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7.

Síntese

A elaboração do presente documento surge no âmbito do Estágio Profissional (EP), inserido no plano de estudos da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP), no ciclo de estudos conducente ao grau de Mestre em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, e procura documentar as atividades desenvolvidas ao longo do EP, que ocorreu no seio da Escola Secundária/3 de Barcelinhos, recorrendo a uma análise reflexiva do seu desenvolvimento.

O EP visa a integração do estagiário no exercício da vida profissional de forma progressiva e orientada, através da Prática de Ensino Supervisionada (PES) em contexto real, desenvolvendo competências profissionais que promovam no futuro docente um desempenho crítico e reflexivo, capaz de responder aos desafios e exigências da profissão. Esta é a última etapa de formação do estudante estagiário, e procura formar um professor apaixonado pela dignidade e origem da sua função, pela prática desportiva, que tenha consciência da relevância da dimensão humana e social da sua ação, inspirado pela ética e deontologia profissional, um ser reflexivo.

Desta forma, ao estagiário é incumbida a responsabilidade de acompanhar uma turma, gerindo todo o seu planeamento, realização, avaliação, e participar em todas as atividades que esta integre. Este processo é acompanhado pelo Professor Orientador da Faculdade, que é o responsável máximo pelo EP, e pelo Professor Cooperante, fundamental no processo, pois é ele que protagoniza a PES, e é, segundo Alarcão e Tavares (cit. Por Albuquerque, 2003) “um professor com mais experiência e com mais informação que orienta um outro professor ou candidato a professor no seu desenvolvimento humano e profissional. É este que está presente no dia a dia, que obriga à existência da reflexão de todo o processo, que acompanha os estudantes estagiários na sua evolução”. Para além disso, o EP visa a elaboração de um relatório de estágio que exponha e fundamente o trabalho por si desenvolvido durante o ano. O relatório adivinha-se extenso e comporta cinco capítulos: Introdução; Enquadramento Biográfico; Enquadramento da

Prática Profissional; Realização da Prática Profissional; Conclusão e Perspetivas para o Futuro.

Os três primeiros capítulos são mais breves e gerais, procuram fazer o enquadramento de múltiplos aspetos relacionados com o estágio. O primeiro carateriza o âmbito em que se insere o estágio e a sua finalidade, o segundo faz um enquadramento biográfico do estudante estagiário, e o terceiro faz um enquadramento da prática conceptual, descrevendo as características gerais do envolvimento no estágio.

O quarto capítulo, este mais específico e extenso, foca-se em quatro áreas regulamentares do EP e corresponde à Realização da Prática Profissional: Área 1 – Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem; Área 2 – Participação na Escola; Área 3 – Relações com a Comunidade; e Área 4 – Desenvolvimento Profissional. Assim, faz alusão a todas as experiências e reflexões que contribuíram para a evolução do percurso de formação do estagiário, e ainda apresenta a investigação que o estudante estagiário se propôs concretizar, denominada “A importância do Modelo de Educação Desportiva para os alunos do Curso Tecnológico de Desporto”.

A primeira área, Organização e Gestão do Ensino e Aprendizagem, engloba a conceção, o planeamento, a realização e a avaliação do ensino, e passa pela construção de estratégias de intervenção, orientadas por objetivos pedagógicos, que respeitem o conhecimento válido no ensino da Educação Física e conduzam com eficácia pedagógica o processo de educ ação e formação do aluno na aula de Educação Física.

Dá-se, assim, início ao desafio que representa o estágio, com obstáculos, dúvidas e receio de não corresponder aos objetivos delineados. Conhecemos a capacidade humana em transpor essas barreiras e sair vencedor. Para tal, desde do seu início, nos apercebemos da importância de planear e refletir as práticas de docência, escolher as estratégias mais adequadas à heterogeneidade dos alunos e à especificidade de cada situação. Fiel a este paradigma, dedicamo-nos ao processo ensino-aprendizagem e sua reflexão, conseguindo satisfizer as expetativas, observando uma constante evolução nos

concebe, planeia, realiza e avalia.

Para o sucesso desta prática, o estagiário menciona o processo reflexivo como sendo a chave de todas as conquistas e o pilar em que assenta a profissão docente, citando Zeichner (1993), que refere que um professor que não reflete sobre o ensino atua de acordo com a rotina, aceitando a realidade da escola, e os seus esforços vão no sentido de encontrar as soluções que outros definiram por ele.

Um profissional reflexivo aceita fazer parte do problema, reflete sobre a sua própria relação com o saber, com as pessoas, o poder, as instituições, as tecnologias, o tempo que passa, a cooperação, tanto quanto sobre o modo de superar as limitações ou de tornar os seus gestos técnicos mais eficazes (Perrenoud, 1999).

Estas reflexões, passaram assim de simples narrativas a documentos consistentes e fundamentados, orientadores do processo ensino- aprendizagem. Ser professor é ter um papel ativo na sociedade, através da formação dos alunos, contribuindo para a construção de uma sociedade democrática com valores.

Contudo, surge um novo desafio com a implementação do Modelo de Educação Desportiva (MED) em duas modalidades e turmas distintas. Este modelo, proposto por Siedentop (1987), vai de encontro às necessidades de conferir um cunho afetivo e social às aprendizagens, define-se como uma forma de educação lúdica e critica as abordagens descontextualizadas, procurando estabelecer um ambiente propício de uma aprendizagem desportiva autêntica, conseguida pela criação de um contexto desportivo significativo para os alunos. Apesar das dificuldades iniciais sentidas pelas turmas e pelo estagiário, relativamente à autonomia no desempenho das funções atribuídas, com o desenvolver das unidades temáticas verificaram-se consideráveis melhorias, e a motivação dos discentes disparou de aula para aula. Este modelo cultiva e fomenta nos alunos o gosto pelo exercício físico, acrescentando diferentes propósitos à sua prática, promovendo a inclusão e formando pessoas desportivamente competentes, cultas e entusiastas, capazes de se envolverem voluntariamente no desporto fora da escola.

Ainda neste capítulo, o estudante estagiário remete para a sua participação em conjunto com a escola e a comunidade. Em primeira instância, foca a importância do Diretor de Turma (DT) como mediador entre a escola e os pais e encarregados de educação, e por estabelecer uma via de comunicação entre os alunos e os professores da turma. Desta forma, o DT é responsável na relação dos pais com o processo ensino-aprendizagem dos filhos.

Por último, apresenta-se também a realização de dois eventos desportivos, o “Desporto é Viver” e o “Campeão da Escola” (torneio de badminton), e elabora-se um balanço de todo o seu processo de organização e gestão das atividades. Apela-se também, para a importância de uma intervenção mais ativa do docente de Educação Física em relação à comunidade.

Na Conclusão e Perspetivas para o Futuro, o último capítulo, o estagiário termina, através de uma análise construtiva, crítica e reflexiva, o percurso percorrido. Desta forma, infere a importância que o EP teve na sua formação académica, tendo sido a instância claramente mais marcante, eternamente vista como uma oportunidade desmedida de aprendizagem e evolução, pessoal e profissional.

Findo o EP, o estagiário vê-se com força, vontade e ânsia de trabalhar, construir e desenvolver, aliado a um processo de formação contínua. Refere que foram muitas as expetativas, as dificuldades sentidas, o trabalho e a dedicação, mas mais ainda foram as alegrias de ver dificuldades ultrapassadas, barreiras transpostas, obstáculos deixados para trás. Considera este, o início de uma nova fase, repleta de outros desafios e adversidades, mas continua confiante e deseja “refletir, fazer refletir e fazer agir” (Albuquerque, pág.30).

No documento Relatório Final de Estágio Profissional (páginas 109-115)

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