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Ambos os sítios pertencem ao mesmo horizonte cultural, e estão relacionados à subtradição Tupinambá de cerâmica.

3 APORTES TEÓRICO-METODOLÓGICOS

2. Ambos os sítios pertencem ao mesmo horizonte cultural, e estão relacionados à subtradição Tupinambá de cerâmica.

Para a contrastação da hipótese acima mencionada, faz-se necessário identificar os elementos técnicos da cerâmica produzida por esse grupo ceramista e compará-los com outros sítios de grupos ceramistas a fim de constatar se existem diferenças tecnológicas, morfológicas, estilísticas e/ou funcionais (ALVES, 1991).

De acordo com os problemas e as hipóteses levantados, o objetivo geral dessa pesquisa constitui-se em caracterizar a tecnologia cerâmica do sítio Aldeia da Serra de Macaguá I.

Para alcançá-lo foram traçados os seguintes objetivos específicos: 1) Análise e elaboração do perfil cerâmico do sítio em questão;

2) Relacionar os elementos desse perfil com os elementos do perfil cerâmico do Sítio Aldeia do Baião (PE), com a finalidade de estabelecer relações entre os elementos técnicos desses perfis.

3) Estabelecer semelhanças e diferenças entre os perfis cerâmicos dos sítios analisados;

4) Caracterizar as particularidades da tecnologia cerâmica do sítio Aldeia da Serra de Macaguá I.

O material cerâmico, assim como os artefatos líticos, podeoferecer elementos que, até o presente momento não puderam ser levantados para o sítio em análise: como por exemplo, o estudo da cadeia tecnológica, os modos de subsistência e as formas de captação de recursos. A análise comparativa entre a tecnologia dos grupos ceramistas do

semi-árido potiguar com os grupos pertencentes aos padrões estabelecidos em outras áreas do Nordeste pode contribuir para a caracterização de um dos grupos ceramistas que ocuparam esta região.

3.2 METODOLOGIA DE ANÁLISE

A análise da cerâmica do sítio Aldeia da Serra de Macaguá I teve como principal objetivo, identificar os elementos tecnológicos específicos empregados na elaboração das cerâmicas deste sítio, para que dessa forma fosse possível a definição do seu perfil técnico. Tais elementos apresentam-se nos objetos e os modos como estão combinados revelaram diferenças existentes entre a cerâmica deste sítio em comparação com outros sítios ceramistas.

Dessa maneira, a metodologia de análise utilizada para a caracterização do material cerâmico procurou reconstituir as etapas de produção da cerâmica, observando variáveis desde a aquisição da matéria-prima até a produção do artefato. Para isso, procurou-se caracterizar os elementos técnicos, morfológicos e funcionais visando estabelecer o perfil cerâmico (ALVES, 1991; OLIVEIRA, 2000) do sítio estudado.

Como perfil cerâmico entende-se a análise dos elementos técnicos que compõem as várias etapas da confecção do artefato cerâmico. O estudo do perfil cerâmico está relacionado ao universo de artefatos de um único sítio arqueológico (ALVES, 1991).

Para se estabelecer o perfil cerâmico de um sítio são considerados como elementos técnicos: (1) as matérias-primas, (2) os instrumentos utilizados na manufatura das vasilhas, (3) as técnicas de manufatura das mesmas, (4) a queima e (5) todas as demais técnicas de produção do artefato. Os elementos morfológicos são constituídos pela (1) forma e (2)tamanho. Os elementos funcionais indicam a finalidade de utilização de cada objeto. Já os elementos decorativos, estão associados às técnicas decorativas empregadas em cada vasilha, bem como a qualidade dos pigmentos, a combinação das cores entre outros (OLIVEIRA, 2003).

A forma e as técnicas de decoração do vasilhame cerâmico são os principais caracterizadores da cerâmica pertencente à subtradição Tupinambá. A presença de vasilhame cerâmico apresentando certas características morfológicas está, segundo Brochado (1977; 1991), relacionado com a principal planta cultivada, no caso dos grupos Tupis, a mandioca, bem como a importância relativa desta na alimentação e as formas sob as quais são consumidas.

A partir do estabelecimento do perfil cerâmico de vários sítios relacionados entre si, pode-se obter um perfil técnico cerâmico para os grupos que ocuparam diversos sítios numa escala regional.

O perfil técnico cerâmico constitui-se por uma estrutura caracterizada em elementos (1) técnicos, (2) morfológicos e (3) funcionais, organizados segundo certas regras de hierarquia (OLIVEIRA, 2000). (Figura 10)

Figura 10: Representação dos elementos que compõem um perfil cerâmico. Fonte: Oliveira, 2000.

Nesta perspectiva, para o estabelecimento de um perfil cerâmico, optou-se por trabalhar os artefatos cerâmicos em dois níveis de informação. Segundo Oliveira (2000):

“No primeiro nível, trabalhamos com os fragmentos que formarão conjuntos, definidos como unidades, através das quais reconstituímos os objetos. Neste nível estabelecemos as características dos meios materiais e os procedimentos necessários para a produção dos objetos. Os fragmentos que não permitem a reconstituição de objetos são trabalhados procurando obter informações técnicas, em alguns casos isolados, mas que permitem caracterizar certos elementos do perfil cerâmico de um sítio. No segundo nível de informação, trabalhamos com os objetos. Os elementos caracterizadores de um perfil cerâmico são identificados buscando-se outras relações entre os elementos técnicos, morfológicos, funcionais e decorativos a partir dos objetos reconstituídos”(OLIVEIRA, 2000: 113).

Os dados obtidos através da análise dos objetos são considerados mais relevantes, uma vez que fornecem uma gama maior de informações, podendo apresentar maiores relações entre os elementos técnicos, morfológicos, decorativos, o que por sua vez pode fornecer informações de cunho funcionais. Seguindo esta perspectiva:

“(...) para um estudo da pré-história, deve-se identificar o máximo possível de objetos para que se possa formular perguntas relativas à utilização e função deles nos grupos étnicos que os produziram” (ALVES, 1991: 58).

Dessa forma, a análise do material cerâmico levou em consideração a possibilidade de reconstituição de um maior número possível de objetos. Logo, cada elemento deve ser compreendido a partir da sua relação com outros elementos e as formas com as quais se organizam entre si. A composição dessas variáveis tecnológicas definiria, assim, a estrutura do perfil de cada grupo e permitiria comparação entre vários conjuntos cerâmicos distintos, porque podem apresentar características comuns a realidades territoriais e/ou culturais distintas (OLIVEIRA, 2000).

4 O SÍTIO ARQUEOLÓGICO ALDEIA DA SERRA DE MACAGUÁ I: CONTEXTO