lhe tiram a alegria de viver.

Conclusão

O presente trabalho é o resultado de um longo percurso de pesquisa, análise, reflexão e construção do conhecimento sociológico, que se desenvolveu tentando dar resposta à seguinte questão de partida: “De que modo o Centro de Dia da Fundação Bomfim contribui para o envelhecimento ativo?”

A par do processo de envelhecimento, não poderíamos deixar de refletir sobre a questão da institucionalização. De facto, o aumento exponencial da longevidade da população permitiu que os indivíduos vivessem mais anos. No entanto, viver mais não significa, necessariamente, viver melhor. Viver mais, traduz-se também numa maior probabilidade de ocorrência de doenças crónicas, o que se denomina de envelhecimento patológico. Neste domínio, observamos que o agravamento das condições de saúde do idoso constituiu o principal motivo subjacente à sua inserção no Centro de Dia da Fundação Bomfim.

A essa situação juntou-se a indisponibilidade da família na prestação de cuidados ao idoso. Destaco o facto de, por um lado, o aumento da esperança média de vida conduzir a maiores e prolongados cuidados dirigidos a esta faixa etária, o que se pode tornar extremamente penoso para a família e, por outro lado, a inserção da mulher no mercado de trabalho dificultar ou impossibilitar a prestação de cuidados adequados aos idosos. Neste sentido, muitas famílias têm optado pela transferência desta responsabilidade ou a sua partilha com as instituições públicas ou privadas de solidariedade social.

Apesar do agravamento das condições de saúde ser o principal motivo de institucionalização do idoso, importa salientar que a solidão e o isolamento também contribuíram para a necessidade do idoso recorrer ao Centro de Dia da Fundação Bomfim. Neste sentido, com o decair das relações familiares e interpessoais, os centros de dia surgem para muitos idosos, como uma alternativa à solidão e isolamento.

Associado ao processo de institucionalização do idoso está a questão da promoção do envelhecimento ativo. Neste caso, uma estratégia de envelhecimento ativo em contexto institucional deve visar a manutenção da independência e autonomia do idoso ao nível das atividades básicas e instrumentais da vida diária, a valorização e o desenvolvimento de novas

competências e o aumento da qualidade de vida. No que diz respeito á instituição em estudo, observamos que a mesma possui recursos humanos capacitados para promover o envelhecimento ativo, designadamente a responsável e os funcionários.

Em suma, considero que o envelhecimento ativo enquanto programa de intervenção social nos Centros de Dia tenderá a desempenhar um papel cada vez mais importante na qualidade de vida dos idosos. Nesse sentido, torna-se premente que as instituições, independentemente de serem públicas ou privadas, com ou sem fins lucrativos, invistam nessa vertente. De facto, para que os idosos tenham um envelhecimento com qualidade de vida, não basta a satisfação das suas necessidades básicas (alimentação e higiene). É igualmente importante promover um conjunto de atividades socioculturais com o intuito de, por um lado, manter ou melhorar a sua capacidade física e mental, e por outro, evitar situações de isolamento e depressão nos idosos.

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