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Síntese interpretativa global da análise do diário n.º 3: evaporação

CAPÍTULO IV – ANÁLISE DOS RESULTADOS DA INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA

4.1. ANÁLISE DOS DIÁRIOS DE AULA

4.1.3. Análise do diário de aula n.º 3: evaporação

4.1.3.1. Síntese interpretativa global da análise do diário n.º 3: evaporação

Solicitados a prever o que irá acontecer à água de um copo, se este for deixado em cima da mesa durante alguns dias, todos os alunos, preveem que a quantidade de água irá diminuir. Alguns utilizam nas suas previsões o termo “evaporar”: Outros apresentam justificações que atribuem como causa da evaporação da água do copo, o calor que se faz sentir na sala de aula: “A água vai-se evaporar por causa do calor que está dentro da sala” (António); “Porque está muito quente” (Mafalda).

Estimulados a pensar sobre uma estratégia para saberem se a quantidade de água irá diminuir, ao fim de alguns dias, os alunos sugerem as seguintes estratégias:

a) Marcar o nível da água do copo e comparar o nível final da água com a marca inicial – “Marcar uma linha por onde está a água. Ao fim de alguns dias tornamos a ver a água” (António).

b) Pesar o copo com água, podendo, neste caso, estar subjacente a ideia de medir as variações de quantidade de água em termos de variação do peso – “…pesar o copo com água e ver se o peso desce”.

No processo de interação social, estimulado pelo questionamento do professor, esta última estratégia vai sendo clarificada e refinada. As crianças compreendem que ao fim de algum tempo, como a água se evapora, o copo com água irá ficar com um peso menor: “Sim, pois se ela diminuir, menos irá pesar” (Sérgio). “Fica mais leve” (Inês).

A introdução gradual de alguns materiais vai catalisando o pensamento dos alunos, no sentido de construírem um procedimento para verificarem as variações de quantidade de água em função da variação do peso – uma balança com dois copos de iogurte, um pau e fio. Cada grupo constrói a sua balança.

Com as balanças construídas, surge um novo problema: como equilibrar as balanças. Nesse processo verifica-se o seguinte:

a) Num primeiro momento, as contribuições dos alunos incidem no equilíbrio das balanças com os copos vazios: “No centro. Com uma corda” (Rúben); “Com um fio” (Sérgio); “Os copos estão na mesma posição” (Fábio); “O pau está reto” (Sérgio). b) Depois, no equilíbrio das balanças, quando se deita água num dos copos. Neste caso,

um aluno sugere colocar água num dos copos da balança e no outro um dado material, até se atingir o equilíbrio: “Colocamos água num copo e a mesma quantidade de outro produto noutro copo, até ficar a balança equilibrada” (Luísa); “Deitamos uma quantidade de água e depois deitamos uma quantidade de um produto, no outro copo, até a balança ficar equilibrada” (Fábio); “O copo que sobe tem a água e o copo que desce é o do produto” (Samuel);

c) Como não especificam o material a colocar no outro copo, o professor introduz os “grãos de milho”. Os alunos rapidamente sugerem colocar gradualmente os grãos de milho no copo vazio até que o seu peso fique equilibrado com o copo que contém água: “O copo da água ainda pesa mais” (Inês); “Deitar mais grãos de milho” (Mafalda). “Pôr menos água” (Mara). “Ainda não está”. “Agora está igual” (Rúben). “Já está equilibrada”.

Solicitados a prever o que irá acontecer ao fim de alguns dias, os alunos são unânimes em afirmar que a balança ficará em desequilíbrio: “O milho em baixo e a água mais alta” (Rúben); … a balança vai ficar “Desequilibrada” (Pedro); “O milho em baixo e a água mais alta” (Rúben).

São introduzidos dois novos contextos de evaporação: um copo com terra húmida e um copo com um pano húmido. As previsões elaboradas pelos alunos são coincidentes, a água da terra e do pano húmido irá evaporar-se: “A terra vai secar. A água vai-se evaporar; Vai para formar nuvens” (Sérgio); “Com o calor, a água desaparece da roupa” (António).

Os alunos sugerem testar as suas previsões, recorrendo, de novo, à estratégia anteriormente planeada e acordada – medir a quantidade de água que se evaporará, através das balanças:” A balança vai ficar em desequilíbrio” (Fábio); “O copo com a terra vai pesar mais” (Inês); “O copo do pano vai ficar em baixo (Rúben); Vai ficar mais leve” (Sérgio).

Passado uma semana, a atividade experimental é retomada. Os alunos são estimulados a realizar observações das diferenças encontradas nas balanças e a apresentar justificações para essas diferenças. Verificam, então, que: “A água evaporou em todas as balanças e ficaram desequilibradas” (Fábio); “Os copos com os produtos, pesam agora mais e ficam em baixo” (Luísa).

Estimulados a pensar sobre o que deverão fazer para equilibrar de novo as balanças, os alunos sugerem: a) colocar água no copo cuja água se evaporou e, por isso, a balança ficou desequilibrada; b) ou retirar do outro copo da balança grãos de milho, até se atingir de novo o equilíbrio da balança. Nesse processo, com a ajuda do professor, os alunos sugerem um procedimento para medir a quantidade de água que se evaporou no copo: retirar e contar os grãos de milho até que a balança fique de novo em equilíbrio. Desta forma, associam o número

de grãos de milho retirados, à quantidade de água evaporada: “É quanto pesa a água que evaporou” (Inês); “Ao retirarmos o milho, assim ficamos a saber a água que evaporou em grãos de milho” (Nuno); “Os gãos de milho que foram tirados correspondem à água que estava na balança” (Fábio); “Os grãos de milho que nós tiramos, tem o mesmo peso que a água que evaporou” (António).

O peso da água que se evaporou, na primeira balança4, corresponde a vinte e nove grãos

de milho: “Ao tirar esses grãos de milho a balança ficou novamente equilibrada” (Inês). “Contamos 29 grãos de milho” (Fábio)

Na discussão coletiva, desencadeada pela questão sobre para onde terá ido a água que se evaporou, os alunos acabam por inferir que a água que se evaporou do copo se encontra agora no estado gasoso, no ar da sala de aula: “Espalhou-se pelo ar” (António); “Foi para o ar” (Jorge). Há quem apresente uma teoria mais explicativa, com algum nível de abstração mental: a água que se evaporou encontra-se sob a forma de pequenas partículas invisíveis que se encontram no estado gasoso: “Pequenas gotas, que não vemos, no estado gasoso” (Nuno).

Para medir e calcular a água evaporada nas três situações, os alunos sugerem usar agora um copo medidor como forma de saber que quantidade de água evaporou nas 3 situações. Efetuam as medições, nas diferentes balanças, e calculam a quantidade de água evaporada, concluindo que essa quantidade, é diferentes nos 3 casos.

A ideia de que a água evaporada se espalha pelo ar, foi sustentada por todos os alunos nas suas sínteses e registo das suas aprendizagens: “Houve uma transformação; Do estado líquido para o estado gasoso” (Inês).

4.1.4. Análise interpretativa global do diário de aula n.º 4: condensação –